"O Pequeno Príncipe" é um livro lindo, daqueles que a gente nunca esquece, e eu me apaixonei por ele, como quase todo mundo que já leu essa velha história.
Essa semana uma prima minha me mandou essa imagem com essa frase pelo orkut, é aquela coisa: a mensagem é linda, poética e tudo e tal, mas... de repente, não mais que de repente me ocorreu um pensamento estranho. Me peguei pensando que esses dois, Raposa e Príncipe são um bom par de gente "sem noção".
Vê só:
"E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho que se voltou mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? - perguntou o principezinho. - Tu és bem bonita.
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o Príncipe, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho."
O Príncipe não só conversa com uma perfeita desconhecida como convida ela para brincar com ele. Não, ele não tem noção do perigo! Obviamente a mãe dessa criança nunca disse a ela que não se pode falar com desconhecidos. Isso para não falar que ele leva um belo fora e ainda pede desculpas.
Mas, não, não é apenas o Príncipe que é dado a atitudes "sem noção" nessa história! A raposa é uma tola em potencial. Francamente se deixar cativar por pessoas que a gente convive e conhece já não é uma coisa muito segura, visto que pessoas tendem a ser traiçoeiras, malvadas, egoístas e cruéis inclusive com seus entes queridos, imagina o nível de insegurança que existe em se deixar cativar por uma pessoa vinda sabe Deus de onde? Eu ia dizer que ela é temerária, mas temerária pra ela é pouco.
Olha o dialogo:
"- Exatamente, disse a raposa. Tu não és para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás pra mim o único no mundo. E eu serei para ti a única no mundo...
Mas a raposa voltou a sua idéia:
- Minha vida é monótona. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei o barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora como música.E depois, olha! Vês, lá longe, o campo de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelo cor de ouro. E então serás maravilhoso quando me tiverdes cativado. O trigo que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento do trigo...
A raposa então calou-se e considerou muito tempo o príncipe:
- Por favor, cativa-me! disse ela."
Outra coisa que me ocorreu é essa coisa de responsabilidade. Sempre digo que quem me ensinou sobre RESPONSABILIDADE foi minha avó materna, Mãe. Com Mãe aprendi que ser responsável pelo outro não é uma tarefa fácil, pois isso tem haver com está presente, com amparar, cuidar, vez ou outra custear.
Responsabilidade é algo que as pessoas não gostam de ter em relação ao outro, porque isso enfada. Desconfio que ninguém consegue ser responsável o tempo todo, acho que nem mesmo as mães podem ser constantemente responsáveis por seus filhos.
Refletindo sobre esses trechos do Pequeno Príncipe e a forma arriscada através da qual a Raposa e ele constroem seu vinculo de amizade percebo que no mundo de hoje, no qual a virtualidade se tornou uma forma de relacionamento, todos nós desenvolvemos a tendencia de nos portarmos como esses dois.
De repente nós esbarramos em um desconhecido pelos mares de facebooks, orkuts, blogs, yahoo perguntas e respostas, olhamo-nos sem nos ver ou nos vemos sem nos olhar, e decidimos nos tornar amigos daquela pessoa que nós nunca vimos tão gordas ou tão magras em nossas vidas. A despeito do nosso total desconhecimento sobre essas pessoas, nós nos envolvemos com elas, abrimos nossa intimidade sem medir as consequências e não paramos para perceber que a história do Pequeno Príncipe pode ser muito lirica, mas a realidade por vezes não tem lirismo nenhum.
E brincando de pensar começo a ponderar que talvez seja uma boa ideia exercitar a prudência e deixar de sair por ai dando uma de Raposa em um mundo no qual faltam Pequenos Príncipes.
E sim, a proposito de toda essa reflexão tortuosa, especialmente para alguém como eu dada a abraçar calorosamente qualquer um que me abrace, sempre considero valida a observação do bom e velho Saint Exupery, só consigo conhecer o que cativo e o preço de uma amizade é sempre a perpetua responsabilidade.
De repente nós esbarramos em um desconhecido pelos mares de facebooks, orkuts, blogs, yahoo perguntas e respostas, olhamo-nos sem nos ver ou nos vemos sem nos olhar, e decidimos nos tornar amigos daquela pessoa que nós nunca vimos tão gordas ou tão magras em nossas vidas. A despeito do nosso total desconhecimento sobre essas pessoas, nós nos envolvemos com elas, abrimos nossa intimidade sem medir as consequências e não paramos para perceber que a história do Pequeno Príncipe pode ser muito lirica, mas a realidade por vezes não tem lirismo nenhum.
E brincando de pensar começo a ponderar que talvez seja uma boa ideia exercitar a prudência e deixar de sair por ai dando uma de Raposa em um mundo no qual faltam Pequenos Príncipes.
E sim, a proposito de toda essa reflexão tortuosa, especialmente para alguém como eu dada a abraçar calorosamente qualquer um que me abrace, sempre considero valida a observação do bom e velho Saint Exupery, só consigo conhecer o que cativo e o preço de uma amizade é sempre a perpetua responsabilidade.
"- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não tem tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres uma amiga, cativa-me! Os homens esqueceram a verdade. - Disse a raposa. - Mas tu não a deves esquecer. 'Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.'."
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P.S. 1: Enquanto estava terminando de escrever esse texto em Agosto de 2011 comentei com mainha essas ideias e ela disse que eu "só falo, penso e faço besteiras" kkk... É verdade.
P.S.2: Resolvi tirar esse texto da gaveta e acrescentei a ele outras reflexões depois de um pequeno debate com o Christian V. Louis, um de meus companheiros de virtualidade, a cerca de prudencia em relação as amizades construídas a partir dos mares da virtualidade.
P.S.2: Resolvi tirar esse texto da gaveta e acrescentei a ele outras reflexões depois de um pequeno debate com o Christian V. Louis, um de meus companheiros de virtualidade, a cerca de prudencia em relação as amizades construídas a partir dos mares da virtualidade.
P.S. 3: Hoje Mainha não diz mais que "só falo, penso e faço besteira". Ela se sente menos desconcertada com minhas opiniões sobre a vida e eu também sou mais generosa comigo mesma... O tempo ajusta muita coisa.