O pôr do sol doura todas as coisas

A casa 65-A da Rua Maraú em Nova Descoberta não só é localizada numa área elevada da cidade do Recife como está virada para o oeste, para o poente. Morando nela aprendi cedo a admirar as cores do pôr do Sol, do crepúsculo, desse momento no qual o dia e a noite se encontram, no qual não é dia nem noite e o céu encanta os olhos com suas luzes enquanto o azul luminoso do dia da lugar as estrelas.

Numa noite dessas estava insone, rolando na cama então fui procurar no google fotos os vários "por do Sol" que registrei e colecionei ao longo da vida... fiquei ali relembrando lugares, momentos, sentimentos, me acalmando das aflições do dia. Milan Kundera em "A insustentável leveza do ser" disse: "As luzes alaranjadas do crepúsculo douram todas as coisas com o encanto da nostalgia, até mesmo a guilhotina." e sempre penso que tem verdade nisso, mas o pôr do sol também me acalma. Talvez por isso decidi trazer para cá um pedaço dessa minha coleção de registros de fim de dia/inicio de noite.

Belém do Pará, 2008 ou 2009. O Rio Guamá é impressionante.

Fundos da casa 19 da Rua Vereador Josuel Roberto de Souza, Tabatinga, Igarassu - PE.

Um quarto de hotel em São Paulo em Dezembro de 2016. Eu sentia tanta tristeza, tanta solidão, tanta dor que não cabia em mim. Aceitar a saudades que se despedi de alguém cuja morte levou para o outro lado da vida é difícil e muitas vezes torna impossível tanto entender as pessoas como ser entendida por elas. Eu era só dor nesse dia, dor e luto e uma pessoa que eu não conhecia, me tornei outra pessoa depois de perder Renato.

Descida do Córrego da Imbaúba em Nova Descoberta. Essa foi, eu acho, uma das última vez que desci esse rua depois de terminar, até cedo para minha média, expediente na creche. Só de olhar eu sinto o gosto da mudança que estava em minha garganta, eu sabia o quanto estava próximo o dia de deixar de trabalhar com Educação Infantil e me dedicar totalmente ao Ensino de História. Para mim a Educação Infantil sempre foi algo temporário, mas esse "emprego temporário" com o qual paguei minhas contas e conseguir me graduar e pós-graduar em História durou uma década e quando chegou ao fim me deu uma angustia, um frio na barriga esse registro de inicio de por do sol rasgando tudo.

Zona Rural da cidade de Lagoa do Ouro localizada no Agreste de Pernambuco. Lagoa do Ouro é a casa de uma das minhas amigas de longa data que com frequência aparece aqui no blog. É lá que vivi os pôr do sol mais silenciosos e isolados da minha vida, extremo oposto de Nova Descoberta que é completamente cheia de casas, escadarias e sons.

Estação do Metrô e Terminal Integrado Joana Bezerra. Ela é a segunda estação mais mais próxima do centro do Recife. Um local de grande circulação de pessoas, um espaço muito tenso, se a gente perceber a cidade como uma casa esse seria um dos fundos da casa. Nesse dia eu esperava o ônibus Nova Descoberta/Derby.

Ponte do Derby, saindo do terminal de Joana Bezerra já entrando no transito intenso do Derby.

Foto tirada a partir da Estação Joana Bezerra. O Metrô Recife na verdade é um trem urbano cujo uso é uma experiência absolutamente adoecedora, mas esa visão do pôr do sol foi algo que me encantou no momento e a lembrança segue encantando.

Visão do Recife a partir do Paço Alfandega no Bairro do Recife. Eu amo essa visão, ela deve ter aparecido uma centena de vezes nesse blog e em todas as minhas redes sociais.

Pôr Sol a partir do apartamento localizado no Distrito de Cruz de Rebouças em Igarassu, Pernambuco.

Descendo a Rua Maraú, que na verdade é uma escadaria. Em Nova Descoberta, córregos são ruas, ruas são escadarias, avenidas são ruas mesmo.

Não consegui ainda acessar a lembrança de que lugar é esse, mas quando chegar lá deixo o registro aqui.

Mais uma vez, vista de Nova Descoberta a partir do Alto Treze de Maio mais ou menos na mediação da Caixa D'água.

Palácio do Campo das Princesas localizado no Bairro de Santo Antônia em Recife visto a partir de um ônibus passando pelo Bairro da Boa Vista.

Terminal do Cais de Santa Rita localizado no Bairro de São José no Recife, um dos lugares mais terríveis que frequentei por anos ao longo da minha vida. No Cais de Santa Rita há um fedor diferente todos os dias esperando quem precisa utilizar esse espaço. Foi foi sobrevivendo ao fato de precisar frequentar esse lugar que aprendi a gostar de kpop. Tirei essa foto pois a formação das nuvens me lembrou um cavalo gigante galopando pelo céu.

Mirante do Rei da Coxinha em Gravatá - Pernambuco. Não sei se Gravatá se localiza no Agreste ou na Zona da Mata Norte. Esse mirante fica um pouco antes da famosa Serra da Russa.

Saindo da Avenida Guararapes no Bairro de Santo Antônio indo em direção ao Bairro da Boa Vista.

O Pôr do Sol em Lagoa do Ouro sempre é muito bonito. Um dia desses estávamos todos dentro de casa conversando e Clara chegou: "Venham vê o pôr do sol. Está lindo!". Fomos lá e era isso.

As ruas de Tabatinga em Igarassu.

Entrada de Vitória de Santo Antão, Zona da Mata Sul em Pernambuco.

Vista de algum ponto do Parque de Esculturas El Shaday na cidade de Triunfo, Sertão de Pernambuco.

Aeroporto Internacional dos Guararapes em Pernambuco. Fevereiro de 2023.

O pôr do sol mais triste da minha vida visto através da Escola Profº Roberto Inácio da Silva, Vila Rica, S/N, Jaboatão dos Guararapes em dezembro de 2022.

Município do Conde, Paraíba, um dos lugares mais legais onde já dias de passei férias.

Chegando em Vitória de Santo Antão, Zona da Mata Sul de Pernambuco no carro de uma amiga.

Integração do Barro no Recife.

Vista do Bairro da Matriz em Vitória de Santo Antão, Zona da Mata Sul de Pernambuco.

Aprender a apreciar esse momento me salvou e me salva, me trouxe e me traz ternura, me conforta, me faz recordar os versos do Salmo 19: "um dia discursa a outro dia e uma noite revela conhecimento a outra noite".