Março foi o mês de aniversário do Recife, o dia passou e não fiz uma postagem porque sou adepta dos versos de Drummond onde ele diz:
"São mitos de calendário
tanto o ontem como o agora
e o teu aniversário
é um nascer a toda hora."
Então deixei o dia do aniversário passar para falar do meu amor por essa cidade cheia de dicotomias, calor, riqueza, miséria, História, pessoas que amo, sonhos, ilusões perdidas e tudo o mais. Carlos Pena Filho em seu Guia Pratico da Cidade do Recife escreveu no Inicio que:
"Hoje, serena, flutua,
metade roubada ao mar,
metade à imaginação,
pois é do sonho dos homens
que uma cidade se inventa. "
metade roubada ao mar,
metade à imaginação,
pois é do sonho dos homens
que uma cidade se inventa. "
Tudo verdade, toda cidade nasce da imaginação dos homens, não apenas Recife, verdade também o que ele escreve no fim do poema:
"Recife, cruel cidade,
águia sangrenta, leão.
Ingrata para os da terra,
boa para os que não são.
Amiga dos que a maltratam,
inimiga dos que não
este é o teu retrato feito
com tintas do teu verão
e desmaiadas lembranças
do tempo em que também eras
noiva da revolução"
águia sangrenta, leão.
Ingrata para os da terra,
boa para os que não são.
Amiga dos que a maltratam,
inimiga dos que não
este é o teu retrato feito
com tintas do teu verão
e desmaiadas lembranças
do tempo em que também eras
noiva da revolução"
Recife é mesmo uma cidade cruel, com a miséria a encher as favelas, desigualdade, altos índices de violências, psicopatia dos policiais, falta de vergonha dos políticos, truculência de alguns prefeitos, obras paradas, homens mendigando o pão, nas palavras de Francisco de Assis França, o Chico Science:
Penso eu que é nessas subidas e descidas, nessa brincadeira de sonho, luta, realização, vitória e fracasso, encontros e desencontros entre os "de cima" e os "de baixo", que a História da cidade é vivida, sentida e constantemente escrita e reescrita.
E que cabe a cada um de nós que aqui nascemos e vivemos nos orgulhar de quão interessante são essas histórias. Como diz o titulo do livro de Lenice Gomes e Hugo Monteiro Ferreira é possivel titular essa urbe quente e problematica como:
"... a cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metrôs
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce..."
E que cabe a cada um de nós que aqui nascemos e vivemos nos orgulhar de quão interessante são essas histórias. Como diz o titulo do livro de Lenice Gomes e Hugo Monteiro Ferreira é possivel titular essa urbe quente e problematica como:
"RECIFE: cidade das pontes, dos rios, dos poetas e dos carnavais."
E já que citei o titulo, já vou falando desse livro infantil que de forma bem didática conta a História do Recife desde seu inicio lá no longínquo século XVI, especificamente no dia 12 de Março de 1537, com o nome de "Vila de Ribeiro do Mar dos Arrecifes" onde residia um pequeno grupo de pescadores sem importância nenhuma. Aliás, economicamente importante mesmo eram os riquíssimos moradores de Olinda, a cidade da açucarocracia portuguesa na América, pq sim, naquela época todos os homens livres existentes nessa terra se consideravam muito portugueses, brasileiro era quem carregava pau-brasil.
Ele conta os episódios marcantes de nossa história, a presença holandesa por essas bandas de cá, a primeira ponte das amaricas, a história de um boi voador de mentirinha, a Guerra dos Mascates, a vida as margens dos rios Capibaribe e Beberibe.
Notem que há a branca, a negra e o indiozinho fazendo o boi! |
O século XIX e um tal de processo de modernização que fez nascer espaços como um certo Teatro Santa Isabel, também são citados, assim como as várias revoluções que nasceram sobre nosso chão quente, como a Revolução de 1827, a Praiera e a Confederação do Equador. A presença da escravidão, a chegada do século XX, os nossos poetas, os Carnavais.
Notem negros e negras trabalhando na frente do teatro! |
Interior do Teatro: um dos meus fofos da igreja esta ai tocando violino! |
No geral eu gostei do livro, ele da conta da história oficial da cidade com uma certa graça e a Tati Moes se inspirou nos grandes artistas que pintaram a cidade em outros tempos e fez um trabalho muito lindo como ilustradora. Da até orgulho de ser recifense!
Ao longo dos últimos três meses eu vi muita gente falando de suas cidades, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém do Pará e tantas outras, cada uma tendo um motivo para amar seu espaço, sua cidade, seu lugar. Se bairrismo demais é ignorância, uma pequena dose não faz lá tão mal aos dentes néh!?!? Se orgulhar de sua própria história as vezes faz bem e aqui deixo o meu registro do orgulho que tenho de ser recifense.
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Ao longo dos últimos três meses eu vi muita gente falando de suas cidades, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Belém do Pará e tantas outras, cada uma tendo um motivo para amar seu espaço, sua cidade, seu lugar. Se bairrismo demais é ignorância, uma pequena dose não faz lá tão mal aos dentes néh!?!? Se orgulhar de sua própria história as vezes faz bem e aqui deixo o meu registro do orgulho que tenho de ser recifense.
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Eu tenho dois e é só você deixar um comentário aqui que um deles pode ser seu, porque sábado que vem eu vou sortear esse livro entre os que comentarem nesse post \o/
Temos algo em comum: também não sigo muito datas!
ResponderExcluirGosto de presentear quanto sinto vontade, quando sinto as pessoas. Lindos versos de Drumond, eu não conhecia.
Quero participar do sorteio.
paula.amaralanis@hotmail.com
Beijos
Oi
ResponderExcluirJá ia perguntar onde comprar o livro, ,mas já que vc vai me dar um, então vou esperar kkkkkkk
Beijos
lanecanha@hotmail.com
Jaci, eu quero o livro! Gosto muito do Recife e quero ainda esse ano ir passear por aí!
ResponderExcluirbjs
Jussara
ai, cheguei tarde...
ResponderExcluirJaci, minha filha nasceu em Recife e o português que ela fala é o nosso, mas imagine aqui longe...com o livro ficaria bem melhor, né não?
Bj
Olá! Tudo bem com vc?
ResponderExcluirSou contadora de Histórias, e buscando material na internet, cheguei no seu blog.
Gostei muito do que vc escreve. E nem preciso dizer que seu texto sobre minha cidade linda Recife está maravilhoso.
Hoje moro em São Paulo e trago comigo a minha raiz nordestina! Gostaria, se possível, detalhes deste livro.
Obrigada, Elaine Cunha
Olá! Tudo bem com vc?
ResponderExcluirSou contadora de Histórias, e buscando material na internet, cheguei no seu blog.
Gostei muito do que vc escreve. E nem preciso dizer que seu texto sobre minha cidade linda Recife está maravilhoso.
Hoje moro em São Paulo e trago comigo a minha raiz nordestina! Gostaria, se possível, detalhes deste livro.
Obrigada, Elaine Cunha
Pandora você é mesmo uma pessoa surpreendente.
ResponderExcluirUma homenagem dessas, com tanta categoria, quase não vejo.
A forma de falar do meu/nosso Recife, faz com que fiquemos cada vez mais curiosos.
Aplausos.
Xeros
menina,já tentei te achar outro dia e o perfil não abria.gostei de seu blog , e vou te seguir.que sorteio lingo, perdi. que pena.
ResponderExcluirobrigada pelo carinho...(as flores de tecido)rsrsrs,bjs.
Pandora
ResponderExcluirMinha amiga que post mais gostoso de se lê. Mostra essa História bonita e além do orgulho o amor da recifense que o escreve.
Como jávirei freguesa não poderia deixar passar em branco a oportunidade de concorrer a um exemplar desse livro que além do seu conteúdo me parece muito bem ilustrado.
Beijos no seu coração
Já ganhei... não vai ter pra ninguém.
ResponderExcluirAgora eu estive pensando...
"Jaci da minha família"
Eu sou intrometida, né... já saí te chamando igual a tua família. rs
BeijoZzz