Passei um tempo entre 2014 e 2018 me sentindo muito vazia. Lidei com esse sentimento comprando e lendo livros. A velocidade com a qual comprei superou e muito a velocidade com a qual li, consequentemente faz parte da minha vida atual pilhas e pilhas de livro não lidos, centenas de livros não lidos. Tenho tentado lidar com essa pilha da única forma possível: lendo um livro por vez. Ainda falta muito para diminuir essa pilha, mas fevereiro chegou ao fim e nesse primeiro dia de março olho para minha mesa, vejo espaço vazio e constato que estou lendo os livros comprados, emprestados, presenteados durante esse longo tempo de vazio.
Me sinto tão SATISFEITA! Passei de pessoa tão ansiosa por preencher espaços vazios com letras e histórias, ferrenha construtora de barricadas de tijolos feitos de papel pintados com tinta, a alguém satisfeita com a visão do espaço vazio na mesa. É muito satisfatório transferir livros da pilha dos não lidos para a pilha do lidos, conferir as lobadas, relembrar as histórias, conferir as prateleiras da parte interna do coração e sentir nela novos moradores.
Além de me sentir satisfeita com as leituras finalizadas também tenho sido invadida por uma vontade imensa de voltar a escrever mais sobre livros no blog. De uns anos para cá sigo escrevendo sobre livros no instagram, mas o blog tem outro tipo de intimidade e confere a narrativa outro tipo de liberdade e dinâmica. Não tenho condições de acompanhar o ritmo da blogosfera literária, mas ultimamente tenho tido bastante desejo de falar sobre minhas leituras antigas e recentes aqui. Sobre os livros que foram embora (ainda pratico o desapego) e os que chegaram (compro menos, mas continuo comprando).
Me sinto recomeçando como blogueira, quero abrir um novo arco narrativo na minha vida, oro a Deus pedindo esse milagre, e tenho ímpeto de registrar os episódios desse arco sem excluir os livros, autoras e autores e editoras que estão me fazendo companhia nesse caminho novo. Para começar vou deixar registrada aqui a pilha de livros que em fevereiro de 2021 deixaram a pilha dos não lidos para integrar a dos livros.
Comecei o mês pela série "As mulheres têm sua própria forma de magia" da Amanda Lovelace. São livros nos quais através da poesia a autora conta sua história de abusos domésticos, perdas, relações românticas abusivas, afetos, amores, ternuras, rancores, reencontro, vitórias, lutas e superação. Estava lendo essa série através do Kindle em formato e-book, mas uma amiga resolveu me presentear com os três livros, fiquei emocionada com o presente e encantada com a leitura. Assim como essa amiga, "A voz da sereia volta nesse livro" tem sido mão, abraço e apoio nesse meu momento de tomada de folego.
Outro livro marcante dessa pilha foi o "Medo Imortal", coletânea de contos de terror do século XIX e inicio do século XX lançanda pela DarkSide Books na qual os autores são os Imortais da Academia Brasileira de Letras + Julia de Almeida (barrada da galeria dos Imortais por ser mulher). O livro é lindíssimo e os contos abordam desde o terror doméstico passando pelo clássico inspirado no gótico até o terror baseado nos mitos e tradições dos povos indígenas do Norte do Brasil. Foi uma viagem ao nosso passado regada a violência contra mulheres, feminicídios , tradições indígenas mal compreendia e escrita maravilhosa. Terminei o livro com vontade de ler mais Machado de Assis e João do Rio.
Entre as HQs li o vol. 1 de "X-Mens 2099", uma daquelas histórias que começam depois do fim de todas as coisas, assim como "Ogiva" roteirizada pelo Bruno Zago. Li também o vol. 4 de "Fábulas" de Bill Willingham e "Crise nas Infinitas Terras", a leituras mais tensas do mês. Apesar de ser uma HQ "Crise nas Infinitas Terras" foi uma leitura de difícil fruição, ela é um marco na história dos gibis de heróis americanos pois reuniu todos, ou pelo menos a maioria, dos personagens do Universo da DC Comics em um conto sobre o fim de vários mundo e a sobrevivência de uns poucos. Ela é a clássica história do homem branco salvando não só o dia, mas todos os dias e talvez por isso seja tão chata e pouco empolgante, apesar de ser um clássico cuja leitura relevante para quem ama Histórias em Quadrinhos, meu caso
Pandora,
ResponderExcluirEstou louca para ler esse livro do Murakami. Não tenho Tag mas logo logo será lançado pela Companhia das Letras. Adoro também ver a lista de livros lidos aumentando na minha estante. Boa leitura e que venham mais e mais livros.
Beijos
Adriana
como fiquei sem trabalho não adquiri livros. mas eu tinha comprado vários na feira do livro de 2019, exagerado até, 10 títulos, q preencheram bem 2020. e tinha outros na espera. na retrospectiva de 2020 percebi q eu continuei lendo a mesma quantidade q antes. uma média de um livro por mês. beijos, pedrita
ResponderExcluirhttp://mataharie007.blogspot.com/
A sensação de ter concluído a leitura de um livro - especialmente de um livro desejado e escolhido - é realmente muito boa. E nem é preciso que se diga que a leitura sempre acrescenta algo à visão de vida da gente, sempre nos enriquece um pouco, não é verdade?
ResponderExcluirEu não fazia ideia de que o livro As mulheres têm sua própria forma de magia abordasse os assuntos que você mencionou, fiquei com vontade de o ler.
Beijo
Olá, Pandora.
ResponderExcluirEu fui a louca dos sorteios por um bom tempo. Tinha mês que chegava mais de dez livros que ganhava em sorteio aqui em casa, mais os que eu comprava. Resultado 4 estantes abarrotadas de livros que hoje nem tenho mais interesse em ler. Por isso comecei a praticar o desapego. E depois ainda comprei um kindle, conheci o kU e fico lendo e-books em vez de ler os físicos parados na estante. Dos que você leu eu tenho muita vontade de ler Medo Imortal que a edição está um arraso.
Prefácio
Que bacana, jaci, o importante é estar se sentindo feliz com seu ritmo, sem cobranças, apenas feliz, esta é a melhor medida, única!
ResponderExcluirPor diversos motivos leio muito pouco hoje em dia, já li muito, acho até que se comparar com meu tempo de vida, passei muito tempo lendo. A leitura traz reflexão é necessária para nos construir, mas temos que ter tempo para a realidade, colocar em prática o aproveitamento dos livros.
Que tempos para sua juventude, de seus alunos...que essa meleca passe logo.
Abraço!