Muleque
Solano Trindade
Muleque, muleque
quem te deu este beiço
assim tão grandão?
Teus cabelos
de pimenta do reino?
Teu nariz
essa coisa achatada?
Muleque, muleque
quem te fez assim?
Eu penso, muleque
que foi o amor...
__________________________________
Pessoalmente acho esse poema encantador, mas eu lembrei de colocar esse poema aqui, pq ele é especial para uma pessoa que amo muito, um amigo meu que costuma dizer que esse poema é dele... e sinceramente deve ser mesmo, pq ele é a figura viva desse muleque feito de amor.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
terça-feira, 23 de março de 2010
Menina Bonita do Laço de Fita... Ana Maria Machado.
***
___________________
Menina Bonita do Laço de Fita
Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos dela pareciam duas azeitonas
pretas, daquelas bem brilhantes.
Os cabelos eram enroladinhos e bem negros, feito fiapos da noite. A pele era
escura e lustrosa, que nem o pêlo da
pantera negra quando pula na chuva.
Ainda por cima, a mãe
gostava de fazer
trancinhas no cabelo dela
e enfeitar com laço de fita colorida. Ela ficava parecendo uma
princesa das Terras da África, ou uma
fada do Reino do Luar.
Do lado da casa dela morava um
coelho branco, de orelha cor-de-rosa,
olhos vermelhos e focinho nervoso
sempre tremelicando. O coelho achava
a menina a pessoa mais linda que ele
tinha visto em toda a vida. E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma
filha pretinha e linda que nem ela…
Por isso, um dia ele foi até a casa da
menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual
é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu caí na tinta
preta quando era pequenina..
O coelho saiu dali, procurou uma lata
de tinta preta e tornou banho nela.
Ficou bem negro, todo contente. Mas
aí veio uma chuva e lavou aquele pretume, ele ficou
branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina
e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é
teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito
café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café
que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi. Mas não ficou nada
preto.
Então ele voltou lá na casa da
menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de
fita, qual é teu segredo pra ser tão
pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu comi muita
jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba
até ficar pesadão, sem conseguir
sair do 1ugar. O máximo que
conseguiu foi fazer muito cocozinho
preto e redondo feito jabuticaba.
Mas não ficou nada preto.
Por isso, daí a alguns dias ele voltou lá na
casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual
é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e já ia inventando
outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela,
que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha…
Aí o coelho - que era bobinho,
mas nem tanto - viu que a mãe da menina
devia estar mesmo dizendo a verdade, porque
a gente se parece sempre é com os pais, os tios,
os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e
linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito.
Logo encontrou uma coelhinha escura
como a noite, que achava aquele
coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram
uma ninhada de filhotes, que coelho
quando desanda a ter filhote não pára mais.
Tinha coelho pra todo gosto: branco,
bem branco, branco meio cinza,
branco malhado de preto, preto
malhado de branco e até uma coelha
bem pretinha. já se sabe, afilhada da
tal menina bonita que morava na casa
ao lado.
E quando a coelhinha saía, de laço
colorido no pescoço, sempre
encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é
teu segredo pra ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha
madrinha…
Referência:
MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de fita. Editora Ática.
Uma das minhas maiores paixões é a literatura infantil. Pocha vida, literatura infantil bem feia termina com um texto muito gostoso de se ler em qualquer idade, e sempre tem aquelas autoras que arrasam o quarteirão inteiro: Ana Maria Machado, Rute Rocha, Marina Colasanti e Ligia Bonjuga, estão entre tantos outros nomes que eu poderia citar.
Ah, não esqueci do todo poderoso "Monteiro Lobato", apenas não cito ele pq não gosto dele, não é que ele escreva mal, só é que acho que o texto dele é cheio de preconceitos e a forma como Emília trata Tia Anastácia não é algo que eu aprove... não sou ninguém no jogo do bicho para criticar Lobato, mas tenho minha opinião e isso ninguém pode me tirar, embora possa criticar...
No lugar de Emília prefiro a "Menina bonita do laço de fita" de Ana Maria Machado, uma garotinha que vive junto com um coelho uma história linda que vou postar aqui (não acho que haja algo de mal nisso, uma vez que eu peguei a história inteira em outro blog), trata-se de um conto lindo que tem que ser divulgado mesmo e guardado na memória.
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Menina Bonita do Laço de Fita
Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos dela pareciam duas azeitonas
pretas, daquelas bem brilhantes.
Os cabelos eram enroladinhos e bem negros, feito fiapos da noite. A pele era
escura e lustrosa, que nem o pêlo da
pantera negra quando pula na chuva.
Ainda por cima, a mãe
gostava de fazer
trancinhas no cabelo dela
e enfeitar com laço de fita colorida. Ela ficava parecendo uma
princesa das Terras da África, ou uma
fada do Reino do Luar.
Do lado da casa dela morava um
coelho branco, de orelha cor-de-rosa,
olhos vermelhos e focinho nervoso
sempre tremelicando. O coelho achava
a menina a pessoa mais linda que ele
tinha visto em toda a vida. E pensava:
- Ah, quando eu casar quero ter uma
filha pretinha e linda que nem ela…
Por isso, um dia ele foi até a casa da
menina e perguntou:
- Menina bonita do laço de fita, qual
é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu caí na tinta
preta quando era pequenina..
O coelho saiu dali, procurou uma lata
de tinta preta e tornou banho nela.
Ficou bem negro, todo contente. Mas
aí veio uma chuva e lavou aquele pretume, ele ficou
branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina
e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual é
teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu tomei muito
café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café
que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi. Mas não ficou nada
preto.
Então ele voltou lá na casa da
menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de
fita, qual é teu segredo pra ser tão
pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
- Ah, deve ser porque eu comi muita
jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba
até ficar pesadão, sem conseguir
sair do 1ugar. O máximo que
conseguiu foi fazer muito cocozinho
preto e redondo feito jabuticaba.
Mas não ficou nada preto.
Por isso, daí a alguns dias ele voltou lá na
casa da menina e perguntou outra vez:
- Menina bonita do laço de fita, qual
é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e já ia inventando
outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela,
que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
- Artes de uma avó preta que ela tinha…
Aí o coelho - que era bobinho,
mas nem tanto - viu que a mãe da menina
devia estar mesmo dizendo a verdade, porque
a gente se parece sempre é com os pais, os tios,
os avós e até com os parentes tortos.
E se ele queria ter uma filha pretinha e
linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito.
Logo encontrou uma coelhinha escura
como a noite, que achava aquele
coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram
uma ninhada de filhotes, que coelho
quando desanda a ter filhote não pára mais.
Tinha coelho pra todo gosto: branco,
bem branco, branco meio cinza,
branco malhado de preto, preto
malhado de branco e até uma coelha
bem pretinha. já se sabe, afilhada da
tal menina bonita que morava na casa
ao lado.
E quando a coelhinha saía, de laço
colorido no pescoço, sempre
encontrava alguém que perguntava:
- Coelha bonita do laço de fita, qual é
teu segredo pra ser tão pretinha?
E ela respondia:
- Conselhos da mãe da minha
madrinha…
Referência:
MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de fita. Editora Ática.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Esperemos, Solano Trindade.
Esperemos
Solano Trindade
Eu ia fazer um poema para você
mas me falaram das crueldades
nas colônias inglesas
e o poema não saiu
ia falar do seu corpo
de suas mãos
amada
quando soube que a polícia espancou um companheiro
e o poema não saiu
ia falar em canções
no belo da natureza
nos jardins
nas flores
quando falaram-me em guerra
e o poema não saiu
perdão amada
por não ter construído o seu poema
amanhã esse poema sairá
esperemos.
Referencia:
TRINDADE, Solano. O poeta do povo. São Paulo: Editora Ediouro: Editora Segmento Farma, 2008. Pg. 85.
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Solano Trindade
Eu ia fazer um poema para você
mas me falaram das crueldades
nas colônias inglesas
e o poema não saiu
ia falar do seu corpo
de suas mãos
amada
quando soube que a polícia espancou um companheiro
e o poema não saiu
ia falar em canções
no belo da natureza
nos jardins
nas flores
quando falaram-me em guerra
e o poema não saiu
perdão amada
por não ter construído o seu poema
amanhã esse poema sairá
esperemos.
Referencia:
TRINDADE, Solano. O poeta do povo. São Paulo: Editora Ediouro: Editora Segmento Farma, 2008. Pg. 85.
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Solano Trindade, foi um grande intelectual do século XX, sua poesia, trouxe uma nova visão sobre a História e a memória Afro-descendente, foi um verdadeiro mediador cultural, poeta, escritor, teatrólogo, ator, pintor, pesquisador das tradições populares e acima de tudo um homem ousado, capaz de falar o que precisava ser dito sem medo de ser feliz ou infeliz em suas escolhas. Acho que a musa de Solano foi seu ideal de uma sociedade mais justa para todos, especialmente os afro-descendentes e não apenas para os que possuem dinheiro e podem compra-la.
Ah, esse poema, que eu decidi postar porque não achei ele em nenhum outro lugar da net, se encontra, conforme consta na referencia no livro "O Poeta do Povo", que foi lançado em 2008 em comemoração ao centenário do nascimento do poeta, nele encontramos o conjunto de toda obra literária já publicada dele, além de vários poemas inéditos.
Na minha opinião, e outras pessoas concordam comigo, o título do livro foi muito adequado e trinta e quatro anos depois da morte de Solano, ele continua incrivelmente vivo como só os artistas conseguem ser... suas idéias tem o dom da imortalidade!
terça-feira, 16 de março de 2010
Quando o Amor Chega...
Quando o Amor Chega...
Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você esta esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino - o amor.
Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.
Se por algum motivo você estiver triste, se a vida lhe deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.
Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela tivesse ali do seu lado...
Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...
Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que esta marcado para a noite...
Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...
Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela...
Se você preferir morrer, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida.
É uma dádiva. Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
Ou as vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.
Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O amor...
Carlos Drummond de Andrade
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Não tem jeito, eu sempre gosto desses textos românticos, sempre acho essas palavras lindas, mesmo lendo-as pela centésima vez...
AiAi!!!
Vai ver minha mãe está certa quando diz que sou uma "gordinha romântica" rsrsrsrs!!! Minha mãe é tão má!!! rsrsrs!!!
sexta-feira, 12 de março de 2010
Compaixão, nas palavras de Milan Kundera...
"Nas línguas derivadas do latim, a palavra compaixão significa que não se pode olhar o sofrimento do próximo com o coração frio; em outras palavras: sentimos simpatia por quem sofre. Uma outra palavra que tem mais ou menos o mesmo significado é piedade (em inglês pity, em italiano pietà, etc.), que sugere mesmo uma espécie de indulgência em relação ao ser que sofre. Ter piedade de uma mulher significa sentir-se mais favorecido do que ela, é inclinar-se, abaixar-se até ela.
É por isso que a palavra compaixão inspira, em geral, desconfiança; designa um sentimento considerado de segunda ordem que não tem muito haver com amor. Amar alguém por compaixão não é amar de verdade.
Nas línguas que formam a palavra compaixão não com o radical passio, sofrimento, mas com o substantivo sentimento, a palavra é empregada mais ou menos no mesmo sentido, mas dificilmente se pode dizer que ela designa um sentimento mau ou medíocre. A força secreta de sua etimologia banha a palavra com uma outra luz e lhe dá um sentido mais amplo: ter compaixão (co-sentimento) é poder viver com alguém qualquer outra emoção: alegria, angústia, felicidade, dor. Essa compaixão (no sentido de soucit, wspolczucie, Mitgefänsla) designa, portanto, a mais alta capacidade de imaginação afetiva - a arte da telepatia das emoções. Na hierarquia dos sentimentos, é o sentimento supremo."
Referencia:
KUNDERA, Milan. A insustentável leveza do ser. São Paulo: Círculo do Livro, 1984.
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Gosto muito de Milan Kundera, do estilo dele, do jeito como ele escreve, sempre problematizado tudo, dialogando com o leitor, explicando o que ele quer dizer de maneira clara, confiando que o leitor vai entender o sentido de suas palavras. Ele é um dos meus autores favoritos e consegue traduzir em palavras coisas que me são familiares, Kundera me faz ri e chorar, me toca profundamente o coração desde sempre.
A partir desse texto eu entendi o que sinto por algumas pessoas que me cercam e parei de me questionar sobre o motivo que me leva a apoiar pessoas que fazem coisas que tantas vezes não considero corretas, é o co-sentimento, é como se fosse comigo, então não há o que fazer, como posso não apoiar as pessoas que amo independente de qualquer coisa? Eu as vezes só gostaria de amar pessoas mais "normais", mas será que existem pessoas "normais" no mundo???
Também gostei desse texto pq assim eu posso me justificar diante do espelho por não dizer as palavras moralmente corretas, pelo silêncio, pela compreensão e por esconder quando é preciso que assim seja feito. Mas é que o amor é forte como a morte, não há retorno, não posso trair o amor que sinto, o amor é meu kitsch, aquilo que exclui do campo visual tudo o que existe de essencialmente inaceitável e enquanto eu digo isso eu sinto que só agora entendo plenamente o que é kitsch (quando li no livro não entendi direito, eu acho...)!!!
Enfim, acho que por hoje é só... só espero que haja quem me entenda também...
Cantares cap. 8, vers. 6
"Põe-me como selo sobre o teu coração,
como selo sobre o teu braço,
porque o amor é forte como a morte,
e duro como a sepultura o ciúmes;
as suas brasas são brasas de fogo..."
como selo sobre o teu braço,
porque o amor é forte como a morte,
e duro como a sepultura o ciúmes;
as suas brasas são brasas de fogo..."
segunda-feira, 8 de março de 2010
Chico Science: Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu!!!
Ah, que para mim Chico Science é o cara... Achei essa desenho entre os arquivos da da TCPQZ (me pergunto até hoje que diabos significa TCPQZ, me parece um segredo que essas pestes vão levar para o túmulo)... ou seja, os arquivos dos meus irmãos, um consanguineo e um de coração, não sei ao certo qual deles desenhou, mas sei que ambos compartilham uma paixão latente pela música produzida por esse homem genial que foi o Chico.
Meus irmãos me ensinaram a amar a música do mangueboy, maloquero e intelectualmente inquieto que misturou sons, temas, formas e cores para cantar o mundo que o cercava, que nesse caso foi o Recife, nossa história, nossa geografia, nossos problemas sociais entre outros temas.
E já que ultimamente ando falando muito sobre os desenhos não tão famosos do Recife, nada mais adequado que uma das músicas que mais gosto de Nação Zumbi para fechar esse ciclo...
Ah, gosto dessa música especialmente por esses versos: "Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu/ Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu/ Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu" É bem esse o espírito de quem tenta navegar pelos mares da educação em qualquer lugar do mundo: fazer uma embolada que permita aos nossos educandos saírem da lama para enfrentarem os urubus, mostrando que não somos vitimas de uma carnificina, mas sim sobreviventes, não somos carne morta e sim espíritos vivos prontos para mais uma batalha e mais outra e quantas foram necessárias...
A Cidade
Nação Zumbi
Composição: Chico Science
O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas
Que cresceram com a força de pedreiros suicidas
Cavaleiros circulam vigiando as pessoas
Não importa se são ruins, nem importa se são boas
E a cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metros
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade se encontra prostituída
Por aqueles que a usaram em busca de saída
Ilusora de pessoas de outros lugares
A cidade e sua fama vai além dos mares
No meio da esperteza internacional
A cidade até que não está tão mal
E a situação sempre mais ou menos
Sempre uns com mais e outros com menos
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu
Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu
Eu vou fazer uma embolada, um samba, um maracatu
Tudo bem envenenado, bom pra mim e bom pra tu
Pra a gente sair da lama e enfrentar os urubu
Num dia de sol Recife acordou
Com a mesma fedentina do dia anterior
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
Imagem disponível AQUI! .
sábado, 6 de março de 2010
Sobre a cidade que eu conheço...
Não sei se acontece em todas as cidade do Brasil o que acontece em Recife, mas aqui quem mora nos subúrbios quando pretende ir ao centro da cidade, que aqui é o lugar do comércio, sempre diz: "Vou na cidade".
É consenso entre as pessoas que a cidade é o centro e o centro é a cidade, assim quando eu digo vou a cidade, estou dizendo que vou ao centro comercial, que diga-se de passagem é um lugar agitado, quente como o purgatório, barulhento e onde geralmente as pessoas não vivem apenas trabalham... com raras exceções... De dia o centro é o lugar do comercio a noite é o lugar dos ladrões, dos boêmios, daqueles que vagam pela cidade deserta em busca das diversões que a noite oferece! Para a maior parte dos que trabalham durante o dia, a noite a "cidade" é um lugar ameaçador e estranho e eu desconfio que isso seja mais ou menos assim em todas as cidades.
Mas, a questão não é essa... a questão é que a cidade que eu conheço realmente não é essa para onde a gente geralmente vai diariamente quando trabalha no comercio e vez ou outra quando precisa comprar algo, a cidade do Recife que eu conheço é a que nasceu nos lugares elevados do Recife, terrenos de antigos engenhos que na década de 50 do século XX foram ocupados pela população mais carente que foi sistematicamente expulsa do "centro da cidade" por um processo modernizador e por retirantes vindo do interior de Pernambuco e de outros estados próximos, como a Paraíba, por exemplo.
A outra cidade, a das pontes, casarios antigos, casas comerciais, museus, igrejas antigas, praias lindas, arranha céus gigantes, praças e derivados, claro, isso é Recife, mas Recife não é apenas isso.
Recife também é feita de seus morros, suas escadarias, suas ruas tortuosas, que parecem os braços de um polvo ou um rio que passa entre as casas, e isso também tem sua beleza... pq pessoas sobrevivendo dentro do improvável sempre é algo belo.
Outro dia uma de minhas amigas, uma professora primária, resolveu fazer um trabalho com seus alunos sobre a cidade do Recife e suas paisagens, só que ela não queria as paisagens comuns de cartões postais, ela queria algo com o qual seus alunos pudessem se identificar. Na verdade ela queria que os alunos e alunas dela entendessem que a casa deles também fazia parte da cidade, que o bairro deles também era parte do Recife, que o seu bairro tinha história e merecia ser bem cuidado e derivados, com isso ela queria trabalhar várias questões além de história, ela queria levar as crianças se valorizarem enquanto sujeitos e valorizarem também seu bairro (Eu sei, minha amiga é d+++!!!)
Eu me apaixonei pela idéia dela, claro, e lá fomos nós em busca dessas imagens no Google, como nós fomos inocentes... é claro que o Google não tinha imagens dessa cidade do Recife... então nós resolvemos fotografar nós mesmas algumas paisagens, eu mesma fotografei a partir da varanda da minha casa, da escadaria onde moro e também do Alto Treze de Maio, uma experiência legal, decidi fazer essa postagem com algumas dessas imagens e ir nos próximos dias colocando algumas outras, porque estou com medo de perder esse documentos nas sucessivas formatações e reformatassões do meu pc, que diga-se de passagem deve está em seus últimos dias, pobre criança atormentada por três irmãos impacientes e altamente dependentes dele para suas obrigações escolares, o que aliás me faz pensar se não seria boa idéia colocar nele algumas outras coisas que não quero perder...
Meu Deus... desse geito o blog vai passar de diario virtual a arquivo virtual de minha bobagens e afins... mas, o que é um diario senão um arquivo de bobagens e afins??
Ah, é bom lembrar, ou relembrar, que eu não tenho nada de fotografa... sou altamente sem noção para essas coisas, mas esse exercício é bom, acho até que vou tirar novas fotos e ir colocando por aqui, gostei dessa idéia!!!
Foto 1:
Gostei dessa pq nela aparece bem o traçado das escadarias, suas curvas, cada escadaria se conecta em algum ponto com outra escadaria, todas sempre dão em um alto que tem outras tantas escadarias, tudo junto é um verdadeiro labirinto, quem nasceu e cresceu aqui entende facilmente esses labirintos, quem nunca chegou aqui quando se ver dentro desses becos se sente perdido.
Foto 2:
Diretamente do teto da casa do meu visinho... é engraçado como as casas cobrem o morro totalmente formando o que a gente chama de Burity, um morro que virou bairro e que tem nome de fruta...
Engraçado também que todas as fotos de diferentes morros parecem iguais, mas não são iguais e os alunos compreendem isso perfeitamente, até mesmo aqui em casa quando passo as fotos para o pc e meus visinhos pequenos ficam em torno, como eles reconhecem as casas de seus amigos, os pontos de referencia, lembram histórias que ocorreram em determinado local... realmente... eu gostei dessa idéia de utilizar fotos do bairro para trabalhar com história da cidade.
Foto 3:
Gosto dessa foto pq ela mostra a rua principal do meu bairro Nova Descoberta, eu sempre tenho a impressão que essa rua é como um grande rio caudaloso, as escadarias são pequenos riozinhos, as águas são as pessoas... para que mar essas pessoas vão a partir do rio é uma questão que eu já não sei dizer...
Foto 4:
O bairro de Casa Amarela, alguns de seus prédios mais recentes e tantos outros bairros cujo nome eu ignoro.
quarta-feira, 3 de março de 2010
Fullmetal Alchemist
Nos último tempos eu não vinha assistindo nenhum anime, estava com vontade de ver Inuyasha Kanketsu-hen, já que amo esse fofo que é o Inuyasha e me identifico com o gênio terrivel da Kagome (só me falta o corpo em forma dela e um Inuyasha na minha vida rsrsrs)...
Mas, na contra-mão de meus desejos acabei começando a ver Fullmetal Alchemist, os irmãos Edward e Alphonse Elric até aqui estão se revelando um par muito fofo, kawaii...
E, um episódio por dia, vagarosamente, vou descobrindo o que mais essa história reserva para mim, algo melhor que a novela das oito certamente será, e diga-se de passagem, um episódio de anime é muito mais curto que um episódio de novela!!!
P.S: Assim que tiver mais tempo, e uma internet mais decente,verei Inuyasha Kanketsu-hen"
Mas, na contra-mão de meus desejos acabei começando a ver Fullmetal Alchemist, os irmãos Edward e Alphonse Elric até aqui estão se revelando um par muito fofo, kawaii...
E, um episódio por dia, vagarosamente, vou descobrindo o que mais essa história reserva para mim, algo melhor que a novela das oito certamente será, e diga-se de passagem, um episódio de anime é muito mais curto que um episódio de novela!!!
P.S: Assim que tiver mais tempo, e uma internet mais decente,verei Inuyasha Kanketsu-hen"
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Um trecho do livro "A Insustentável leveza do ser" de Milan Kundera
"... na verdade, será atroz o peso e bela a leveza?
O mais pesado fardo nos esmaga, nos faz dobrar sob ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo, a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.
Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes.
Então, o que escolher? O peso ou a leveza?
... o que é positivo, o peso ou a leveza?
... Uma coisa é certa. A contradição pesado-leve é a mais misteriosa e a mais ambígua de todas as contradições."
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