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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

"Da minha gratidão a pequena toupeira que queria saber quem tinha feito cocô na cabeça dela" ou "Sobre o melhor livro infantil de 2013"

Como, acho que todo mundo por aqui sabe, eu sou educadora infantil em uma creche municipal do Recife e literatura infantil é algo que faz  parte da minha rotina.

Durante esse ano investi muitas de minhas fichas em um trabalho pesado e constante com livros infantis de todos os tipos, formas, cores e tamanhos com as "minhas" crionças crianças do Grupo Infantil 3. E quando estava no meio da confecção da minha lista dos melhores livros do ano me deu vontade de registra a minha gratidão ao livro "Da pequena toupeira que queria saber quem tinha feito cocô na cabeça dela" do Werner Holzwarth e Wolf Erlbruch.


A principio eu ODIEI a proposta desse livro. Achei nojento, mal pensando, nojento de novo, mil vezes ecaaaaaaaaaaaaa... Eu já falei que acho nojento?!?! Gente, eu trabalhei três anos em um grupo infantil 1, vocês tem noção de quanto cocô já limpei nessa vida???? Eu definitivamente não tenho nojo de cocô de criança ou idoso, na boa eu limpo sem crise e até faço a coisa ficar divertida para a criança.... Mas eu ODEIOOOOOOOOOO falar de cocô!!! Imagina ler sobre cocô?!?!

Enfim... Essa implicância com o livro se perpetuou por muito tempo. Sempre que eu ia na estante selecionar os livros para serem trabalhados no mês eu deixava ele de lado. E foi assim até o dia no qual a implicância foi tão grande que precisei coloca-lo na lista. O resultado não poderia ter sido melhor!

A pequena Toupeira que recebe um belo dia, ao sair debaixo da terra, um cocozinho na cabeça e sai por ai investigando quem foi o autor cativou as crianças e em especial o K., um dos meninos mais dispersos com o qual já trabalhei até hoje.


Ele riu tanto da história, gostou tanto, achou tão legal que sentou no meu colo pela primeira vez para me ouvir contar uma história e teve paciência para ir até o fim. Eu me emociono só de lembrar! Foi um momento lindo. É muito mágico! Quem vive ou viveu momentos assim há de entender!


A partir da toupeira, o K. passou a se interessar vivamente pelos livros. Não só passou a prestar atenção na contação como passou a pedir para que eu lesse, escolher livros da caixa, recontar para os amigos sua história preferida... E isso se refletiu em outros aspectos da convivência, diga-se de passagem. Com a leitura, ele chegou ao ponto de trazer alguns livros que a prefeitura mandou para seus irmãos (e geralmente ficam jogados em qualquer canto da casa e vão para o lixo na faxina de fim de ano) à creche para que eu os lesse para ele.


Enfim, apesar de continuar achando "Da pequena toupeira que..." um livro nojento, ele virou um dos meus livros preferidos.

Para crianças pequenas, que nunca limparam tantos bumbuns como eu, cocô é um assunto para lá de divertido kkkk... e a forma como os autores trataram o assunto no livro foi perfeita. Na hora de contar eu escolhi usar do mesmo tipo de humor que usava com as crianças de um ano, foi assim que descobri que K. gosta de livros bem humorados, o que foi comprovado cientificamente outro dia quando ele disse: "Tia conta uma história engraçada.".

Bem, pode parecer pouco, quase nada, mas sei lá... Mas, eu tenho dado tantas bolas fora nos últimos tempos que essa bola dentro com o K. fez toda a diferença em minha vida... Um capitulo de minha história de educadora para não ser esquecido.

K. em momento super-herói.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Culpa de carnívora...

Não sei como ou porque nos últimos tempos ando sendo atormentada por um estranho sentimento de culpa por ser carnívora. Uma culpa capaz de se manifestar nos mais diversos e inusitados momentos.

A ultima manifestação dela foi suficientemente inquietante para merecer um post. Ela ocorreu depois do livro "Flop - a História de Um Peixinho Japonês Na China" com as crianças na creche.


A história contada através de imagens por  Laurent Cardon em Flop fala sobre a amizade de um garoto e um peixe e como as vezes o verdadeiro amigo precisa aprender a abrir mão de algo para deixar o outro ser feliz. A partir do livro a gente fez roda de conversa e alguns trabalhos no que eu chamo de "oficina criativa".


Como minha casa é lar de muitos peixinhos dos mais diversos tipos e estágios de desenvolvimento [tanto Rafael pai quanto Rafael Jr criam peixes] para concluir as discussões nascidas da leitura do livro eu pedi a meu irmão para me deixar levar um dos muitos peixes dele para mostrar as crianças. A presença do novo amiguinho gerou uma série de novas questões por parte das crianças. Coisas como:

"Ele é bonzinho tia?"
"Tia ele escuta?"
"Ele come o que tia?"
"Ele gosta da gente tia?"
"Onde ele mora tia?"
"A mãe dele gosta dele tia?"
"Ele é feliz tia?"
"Ele sente dor tia?"
"Tu vai deixar ele voltar para os amiguinhos dele néh tia?"

Enquanto as questões eram respondidas por mim e pelas próprias crianças envolvidas no momento me ocorreu um medo atroz e inquietante das crianças perguntarem algo do tipo "Se ele é bonzinho, sente dor e tem amigos, tia por que a gente mata e come ele ?".

domingo, 11 de agosto de 2013

O desafeto a literatura nos tempos do Império - Parte 1


Parece mentira, mas me ensinaram durante os sete longos ano de curso de História e pós-graduação que nem sempre existiu o país Brasil, na verdade o nosso país é uma invenção até recente, no frigir dos ovos não temos mais que 200. Essa enormidade geográfica localizada no sul da América na qual as pessoas falam o estranho idioma chamado português começou a ser inventado no inicio do século XIX, mais especificamente em 1822.

Bem, há quem não acredite nisso, vocês meus queridos companheiros de virtualidade podem não acreditar, mas um contemporâneo da "Independência do Brasil", o fracês August de Saint-Hilaire disse com todas as letras do querido alfabeto: "Havia um país chamado Brasil, mas absolutamente não havia brasileiros". Foi ao longo dos oitocentos que vários dos pilares de nossa vida social e identidade foram construídos, tudo isso foi registrado de diversas formas e entre elas está a literatura.

Uma das coisas que eu tento por todas as vias possíveis e imaginárias é compreender porque os leitores brasileiros tem tanta resistência aos textos literários produzidos nesse período. É mais que mero desinteresse é quase uma desafeição generalizada a autores como José de Alencar e Machado de Assis.


Eu tento compreender o motivo dessa desafeição generalizada, muitos justificam que isso se deve a um primeiro encontro traumático nas aulas de português do Ensino Médio no qual a "Literatura Brasileira" é conteúdo obrigatório e os autores canônicos como o tal do Machado e o tal do Zé de Alencar são OBRIGATÓRIOS. Bem, putz, esses autores estão no currículo porque são tão importantes que as pessoas que elaboraram os Parâmetros Curriculares Nacionais (um grupo composto por alunos, professores e acadêmicos) considerou que é DIREITO de todo e qualquer brasileiro conhecer esses autores.


Não é maldade, não é questão de obrigatoriedade é questão de direito!!! Que uma adolescente confunda direito com obrigatoriedade e implique vá lá... Mas os adultos arrastam essa implicância pela vida como um tipo de amuleto de sorte e esquecem que melhor que conhecer o outro é conhecer a si mesmo. Aliás, é possível conhecer melhor o outro quando conheço bem a mim e tudo aquilo através do qual eu me tornei quem sou.

Bem, eu não sei se estou certa quando penso as coisas expostas nos dois últimos parágrafos... De fato, como acontece com inúmerxs jovens brasileiros a mim, como aluna de escola pública localizada em uma comunidade popular favela, foi negado o CONSTITUCIONAL DIREITO de ter aulas regulares de literatura brasileira durante os meus anos de ensino médio e o resultado disso foi ter conhecido José de Alencar e Machado de Assis por acidente nas estantes da biblioteca escolar.

Primeiro veio os romances de Alencar, confesso que os romances indianistas jamais me atraíram, mas os romances urbanos.... Aaaah... Quanto perde quem não dã uma chance a eles!!! A cidade do Rio de Janeiro se erguia diante de mim como que por mágica, as moças bem vestidas, os moços com seus ternos, as carruagens, os bailes, as sensibilidades... Tudo tão bem descrito, tudo sob aquela áurea tão particular.

Era maravilhoso contemplar o passado pelo olhos de José de Alencar. Confesso, hoje a criticidade misturada ao ceticismo me faz fazer inferências menos generosas a respeito da obra dele que a adolescente que eu fui. Mas hoje consigo compreender que os romances ditos "indianistas" representam o esforço de José de Alencar de descrever ou inventar o melhor passado possível para o recém criado Império do Brasil e os romances urbanos o esforço dele de documentar o presente desse Império da melhor maneira possível.


Sei que o texto já deve ter cansado a beleza de muita gente até chegar a esse ponto, mas se você leu quando adolescente os textos de Alencar, ou não leu por implicância com a chata da sua professora ou professor de literatura... Bem, agora talvez seja a hora de praticar o perdão, se ela ou ele fez parecer que era obrigação sua, foi um erro de linguagem, na verdade a ideia é que era um direito seu conhecer um pouco de como o seu país começou a ser construído, de como pensavam aquelas pessoas que inventaram o Brasil, o brasileiro e derivativos.

Ai bem, depois do romantismo de José de Alencar, por uma sorte inexplicável da vida encontrei Machado de Assis... E ai toda a beleza lirica da sociedade Imperial foi posta em xeque...

Desconfio que devaneie demais nesse post e decidi deixar essa parte na qual falo mais sobre Machado para o próximo bloco, ou melhor post...

Ah, mexendo e remexendo no face criei uma página para esse blog deixo aqui o link, ainda não sei bem para quer vai servir, mas quem quiser curti, fica a dica, ou melhor o LINK

domingo, 16 de junho de 2013

IDENTIDADE de Educadora

Depois de finalmente terminar de escrever a dissertação, voltei para a trabalhar na creche e as minhas funções como Auxiliar do Desenvolvimento Infantil. Consequentemente voltei a me deparar com os velhos dilemas e lutas de minha categoria. Em meio a esse momento de voltar a respirar os ares da creche encontrei o blog  "Bélgica Soares: Mais uma educadora que acredita no Brasil" e esse texto dela revela nosso atual momento com a prefeitura e nós mesmas tão bem que pedi a ela para publica-lo aqui para começar bem a semana.

Em busca da minha I-D-E-N-T-I-D-A-D-E de Educadora
Por educadora Bélgica Soares

Estes dias de luta pelo RECONHECIMENTO PEDAGÓGICO do ADI, do qual venho sempre trazendo alguns artigos aqui e na minha página do Face, me passou uma pergunta pela cabeça…

Você acha este trabalho:


Igual a este?


A prefeitura da cidade do Recife acha!

Não está entendendo? Eu explico.

Em 2006 a PCR abriu um concurso público com 500 vagas para a criação do cargo de ADI – os AUXILIARES DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL – que teriam entre suas atribuições trabalhar nas salas de aula das Creches e CEMEI’s desta cidade. Até ai, tudo estaria bem, se não fosse pelo enquadramento que eles deram a estes profissionais : ADMINISTRATIVOS. Você acredita? Eu também não. Estes profissionais que estão em salas de aula há quase 7 anos NÃO SÃO RECONHECIDOS pelo seu trabalho pedagógico.

É bem verdade que este cargo surge pra cobrir um déficit na Educação Infantil, que diga-se de passagem foi resolvido (em partes), pois eles dão continuidade ao trabalho educacional quando há ausência dos professores, seja pelas inúmeras licenças médicas, férias de julho – chamada carinhosamente de “recesso escolar” – para planejamento, reuniões, assembleias, etc… O mais chocante é a carga horária que estes profissionais cumprem: de 40 horas semanais… Normalmente, qualquer um diria: “mas tem professor que dá aula em 2 ou 3 lugares diferentes“; e eu diria: “certo“… Tudo certo, se não fosse a diferença salarial. Um professor de Creche recebe nesta mesma instituição, um salário de R$1.213,61 – por 29 horas semanais, enquanto um ADI recebe R$746,39 por 40 horas semanais trabalhadas. Ficou chocado? Então, some a isso tudo um trabalho em que você está sentado o dia todo no chão, pois as salas de Educação Infantil não possuem cadeiras nem mesas, dando banho em 15 crianças em banheiros ainda não adequados, em prédios adaptados, sem ventiladores ou material suficiente, sentando e levantando umas 40 vezes por dia, ufa… Cansou? Eu cansei só de lembrar (rsrsrsrsrs)

Muitos questionamentos vem sendo levantados em relação ao nosso trabalho, até ouvi de alguém que o que fazemos não é educacional pois, dar banho, alimentar e cuidar de forma mais geral é administrar o tempo… Não acredito que num país que diz tanto valorizar a educação, de discursos que falam em período de eleições sobre a importância de espaços educacionais e valorização dos profissionais de educação alguém ainda acredite neste tipo de argumento… Fico mesmo sem resposta, pois é a mesma coisa de dizer que Creche é essencial pois, sem ela as crianças não comem (justificativa usada na idade média), será preciso dar uma aula pedagógica a estas pessoas pra que elas entendam que Creche deixou de ser assistencial e passou a ser educacional, há muito tempo? Afinal, o cuidar e o educar são entendidas pela própria LDB como indissociáveis no trabalho pedagógico.

Diante de tudo isso, é muito fácil pra mim responder a você leitor o porquê de mesmo depois de tudo que descrevi, depois de quase sete anos, um problema de coluna e muitas decepções com gestores – professores e sociedade que não valorizam este lindo trabalho que desenvolvemos eu ainda continuo exercendo esta função. Por que eu acredito no trabalho que desenvolvo todos os dias ao lado dos meus companheiros, crianças e famílias do CEMEI que estou lotada. EU AMO MEU TRABALHO, mas eu aceito um salário digno e condições melhores, e você…

Qual a sua opinião?



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Texto originalmente publicado  nesse link