sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Meme Literário de Um Mês 212: Dia 19 – O que você acha da elitização da literatura?

Assim na minha pobre opinião, para o caso do Brasil vamos, venhamos e convenhamos que a literatura jamais foi até o dia de hoje algo popular, de longo alcance ao qual todo a população independente de renda tivesse acesso livre e irrestrito como por exemplo a novela das oito. Aliás, ela chega ao fim hoje, todo mundo, para o bem e para o mal, tem uma opinião a respeito e Adriana Esteves foi maravilhosa. #OiOiOi

Aliás[2], o Brasil foi colônia portuguesa e, se eu não me engano, uma característica da administração portuguesa em sua colônias era justamente uma rígida censura a difusão de qualquer material impresso e as elites estabelecidas aqui no Brasil nunca consideraram crucial educar as massas ou mesmo a seus rebentos.

Depois, durante o período do Brasil Império, havia um consenso entre os intelectuais a respeito da importância da educação escolar e cultura escrita. Porém, apesar dos intelectuais do Império estarem afinados com o pensamento liberal, as atitudes do governo sempre mantiveram a educação das massas pobres como ultimas das prioridades e educação seguiu sendo um privilégio de poucos.

A Republica tinha um discurso lindo e lirico, no entanto, também ela foi caracterizada por muita conversa de intelectuais quando a necessidade de se educar, verdadeira ladainha, e pouca pratica que é bom.

Reza a lenda, porque eu ainda não pesquisei o suficiente para dizer com certeza, houve um tempo no qual a escola publica era BOA, no entanto, isso eu sei porque pesquisei, nesse tempo ela não era tão ampla e popularizada como é hoje.  Meus vizinhos, Mãe Gilda (minha avó materna), meus tios, ainda guardam a memória de uma época, não tão distante, na qual consegui uma vaga em uma escola publica em Recife era uma verdadeira Odisseia, era muito mais difícil que consegui uma ficha no posto de saúde para um fisioterapeuta.

A escola publica brasileira só se tornou algo de massa, cujo alcance é largo na época do governo de Fernando Henrique Cardoso e se popularizou de forma definitiva com o Lula graças a Bolsa Família, tão criticada pela classe média e derivativos.

Enfim, a cultura escrita, as letras nunca foram algo popular no Brasil. Logo eu não posso dizer que hoje existe uma "Elitização da Literatura" e talvez o que seja possível acontecer seja uma popularização da cultura escrita.


E sim, claro que acho HORRÍVEL viver em um país no qual poucos possuem tudo, inclusive a possibilidade de ler tantos livros quantos achem conveniente, e muitos não tem nada ou quase nada para ler. Acho pavoroso que a população em peso não compreenda o valor do livro, da escola e derivativos.

E se você também acha isso PAVOROSO sempre se pode fazer algo a respeito néh... E bem, na falta de algum projeto social próximo a sua casa sempre tem Luma ai néh, todo ano, firme e forte convidando nós, pessoas privilégiadas, que sabem o valor dos livros, gostam dos livros e podem e sabem como e onde  comprar livros a desapegar e fazer outra pessoa descobrir o valor, o gosto e a possibilidade de ter livros que possam lhes ajudar a crescer na vida...

BookCrossing Blogueiro  tá ai chamando a gente a colaborar e a popularizar a leitura... Nada é natural tudo é historicamente construído e todos nós somos sujeitos da história.


11 comentários:

  1. É verdade, o Brasil nunca teve tradição de educar a população. Ao contrário, os governantes querem mesmo é que o povo continue ignorante e sem cultura para não terem condições de questionarem nem analisarem as condutas dos políticos. Isso é muito triste. Mas sobre a escola pública ter sido melhor, já ouvi pessoas falando. Inclusive minha mãe que é uma mulher muito culta, sempre diz isso, então acredito. Mas duvido que volte a ser como era, infelizmente. =/

    Beijo. :)

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    1. Nadia tem um historiador que diz que tradição é uma invenção, eu quero sempre acreditar que podemos fundar outra tradição, quem sabe néh?!?! E sim, realmente já ouvi muito falar que a escola publica funcionava melhor, mas por outro lado consegui uma vaga nela era uma Odisseia.

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  2. Essa iniciativa da Luma é excelente vou participar.
    Vamos torcer e colaborar para a popularização da cultura escrita.
    beijo

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  3. Pandorinha, preciso fazer uma pequena correção. COm certeza a escolarização nao esteve acessível até os momentos em que vc falou, mas na época do Romantismo, era comum publicar no jornal contos e histórias que só depois virariam livros. José de Alencar e acredito que tb Machado de Assis, publicaram seus contos nos jornais. Acho que isso era uma forma de democratizar a leitura, apesar de que o acesso só devia ser da classe média pra cima. Taí Jaci, acho que a resposta pra democratização da literatura, é voltar a colocar nos jornais os contos dos escritores contemporaneos, afinal, agora a escola atinge muito mais a população.

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    1. Aleska, realmente, não só durante a primeira metade do século XIX, mas ao longo de todo o século XIX muitos dos jornais tinham uma parte destinada aos folhetins ou uma coluna Literária na qual eram publicados todo tipo de texto.

      Mas ouso dizer que o jornal não tinha o alcance que tem hoje e muitas pessoas não liam e sim ouviam outras pessoas lerem para elas e não estávamos na era da comunicação de massa e lembre-se o Império do Brasil era escravocrata, ou seja, grande parte da população não tinham direito a ter acesso a cultura escrita, não era nem citada nos livros de Alencar; sem contar que um grande parte da população não vivia na cidade e sim no campo, podemos nos questionar até que ponto esses jornais chegavam a essa população e qual a importância das informações que ele continha para essas pessoas.

      O jornal continua sendo um suporte para contos, poesias e crônicas, mas as pessoas mais simples, quando o abrem geralmente vão direto para a parte policial. Quem ler jornal no Brasil, para quem o texto jornalistico se destina, aliás?

      O nosso caminho com o incentivo a leitura não começa com a distribuição de livros/textos, nós já vivemos em uma sociedade letrada, textos estão por toda parte, até no lixo. A prefeitura do Recife, por exemplo, inclui no kit básico das crianças livros infantis lindos, que são vendidos no sebo ou jogados no lixo.

      Acho que nosso maior desafio é propagar a compreensão de que o livro é para TODOS e não apenas para os nerds ou os "estudados", que ele tem valor e ler é um prazer e não uma tortura.

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    2. Eu concordo com a Jaci, Alê, não sou historiadora nem nada, mas sei que na época poucos eram alfabetizados e por isso, só as classes altas podiam ler jornais....

      Bjs, Michele

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  4. Eu não acho a literatura elitizada no Brasil. Já foi até mais...
    Coloquei um exemplar do meu primeiro livro no bookcrossing e colocarei do que estou lançando agora... rs. Espero sempre fazer isso...

    Um beijo.

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  5. Pandora minha linda, adorei o texto.. como sempre muito enriquecedor..
    Eu estou louca esperando o início do projeto da Luma.. já até escolhi o livro rs
    Quero colocar uma mensagem bem legal, e espero que quem achar se encante pelo mundo da leitura.. e possa viajar pelas páginas...

    Um beijo carinhoso e um sábado especial viu?
    Sheila

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