quinta-feira, 14 de agosto de 2025

"Desculpem, mas se morre" e "Mas há a vida" [Provérbios de Clarice Lispector 01]

 

Continuo lendo "Todas as Crônicas" de Clarice Lispector nas minhas manhãs de folga, virou um tipo de ritual. Acordo, faço minha higiene matinal, preparo o café da manhã, boto ele na mesa e entre um gole de café e outro vou lendo algumas crônicas dela.

Ler Clarice é uma experiência muito lúdica, ela encontrava-se em pleno domínio de sua escrita no momento em que começou a escrever essas crônicas e isso torna tudo tão bom, mas também é uma experiência didática. Aprendo muito com ela, escuto com atenção as coisas que ela escolhe dizer, procuro entender a sabedoria proverbial de Clarice quando ela se propõe a falar sobre os processos que ela enfrentou e fazem parte da vida humana.

Tentando trazer para mim essas falas onde ela se expressa sobre as coisas que aprendeu vivendo, deixo aqui duas crônicas que se complementam. Uma traz a fatalidade e a outra a felicidade, as duas foram publicadas no sábado, em 22 de Maio de 1971 no Jornal do Brasil.

DESCULPEM, MAS SE MORRE

Morreu o grande Guimarães Rosa, morreu meu belo Carlito, filho de meus amigos Lucinda e Justino Martins, morreu meu querido cunhado, o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Mozart Gurgel Valente, morreu o filho do Dr. Neves Manta, morreu uma menina de 13 anos do meu edifício deixando a mãe tonta, morreu o meu tonitruante amigo Marino Besouchet. Desculpem, mas se morre.

MAS, HÁ A VIDA

Mas há a vida que é para ser intensamente vivida, há o amor. Há o amor. Que tem que ser vivido até a última gota. Sem nenhum medo. Não mata.


2 comentários:

  1. deve ser um prazer incrível. beijos, pedrita

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  2. Oi Pandora! Estava com saudades de seus textos e divagações. Como sempre você nos deixa com vontade de ler algo quando fala com tanto carinho da obra. Espero que já esteja melhor adaptada em sua nova casa. Boa semana!
    Bjos!!
    Moonlight Books
    @moonlightbooks

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