sábado, 14 de julho de 2012

Cartas e concursos...

Desde o ano passado eu e a Ana Seerig nos tornamos correspondentes, a Ana quebrou todos os muros da virtualidade e entrou na minha vida concreta, e se Deus quiser, vai ficar por muito tempo e invadir, quem sabe, a eternidade.


Essa experiencia de escrever cartas se ampliou de tal forma que me tornei correspondente de algumas pessoas queridas, nós fazemos terapia, colecionamos lembranças e bons momentos... Escrever cartas é uma experiencia maravilhosa, abrir uma carta é uma experiencia maravilhosa.


Foi a experiencia de escrever e abrir cartas que me inspirou a participar do concurso que a Elaine Gaspareto promoveu pela segunda vez em seu blog o Um pouco de mim.

Pois é, por incrível que pareça esse conto passou na seleção e vai fazer parte de um novo livro. O Um pouco de nós vai carregar consigo uma parte de minhas palavras e é impossível não ficar feliz em ser parte dessa lista.


Agora é só esperar o livro sair e descobrir o que os outros autores deixaram de si nesse livro!


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Um pequeno grande livro: Antologia Poética de Fernando Pessoa da Jane Tutikian

Quando eu vi essa pequena "Antologia Poética de Fernando Pessoa" na livraria e fui magneticamente atraída para ela. Não resistir a cara linda do livro e abusando da liberdade que os meninos que trabalham lá me dão, sentei e comecei a folhear, pensando a cada página: "Mas que pequeno grande livro é esse?".

Tudo bem que eu sou apenas uma fã babona de Fernando Pessoa, não sou especialista, nem coisa do gênero. Altamente suspeita e nada recomendada para avaliar para o bem ou para o mal a obras, mas tenho que dizer que achei cada escolha da Jane Tutikian perfeita.

Imagino que deve ter sido terrível para ela abrir o Eu profundo e os outros Eus, respirar fundo, considerar toda obra completa do homem e escolher apenas poemas suficientes para encher 64 páginas. Imagino que o exercício de escolher esse e não aquele, aquele e não este deve ter exigido uma ginastica mental profunda.

Independente da felicidade ou infelicidade das escolas da Tutikian, sentar e apreciar Fernando Pessoa sempre foi e será uma experiencia enternecedora.


É impossível não se enternecer pensando a respeito de uma ceifeira que mesmo pobre canta:

"Ela canta, pobre ceifeira,
Julgando-se feliz talvez;
Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
De alegre e anônima viuvez,
Ondula como um canto de ave
No ar limpo como um limiar,
E há curvas no enredo suave
Do som que ela tem a cantar.

Ouvi-la alegra e entristece,
Na sua voz há o campo e a lida,
E canta como se tivesse
Mais razões pra cantar que a vida."

Outra impossibilidade é não amar. Como não amar o Alberto Caeiro?

"O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás..."

E como não se apaixonar pela milesima vez pelas palavras de um certo Pastor Amoroso?

"O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.
Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar."

Como não vibrar com os versos de Álvaro de Campos?

"NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!"

Acho que nunca houve quem me inspirasse a escrita de ridículas cartas de amor...

"Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas."

E no fim ainda há aquele que foi a primeira parte do Pessoa que despertou o meu amor, o Ricardo Reis convidando sua Lídia a vim sentar e ver passar o rio...

"Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos.
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos."

Eu não sou Lídia, mas já estou sentada olhando correr o rio e vendo que a vida realmente passa, mas meu amor por Fernando Pessoa fica, sempre firme e forte como o bramido das grandes ondas do mar ou a força das mares.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Sobre muros...


Outro dia eu tive que refazer o percurso que eu costumava fazer diariamente para ir ao trabalho e um muro me chamou minha atenção porque ele não estava lá há um ano atrás e ele cercava justamente a casa de uma das pessoas com a qual mais fiz amizade ao longo dos 5 anos que passei trabalhando na creche. Uma senhora idosa que costumava sentar na frente de sua casa na mesma hora todos os dias para aproveitar o vento, ver a paisagem e quem passava.

Com o passar do tempo nós duas percebemos que uma sempre passava e a outra sempre estava ali sentada... Então passamos nos reconhecer com um sorriso que passou a um cumprimento dando lugar com o dias, semanas, meses, anos, ao habito de papear. Nas minhas férias da faculdade nós chegamos a ver o sol se por em meio a nossa conversa e isso era muito bom.

Amor, crianças, saúde, vontade de viver eram temas recorrentes em nossas conversas. Aos poucos nós fomos contando uma a outra a nossa vida, nossos dilemas, problemas, buscas por soluções, sonhos, doenças e curas, amores bem sucedidos e mal sucedidos também.

Eu confesso que nunca conheci ninguém com mais amor a vida que essa minha amiga cujo nome eu não conto porque nunca perguntei! Cinco anos de papo e nós nunca nos preocupamos de perguntar coisas uma a outra, a conversa fluía tão naturalmente que nem ela jamais perguntou meu nome nem eu o nome dela.

Minha amiga está além dos 70 e convive com todos os males da idade, tomando medicação diariamente, seguindo uma dieta rígida sem açúcar, sem sal, sem gordura, sem nada, e ainda assim com animo, gostando de viver, achando que vale a pena o estrago. Sem se lamentar pelas dores que se foram ou pelas as que vieram, sendo ainda capaz de sentar na frente de casa para ver o tempo passar em um fim de tarde.

Sei lá, aquele muro alto cercando a casa de minha amiga me causou um certo mal estar. Me fez pensar nos  muitos muros que existem em nossa volta aos quais esse se soma pesadamente, ao menos para mim.

Acabei lembrando dos versos de Robert Frost que aprendi com um dos meus companheiros de virtualidade, o Rafael, "Alguma coisa existe que não aprecia o muro" e nessa lembrança acabo pensando que, talvez, boas cercas não façam bons vizinhos. Acho que boas cercas fazem apenas bons estranhos.

Digam o que disserem sobre segurança ou insegurança, privacidade, cães selvagens, terrores noturnos ou o inferno e suas legiões, talvez se aquele muro estivesse ali há seis anos atrás eu não tivesse conhecido uma das personagens que mais marcaram a história dos meus 20 poucos anos e seria um ser humano muito mais pobre.
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P.S.: A proposito de muros, acabei de lembrar de um texto de Neil Gaiman e Dave Mckean que li em Sinal e Ruido, para quem gosta eu deixo aqui...


Vier Mauer
Neil Gaiman e Dave Mckean

ABERTURA

"Alguma coisa existe que não aprecia muro."
Robert Frost escreveu isso, mas também
sugeriu no mesmo poema, "Muro Remendado",
que "Boas cercas fazem bons vizinhos",
então o que podemos dizer?


A PRIMEIRA PAREDE

Tento imaginar quem construiu a primeira
parede. O que ele tinha em mente. Ou ela.
Proteção? Privacidade? Ou outra coisa.

Construímos nossas civilizações com
paredes, que nos dão abrigo e fortaleza.
Mantêm distantes "os outros": as
intempéries, os animais selvagens,
as pessoas que são diferentes. Ao nos dividirem, as paredes nos definem.

As paredes separam as pessoas;
e não só as paredes que construímos.
Talvez as mais assustadoras sejam aquelas
que somos capazes de ver, mas
em cuja existência acreditamos.

A SEGUNDA PAREDE

Eu tive um sonho a respeito disso quando
era pequeno.

No meu sonho havia uma nota, uma nota
musical, um som; e quando ela era tocada todas
as paredes começavam a ruir. E todas as pessoas
de todos os lugares podiam ver...

Podiam ver umas as outras, fazendo as coisas
que as pessoas fazem entre quatro paredes,
Ninguém tinha mais onde se esconder.

Então acordei, e nunca soube se não ter nenhuma
parede era uma coisa boa ou ruim. Não ter onde
se esconder, poder ir a qualquer lugar; sem
fingimento, sem proteção, sem segredos.

A TERCEIRA PAREDE


Disseram-me que a Grande Muralha da China é a única construção
humana na superfície da Terra que pode ser vista do espaço.

Eu nunca vi a Terra do espaço. Não conheço ninguém que tenha
feito isso.

Só vi as fotografias.

Disseram-me que, daquela distância, é muito difícil diferenciar um
país do outro. Era de esperar que eles fossem coloridos, como nos
velhos mapas da escola.

Assim todos diferenciariam.

A QUARTA PAREDE


Quando ouvir dizer que o Muro de Berlim caíra, minha primeira reação foi de
alívio; mas então eu pensei: e se existisse uma jovem que passou anos - metade de
sua vida - pintando naquele muro?

Pintando uma mensagem, ou uma imagem.

Se todas as manhãs ela se levantasse bem cedo, fosse até lá e pintasse um ou
dois traços no muro. Todos os dias, na chuva, no frio, as vezes até no escuro.
Era o seu grito contra a opressão. Seu protesto contra o muro.

Ela estava quase terminando quando o muro foi demolido.
As pessoas poderiam ir e vir livremente. O muro contra o qual ela protestava
não existia mais, assim como sua criação, desfeita em pedaços, vendida a um
colecionador particular.

Tento imaginar como ela se sentiu. Espero que não tenha ficado desapontada.

Eu teria ficado.

ENCERRAMENTO


Talvez devêssemos olhar além das paredes.

Escutem: pintores, escritores, músicos, cineastas e grafiteiros que pintam
frases que brotam como flores luminosas nas laterais de construções
abandonadas - todos vocês.

Existe uma quarta parede a ser demolida.
Governos e autoridades vivem afirmando que boas cercas fazem bons
vizinhos, e aumentam a vigilancia nas fronteiras em um esforço para nos
deixar felizes da maneira como estamos.

Mas alguma coisa existe que não aprecia o muro, e seu nome é
humanidade.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Blogagem Coletiva: ESPIRITUALIDADE!


O Christian do Escritos Lisérgicos propôs essa blogagem e eu resolvi tentar falar sobre esse campo fundamental da minha vida.

Confesso que nos últimos tempos não tenho sido nem um quinto do quarto da cristã que gostaria de ser, estou muito distante do meu ideal de pratica cristã, desde abril deixei de frequentar a Escola Dominical e levando em conta que eu era a professora mais antiga em exercício daquela igreja local especifica imagine até que ponto vai a minha atual crise existencial.

Mas, minha crise existencial diz respeito a minha igreja local, a minha denominação, Assembléia de Deus, ministério de Recife sob a tutela do Pastor Aílton José Alves (cito nomes pois existem muitas Assembleias de Deus e meu problema é especifico e não genérico) e aos caminhos que vem sendo escolhidos pelo meu pastor presidente e não em relação a Deus. No entanto, como tudo isso faz parte dos caminhos da religião resolvi não omiti esse capitulo do livro "Espiritualidade da Pandora".

No mais, se a minha crise com a minha denominação igreja local é latente, em relação a minha fé confesso que dúvidas me faltam.

Sou Cristã, a Bíblia é meu livro de fé e a parte as muitas questões levantadas pela ciência penso que a fé não precisa de explicações cientificas para ser, assim como a ciência não carece de justificativas de fé para existir.


Algumas pessoas me questionam em relação ao fato de ter me graduado em História e permanecer sendo uma pessoa de fé, mas aprendi ao longo de minha formação que a ciência é o lugar da dúvida, a ciência, não se constrói com certezas, o cientista duvida de tudo e é assim que nós descobrimos coisas e construímos conhecimentos a cerca da realidade e quando esse conhecimento se transforma em certezas acabou a ciência e virou uma forma de fé.

Já a fé não, a fé se constrói baseada em certezas, em crenças firmes. O fiel não vacila, ele crer no seu livro, como cristãos, judeus e muçulmanos, ou na narrativa passada de pai para filhos, como no caso do candomblé, umbanda e etc. Não há espaço para duvidar ou você crer ou não. Quando você começa a duvidar da sua fé é sinal que você a perdeu e está no caminho de achar outra ou não achar.


E sim, eu penso que fé e conhecimento cientifico podem correr caminhos paralelos e um não precisam se justificar mutuamente ou se deixar provar em pelejas eternas a respeito de sua veracidade.

Nenhum historiador precisa me dizer que a Bíblia é verdadeira para que eu creia nela. Assim como nenhum pastor precisa me dizer que minhas fontes não contam toda a verdade sobre o passado, elas apenas me dão pistas sobre o que houve e que a ciência é falha em suas conclusões e desse jeito eu nunca vou chegar a uma Verdade, porque isso é uma obviedade.

Bem, a beleza da fé é a certeza e a beleza da ciência é a duvida. Então está Ok! que eu creia na Bíblia mesmo sem conseguir provar cientificamente que uma consciência superior forjou cada linha, até porque ciência não prova nada em caráter definitivo, no máximo ela estabelece consensos.


Assim como está ok que a ciência não vai me dar verdades através das quais eu possa viver e nem precisa. Deus me proteja de me tornar uma historiadora cheia de verdades, no máximo eu quero me tornar uma historiadora cheia de conhecimentos a cerca do passado e de dúvidas que me façam uma eterna pesquisadora sempre intrigada por conhecer novos aspectos a respeito da vida dos que viveram e morreram antes de mim e do mundo que eles nos deixaram como herança.

Para concluir, lembrei de um texto que escrevi a quase dois anos atrás chamado "Preciso falar de fé" esse texto continua exprimindo a minha verdade em relação a fé e talvez por isso, por ter fé, eu precise ressaltar para finalizar que nessa área RESPEITO com letras maiúsculas nunca é demais. Ridicularizar, fazer chacota, inferiorizar a fé alheia é um ato de violência injustificável.
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quarta-feira, 4 de julho de 2012

A escadaria, a desastrada, o guarda-chuva e o anime: sobre Another!

Como a Caixa não é um blog assim voltado para animes a Pers, também conhecida como Mi (ou Michele Lima para os não íntimos) abriu espaço para mim em seu Um pouco de shoujo, hoje estou lá falando sobre Another e quem curte anime e quiser da uma olhada é só clicar e sentir-se em casa!!!

Ah, quem não curte anime e quiser conhecer o que a escadaria, desastrices e guarda-chuva tem haver com essa história também está devidamente convidado e corre o perigo de até ri com essa história.