Quando Gal Gadot roubou a cena no filme "Batman Vs Superman" e a expectativa para o tão aguardado filme da "Mulher-Maravilha" cresceu começou a pipocar publicações de HQs dela. E lindamente sai fazendo a coleção com a "Mulher-Maravilha dos Novos 52", a "Terra Um" e lendária série do George Pérez anunciada por todos como "a melhor coisa já escrita sobre a Princesa das Amazonas".
O trabalho do Peréz realmente é muito bom, foi publicado no Brasil pela Panini em quatro volumes sob o selo "Lendas do Universo DC", em minha coleção tenho os quatro, mas hoje, aproveito o pedido de um amigo, e vou falar sobre o vol. 3 no qual estão compiladas as histórias originalmente publicadas na Wonder-Woman 15-19 e na Action Comics 600 em 1988.
Gosto muito da "Mulher-Maravilha" do George Peréz, apesar dela ser ingenua demais para uma mulher adulta com acesso a uma educação ampla e rebuscada, ela realmente é a pessoa capaz de resolver as pendencias do dia e salvar a população. Diana não costuma ser salva por ninguém, mantém vínculos afetivos com sua família da ilha paradisíaca de Themyscira , tem amigas, questiona a sociedade e muitas vezes questiona até que ponto ela tem possibilidades reais de lutar e vencer os obstáculos para a construção de uma sociedade mais justa nesse "Mundo do Patriarcado".
A Princesa Diana do Peréz emerge como embaixadora de uma sociedade na qual as mulheres administram suas vidas, seus corpos e seus destinos de forma independente. Sua missão mais importante não é salvar o mundo de perigos iminentes, embora ela faça isso também, sua tarefa aqui é ajudar na promoção da paz.
Mas, o ponto alto desse volume não é a luta pelo equilíbrio mundial e sim o crush da Diana pelo Superman. A Princesa das Amazonas se vê sonhando com o Homem de Aço, em seus devaneios ele emerge como algo próximo aos deuses, e com a ajuda de sua agente publicitária ela consegue um encontro. E o Super já chega chegando, tascando nela uma beijoca, sem nem pedi permissão! O melhor é a cara da Diana de: "Opa! O que é isso companheiro?".
Na década de 80 do século XX, discussões sobre a importância do consentimento provavelmente não haviam chegado até os olhos e ouvidos de Peréz, mas achei digno como ele retratou o incomodo da Diana diante do avanço do Superman. Para alívio geral, esse constrangimento não dura muito, pois logo os heróis são chamado para a aventura pois Darkseid invadiu o Olimpo e os dois precisaram lutar juntos e o romance virou aventura.
Achei digno como mesmo em uma aventura da Action Comics a Diana não deixou de ser a protagonista. Ela brilhou a ponto de ofuscar o Superman, sem desqualificar a força dele, a força dela foi decisiva. Porém a melhor coisa dessa aventura foi a Princesa se frustrando com o fato do Homem de Aço ter escolhido o papel de observador da humanidade, sem compromisso de se comprometer com a promoção de uma mudança significativa nas relações sociais entre diferentes povos, etnias e gêneros. Fiquei com a impressão, usando uma expressão de hoje, da Mulher-Maravilha ter achado o Superman um belo embuste.
Depois de salvar o Olimpo, Diana viaja para a Grécia com o intuito de rever sua grande amiga Julia e conhecer as ruínas da civilização grega, lá, na Terra dos Olimpianos, ela acaba vivendo o conflito que ilustra a capa da edição com a poderosa e ambiciosa feiticeira Circe, uma aventura com pontos positivos e negativos.
Por um lado foi muito agradável ver a forma como a amizade entre a Professora Julia e heroína é retratada. São duas mulheres cultas, seguras de si, que se amam, não disputam espaço ou poder e sim compartilham experiencias. Por outro, foi chato ver como a Circe é uma figura hiper sensualizada, todo a erotismo evitado na construção visual da Diana ele carrega nas vilãs causando uma dicotomia entre mulher recatada, pura e a mulher sensual, má, perversa, essa polarização me faz pensar o quanto a década de 1980 deve ter sido difícil para as mulheres.
Sou apaixonada por essa fase, já li tudo por scan (mas não de darei spoilers sobre as tramas), e realmente considero a melhor fase da personagem, apesar de ter amado a fase dos Novos 52 também, George Pérez fez a Mulher-Maravilha definitiva em minha opinião XD
ResponderExcluirGosto do comportamento ingênuo de Diana, que aos pouquinhos vai aprendendo sobre o mundo dos homens, mas sem deixar suas culturas e opiniões de lado, da bondade e da força que a personagem transmite e principalmente da relação que ela tem com Julia e Vanessa, algo inclusive que senti MUITA falta no filme da Gal Gadot.
Adorei a resenha e suas opiniões, faça resenha do Vol. 4 também =D
Beijão
Oi Pandora!
ResponderExcluirEu amei o filme da Mulher Maravilha, mas nunca li os quadrinhos dela. Gostei bastante de conhecer esse livro aqui no blog!
Beijos,
Sora | Meu Jardim de Livros
Oi Pandora!Eu assisti o filme dele e um seriado bem antigo, mas ler algo sobre a heroína ainda não tive a oportunidade. Achei ótimas as suas considerações, em especial no tocante a forma como as mulheres foram retratadas.Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Oi, Pandora!
ResponderExcluirSuperman mandou mal chegando sem pedir permissão, mas tenho que comemorar meu ship aaaa
Beijos
Balaio de Babados
Oi Pan!
ResponderExcluirGente, eu curti pacas uma HQ origem que li da personagem, mas foi só essa mesmo. Não cheguei a ler mais nada porque como leio as HQs em digital, acabo ficando muito preso e não consigo continuar por causa dos meus problemas de vista. Contudo, acho a ideia dessa coletanea legal, mas o traço não me agrada muito. Os traços mais recentes são mais bonitos, visualmente falando e isso sempre afeta muito minha experiencia de leitura em uma HQ.
Sobre a situação das mulheres: não era facil mesmo :( A maioria das heroinas nessa epoca são sensualizadas ao nivel absurdo.
Abraços
David
http://territoriogeeknerd.blogspot.com.br/