quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

"Lendas do Universo DC: Mulher-Maravilha", vol. 3 de George Pérez


Quando Gal Gadot roubou a cena no filme "Batman Vs Superman" e a expectativa para o tão aguardado filme da "Mulher-Maravilha" cresceu começou a pipocar publicações de HQs dela. E lindamente sai fazendo a coleção com a "Mulher-Maravilha dos Novos 52", a "Terra Um" e lendária série do George Pérez anunciada por todos como "a melhor coisa já escrita sobre a Princesa das Amazonas".

O trabalho do Peréz realmente é muito bom, foi publicado no Brasil pela Panini em quatro volumes sob o selo "Lendas do Universo DC", em minha coleção tenho os quatro, mas hoje, aproveito o pedido de um amigo, e vou falar sobre o vol. 3 no qual estão compiladas as histórias originalmente publicadas na Wonder-Woman 15-19 e na Action Comics 600 em 1988.

Gosto muito da "Mulher-Maravilha" do George Peréz, apesar dela ser ingenua demais para uma mulher adulta com acesso a uma educação ampla e rebuscada, ela realmente é a pessoa capaz de resolver as pendencias do dia e salvar a população. Diana não costuma ser salva por ninguém, mantém vínculos afetivos com sua família da ilha paradisíaca de Themyscira , tem amigas, questiona a sociedade e muitas vezes questiona até que ponto ela tem possibilidades reais de lutar e vencer os obstáculos para a construção de uma sociedade mais justa nesse "Mundo do Patriarcado".


A Princesa Diana do Peréz emerge como embaixadora de uma sociedade na qual as mulheres administram suas vidas, seus corpos e seus destinos de forma independente. Sua missão mais importante não é salvar o mundo de perigos iminentes, embora ela faça isso também, sua tarefa aqui é ajudar na promoção da paz.

Mas, o ponto alto desse volume não é a luta pelo equilíbrio mundial e sim o crush da Diana pelo Superman. A Princesa das Amazonas se vê sonhando com o Homem de Aço, em seus devaneios ele emerge como algo próximo aos deuses, e com a ajuda de sua agente publicitária ela consegue um encontro. E o Super já chega chegando, tascando nela uma beijoca, sem nem pedi permissão! O melhor é a cara da Diana de: "Opa! O que é isso companheiro?".

Na década de 80 do século XX, discussões sobre a importância do consentimento provavelmente não haviam chegado até os olhos e ouvidos de Peréz, mas achei digno como ele retratou o incomodo da Diana diante do avanço do Superman. Para alívio geral, esse constrangimento não dura muito, pois logo os heróis são chamado para a aventura pois Darkseid invadiu o Olimpo e os dois precisaram lutar juntos e o romance virou aventura.


Achei digno como mesmo em uma aventura da Action Comics a Diana não deixou de ser a protagonista. Ela brilhou a ponto de ofuscar o Superman, sem desqualificar a força dele, a força dela foi decisiva. Porém a melhor coisa dessa aventura foi a Princesa se frustrando com o fato do Homem de Aço ter escolhido o papel de observador da humanidade, sem compromisso de se comprometer com a promoção de uma mudança significativa nas relações sociais entre diferentes povos, etnias e gêneros. Fiquei com a impressão, usando uma expressão de hoje, da Mulher-Maravilha ter achado o Superman um belo embuste.


Depois de salvar o Olimpo, Diana viaja para a Grécia com o intuito de rever sua grande amiga Julia e conhecer as ruínas da civilização grega, lá, na Terra dos Olimpianos, ela acaba vivendo o conflito que ilustra a capa da edição com a poderosa e ambiciosa feiticeira Circe, uma aventura com pontos positivos e negativos.

Por um lado foi muito agradável ver a forma como a amizade entre a Professora Julia e  heroína é retratada. São duas mulheres cultas, seguras de si, que se amam, não disputam espaço ou poder e sim compartilham experiencias. Por outro, foi chato ver como a Circe é uma figura hiper sensualizada, todo a erotismo evitado na construção visual da Diana ele carrega nas vilãs causando uma dicotomia entre mulher recatada, pura e a mulher sensual, má, perversa, essa polarização me faz pensar o quanto a década de 1980 deve ter sido difícil para as mulheres.

5 comentários:

  1. Sou apaixonada por essa fase, já li tudo por scan (mas não de darei spoilers sobre as tramas), e realmente considero a melhor fase da personagem, apesar de ter amado a fase dos Novos 52 também, George Pérez fez a Mulher-Maravilha definitiva em minha opinião XD

    Gosto do comportamento ingênuo de Diana, que aos pouquinhos vai aprendendo sobre o mundo dos homens, mas sem deixar suas culturas e opiniões de lado, da bondade e da força que a personagem transmite e principalmente da relação que ela tem com Julia e Vanessa, algo inclusive que senti MUITA falta no filme da Gal Gadot.

    Adorei a resenha e suas opiniões, faça resenha do Vol. 4 também =D
    Beijão

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  2. Oi Pandora!
    Eu amei o filme da Mulher Maravilha, mas nunca li os quadrinhos dela. Gostei bastante de conhecer esse livro aqui no blog!

    Beijos,
    Sora | Meu Jardim de Livros

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  3. Oi Pandora!Eu assisti o filme dele e um seriado bem antigo, mas ler algo sobre a heroína ainda não tive a oportunidade. Achei ótimas as suas considerações, em especial no tocante a forma como as mulheres foram retratadas.Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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  4. Oi, Pandora!
    Superman mandou mal chegando sem pedir permissão, mas tenho que comemorar meu ship aaaa
    Beijos
    Balaio de Babados

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  5. Oi Pan!
    Gente, eu curti pacas uma HQ origem que li da personagem, mas foi só essa mesmo. Não cheguei a ler mais nada porque como leio as HQs em digital, acabo ficando muito preso e não consigo continuar por causa dos meus problemas de vista. Contudo, acho a ideia dessa coletanea legal, mas o traço não me agrada muito. Os traços mais recentes são mais bonitos, visualmente falando e isso sempre afeta muito minha experiencia de leitura em uma HQ.
    Sobre a situação das mulheres: não era facil mesmo :( A maioria das heroinas nessa epoca são sensualizadas ao nivel absurdo.

    Abraços
    David
    http://territoriogeeknerd.blogspot.com.br/

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