sexta-feira, 5 de junho de 2015

Projeto Victor Hugo 2015


No inicio de 2015, livrarias acima... livraria abaixo... eu e o Alexandre atinamos de falar dos clássicos da literatura universal... Conversa vai conversa vem decidimos ler "Os miseráveis" de Victor Hugo, virou nosso projeto pessoal e, depois de uma ou duas protelações aqui e ali, acabamos chamando a nossa experiencia de "Projeto Victor Hugo 2015".

Esse projeto tem se revelado uma verdadeira aventura literária, uma Odisseia literária particular e agradável na qual estamos descobrindo a velha novidade desse autor francês tão comprometido com os problemas sociais e as possibilidades de resolução para eles. Nós nos encantamos a cada capitulo e faze da história e talvez por isso de repente nos vimos na iminentes necessidade de partilhar com o mundo nosso entusiasmo.

E o Alê resolveu convidar os nossos companheiros de virtualidade a ler conosco, fez um banner e me convidou a escrever com ele sobre essa viagem. O nosso post em dupla está disponível no blog dele #DoQueEuLeio

E a proposta eu roubo as palavras do Alê para explicar
"A proposta não é que você pare de ler todos aqueles maravilhosos livros que você já está lendo ou pretende ler e focar só em Os Miseráveis, muito pelo contrário, decidimos fazer uma leitura lenta, degustando a narrativa, e claro, intercalando com outros livros que por acaso deseje ler...
SE você não tem Os Miseráveis, não tem problema, é só uma sugestão. Pode ler outro do autor. E então, escolheu um livro? Ou já está lendo algum desses? Posta no teu Intagram uma foto do teu livro com a hashtag #ProjetoVictorHugo2015 , mas se você já leu, então conta aqui pra gente sua experiência com esses clássico, e se quiser participar dessa jornada com a gente, é só começar. " 
Endossando as palavras dele, deixo aqui o meu convite aos companheiros de virtualidade a encarar essa experiencia.

Em tempo, preciso dizer, tenho consciência de que ano de 2015 não tem sido frutífero em experiencias de escrita aqui nesse blog. Sempre fui uma blogueira sem muita pressa para escrever sobre as coisas, sem agenda fixa, amante da slow blog, mas tenho a impressão de está levando esse descompromisso as rais da loucura... Desculpem as ausências amigos!

domingo, 10 de maio de 2015

Pequena nota sobre um certo pacote de 3,243 kg

Se alguém dissesse a criança que eu fui há 20 anos atrás que um dia ela ia esta sentada olhando para um pacote enfeitado por 31 selos e pesando 3,243 quilogramas acho que ela teria delirado... Bem, eu, sentada bem no limiar dos 30, certamente delirei!

Isso acontece no dia 27 de Abril, hoje já dia 10 de Maio e eu ainda não consegui escolher de forma adequada as palavras para escrever sobre isso... Me pego contemplando essa foto e pensando: "Meu Deus, como vou exprimir a sensação de ganhar o MELHOR PRESENTE DO MUNDO?".

Mas, por outro lado também não posso deixar a vida passar adiante sem registra que no dia 27 de Abril do ano de 2015 eu cheguei em casa e tinha um pacote de três quilos, duzentas e quarenta e três gramas, selado com trinta e um selos esperando por mim...

Quando vi o pacote fiquei loucaaaaa.... Não sabia se ria ou chorava e na duvida, como é de praxe vindo de gente da minha estirpe, fiz os dois... Delirei \o/ E então, para alivio da planteia ansiosa, a qual estava prestes a arrancar o pacote da minha mãe e abrir por conta própria para conhecer o conteúdo, decidi abrir e dei de cara com seis livros e uma bomba.


Os livros são um presente e também um incentivo... Deus, quando pedi ao Rafael para me da uma força no plano de fazer um curso de inglês não imaginei que ele fossem me mandar duas edições de Fabulas emprestadas ou um Gaiman de presente.

Aliás, também não imaginei que a bomba era de verdade... Nem a Ana foi tão eficiente... o confete impregnou o sofá, minha roupa, o chão da sala... e sabe Deus o que mais... Na sobra, precisei utilizar medidas emergenciais de contenção!

Em resumo, ainda não consigo me conter... Ainda não sei se abraço ou mordo o Rafael por tudo isso... Na duvida, posso fazer os dois!

domingo, 3 de maio de 2015

Tag 7 Coisas

O Luciano do .Livro fez, a Lu do Aceita um leite? fez, então eu disse de mim para comigo: "Por que não eu?!?!?" e ainda roubei a imagem do Luciano.


A Tag consiste em citar sete coisas dentre as pedidas.

7 coisas que mais falo:

Nossa!
Psiu!
Só a graça!
Misericórdia!
Vamos bater palminhas? (não se passa uma tarde sem essa bendita música)
Sófiaaaaaa!
Kauãããããã!

7 coisas que faço bem:

Dormir
Ler
Conversa sobre tudo e nada
Entrar em crise existencial
Esquecer o que precisava fazer ou colocar na bolsa
Ser trolada
Falar a coisa errada na hora errada

7 coisas que não faço bem:

Comer (Quem já fez uma refeição comigo sabe como funciona.)
Exercícios físicos
Organizar as coisas
Acordar cedo
Paquerar
Brincar (É quase uma unanimidade que não sei brincar!)
Descobri que as pessoas não estão sendo sinceras

7 coisas que me encantam:

Textos bem escritos, independe da forma e do tema
Meus livros
Atos de Afeto
Van Gogh
A textura, cheiro, cor da pele das pessoas que amo
Cheiro de criança pequena (aquela mistura de inocência, expectativa, suor e, nos bebês, baba)
A espontaneidade (as vezes perversa) dos adolescentes

7 coisas que não gosto:

Falsidade
Angustia
Saudades
Insegurança
Medo
Acordar cedo
Segundas-feira

E vocês, quais seriam suas respostas? Deu vontade de fazer a Tag? Se deu faz e me conta!
Cheros a todos e todas!
Boa Segunda!


domingo, 26 de abril de 2015

Receita para acalmar menino e menina MUITO peralta...

INGREDIENTES

Livros Coloridos cuja história você conheça bem.
Uma pitada de "Boa Vontade".
Doses grandes de Paciência.

MODO DE FAZER

Pegue a Boa Vontade e misture bem com a Paciência
Adicione o livro bem colorido cuja história você conheça bem,
Sente com menino ou a menina e comece a conversar,
Conte a história do seu jeito,
De o bendito livro para a criança ler,
Preste atenção quando ela estiver contado a história a você,
Fique bem quietinha quando ele/ela for ler sozinho/sozinha,
Desfrute dos minutos de paz.

Obs.: Recomenda-se repetir essa receita com frequência e se o primeiro livro não funcionar, tente outros. Insista!

Quando se tem dois anos ser peralta é quase uma regra. Mas, algumas crianças conseguem ser ativas e enlouquecedoras para além da média, são MUITO peraltas.

Para os muito peraltas o sono vem rápido, mas também passa rápido, meia hora antes de todos já estão de pé, acordam procurando novidades para esgotá-las antes dos outros...

O interesse também vem rápido e igualmente rápido se vai! Muito fácil eles desconstruírem os brinquedos feitos para durar uma vida em uns poucos minutos...

Os muito peraltas são um dilema... E pelo amor de Deus, medicar ou encontrar etiquetas psiquiátricas para eles não é uma opção muito legal néh?!?! Afinal peraltice não é doença, é saúde

Mas não sejamos hipócritas, ela trás questões de difícil resolução para pais e educadores, especialmente em escolas públicas com pouco equipamento e pessoas.

Questões do tipo:

Como envolver esses meninos em uma atividade? \o/
Como faze-los se concentrar? \o/ 
Como conseguir fazer eles não dispersarem a atenção dos outros usando força? \o/
Como impedi a desconstrução dos poucos brinquedos? \o/
Como, por fim acalmá-los por um tempinho? \o/

Para mim, a literatura tem sido uma salvação! Sempre me surpreendo com a força de uma contação de história que da certo, com um livro bem feito, com o vinculo afetivo que surge entre criança e livro.

Já rendi minha homenagem ao "Da Pequena Toupeira que Queria Saber Quem Tinha Feito Cocô na Cabeça Dela" do Werner Holzwarth. Adiciono a  lista das homenagens:

"Uma arara e sete papagaios" da Ana Maria Machado ilustrado pelo Claudius: uma história sobre a qual preciso escrever mais que duas linhas e um dia escreverei.


"A Bruxa Catuxa" da Marlene de Fátima Gonçalves: companheirão dos últimos dois anos e meio!


"Os Dez Amigos" do Ziraldo: livro lindo e engraçado, que prende por sua simplicidade e humor.


"Amigos de Casa" do Stephen Barker: colorido, interativo, as paginas abrem \o/. Todos amam livros cujas paginas abrem e tem surpresas.


sábado, 18 de abril de 2015

10° BookCrossing Blogueiro


E mais um BookCrossing Blogueiro chegou huhu! Dessa vez, para variar, eu vou postar dentro do prazo! Mereço até uma estrela néh?!?!? Ta bom, vou parar de lesar e contar a contar a história de como aconteceu essa edição do bookcrossing em minha vida.


Há algumas semanas atrás eu adoeci e, por milagre da Divina Providencia, a doutora me deixou de molho por seis dias! Quando os funcionários da Prefeitura do Recife recebem um atestado a partir de 3 dias isso já é considerado licença médica e nós somos encaminhados a "Junta Médica" localizada ali, pertinho, lá "Nos Cafundós do Judas" onde aliás o dito cujo perdeu as botas.

Foi no caminho da "Junta Médica" que descobri o lugar no qual desapeguei dos meus livros esse ano. Uma arada de ônibus pouco antes do viaduto encontrei um lugar destinado ao desapego.

Amei ter encontrado essa caixinha e marquei o lugar, decidindo deixando os meus livros nessa caixinha feita pela "Biblioteca do Amaral" apoiada pela "COTEMAR Cultural".

Há, da primeira vez que passei por ai não tinha visto livro nenhum, da segunda encontrei livros didáticos, revistas, Novo Testamento, alguns livros. Uma das pessoas que estava na parada informou que a caixinha tem sido bem utilizada, os livros não ficam encalhados, são recolhidos e sempre aparece quem coloque mais. Gostei de saber disso e vou me juntar a essas pessoas.

Esse ano decidi desapegar de meus romances açucarados, geralmente quem ler esses romances trocar dois por um e eu tinha essa pratica, no entanto sempre ficava com os mais significativos. Eles não são jovens, quando eu os comprei já não eram, mas tenho um apego por eles fora do comum, ou comum em relação aos leitores, a leitura deles foi significativa em fazes duras da minha pós-adolescência, no meu processo de amadurecimento eles foram boas e leiais válvulas de escape.

Desapegar deles também tem haver com desapegar de más recordações, hábitos de fuga e uma tentativa de abrir qualquer coisa como espaço para outras experiências, afetivas inclusive.

Deus me ajude, disposição afetiva nunca foi o prato especial da casa enquanto adiar, protelar, não atender telefones, intimidar e desligar o botão realidade jamais saíram do cardápio, mesmo nos tempos de disponibilidade afetiva considerável.


Saindo do momento divã, voltando ao que interessa, acima, estão alguns dos livros que foram libertados. Adicionei uma edição de três livros fofos da minha estante "A Sabedoria do Condado", "Cartas Marcadas" e "Travo", para não passar vergonha.

A minha edição de "Critica da Razão Prática" vai para um amigo da escola, ele manifestou o desejo de ter o livro... E bem, uma pessoa que ganha "Além do Bem e do Mal" de presente de Natal (Por favor, alguém me diga que também já ganhou um livro assim de Natal!) pode se tornar o tipo de pessoa que oferece Kant a um amigo no dia do Bookcrossing Blogueiro. Nada está tão ruim que não possa piorar né mesmo?!?!

Como sempre, foi um prazer e uma aventura participar do Bookcrossing Blogueiro. Um momento marcante na trajetória de leitora e que venha o próximo.

Ah, a Aleska Lemos decidiu desapegar sorteando no blog dela alguns livros em uma promoção que ela chamou de "Coruja Literária", clica na imagem para saber como funciona, é fácil.


Ah, para conhecer outros participantes e todos os detalhes sobre o evento, vai lá no Luz de Luma, yes party!

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Balanço de 7 anos e mudanças no visual

Em fevereiro esse blog completou sete anos. Talvez no fundo do meu coração, sembre tenha sabido que esse blog ia durar, mas não tenho certeza.

A minha unica certeza quando a escrita é, como já disse mil vezes, sempre fui de escrever, especialmente diários. E as possibilidades oferecidas pelo blogger para quem gosta desse gênero são fascinantes. Graças a elas, esse blog tem guardado memórias de meus barulhos e silêncios, alegrias e tristezas, sonhos e realizações, medos e coragens, promessas e fracassos.

Eu amo escrever aqui. Mesmo quando sinto a minha vontade de escrever se fragilizar, e tudo começar a parecer a mesma coisa, continuo escrevendo pois continuo sentindo uma sensação de satisfação catártica a cada texto publicado.

Fazendo um balaço, nos últimos 7 anos por escolha me graduei em História, por necessidade me tornei Educadora Infantil. Pesquisei um período de tempo no passado e escrevi uma dissertação de mestrado. Não conseguir me tornar professora universitária, me tornei professora de História. Me deprimi bastante, perdi pessoas tão amadas, encontrei pessoas para amar e as amo. Me desapaixonei, não voltei a me apaixonar por uma pessoa minimamente possível ou acessível. Viajei... Emagreci e engordei e emagreci e engordei... Estive doente e fiquei saudável novamente. Deixei de ser uma professora da Escola Dominical, mas ainda ajudo de forma indireta as crianças de certa igreja. Me espalhei blogosfera a fora, com a descrição medrosa que me é particular, mas me espalhei. Cometi milhares de erros de grafia, acentuação e pontuação. Fui prolixa até não mais poder e deixei tudo registrado em mais de seis centenas de postagens!

E se escrever foi bom, saber que há pessoas lendo meus escritos tem sido maravilhoso! Assim como ler o que outras pessoas escrevem e construir entre escrita e leitura vínculos afetivos, parcerias, reflexões e amadurecimento.

A quem passa por aqui, muito obrigada por todas as vezes que vocês me deram atenção, ouviram/leram minhas histórias e falaram comigo... Me emociona cada comentário!

Uma vez mais: Obrigada pela gentileza da companhia.

Por fim em comemoração ao número 7, o blog ficou visualmente diferente! O meu amigo Alexandre Melo, do blog Do Que Eu Leio, gentilmente se propôs a não só me convencer a mudar o visual do blog como a projetar as mudanças. Eu ainda estou encantada com tudo o que ele fez, me pego contemplando o espaço absurdada... Ficou lindo, limpo e ainda parece comigo!

Estou nas nuvens com esse presente \o/ Não poderia ser diferente \o/  Alegria... Alegria... Alegria... 3 vezes para a enfase não se perder \o/

Obrigada Ale, por ser meu amigo, companheiro de virtualidade e por se importar com esse aspecto tão frágil, delicado e intimo da minha vida chamado blog... Obrigada mesmo! Essas coisas não tem preço!
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P.S.: O presentinho que a Silvana Haddad do "Meus Devaneios Escritos" me enviou:


terça-feira, 24 de março de 2015

É hora de deixar os livros voarem por novas paisagens...


Tem muita gente que torce o nariz para essa ideia... Já vi posts radicalmente contra e precisei respirar fundo para passar adiante sem passar um texto que a pessoa simplesmente ignoraria.

Mas quem pratica uma vez o bookcrossing sabe o quanto a pratica é construtiva.

Talvez deixar um livro em um banco do ônibus, praça ou mesa de um restaurante não mude o mudo, mas muda a mim e eu aposto na ideia.

Um livro na minha estante é só um livro na minha estante, um livro na mão de uma pessoa é um mundo se abrindo para ela!

Caso você não goste da ideia de deixar um livro seu em um lugar público, mas ache a ideia da doação legal, existe uma infinidade de opções, da uma olhadinha lá no LUZ DE LUMA, YES PARTY!  e se inspire!

sexta-feira, 20 de março de 2015

Privilégios, vitimização e busca por direitos...

Minha religião ensina que devemos ter cuidado com o que vemos e ouvimos, pois muitas vezes acontece daquilo que foi visto e ouvido encontrar lugar na cabeça, descer ao coração e nos envolver em um estado de urgência de ação. Ontem a noite eu vi e ouvi em um vídeo coisas que desceram ao coração... e putz ou eu falo sobre isso ou surto!

O vídeo, postado no facebook, documenta uma intervenção feita por estudantes em uma aula na USP feita por alunos e alunas para falar sobre as questões raciais na universidade. A intervenção virou uma calorosa discussão sobre direitos e privilégios... Nossa, tanto o rapaz que gravou quando o seu companheiro deram um doloroso espetáculo de incompreensão.

Cá está o link do vídeo: LINK DO VIDEO

Agora vem meu desabafo. Ele foi escrito no calor do momento ao som de Nação Zumbi, esse post pode ter ficado longo!
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Tem gente que não quer saber mesmo dos problemas enfrentados por quem é pobre... Eles não entram na favela, quando passam pela esquina dela e nem olham para o lado, estão pouco se importando com o que acontece além da curva da avenida que leva a periferia mais próximas, a menos, claro, que haja diversão ou disponibilidade para um trabalhinho muito mal pago.

Uma considerável parte das pessoas além dos muros invisíveis da favela, não entra na curva que leva a ela e não quer ver a periferia passar pela curva que leva a vida delas com qualquer intuito além do de servir e obedecer. Estão do lado de lá e nós do lado de cá e querem que fique assim.


Nossas dores não importam, nossas dificuldades diárias não importam, nossas lutas não tem relevância.

Ulisses Tavares escreveu:

"Tem gente passando fome. 
E não é a fome que você imagina entre uma refeição e outra.
Tem gente sentindo frio. 
E não é o frio que você imagina entre o chuveiro e a toalha.
Tem gente muito doente.
E não é a doença que você imagina entre a receita e a aspirina.
Tem gente sem esperança. 
Mas não é o desalento que você imagina entre o pesadelo e o despertar.
Tem gente pelos cantos. 
E não são os cantos que você imagina entre o passeio e a casa.
Tem gente sem dinheiro.
E não é a falta que você imagina entre o presente e a mesada.
Tem gente pedindo ajuda. 
E não é aquela que você imagina entre a escola e a novela.
Tem gente que existe e parece imaginação.”

Ulisses, tem tanta gente que não sabe, não quer saber, e tem RAIVA, NOJO e MEDO de quem sabe! E essa gente raivosa, enojada e medrosa quando vai a rua estragar panelas produz cenas que recebem a legenda de "Protesto Pacifico" ou "Simbolo de Maturidade Democrática". Quando quem sabe e não aguenta mais ficar calado vai a legenda é "Atrapalhando o Transito" ou "Vandalismo". Ulisses, tem gente que existe e parece pesadelo.

Paulo Freire escreveu:

"A FOME diante da FARTURA é uma IMORALIDADE."

Paulo, nosso mundo é imoral! Nós estamos ficando fartos disso! Todos os dias mais e mais fartos! Temos direitos e queremos vê-los deixarem de ser  papeis pintados com tinta.

E eu, fico PUTA PUTA PUTA PUTA PUTA PUTA PUTA PUTA PUTAAAAAAAAAA... MIL VEZES ENSANDECIDA quando pessoas acusam negros, mulheres, crianças abusadas, homossexuais, trans (especialmente as mulheres trans),  favelados de estarem se vitimizando.

Tenho vontade de gritar:


"Parceiro, nós não nos vitimizamos, nós somos vitimas! Existe diferença!

Parceiro, nós somos roubados desde o dia que nascemos em maternidades lotadas com nossas mães passando por violência obstétrica!


 Quando alguém abre sua carteira e percebe a falta de algo, aquilo que  lhe falta grita Parça!"

Contemplo absurdada como parece haver uma infinidade de pessoas incapazes de perceber a diferente entre o vulgar "coitadismo" e esse sentimento de ter sido vitima de situação desleal como o roubo da dignidade intrínseca a todo ser humano.

Como a Katherine Boo percebeu quando entrou em Annawadi, uma favela próxima do moderno "Aeroporto Internacional de Mumbai", na Índia, nós estamos "Em busca de um final feliz".


Porém, para aquelas pessoas com dificuldade de compreensão em relação a essa obviedade, sempre se pode repetir o poema "Anti-evasão" do cabo-verdiano Ovídio Martins:

"Pedirei
Suplicarei
Chorarei
Não vou para Pasárgada
Atirar-me-ei ao chão
E prenderei nas mãos convulsas
Ervas e pedras de sangue
Não vou para Pasárgada
Gritarei
Berrarei
Matarei
Não vou para Pasárgada"

Nós as convidamos pra ouvir "O canto da Liberdade" ouvido por Solano Trindade há uma centena de anos atrás:

"Ouço um novo canto, 
Que sai da boca, 
de todas as raças, 
Com infinidade de ritmos... 
Canto que faz dançar, 
Todos os corpos, 
De formas, 
E coloridos diferentes... 
Canto que faz vibrar, 
Todas as almas, 
De crenças, 
E idealismos desiguais... 
É o canto da liberdade, 
Que está penetrando, 
Em todos os ouvidos..."

E caso elas tenham uma dificuldade existencial para a compreensão desse tipo de literatura sempre se pode, para não deixar duvidas em suas cabeças, invocar a fala da Pitty:

domingo, 15 de março de 2015

Para Sir Terry Pratchett

"Sir Terry Pratchett,

Obrigador ter sido meu autor favorito durante todo esse espaço de tempo confuso entre meus 20 anos e os 30. Por ter me feito sorrir aquele sorriso da cumplicidade. Todos dizem que eu não sei brincar, mas ler seus livros para mim é uma brincadeira deliciosa.

Obrigada por me fornecer uma forma inusitada, sarcástica, acida e ao mesmo tempo humorada de ver o mundo.

Obrigada pelo "Mundo do Disco", Discworld. Pela versão mais avacalhada, mordaz e inteligente do Apocalipse de "Belas e Precisas Maldições". Pelas melhores bruxas já inventadas! Sempre achei o senhor um grande feminista ;) ! Estou sempre tentando seguir os conselhos de Vovó Cera do Tempo, gostaria de ser mais como a Tia Ogg, mas sou muito Magrete, ainda tentando descobrir "o que é real, o que não é real e qual a diferença".

Obrigada, por ter sido, e ser, através de seus livros, um companheiro nos meus sofríveis passos no quase insuportável mundo dos adultos.

Tem sido um prazer conhecer um autor tão maravilhoso assim! Costumo indicar a meus amigos e alunos os seus livros, muitas vezes inicio minhas aulas com uma frase sua, meus alunos costumam saudar meu "excelente humor matutino" com "liricas" exclamações de "Quanto otimismo professora!", mas eu não ligo, afinal, é certo:

"Se você confiar em si mesma...
– ... e acreditar nos seus sonhos...
– ... e seguir a sua estrela...
– –... ainda assim vai ser derrotada por pessoas que gastaram o tempo delas dando duro, aprendendo coisas e que não foram tão preguiçosas."

É claro que...
"As estrelas não estão nem aí pro que você deseja, a magia não torna as coisas melhores e ninguém deixa de se queimar quando põe a mão no fogo. Se você quiser chegar a algum lugar... tem que aprender três coisas. O que é real, o que não é real e qual a diferença."
E não se deve esquecer: 

"A luz acha que viaja mais rápido que tudo, mas está errada. Não importa quão rápido a luz viaje, a escuridão sempre chega antes e está a sua espera."


No 12 de Março, quando cheguei em casa, como de costume, me vi na frente do computador para contemplar as novidades do mundo. Foi nesse momento que recebi a noticia do falecimento de Terry Pratchett. Naquele momento preferi não dizer nada, mas olhando em retrospecto, ele tem sido meu autor favorito pelos últimos 10 anos. Não sou de escrever cartas a meus autores, mas não posso deixar de registrar minha gratidão pelo seu trabalho.

Pratchett escreveu mais de 70 livros, vendeu mais de 85 milhões de exemplares em todo o mundo.
Foi diagnosticado em 2007 com Alzheimer, o que não o impediu de continuar escrevendo. Ele defendia a pratica da eutanásia e em nota oficial foi dito: "Terry morreu em casa, com o gato dormindo em sua cama e cercado pela família, no dia 12 de março de 2015"

Me sinto quase criminosa por está triste, foi feita a sua vontade e definitivamente me afligia a ideia de uma mente tão incrível definhar até o limite do senilidade, porém não sei como evitar a melancolia, há mais um espaço vazio nesse mundo, eu já sinto saudades!

Enfim, acho vou imitar os estudiosos da Literatura, ter uma crise de otimismo e guardar no coração a ideia de que autores geniais, através de seus livros, encontram uma forma de eternidade.



sábado, 7 de março de 2015

De quando conheci minha amiga paratleta e tive um vislumbre de uma competição paralímpica!

Não é novidade o caráter inusitado dos encontros tornados possíveis pela internet, mas eu não canso de observar absurdada o quanto essa característica do espaço me possibilitou encontros com os quais jamais sonhei, como por exemplo esse com a Erica Ferro, minha amiga paratleta.

No final de fevereiro, a Erica esteve aqui em Recife competindo na "Etapa Norte/Nordeste do Circuito Caixa Loterias de Atletismo, Halterofilismo e Natação". Obviamente que quando uma amiga de longa data com a qual você já trocou uma "coleção de álbuns de figurinhas" vem a sua cidade você não pode deixar de ir vê-la e eu fui.


Encontrei a Erica, suas medalhas preciosas, seu afeto, seu abraço e seu delicioso gosto de sol com uma pitada de água clorada que lhe cai muito bem! E como se não fosse suficiente conhecer pessoalmente minha amiga atleta, ainda tive um vislumbre do que é uma competição paralímpica.

Para mim, atletas/paratetas sempre tiveram uma aura de mito. Minhas memórias mais antigas relacionadas a esportes vem de está assistindo competições de atletismo junto com meu pai e contemplar aqueles homens e mulheres incríveis correndo, ultrapassando obstáculos, voando com a ajuda de uma rava, saltando.

Meu pai nunca foi, e não é, um homem silencioso, mas diante desse espetáculo ele se calava, e mesmo hoje se cala. mas eu nunca tinha ido vê pessoalmente as competições acontecendo ou a figura dos atletas circulando nos ambientes nos quais a competição acontece. É um encontro impressionante e difícil de descrever sem parecer uma pessoa boba!

No país do futebol, praticar qualquer esporte que não envolva um gramado limitado por um retângulo com traves na extremidade em si já é uma rebeldia. Levar esse esporte a sério a ponto de competir em caráter regional então nem se fala. Há algum tempo, nos descaminhos da internet, encontrei uma imagem na qual se lia: "Te quiero porque tu boca sabe gritar REBELDIA" (~Mario Bendetti). Quando eu assistia os rapazes e as moças espalhados em várias atividades no  Centro Esportivo Santos Dumont do só pensava nela!


E os paratletas ainda desconstroem com suas atuações a ideia torpe de que possuir uma deficiência física ou cognitiva é sinônimos de incapacidade ou de impossibilidade.


Sempre desconfiei que existia mais de uma forma de atravessar uma piscina... Sempre desconfiei que existe mais de uma forma de nadar... Mas nunca tinha visto tantas formas juntas! É bonito de se vê e de repente a gente compreende porque os "Jogos Olímpicos" sobreviveram ao fim da crença em Zeus e no Olimpo. Espirito de vencer seus próprios limites e o prazer de contemplar as pessoas fazendo isso é impagável.


Através da convivência há muito descobri que o Brasil se destaca nos Jogo Paralímpicos, o maior evento esportivo mundial envolvendo pessoas com deficiência. O site do Comitê Paralímpico Brasileiro é muito organizado, tem até um espaço dedicado a conta a história do movimento paralímpico no Brasil e no mundo para quem se interessar pelo tema.


Ah, claro que levei um cartaz para a Erica! Porque fui torcer!


Claro que ela assinou com um autografo!


Claro que ela ganhou um monte de medalhas!


E ficou chateada por perder um ouro por conta de "dezesseis centésimos".


Ah, cá está meu lindo autografo: