sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Entardecer...

Eu sempre gostei de olhar o por do sol, desse luga onde agora fica a janela do quarto de Júnior, há pouco anos atrás esse era meu quarto com um beliche amarelo a minha esquerda, a mais tempo atrás era o quintal de casa, um quintal largo com um muro baixo no qual eu costumava subir para observar em silêncio enquanto o céu mudava de cor... De azul com nuvens branquinhas para diversos tons de vermelho e laranja para azul escuro e então a lua passava a brilhar junto com as estrelas... Vez ou outra passaros cruzam minha visão pulando nos galhos do coqueiro da casa do meu tio, ele está enorme, um dia foi um broto. Eu lembro desse dia...

Sopra um vento ameno, esvoaçando levemente meus cabelos finos... Um avião faz lentamente uma curva rumando para o aeroporto outro cruza o céu rapidamente, chego a escutar o barulho da nave rasgando o ar, ou será o som das turbinas? Não sei...

Quando era criança pensava se um dia chegaria a oportunidade de viajar num dele, ir-me embora para Pasárgada, terra onde se é amigo do Rei, para o Japão, terra dos animes, Grécia, com todos os seus deuses tão virtuosos quanto perversos... Ou sei lá para onde, desde que seja para longe daqui...

"Vamos fugir!
Deste lugar
Baby!
Vamos fugir
Tô cansado de esperar
Que você me carregue..."

Hoje apenas aprecio o momento, observo a lenta dança das nuvens, os tons do céu, as luzes da rua acendendo-se sozinhas como que por encanto e digito quase que sem pensar em nada...

Lembro de um rapaz que me contou um dia que as luzes não acendiam por encanto e sim por reações químicas e de um outro que disse ser Física, bobos... teriam me impressionado mais se dissessem que era magia mesmo e me contassem alguma história estranha em vez de descrever equações e reações terrivelmente racionais... Ou será que boba era eu vivendo sempre Mundo da Lua?

"Eu vivo sempre no mundo da lua.
Porque sou um cientista
O meu papo é futurista
É lunático
Eu vivo sempre no mundo da lua"

Voltando a realidade é impossível não pensar que todo entardecer representa menos um dia e talvez mais uma noite em claro...

Engraçado, os aviões parecem pequenas estrelas moveis... a Primeira estrela da noite está prestes a surgir no céu noturno... os pássaros urbanos se recolhem silenciosamente nos galhos das árvores, dos coqueiros, a vizinha chama seu filho para tomar banho, o vizinho chega do trabalho, o subúrbio parece cidade do interior, todo mundo conhece todo mundo...

"Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite."

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Eu também me embriaguei no Carnaval...

A minha amiga Tita colocou, também na derrotinha do face, lembrei dela hoje, to acabada!!!


Quem disse que leitura não embriaga?!?! Eu também me embriaguei no Carnaval!!!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Quem é o Carnaval...

Galo da Madrugada
Ladeiras de Olinda
Recife Antigo: Marco Zero!


"Os desabrigados. Os famintos. Os silenciosos. Aqueles que tinham sido abandonados pelos homens e pelos deuses. O povo das névoas e da lama, cuja única força estava em algum lugar do outro lado da fraqueza, cujas crenças eram tão instáveis e caseiras quanto suas casas. E o povo da cidade — não os que moravam nas grandes casas brancas e iam aos bailes em belas carruagens, mas os outros. As histórias nunca eram sobre eles.

As histórias não estão, de modo geral, interessadas em guardadores de porcos que permanecem sendo guardadores de porcos com pobres sapateiros humildes cujo destino é morrer um pouco mais pobres e muito mais humildes.

Essas pessoas eram as que faziam o reino mágico funcionar, que preparavam suas refeições, varriam seu chão e carregavam suas sujeiras à noite, e eram os rostos na multidão cujos desejos e sonhos, por mais complacentes que fossem, não tinham nenhuma conseqüência. Os invisíveis."
(Terry Pratchett)
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Hoje é o dia do desfile do Gala do Madrugada, maior bloco carnavalesco do mundo... O carnaval do Recife é uma festa totalmente de rua, popular, 0800, de graça, ou seja, a prefeitura gasta milhões com ela para desespero de quem acha saúde, educação, urbanidade e derivativos algo prioritário... Mas, acreditem, o Carnaval é uma força que não poderia NUNCA ser contida... Se a prefeitura fizesse diferente... Se ela não gastasse pesado com ele, ninguém sabe o que aconteceria.

Pensando nas características do Carnaval da minha cidade lembrei dessa citação de Pratchet. tirada do livro "Quando as bruxas viajam", olho para a multidão e percebo o quanto ela é adequada, o carnaval em Recife é a festa do invisíveis.


Terry Pratchett

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Saudades...

Saudade é uma palavra que só existe em português, há quem diga que a expansão portuguesa do século XVI foi tão grande e tão intensa e que os antigos navegantes portugueses sentiam tamanha dor por estarem espalhados por lugares tão diferentes e diversos que sua tristeza, seu sentimento de está fora de algo que lhes era querido fez surgir essa palavra...

Eu não sei se essa história é verdadeira... Mas faz sentido... Realmente eu não gosto de me queixar quando meus amigos do mundo concreto estão longe, não aparecem a tempos ou não ligam para o meu celular... Afinal eu faço fico distante quando preciso, não gosto de ligar com o celular e visito poucas casas... Menos ainda eu me queixo de amigos virtuais...

Quando fiz minha primeira conta em um meio virtual, avisada pelas diversas mídias sobre a fluides dos laços virtuais disse para mim que não iria me apegar a ninguém... Quando isso não funcionou estabeleci que não ia cobrar nada de ninguém... Que não ia ligar se as pessoas sumissem do mapa, se nunca mais escrevessem e-mail... Se não dessem satisfação... Ou sabe lá o que...

Disse a mim mesma que respeitaria o outro, que não gastaria tinta escrevendo sobre isso... Bem... eu não falei nada no meu pacto comigo mesma sobre possíveis desabafos em posts alheios... muitas vezes desabafei meu sentimentos em posts a fora, especialmente nos do Sr. Tio Verden!

Mas sim, eu não gosto de assumir a falta que alguns amigos virtuais me fazem, até porque alguns costumam se ausentar por necessidade e atendem quando nós chamamos, mas agora, nesse momento, nessa meia noite pesou um sentimento atros, fulminante, pesado... graças a Deus que brasileira herdei de Portugal a linguagem e posso nomear esse sentimento então só por hoje, só por agora, quebro meu pacto comigo mesma e gasto a tinta para escrever no blog em azul que é minha cor feliz... Afinal é uma felicidade poder explicitar um sentimento:

"Poxa vida que Saudade... Que saudade filha $%#&, que saudade sem graça... Que saudade chata!!!"

#ProntoDesabafei!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A fúria do Escorpião, a nova porta do quarto e minha estante...

Não, eu não acredito em signos, mas... Lendo alguns sites que falam sobre a fúria das escorpianas tenho que concordar que essas descrições são bem próximas da minha irmã:


"É até difícil convencer alguém de que a sua amada escorpiana tranqüila e simpática é capaz de derrubar um apartamento todo em um ataque de fúria."

"Pode ser manhosa mas parecer carente e fragilizada, por isso não se deixe enganar. Não existe fúria igual à da mulher Escorpião. Quando perde o controle das emoções fica como um vulcão. Ela não é do tipo de mulher que conhece limites quando provocada. Adora parecer uma princesa de contos de fada, uma deusa maravilhosa e ultra-feminina, e fazer com que ela abandone esse papel pode ser muito arriscado!"

Bem, essa é minha irmã, um doce, mas quando se irrita, sai de baixo, acho que até meu pai evita enfrentar Rafaela quando ela tem seus piripaques.

Rafa detesta barulho quando ela quer dormir, e nos últimos seis meses ela passou a dormir mais cedo do que de costume e o barulho da televisão virou um incomodo na vida dela, meu pai adora novelas... Rafa detesta barulho de novela, resultado, momentos de fúria furiosaaaaaaa, ela chega a chorar... É uma danação terrível, resultado [2], meu pai e meu irmão decidiram colocar, enfim uma porta no nosso quarto e assim se livrar da fúria furiosa dela!

Mas, Rafaela se incomoda, meu pai coloca a porta e a bagunça sobra para quem? Sim para minha pobre estante de livros... Para colocar a porta meu lindo e amado pai colocou todos os meus livros abaixo sem respeito nenhum... Se fossem as coisas de Rafaela eu duvido que alguém ousasse fazer essa obra de arte:



E o melhor é que todo mundo me deixou sozinha para arrumar os livros, tudo bem que a ordem e a forma de colocar na estante é uma coisa que só eu sei, que também não aprecio certos tipos de ajuda nesses momentos... Mas, essa arrumação, misturada a poeira da porta, me rendeu uma bela crise alérgica e uma coleção de relembranças e não resisto a tentação de registrar algumas notas sobre elas no bloguito.

Percebi que minha curiosidade pela Psicanalise aumentou sensivelmente nos últimos anos, eu praticamente passei a colecionar os livros da "Série Psicanalise Passo a Passo" da Zahar. O meu preferido é o "Para que serve a psicanalise" da profª. Denise Mourano, o livro funciona como uma aula sobre o assunto, durante a leitura eu me sentia sentada em uma sala de aula vendo e ouvindo ela falar sobre as obras barrocas,  os sonhos, experiências de consultório e por ai vai. Fiquei imaginando o espetáculo que deve ser a aula dela. O meu preterido é Édipo, escrita muito técnica para um livro destinado a leigos.


Foleando meu exempla de "O morro dos ventos uivantes" relembrei uma experiência que tive durante a leitura que jazia esquecida nos mares da memória.


Eu li esse livro nas minhas andanças pelo Recife, em ônibus, filas e intervalos no trabalho, enquanto as crianças dormiam... Lembro que eu já estava nas páginas finais do livro lendo ele na fila do ônibus e a história começou a me pesar, antes de começar a chorar em público (sim eu choro lendo... duas coisas que eu não economizo: lágrimas e declaração de amor #SouMelosa mas estilei nesse dia) eu saí da fila e sentei em um banco para organizar os pensamentos. Foi quando um senhor se aproximou a mim e começou a conversar, no final me deixou um versículo da Bíblia, eu escrevi no livro para não esquecer o momento.


"... alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração..."
(Romanos: 12. 12)

Reencontrei minha antiga edição das "Um aventura em Narnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupa", a tradução de Paulo Mendes Campos, se não me engano, foi a primeira para o português brasileiro.


E no final constatei que até arrumando livros eu gosto de ironia! Não resisti e coloquei um livro de teologia, presente de Natal de um ex-namorado "Fundamentos Inabaláveis", no qual se defende os valores e pensamentos cristãos como preceitos cientificamente comprovados; junto com o livro "Belas Maldições" de Terry Pratchett e Neil Gaiman, onde os autores fazem quase uma sátira com as profecias do livro de Apocalipse a respeito do fim do mundo.

Os livros são opostos, mas se aproximam, ambos foram leituras que eu achei que seriam saborosas, porém se revelaram extremamente incomodas, quase indigestas...


Ah, juntei Emily Bronte, Machado de Assis,  Alexandre Dumas e Poe, quatro grandes mestres do século XIX, fico imaginando que época incrível foi aquela capaz de fazer nascer esses gênios.


No fim, descobri que preciso de uma nova estante, é livro demais para espaço de menos, eu preciso comprar uma nova estante... Mas... de repente me ocorreu um pensamento...

... Será que se eu tiver um piripaque, tipo fúria do escorpião de Rafaela, painho compra uma estante nova para mim???