domingo, 26 de abril de 2015

Receita para acalmar menino e menina MUITO peralta...

INGREDIENTES

Livros Coloridos cuja história você conheça bem.
Uma pitada de "Boa Vontade".
Doses grandes de Paciência.

MODO DE FAZER

Pegue a Boa Vontade e misture bem com a Paciência
Adicione o livro bem colorido cuja história você conheça bem,
Sente com menino ou a menina e comece a conversar,
Conte a história do seu jeito,
De o bendito livro para a criança ler,
Preste atenção quando ela estiver contado a história a você,
Fique bem quietinha quando ele/ela for ler sozinho/sozinha,
Desfrute dos minutos de paz.

Obs.: Recomenda-se repetir essa receita com frequência e se o primeiro livro não funcionar, tente outros. Insista!

Quando se tem dois anos ser peralta é quase uma regra. Mas, algumas crianças conseguem ser ativas e enlouquecedoras para além da média, são MUITO peraltas.

Para os muito peraltas o sono vem rápido, mas também passa rápido, meia hora antes de todos já estão de pé, acordam procurando novidades para esgotá-las antes dos outros...

O interesse também vem rápido e igualmente rápido se vai! Muito fácil eles desconstruírem os brinquedos feitos para durar uma vida em uns poucos minutos...

Os muito peraltas são um dilema... E pelo amor de Deus, medicar ou encontrar etiquetas psiquiátricas para eles não é uma opção muito legal néh?!?! Afinal peraltice não é doença, é saúde

Mas não sejamos hipócritas, ela trás questões de difícil resolução para pais e educadores, especialmente em escolas públicas com pouco equipamento e pessoas.

Questões do tipo:

Como envolver esses meninos em uma atividade? \o/
Como faze-los se concentrar? \o/ 
Como conseguir fazer eles não dispersarem a atenção dos outros usando força? \o/
Como impedi a desconstrução dos poucos brinquedos? \o/
Como, por fim acalmá-los por um tempinho? \o/

Para mim, a literatura tem sido uma salvação! Sempre me surpreendo com a força de uma contação de história que da certo, com um livro bem feito, com o vinculo afetivo que surge entre criança e livro.

Já rendi minha homenagem ao "Da Pequena Toupeira que Queria Saber Quem Tinha Feito Cocô na Cabeça Dela" do Werner Holzwarth. Adiciono a  lista das homenagens:

"Uma arara e sete papagaios" da Ana Maria Machado ilustrado pelo Claudius: uma história sobre a qual preciso escrever mais que duas linhas e um dia escreverei.


"A Bruxa Catuxa" da Marlene de Fátima Gonçalves: companheirão dos últimos dois anos e meio!


"Os Dez Amigos" do Ziraldo: livro lindo e engraçado, que prende por sua simplicidade e humor.


"Amigos de Casa" do Stephen Barker: colorido, interativo, as paginas abrem \o/. Todos amam livros cujas paginas abrem e tem surpresas.


sábado, 18 de abril de 2015

10° BookCrossing Blogueiro


E mais um BookCrossing Blogueiro chegou huhu! Dessa vez, para variar, eu vou postar dentro do prazo! Mereço até uma estrela néh?!?!? Ta bom, vou parar de lesar e contar a contar a história de como aconteceu essa edição do bookcrossing em minha vida.


Há algumas semanas atrás eu adoeci e, por milagre da Divina Providencia, a doutora me deixou de molho por seis dias! Quando os funcionários da Prefeitura do Recife recebem um atestado a partir de 3 dias isso já é considerado licença médica e nós somos encaminhados a "Junta Médica" localizada ali, pertinho, lá "Nos Cafundós do Judas" onde aliás o dito cujo perdeu as botas.

Foi no caminho da "Junta Médica" que descobri o lugar no qual desapeguei dos meus livros esse ano. Uma arada de ônibus pouco antes do viaduto encontrei um lugar destinado ao desapego.

Amei ter encontrado essa caixinha e marquei o lugar, decidindo deixando os meus livros nessa caixinha feita pela "Biblioteca do Amaral" apoiada pela "COTEMAR Cultural".

Há, da primeira vez que passei por ai não tinha visto livro nenhum, da segunda encontrei livros didáticos, revistas, Novo Testamento, alguns livros. Uma das pessoas que estava na parada informou que a caixinha tem sido bem utilizada, os livros não ficam encalhados, são recolhidos e sempre aparece quem coloque mais. Gostei de saber disso e vou me juntar a essas pessoas.

Esse ano decidi desapegar de meus romances açucarados, geralmente quem ler esses romances trocar dois por um e eu tinha essa pratica, no entanto sempre ficava com os mais significativos. Eles não são jovens, quando eu os comprei já não eram, mas tenho um apego por eles fora do comum, ou comum em relação aos leitores, a leitura deles foi significativa em fazes duras da minha pós-adolescência, no meu processo de amadurecimento eles foram boas e leiais válvulas de escape.

Desapegar deles também tem haver com desapegar de más recordações, hábitos de fuga e uma tentativa de abrir qualquer coisa como espaço para outras experiências, afetivas inclusive.

Deus me ajude, disposição afetiva nunca foi o prato especial da casa enquanto adiar, protelar, não atender telefones, intimidar e desligar o botão realidade jamais saíram do cardápio, mesmo nos tempos de disponibilidade afetiva considerável.


Saindo do momento divã, voltando ao que interessa, acima, estão alguns dos livros que foram libertados. Adicionei uma edição de três livros fofos da minha estante "A Sabedoria do Condado", "Cartas Marcadas" e "Travo", para não passar vergonha.

A minha edição de "Critica da Razão Prática" vai para um amigo da escola, ele manifestou o desejo de ter o livro... E bem, uma pessoa que ganha "Além do Bem e do Mal" de presente de Natal (Por favor, alguém me diga que também já ganhou um livro assim de Natal!) pode se tornar o tipo de pessoa que oferece Kant a um amigo no dia do Bookcrossing Blogueiro. Nada está tão ruim que não possa piorar né mesmo?!?!

Como sempre, foi um prazer e uma aventura participar do Bookcrossing Blogueiro. Um momento marcante na trajetória de leitora e que venha o próximo.

Ah, a Aleska Lemos decidiu desapegar sorteando no blog dela alguns livros em uma promoção que ela chamou de "Coruja Literária", clica na imagem para saber como funciona, é fácil.


Ah, para conhecer outros participantes e todos os detalhes sobre o evento, vai lá no Luz de Luma, yes party!

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Balanço de 7 anos e mudanças no visual

Em fevereiro esse blog completou sete anos. Talvez no fundo do meu coração, sembre tenha sabido que esse blog ia durar, mas não tenho certeza.

A minha unica certeza quando a escrita é, como já disse mil vezes, sempre fui de escrever, especialmente diários. E as possibilidades oferecidas pelo blogger para quem gosta desse gênero são fascinantes. Graças a elas, esse blog tem guardado memórias de meus barulhos e silêncios, alegrias e tristezas, sonhos e realizações, medos e coragens, promessas e fracassos.

Eu amo escrever aqui. Mesmo quando sinto a minha vontade de escrever se fragilizar, e tudo começar a parecer a mesma coisa, continuo escrevendo pois continuo sentindo uma sensação de satisfação catártica a cada texto publicado.

Fazendo um balaço, nos últimos 7 anos por escolha me graduei em História, por necessidade me tornei Educadora Infantil. Pesquisei um período de tempo no passado e escrevi uma dissertação de mestrado. Não conseguir me tornar professora universitária, me tornei professora de História. Me deprimi bastante, perdi pessoas tão amadas, encontrei pessoas para amar e as amo. Me desapaixonei, não voltei a me apaixonar por uma pessoa minimamente possível ou acessível. Viajei... Emagreci e engordei e emagreci e engordei... Estive doente e fiquei saudável novamente. Deixei de ser uma professora da Escola Dominical, mas ainda ajudo de forma indireta as crianças de certa igreja. Me espalhei blogosfera a fora, com a descrição medrosa que me é particular, mas me espalhei. Cometi milhares de erros de grafia, acentuação e pontuação. Fui prolixa até não mais poder e deixei tudo registrado em mais de seis centenas de postagens!

E se escrever foi bom, saber que há pessoas lendo meus escritos tem sido maravilhoso! Assim como ler o que outras pessoas escrevem e construir entre escrita e leitura vínculos afetivos, parcerias, reflexões e amadurecimento.

A quem passa por aqui, muito obrigada por todas as vezes que vocês me deram atenção, ouviram/leram minhas histórias e falaram comigo... Me emociona cada comentário!

Uma vez mais: Obrigada pela gentileza da companhia.

Por fim em comemoração ao número 7, o blog ficou visualmente diferente! O meu amigo Alexandre Melo, do blog Do Que Eu Leio, gentilmente se propôs a não só me convencer a mudar o visual do blog como a projetar as mudanças. Eu ainda estou encantada com tudo o que ele fez, me pego contemplando o espaço absurdada... Ficou lindo, limpo e ainda parece comigo!

Estou nas nuvens com esse presente \o/ Não poderia ser diferente \o/  Alegria... Alegria... Alegria... 3 vezes para a enfase não se perder \o/

Obrigada Ale, por ser meu amigo, companheiro de virtualidade e por se importar com esse aspecto tão frágil, delicado e intimo da minha vida chamado blog... Obrigada mesmo! Essas coisas não tem preço!
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P.S.: O presentinho que a Silvana Haddad do "Meus Devaneios Escritos" me enviou:


terça-feira, 24 de março de 2015

É hora de deixar os livros voarem por novas paisagens...


Tem muita gente que torce o nariz para essa ideia... Já vi posts radicalmente contra e precisei respirar fundo para passar adiante sem passar um texto que a pessoa simplesmente ignoraria.

Mas quem pratica uma vez o bookcrossing sabe o quanto a pratica é construtiva.

Talvez deixar um livro em um banco do ônibus, praça ou mesa de um restaurante não mude o mudo, mas muda a mim e eu aposto na ideia.

Um livro na minha estante é só um livro na minha estante, um livro na mão de uma pessoa é um mundo se abrindo para ela!

Caso você não goste da ideia de deixar um livro seu em um lugar público, mas ache a ideia da doação legal, existe uma infinidade de opções, da uma olhadinha lá no LUZ DE LUMA, YES PARTY!  e se inspire!

sexta-feira, 20 de março de 2015

Privilégios, vitimização e busca por direitos...

Minha religião ensina que devemos ter cuidado com o que vemos e ouvimos, pois muitas vezes acontece daquilo que foi visto e ouvido encontrar lugar na cabeça, descer ao coração e nos envolver em um estado de urgência de ação. Ontem a noite eu vi e ouvi em um vídeo coisas que desceram ao coração... e putz ou eu falo sobre isso ou surto!

O vídeo, postado no facebook, documenta uma intervenção feita por estudantes em uma aula na USP feita por alunos e alunas para falar sobre as questões raciais na universidade. A intervenção virou uma calorosa discussão sobre direitos e privilégios... Nossa, tanto o rapaz que gravou quando o seu companheiro deram um doloroso espetáculo de incompreensão.

Cá está o link do vídeo: LINK DO VIDEO

Agora vem meu desabafo. Ele foi escrito no calor do momento ao som de Nação Zumbi, esse post pode ter ficado longo!
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Tem gente que não quer saber mesmo dos problemas enfrentados por quem é pobre... Eles não entram na favela, quando passam pela esquina dela e nem olham para o lado, estão pouco se importando com o que acontece além da curva da avenida que leva a periferia mais próximas, a menos, claro, que haja diversão ou disponibilidade para um trabalhinho muito mal pago.

Uma considerável parte das pessoas além dos muros invisíveis da favela, não entra na curva que leva a ela e não quer ver a periferia passar pela curva que leva a vida delas com qualquer intuito além do de servir e obedecer. Estão do lado de lá e nós do lado de cá e querem que fique assim.


Nossas dores não importam, nossas dificuldades diárias não importam, nossas lutas não tem relevância.

Ulisses Tavares escreveu:

"Tem gente passando fome. 
E não é a fome que você imagina entre uma refeição e outra.
Tem gente sentindo frio. 
E não é o frio que você imagina entre o chuveiro e a toalha.
Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina entre a receita e a aspirina.
Tem gente sem esperança. 
Mas não é o desalento que você imagina entre o pesadelo e o despertar.
Tem gente pelos cantos. 
E não são os cantos que você imagina entre o passeio e a casa.
Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina entre o presente e a mesada.
Tem gente pedindo ajuda. 
E não é aquela que você imagina entre a escola e a novela.
Tem gente que existe e parece imaginação.”

Ulisses, tem tanta gente que não sabe, não quer saber, e tem RAIVA, NOJO e MEDO de quem sabe! E essa gente raivosa, enojada e medrosa quando vai a rua estragar panelas produz cenas que recebem a legenda de "Protesto Pacifico" ou "Simbolo de Maturidade Democrática". Quando quem sabe e não aguenta mais ficar calado vai a legenda é "Atrapalhando o Transito" ou "Vandalismo". Ulisses, tem gente que existe e parece pesadelo.

Paulo Freire escreveu:

"A FOME diante da FARTURA é uma IMORALIDADE."

Paulo, nosso mundo é imoral! Nós estamos ficando fartos disso! Todos os dias mais e mais fartos! Temos direitos e queremos vê-los deixarem de ser  papeis pintados com tinta.

E eu, fico PUTA PUTA PUTA PUTA PUTA PUTA PUTA PUTA PUTAAAAAAAAAA... MIL VEZES ENSANDECIDA quando pessoas acusam negros, mulheres, crianças abusadas, homossexuais, trans (especialmente as mulheres trans),  favelados de estarem se vitimizando.

Tenho vontade de gritar:


"Parceiro, nós não nos vitimizamos, nós somos vitimas! Existe diferença!

Parceiro, nós somos roubados desde o dia que nascemos em maternidades lotadas com nossas mães passando por violência obstétrica!


 Quando alguém abre sua carteira e percebe a falta de algo, aquilo que  lhe falta grita Parça!"

Contemplo absurdada como parece haver uma infinidade de pessoas incapazes de perceber a diferente entre o vulgar "coitadismo" e esse sentimento de ter sido vitima de situação desleal como o roubo da dignidade intrínseca a todo ser humano.

Como a Katherine Boo percebeu quando entrou em Annawadi, uma favela próxima do moderno "Aeroporto Internacional de Mumbai", na Índia, nós estamos "Em busca de um final feliz".


Porém, para aquelas pessoas com dificuldade de compreensão em relação a essa obviedade, sempre se pode repetir o poema "Anti-evasão" do cabo-verdiano Ovídio Martins:

"Pedirei
Suplicarei
Chorarei
Não vou para Pasárgada
Atirar-me-ei ao chão
E prenderei nas mãos convulsas
Ervas e pedras de sangue
Não vou para Pasárgada
Gritarei
Berrarei
Matarei
Não vou para Pasárgada"

Nós as convidamos pra ouvir "O canto da Liberdade" ouvido por Solano Trindade há uma centena de anos atrás:

"Ouço um novo canto, 
Que sai da boca, 
de todas as raças, 
Com infinidade de ritmos... 
Canto que faz dançar, 
Todos os corpos, 
De formas, 
E coloridos diferentes... 
Canto que faz vibrar, 
Todas as almas, 
De crenças, 
E idealismos desiguais... 
É o canto da liberdade, 
Que está penetrando, 
Em todos os ouvidos..."

E caso elas tenham uma dificuldade existencial para a compreensão desse tipo de literatura sempre se pode, para não deixar duvidas em suas cabeças, invocar a fala da Pitty:

domingo, 15 de março de 2015

Para Sir Terry Pratchett

"Sir Terry Pratchett,

Obrigador ter sido meu autor favorito durante todo esse espaço de tempo confuso entre meus 20 anos e os 30. Por ter me feito sorrir aquele sorriso da cumplicidade. Todos dizem que eu não sei brincar, mas ler seus livros para mim é uma brincadeira deliciosa.

Obrigada por me fornecer uma forma inusitada, sarcástica, acida e ao mesmo tempo humorada de ver o mundo.

Obrigada pelo "Mundo do Disco", Discworld. Pela versão mais avacalhada, mordaz e inteligente do Apocalipse de "Belas e Precisas Maldições". Pelas melhores bruxas já inventadas! Sempre achei o senhor um grande feminista ;) ! Estou sempre tentando seguir os conselhos de Vovó Cera do Tempo, gostaria de ser mais como a Tia Ogg, mas sou muito Magrete, ainda tentando descobrir "o que é real, o que não é real e qual a diferença".

Obrigada, por ter sido, e ser, através de seus livros, um companheiro nos meus sofríveis passos no quase insuportável mundo dos adultos.

Tem sido um prazer conhecer um autor tão maravilhoso assim! Costumo indicar a meus amigos e alunos os seus livros, muitas vezes inicio minhas aulas com uma frase sua, meus alunos costumam saudar meu "excelente humor matutino" com "liricas" exclamações de "Quanto otimismo professora!", mas eu não ligo, afinal, é certo:

"Se você confiar em si mesma...
– ... e acreditar nos seus sonhos...
– ... e seguir a sua estrela...
– –... ainda assim vai ser derrotada por pessoas que gastaram o tempo delas dando duro, aprendendo coisas e que não foram tão preguiçosas."

É claro que...
"As estrelas não estão nem aí pro que você deseja, a magia não torna as coisas melhores e ninguém deixa de se queimar quando põe a mão no fogo. Se você quiser chegar a algum lugar... tem que aprender três coisas. O que é real, o que não é real e qual a diferença."
E não se deve esquecer: 

"A luz acha que viaja mais rápido que tudo, mas está errada. Não importa quão rápido a luz viaje, a escuridão sempre chega antes e está a sua espera."


No 12 de Março, quando cheguei em casa, como de costume, me vi na frente do computador para contemplar as novidades do mundo. Foi nesse momento que recebi a noticia do falecimento de Terry Pratchett. Naquele momento preferi não dizer nada, mas olhando em retrospecto, ele tem sido meu autor favorito pelos últimos 10 anos. Não sou de escrever cartas a meus autores, mas não posso deixar de registrar minha gratidão pelo seu trabalho.

Pratchett escreveu mais de 70 livros, vendeu mais de 85 milhões de exemplares em todo o mundo.
Foi diagnosticado em 2007 com Alzheimer, o que não o impediu de continuar escrevendo. Ele defendia a pratica da eutanásia e em nota oficial foi dito: "Terry morreu em casa, com o gato dormindo em sua cama e cercado pela família, no dia 12 de março de 2015"

Me sinto quase criminosa por está triste, foi feita a sua vontade e definitivamente me afligia a ideia de uma mente tão incrível definhar até o limite do senilidade, porém não sei como evitar a melancolia, há mais um espaço vazio nesse mundo, eu já sinto saudades!

Enfim, acho vou imitar os estudiosos da Literatura, ter uma crise de otimismo e guardar no coração a ideia de que autores geniais, através de seus livros, encontram uma forma de eternidade.



sábado, 7 de março de 2015

De quando conheci minha amiga paratleta e tive um vislumbre de uma competição paralímpica!

Não é novidade o caráter inusitado dos encontros tornados possíveis pela internet, mas eu não canso de observar absurdada o quanto essa característica do espaço me possibilitou encontros com os quais jamais sonhei, como por exemplo esse com a Erica Ferro, minha amiga paratleta.

No final de fevereiro, a Erica esteve aqui em Recife competindo na "Etapa Norte/Nordeste do Circuito Caixa Loterias de Atletismo, Halterofilismo e Natação". Obviamente que quando uma amiga de longa data com a qual você já trocou uma "coleção de álbuns de figurinhas" vem a sua cidade você não pode deixar de ir vê-la e eu fui.


Encontrei a Erica, suas medalhas preciosas, seu afeto, seu abraço e seu delicioso gosto de sol com uma pitada de água clorada que lhe cai muito bem! E como se não fosse suficiente conhecer pessoalmente minha amiga atleta, ainda tive um vislumbre do que é uma competição paralímpica.

Para mim, atletas/paratetas sempre tiveram uma aura de mito. Minhas memórias mais antigas relacionadas a esportes vem de está assistindo competições de atletismo junto com meu pai e contemplar aqueles homens e mulheres incríveis correndo, ultrapassando obstáculos, voando com a ajuda de uma rava, saltando.

Meu pai nunca foi, e não é, um homem silencioso, mas diante desse espetáculo ele se calava, e mesmo hoje se cala. mas eu nunca tinha ido vê pessoalmente as competições acontecendo ou a figura dos atletas circulando nos ambientes nos quais a competição acontece. É um encontro impressionante e difícil de descrever sem parecer uma pessoa boba!

No país do futebol, praticar qualquer esporte que não envolva um gramado limitado por um retângulo com traves na extremidade em si já é uma rebeldia. Levar esse esporte a sério a ponto de competir em caráter regional então nem se fala. Há algum tempo, nos descaminhos da internet, encontrei uma imagem na qual se lia: "Te quiero porque tu boca sabe gritar REBELDIA" (~Mario Bendetti). Quando eu assistia os rapazes e as moças espalhados em várias atividades no  Centro Esportivo Santos Dumont do só pensava nela!


E os paratletas ainda desconstroem com suas atuações a ideia torpe de que possuir uma deficiência física ou cognitiva é sinônimos de incapacidade ou de impossibilidade.


Sempre desconfiei que existia mais de uma forma de atravessar uma piscina... Sempre desconfiei que existe mais de uma forma de nadar... Mas nunca tinha visto tantas formas juntas! É bonito de se vê e de repente a gente compreende porque os "Jogos Olímpicos" sobreviveram ao fim da crença em Zeus e no Olimpo. Espirito de vencer seus próprios limites e o prazer de contemplar as pessoas fazendo isso é impagável.


Através da convivência há muito descobri que o Brasil se destaca nos Jogo Paralímpicos, o maior evento esportivo mundial envolvendo pessoas com deficiência. O site do Comitê Paralímpico Brasileiro é muito organizado, tem até um espaço dedicado a conta a história do movimento paralímpico no Brasil e no mundo para quem se interessar pelo tema.


Ah, claro que levei um cartaz para a Erica! Porque fui torcer!


Claro que ela assinou com um autografo!


Claro que ela ganhou um monte de medalhas!


E ficou chateada por perder um ouro por conta de "dezesseis centésimos".


Ah, cá está meu lindo autografo:





sábado, 14 de fevereiro de 2015

"De Profundis e outros escritos do cárcere" de Oscar Wilde


Um dia desses sai afobada de casa para entregar um documento na UFRPE, peguei o ônibus errado, ele era expresso, o motorista se negou a parar e fui parar em uma cidade vizinha. Foi nessa viagem que li "Retrato de Dorian Gray" e contemplei absurdada a genialidade de Oscar Wilde pela primeira vez na vida.

Sua intensidade emocional, sensualidade, autenticidade, coragem e poderoso poder de síntese me cativou a ponto de tornar irrelevante qualquer aborrecimento e me fez não exitar nem um pouco quando ouvir "De profundis e outros escritos de cárcere" chamar meu nome das profundezas do meu e-reader .

"De profundis..." contém cartas escritas por Wilde durante o período no qual ele ficou preso por "acusado de crimes de natureza sexual". O pai do seu amante o processou por algo semelhante a "corrupção de menores" (mesmo que o filho em questão estivesse longe de ser "de menor" na época). A carta mais pungente, cheia de sentimentos, na qual ele pega sua experiencia de dor e perda e transforma em literatura é endereçada a seu amante, que segundo a lenda foi o Lord Alfred Douglas.

Wilde e Alfred Douglas, segundo a lenda, seu amante. Disponível aqui

Como o nome sugere, o livro é profundo mesmo. Chega a ser pungente, passional e acima de tudo LINDO de todas as formas que a arte consegue ser LINDA e me peguei vivendo variadas emoções. Tanto rolando de ri (isso não é uma metáfora, eu estava deitada no chão, e não aguentei mesmo) quanto me peguei no limite da lágrima.


Gente, talvez Oscar Wilde tenha sido o protagonista de um dos maiores passa-foras já escritos na história da literatura inglesa! No minimo ele deu uma aula de como mandar alguém "procurar o seu lugar na cesta básica" com estilo, elegância e cultura erudita! 
"Pois o que pretendia provar com seu artigo? Que eu havia gostado demais de você? Os gamin de Paris sabiam disso muito bem. Todos eles leem os jornais e a maioria escreve neles. Que eu era um homem de gênio? Os franceses entendiam isso e também entendiam as características especiais do meu gênio melhor do que você jamais poderia fazê-lo. Sabiam também que muitas vezes os gênios possuem paixões e desejos curiosamente pervertidos. Admirável, mas o assunto pertence muita mais a Lombroso do que a você. Além do mais o fenômeno patológico em questão também pode ser encontrado entre aqueles que não possuem nenhum talento em especial." (Oscar Wilde, De profundis..., pag. 48)
E além disso, o recorte ainda é um documento privilegiado capaz de informar como a sociedade em fins do século XIX dialogava com a homoafetividade, vista então como "curiosa perversão" e "fenômeno patológico" "objeto de estudo" de médicos como Cesare Lombroso, um dos cientistas cujas teses mais me dão nojo por associar características físicas a tendencias criminosas (mais sobre isso clique aqui). Aliás, esse fragmento também nos diz que a homoafetividade não era um privilegio de boemias artísticas... Torna inverossímil a ideia de que antigamente foi um tempo no qual "essas coisas" não existiam entre pessoas comuns, como alguns moralistas defendem por ai.

E já que falei em história, emendo mais: é pavoroso constatar o quão pouco mudou a forma como a sociedade lida com a comunidade carcerária. A observação feita por Wilde em 1895 sobre o nosso estranho dialogo com quem comete um crime permanece atual, cento e vinte anos depois de ter sido feita.
"A sociedade, que se arroga o direito de infligir ao indivíduo os mais medonhos castigos, comete também o supremo pecado da negligência ao não perceber as consequências de seus atos. Depois que o homem cumpre a sua sentença, ela o abandona, isto é, ela o deixa entregue à própria sorte no exato momento em que seria seu dever maior zelar por ele. Mas a verdade é que se envergonha de seus próprios atos e despreza aqueles a quem puniu, assim como as pessoas costumam desprezar o credor cuja divida n ão tenham como pagar, ou a alguém contra quem tenham cometido um ato irreparável e irredimível." [Oscar Wilde, De profundis..., pg. 65]
Todo o texto me levou aquela sensação gostosa de está diante de algo inesquecível e precioso. Cada paragrafo lido e página virada (mesmo que virtualmente) me fez sentir plena e com aquela vontade de espalhar pelo mundo meu amor a obra. Por isso, não da para fechar esse texto sem registrar algumas das minhas passagens favoritas falando sobre amor, ódio, sofrimento, lamento, perdão e superação.
"O amor é alimentado pela imaginação, através da qual nos tornamos mais sábios do que sabemos, melhores do que nos sentimos, mais nobres do que somos, capazes de ver a vida como um todo; através da qual, e só através dela, chegamos a entender os outros tanto em sua relação real quanto ideal. Só o que é superior e superiormente concebido pode alimentar o amor, mas qualquer coisa alimentará o ódio." [Oscar Wilde, De profundis..., pg. 36]
"Mas o amor não é algo que possa ser negociado num mercado ou pesado na balança de mascate. Sua alegria, como as alegrias do espírito, é sentir que está vivo. O único objetivo do amor é amar." (Idem, pg. 44).
"... se sob o aspecto intelectual o ódio é a eterna negação, sob o aspecto emocional ele é visto como uma forma de atrofia que destrói tudo, menos a si próprio." (Oscar Wilde, De profundis..., pg. 42 ) 
 "O sofrimento é um longo momento. É impossível divido-lo em estações. Só podemos registrar os seus humores e relatar suas idas e vindas." (Oscar Wilde, De profundis..., pg. 50)
 "A prosperidade, o prazer e o sucesso podem ter um caráter grosseiro e vulgar, mas o sofrimento é a mais sensível de todas as coisas já inventadas." (Oscar Wilde, De profundis..., pg. 52)
"Por essa razão, não há verdade que se comparte ao sofrimento. Há momentos em que esta me parece ser a única verdade. Outras coisas podem ser ilusões dos olhos ou apetite, feitas para cegar um e saciar o outro, mas é o sofrimento que tem construído os mundo, há sempre dor no nascimento de uma criança ou de uma estrela." (Oscar Wilde, De profundis..., pg. 70).
"Lamentar as experiencias vividas é uma forma de impedir o próprio desenvolvimento. Negá-las é colocar uma mentira nos lábios da própria vida. É nem mais nem menos do que a  negação da alma." (Oscar Wilde, De profundis..., pg. 64).
"Não se pode manter para sempre uma víbora presa ao seio para que ela se alimente do nosso sangue, nem é possível levantar todas as noites para semear espinhos no jardim da alma." [Oscar Wilde, De profundir..., pg. 59].
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P.S.: Christian V. Louis, não sei por onde você anda, mas lembrei muito de você quando li esse livro. Você sempre dizia que Oscar Wilde era seu autor favorito, eu entendo você plenamente agora!
Se puder, mande um sinal de fumaça qualquer dia desses tá!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Pequenos prazeres do inicio do ano letivo de 2015!

A tônica do trabalho docente é a mistura das dificuldades com pequenas alegrias. Nos aborrecemos com o sistema aqui, nos encantamos com o desempenho de alguns alunos ali... Temos imensas dificuldades ali, descobrimos formas de contornar aqui... Nos vemos em um tipo de "Floresta do Alheamento" e de repente no algo do desespero encontramos uma trilha para nos levar a qualquer lugar onde há abrigo. Essa mistura de opostos e necessidade constante de superar desafios torna a profissão exaustiva, mas prazerosa também.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Descendo ao mundo...


Sempre tenho dificuldade de descer ao mundo...
Meu maior problema sempre é descer da cama...
Abrir o olho é fichinha se comparado a descer da cama...
E amanhã começa mais um ano letivo...
Ai não da para enrolar... Tenho hora fixa para descer ao mundo...
Não larguei a docência, como tive vontade.
Mas posso largar, nunca se sabe, apesar de tudo, vontade não falta...
Espero sinceramente que esse ano letivo seja melhor que 2014, embora 2014 tenha tido seus pontos bons.
Que eu e as crianças, ou as crianças e eu, saibamos enfrentar as dificuldades e percorrer da melhor forma o caminho que foi preparado para nós [tá eu preparei, mas muita coisa já estava determinada nos PCNs :p]!
Espero consegui colocar em pratica meu planejamento... e no caminho encontrar novos sonhos e desafios, continuo carente deles.

Melhor 3 que é praticamente a 1ª do ano!