terça-feira, 24 de setembro de 2013

O dia das crianças...

É engraçado, mesmo agora que estou próxima dos trinta a proximidade do dia das crianças ainda me deprime... Que coisa estranha néh?!?!? Estando solteira há tanto tempo o mais correto seria me deprimi com o dia dos namorados, mas esse nem faz nem cocegas no meu modulo tristeza - embora o sábado a noite as vezes faça. Obviamente o fato de que completo ano no penúltimo dia de maio e os primeiros dias de junho sempre terem sido preenchidos pelos presentes dos meus tios, tias e avós tenha um papel nessa minha ignoração do dia dos namorados.

Mas o dia das crianças não, por muitos motivos diferentes o dia das crianças tem peso no meu calendário afetivo... Apesar de não ter sido uma criança infeliz todo adulto tem uma ou outra magoa da infância, não sou diferente. #QuePena Nenhuma criança deveria ser magoada em tempo algum, mas como adulta que cuida de crianças já aprendi o quanto é difícil não magoar ou frustar os corações de passarinho das crianças.


Enfim, quando a Aleska se propôs no blog A Menina das Ideias fazer entre os dias 27 de Setembro ao dia 12 de outubro uma sequencia de postagens sobre a infância eu abracei com os dois braços e o corpo inteiro.

Segundo a Ideia da Aleska as postagens devem seguir essa ordem:

1 - São Cosme e Damião - 
2 - Conto (ou mini conto) sobre a infância - 
3 - Brincadeiras de infância - 
4 - Inocência - 
5 - Programas de tv -
6 - Dia da Criança - 

Como não se trata de uma blogagem coletiva, se alguém por aqui quiser ir junto da uma passada lá no blog dela e confere esse post: Uma novidade a ser proposta e um poema. Talvez venha a ser muito legal reviver através da memória coisas  boas da infância!!!

sábado, 21 de setembro de 2013

Literatura de Cordel, Conan Doyle e questões de bairrismo.


Uma das coisas mais características da cultura nordestina é a tal da literatura de cordel, ou seja, os benditos textos escritos em versos, sextilhas, impressos em papel comum, cuja capa quase sempre é uma xilogravura - figura feita na madeira - e vendidos nos mercados públicos pendurados em uma cordão. Reza a lenda que o nome cordel deriva justamente do fato deles serem vendidos pendurados em cordões.

Ainda "segundo a lenda" os cordéis podem ser considerados sobreviventes, pois surgiram no século XVI quando relatos orais passaram a ser transpostos para a o terreno da escrita. Eles existiram com nomes diferentes e características semelhantes em vários lugares da Europa - Holanda, Itália, França, Portugal e Espanha - e quando os europeus atravessaram o Atlântico vieram com eles e cá estão até hoje, firmes e fortes como uma forma de contar todo tipo de história no Nordeste do Brasil.

Como boa nordestina, tenho minha coleção de cordéis abordando desde "As ignorâncias de Seu Lunga" até a "Revolução Francesa", o "Mito da Caverna" entre outros. Considero esse tipo de narrativa um mega-plus-ultra sobrevivente. Houve um tempo no qual as pessoas ditas eruditas pensavam que existia uma cultura popular inferior a cultura erudita e constantemente em crise e correndo o perigo de sumir. O cordel é uma prova de que a cultura popular não é inferior e é mega resistente, ele sobreviveu a passagem dos europeus pelo Atlântico, a rígida política de censura as letras característica da administração colonial portuguesa, a industrialização e ao raio que o parta.

Pois é, mas levando em conta o titulo do texto, vocês podem me perguntar: "O que raios isso tem  haver com o autor de Sherlock Holmes?".


Bem, não é segredo para as pessoas com as quais compartilho experiencias de leitura o meu desagrado para com os romances policiais e derivativos. Então, no ultimo sábado quando estava na Livraria Cultura na companhia da Michele e da Aleska me deparei com uma edição mega especial do livro "Um estudo em vermelho"  no qual Conan Doyle apresentou ao mundo lá pelas voltas de 1887 o seu brilhante Sherlock Holmes. Eu, com toda a minha chatice, olhei para o livro e ignorando tudo o que há de especial nele disparei:


"Hum... Romance policial tem uma formula tão batida!".

E a Dona Prefeita Michele respondeu com um golpe mortal:


"Então Dona Jaci o cordel é um sobrevivente e o romance policial uma formula batida... Quanto bairrismo!!!"

Juro que não me aguentei!!! Na hora eu ri, lembrando agora to rindo novamente! Realmente eu sou uma criatura muito bairrista e como tal, parcial em minhas analises! #ProntoConfessei #MeJulguem Não a toa, depois dessa pisa verbal da Michele peguei a edição do "Um estudo em vermelho" e resolvi trazer para a minha estante. Não tinha como não comprar, apenas a visão dele já me leva a recordar a situação e repensar minha visão de mundo. E sim, apesar de não acreditar em signos, sou geminiana demais para resistir a uma possibilidade de repensar qualquer coisa.

E falando em bairrismo, impossível não citar o último podcast das Meninas dos Livros, o tema foi "Personagens com os quais nos identificamos", eu escolhi falar da Elizabeth Bennet do livro "Orgulho e Preconceito"; mas também falamos sobre a Lou Calabrese personagem do “Ela foi até o fim” da Meg Cabot; da Daenerys Targaryen do “As Crônicas do gelo e fogo” e do Floriano Cambará personagem do livro “O Arquipélago” de  Érico Veríssimo. Nesse cast eu não resistir a tentação de alfinetar o bairrismo gaúcho e tal alfinetada rendeu um debate quase sem fim no face. No final das contas, entre mortos e feridos salvaram-se todos e eu aproveito o ensejo para deixar o link do cast por aqui caso alguém queira ouvir a nossa tagarelação.



quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Quando passei um fim de semana em São Paulo

Não, esse não é um diário de viagem... Mas, sim, eu andei batendo perna no Sudeste nesse fim de semana e deixar de registrar essa experiencia aqui é uma coisa assim impossível de ser feita, pois esse é o sentido do blog para mim: viver e narrar; narrar e viver... Quando vivo algo novo, inquietante, assustador, belo ou cômico tenho necessidade existencial de narrar! Tenham paciência comigo porque esse post pode ficar grande, prolixo e cheio de imagens a respeito das quais talvez nem todos os que cruzam os caminhos e descaminhos desse blog tenham interesse.

Enfim, fazia um bom tempo (coisa de mais de ano) que a Mi - Michele Lima para os não-íntimos - convidava a mim e a Aleska, a "Meninas das ideias" e  do blog "Entre Livros e Sonhos" para conhecer a casa dela em São Paulo e nós adiávamos por vários motivos, então de repente em um lapso de loucura ou sanidade eu e a Aleska compramos as passagens e decidimos ir no dia 13 de setembro para voltar no dia 16.

Se você me conhece e sabe que painho é o Hulk, eu posso te contar um segredo: ele ficou sabendo com menos de 15 dias de antecedência pela boca do meu avô, me faltou coragem para falar, e quase colocou a casa abaixo. Painho ficou verde, vermelho, azul, branco e negro de novo... Fez um escândalo suficientemente grande para a vizinhança perguntar o que raios eu tinha aprontado e a mãe da Michele teve que conversar com a minha mãe via skape - com ele conferindo cada palavra atrás da parede.

Passado o drama, embarquei para uma das melhores aventuras dos últimos vinte sete anos, senão a melhor. A família da Michele, em especial a mãe dela, é incrível; conhecer pessoalmente companheiras de virtualidade é um prazer sem limites; São Paulo é uma cidade monstruosamente geminiana.

Se minha cabeça fosse uma cidade seria São Paulo!!! O MASP protegendo telas do Van Gogh; a Av. Paulista e seus artistas de rua; toda aquela diversidade afetiva; o metrô com portas ante-suicídio; as cafeterias em cada esquina; a livraria cultura com seu dragão de madeira; o bairro da Liberdade; as coisas de otaku; a melona, picolé de melão de todos os sabores; o moço que ajeitou minha melona como se eu fosse uma criança e sorriu para mim de forma doce; os nordestinos; a moça tocando Mozart no violino próxima ao frenesi de um mercado oriental; as meninas e meninos de cabelos coloridos; o show da Beyonce no Morumbi e o corintiano sorrindo para mim faltando apenas uma parada antes do fim da viagem de ônibus...



Degustando a Melona!!!

Avenida Paulista em fim de tarde!

Avenida da Liberdade - Japão em São Paulo.

MASP de costas!

Portas para evitar que as pessoas cometam suicídio. 

Michel não morreu mesmoooo!!!

Maquinas para comprar livros!

Dragão na livraria Cultura.

Museu da Língua

Pinacoteca

Quem disse que não há estrelas em São Paulo!

A Lua em São Paulo.

A proposito, apesar da minha curta estadia ter sido suficiente para construir com essa cidade um vinculo afetivo, apesar de ter identificado na sua diversidade a própria essência do que sou... Preciso não esquecer de pontuar: São Paulo é uma cidade cinza, o azul do céu é cinza, o verde das árvores é cinza, as pessoas... as pessoas sobem a escada rolante correndo no sábado a tarde... Ela faz os homens cinzentos ladrões do tempo das pessoas do livro "Momo e o Senhor do Tempo" do Michael Ende parecerem reais, não a toa Criolo cantou "Não existe amor em SP".

Voltando as coisas boas, o melhor das viagens sempre são encontros... E essa foi uma viagem de encontros memoráveis e inesperados! Conhecer, cheirar e morder as meninas foi ótimo... Como é bom desvirtualizar!!! Todo mundo devia fazer isso vez ou outra!!!

Aleska divertida demais \o/

Mi, em momento velhinha!

Aleska, madura e humilde como disse a mãe da Mi \o/





Ainda no terreno das desvirtualizações, eu estou aqui procurando uma forma de descrever o encontro que tive com a Rebeca, filha da Di do blog "Mãe Bipolar, Filha Jacaré". Eu acompanho o blog da Di, desde antes do primeiro aniversário da Rebeca... Li a Di contando das venturas e desventuras de sua maternagem, de como enfrenta seus desafios, seus alentos e desalentos... E sim, ouvi/ler as histórias de uma pessoa cria vínculos afetivos, e sim, eu sonhei ter a oportunidade conhecer a Rebeca mais de uma vez... Me emocionou profundamente conhecer a Di, e sua família. O Taz - que é super simpático, fácil conversar com ele; a Di, super corajosa indo me ver - afinal eu sempre posso ser uma psicopata néh?; e a Rebeca, uma aprendiz de bruxinha lindaaaaaa e cativante!!! Só faltou a foto...

Bem, eu tirei umas fotos da Rebeca comendo com a ajuda do pai, mas não pedi a Di para publicar ainda. Mas publico a foto dos Cupcakes com os quais ela nos presenteou... Pense em um doce delicado, deliciosamente delicados, divinos! Super indico o Cup*Di*Cakes.


E por fim, porque ninguém aguenta mais meu blá... blá... blá... tenho que falar das coisas fofas que trouxe para casa!


Sim, eu ganhei presentes, comprei mais livros, botons, chaveiros, cartões postais legais, lembranças do MASP e da Pinacoteca e mais moradores para minha estante além dos que a Aleska me presenteou!


A Meg foi a Aleska, a Mônica a o DVD do Castelo Animado da Mi.

Já fui alojando a turma nova na estante: o Minion e os dragões foram presentes da Aleska... E sim, os dragões tem nome, o primeiro é Haku, em referencia ao filme "A Viagem de Chihiro; o segundo é o Drogo, em referencia as Crônicas do Gelo e Fogo.


E sim, também pude realizar o sonho de trazer dois dos meus personagens preferidos de todos os tempos para minha estante: a Sakura Card Captors e o Wolverine... O Wolve não é como a da Vaneza, mas já consola!


Acho mesmo que fui longe demais com esse post... Então vou parar por aqui... contar todas as coisas ocorridas é missão impossível, talvez seja melhor abraçar a ideia de que, assim como a História e a Memória, o blog é feito de lembranças e esquecimentos... Agora, talvez, eu só precise mesmo lembrar de não esquecer de uma vez mais agradecer a Michele e a mãe dela pela hospitalidade, a Aleska pelo favor do encontro e a Adriana - Di - por além de ter me dado um abraço carinhoso ter compartilhado comigo a sua tão amada família. Me sinto tão, mais tão, mais tão honrada por ter estado com vocês!!! Deus abençoe a vocês!!!
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P.S.:

A Aleska também escreveu sobre sua experiência pessoal em São Paulo, assim, se vocês quiserem conferir o lado dela da aventura, basta clicar aqui: Conhecendo São Paulo no Fim de Semana.

A Mi, também falou um pouco sobre nossas aventuras aqui: Minhas novas aquisições!

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Sobre uma pequena viagem ao interior de Pernambuco

Tenho a impressão que boa parte das pessoas residentes em Nova Descoberta são naturais de alguma cidade do interior de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e derivativos ou mesmo são descendentes de pessoas oriundas desses lugares. Minha família funciona dessa forma, talvez por isso vez em sempre tem alguém indo a alguma cidadezinha do interior visitar parentes e outros até acabam comprando um pedaço de terra para voltar depois da aposentadoria.

No entanto, apesar da frequência de visitas dos meus vizinhos e da minha própria família, oriunda do interior do estado da Paraíba, já fazia um bom tempo desde minha ultima ida ao interior. Tanto tempo que quando minha vizinha, movida por uma saudade desesperada misturada a um desejo maluco de comer comida de milho, pediu ao meu pai para leva-la a casa dos pais dela em São Caetano das Raposas para uma estada de apenas um fim de semana eu me convidei para ir junto.

Na estrada!
Para mim ir ao interior é uma mistura de experiencia existencial e busca de fortalecimento de raízes. Sem contar que há poucos meses foi a vez de minha irmã ir e quando ela voltou trouxe notícias duras da seca, e nós queríamos ver como tudo ficou depois da chuva. E uau, bastou um pouco de chuva para a terra ficar verdejante novamente, cheia de vida, de flores e vários roçados em muitos pontos.


Na casa da mãe de minha vizinha reinava um contentamento e verdade seja dita: ninguém sabe ser mais acolhedor que as pessoas do interior, fazia muito tempo que eu não era tão bajulada gratuitamente em minha vida e em três tempos eu me senti tão bem como se estivesse na casa de Voinha. Aliás, fiquei com a impressão que quando as pessoas se mudam para a cidade, elas carregam na sua mala o estilo de vida do interior e basta apenas se instalarem aqui para fazer valer tudo isso.

Acho que está com a mãe de Maria foi como está novamente com voinha. Rapidamente nós ficamos intimas de vida inteira, rapidamente eu já estava na cozinha mexendo panela, picando cebola e lavando pratos enquanto ela dizia para eu não fazer nada e ao mesmo tempo ia me acolhendo em seu espaço... enfim... Foi muito legal!!!! E olhando assim, começo a pensar que a Aleska está certa, eu gosto mesmo é de "pegar intimidade" com as pessoas rsrsrs...

E falando de intimidade, Maria costuma dizer que minha casa parece uma casa de farinha na época de fazer farinha, então um dos primeiros espaços que ela fez questão de me mostrar foi justamente a danada da Casa de Farinha. Não estava em funcionamento, mas eu aproveitei assim mesmo para tirar fotos do maquinário simples, porém eficiente com o qual a mandioca é transformada em farinha de mesa, massa para bolo, papas e tapioca.

Casa de Farinha vista do lado de fora.






Além da casa de farinha, outra coisa que adorei foi ter contanto com tantas flores... Poxa fazia tanto tempo desde a última vez que estive em um ambiente verde.





E ainda teve a tal da comida de milho, que eu não como porque milho me da uma coceira terrível. Mas confesso, fazer a comida é uma emoção associada ao melhor da minha infância maluca, da nostalgia ver alguém ralando o milho, o coco, misturando tudo do jeito certo e pondo para cozinhar.

O caldeirão!

O que tem dentro: pamonhas!!!

Só de olhar me coço!

Claro, ajudar a mexer a canjica é sempre... sempre... sempre significativo.


É claro que não posso deixar de pontuar a dificuldade da vida no interior de Pernambuco: no sítio dos pais da minha vizinha não há internet, sinal para celular é difícil e a seca castiga... Ser sertanejo não é uma tarefa nada suave. É preciso ser disciplinado e organizado para não passar fome ou privações piores e adquirir essa disciplina tem preço, um preço muito alto, as vezes alto demais na minha opinião. Não a toa em meio a um de nossos momentos de intimida conversativa dona Iraci olhou para mim com sua enxada incrivelmente amolada e falou uma coisa difícil de ser esquecida: "Minha filha, essa é minha caneta. A única caneta que me deram. Você pensa que eu não choro? Eu choro, eu queria ter estudado...".

Enfim, complicado, mas nem sempre infeliz e para não terminar esse post com melancolia compartilho uma imagem feliz da irmã da Maria, a Fana trazendo um jerimum da orta dela. Um presente para nossas humildes pessoas o qual ainda não foi aberto, mas vai deixar nosso feijãozinho uma delicia quando for.



E também uma imagem minha com minha mãe... Eu meio sem querer tirar a foto todo malamanhada e ela meio que mandando o Dario tirar a foto mesmo assim. #NadaDemocrática - Ah, essa cacimba - reservatório de água ao lado - é incrivelmente funda e estava totalmente esvaziada a seis meses atrás, assim como toda essa paisagem verde estava simplesmente seca de morrer.


P.S.: A imagem da Fana eu pedi para colocar na net e ela deixou.