" A manhã rompeu, como uma queda, do cimo pálido da Hora... Acabaram de arder, meu amor, na lareira da nossa vida, as achas dos nossos sonhos...
Desenganemo-nos da esperança, porque trai, do amor, porque cansa, da vida, porque farta, e não sacia, e até da morte, porque traz mais do que se quer e menos do que se espera.
Desenganemo-nos, ó Velada, do nosso próprio tédio, porque se envelhece de si próprio e não ousa ser toda a angustia que é.
Não choremos, não odiemos, não desejemos...
Cubramos, ó silenciosa, com um lençol de linho fino o perfil hirto da nossa Imperfeição..."
Desenganemo-nos da esperança, porque trai, do amor, porque cansa, da vida, porque farta, e não sacia, e até da morte, porque traz mais do que se quer e menos do que se espera.
Desenganemo-nos, ó Velada, do nosso próprio tédio, porque se envelhece de si próprio e não ousa ser toda a angustia que é.
Não choremos, não odiemos, não desejemos...
Cubramos, ó silenciosa, com um lençol de linho fino o perfil hirto da nossa Imperfeição..."
Fernando Pessoa
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PESSOA, Fernando. O Eu profundo e os outros eus. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p112.
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