O entardecer é um momento muito sereno...

 

No fim de semana passada estive, novamente, em Lagoa do Ouro, a ocasião foi o aniversário da sobrinha de Claudineia, Nick. Não desgosto de festa, mas em geral chega um momento no qual eu preciso da uma pausa, fugir e respirar. Minha pausa, foi nos fundos da casa de Diane, a mãe de Nick, e naquela altura do Planalto da Borborema, sentada no batente quase rente ao chão, contemplando o horizonte no fim do dia, me ocorreu pela milésima vez: o entardecer é um momento muito sereno.

Desde muito tempo meu momento favorito do dia é o fim da tarde. Não sei se sempre fui assim, talvez tenha começado na época da terceira série quando comecei a estudar no período da tarde lá no Alto Treze de Maio, quando largávamos ás 5:30 e eu voltava para casa muito lentamente aproveitando a vista privilegiada. Naquela época eu não sabia, mas o Alto Treze de Maio é o ponto mais alto da cidade do Recife, o horizonte se amplia daquela altura de um jeito lindo, os prédios parecem caixas de fósforo.

Entre 2020 e 2021 morei em Igarassu com meus pais e os fins de tarde se tornaram os momentos de caminhada com minha mãe. Longos papos, passos oscilando na velocidade de nossos sentimentos indo e voltando, remoendo a vida, planejando a vida, sonhando coisas para a vida, tentando entender a vida e o entardecer do Zona da Mata Norte abraçando nossos sentimentos.

Atualmente moro em Vitória de Santo Antão e por esses dias caminhando pelo meu bairro, no caminho da academia que frequento até minha casa, essa cidade me pareceu um lugar no qual o entardecer é um momento muito sereno.

Estou aqui faz três meses, ainda há livros e mais livros em caixas, descobri recentemente a necessidade de comprar mais uma estante nova. Minha vida parece uma coleção de coisas a serem organizadas, amanhã preciso fazer feira, mas caminhando bem de boa pela cidade no fim do dia me vem ondas de serenidade.

É aquela sensação de suspensão do tempo marcado pelo tic tac do relógio misturado a temperatura mais amena, o colorido das nuvens e o vento que é vento e passa e só fala do vento. Me vem um bem estar imenso, uma vontade de ir na sorveteria e comprar uma bola de sorvete na casquinha e ir para casa comendo como fazia quando tinha 9 anos e estava na terceira série.