John Constantine, Hellblazer: Origens, Vol. 2, Triângulos Infernais

Tenho já há um bom tempo curiosidade de conhecer um pouco mais a história de John Constantine, tanto devido ao filme de 2005 estrelado por Keanu Reeves quanto pela aparição do mago em "Os livros da Magia" de Neil Gaiman. Quando a Panini passou a publicar "Hellblazer - Origens",na qual são reunidas as primeiras edições da série "John Constantine, Hellblazer" não resisti e passei a mergulhar em mais esse HQ.

O vol. 2 de Hellblezer Origens, "Triângulos Infernais", se revelou um HQ de roteiro inteligente, fluído, cheio de suspense e surpresas. Me apaixonei pelo trabalho do roteirista Jamie Delano e peguei amor pela arte de Brett Ewins, Jim McCarthy. Do trabalho dos dois emerge um personagem complexo, um John Constantine trágico, habitante das margens da sociedade, um mago sem super poderes, sem fazer luzes se acenderem, faróis brilharem, truques mirabolantes, vôos rasantes ou coisa do gênero. Muito pelo contrario, as vezes ele parece uma catástrofe ambulante, comete grandes erros, transforma as coisas nas quais toca em tragédia.

Em "Triângulos Infernais" a missão de Constantine é impedir que um grupo religioso fundamentalista com recursos espirituais e tecnológicos consiga trazer ao mundo um tipo de messias capaz de desequilibrar a disputa do Céu e o Inferno pelas almas humanas afetando coisas básicas como o livre arbítrio. Aqui também encontramos um dialogo com o universo do Monstro do Pântano sob a tutela de Michel Bonner. Porém, para mim, o mais legal das histórias não é o destino ou a missão enfrentada pelo mago e sim a forma como ele enfrenta tudo, inclusive e especialmente seus demônios e fantasmas interiores.

O mais legal do roteiro de Delano é o John Constantine trágico, habitante das margens da sociedade, um mago sem super poderes, sem fazer luzes se acenderem, faróis brilharem, truques mirabolantes, vôos rasantes ou coisa do gênero. Muito pelo contrario, as vezes ele parece uma catástrofe ambulante, comete grandes erros, transforma as coisas nas quais toca em tragédia.

Ele é muito humano, seu maior poder é o conhecimento adquirido em meio as derrotas, tragédias e fraturas sofridas por ele ao longo do tempo. De um lado faz pactos com demônios para poupar crianças recém nascidas, por outro sacrifica amigos queridos criando mais e mais fantasmas para si mesmo, ele se mantem sempre por um tris.

Também destaco a arte de Brett Ewins, Jim McCarthy, John Ridgway cheia de uma tensão, de detalhes, dialogando lindamente com o roteiro de Delano e capaz de surpreender positivamente. A cada virada de página a arte convida a olhar um pouco mais, a forca nos detalhes, a pensar um pouco mais tanto nos coadjuvantes quando no protagonista. Para mim é como se a arte de tão boa trouxesse com sigo uma atmosfera, uma trilha sonora para o texto. Ela tem uma coisa que não sei definir, mas achei incrível.

Só para constar: a arte não hiper sensualiza os corpos femininos, não explora a nudez das mulheres mesmo quando há cena de sexo. Sim, é possível impactar, sem deixar mulheres nuas. Isso realmente me surpreendeu. Aliás, a postura política dos autores me impressionou positivamente de muitas formas diferentes, essa leitura foi incrível.

Dados do Livro

John Constantine / Hellblazer: Origens, Vol. 2 

Roteiro: Jamie Delano & Rick Veitch,

Arte: John Ridgway, Alfredo Alcala,  Tom Mandrake, Brett Ewins, Jim McCarthy, Richard Piers, Raynier e Mark Buckingham

Nova Edição: 2017

180 páginas 

Panini Comics