quinta-feira, 31 de março de 2022

Dias cheios que passaram e eu senti

Sentei para escrever uma resenha de um dos livros do projeto "40 Livros Antes dos 40", "Sempre Vivemos no Castelo" da Shirley Jackon, para não zerar o mês de março sem nenhuma postagem e me dei conta de quantas coisas aconteceram dentro dos 31 dias de março e resolvi trocar o tema da postagem e falar sobre esses dias cheios que passaram e eu senti. Esse post pode ficar enorme, não se sintam obrigados a ir até o fim.


Para começar pelo mais importante, finalmente as aulas presenciais voltaram na rede na qual leciono, assim meio de supetão pois tudo estava previsto para voltar agora em abril, mas sem muitas explicações do prefeito ou secretária de educação, por ordem do Ministério Público, voltamos com 100% de estudantes em sala de aula. As salas estão tão lotadas quanto sempre foram desde que me entendo como docente em instituição pública, a desestrutura também segue firme e forte, as cobranças então nem se fala.

Mal coloquei o pé na sala de aula já havia cobrança, sem muita introdução, por uma ação sobre "O Dia da Mulher" da qual não participei e angariei a antipatia da supervisão e da gestão. O cotidiano da vida docente é muito cheio de situações capciosas, a gente tem tarefas tão difíceis a cumprir, todo um grupo de estudantes que passaram dois anos sem frequentar a sala de aula, o verão esquentando nossos corpos em salas lotadas cujos ventiladores não dão conta e o que irrita é a professora não realizar a atividade para a qual não houve planejamento prévio.

A experiência de viver a vida parece um grande teatro do absurdo, talvez as pessoas se irritem com o micro para não passar mal com o macro. E sim, em resposta a minha rebeldia, a atividade sobre o "Dia da Água" foi obrigatória, fui obrigada a participar. Coincidentemente no "Dia da Água" faltou água na escola... hahahahahah.... Isso me lembra algo que Rafael vem me dizendo diariamente... estou dando gargalhadas que ecoam no corredor da minha casa... Essas vivências de escola são muito absurdas!


Leciono História desde 2014 e registro aqui os altos e baixos dessa vida docente acidentada responsável por me ensinar a viver "um dia de cada vez", mas nunca antes vi essa máxima tão rigorosamente aplicada. Março de 2022 radicalizou o "um dia de cada vez" e todos os dias tive um horário diferente para as aulas, até o presente momento não tenho meu horário fixo de 2022.

Completei cinco meses morando aqui e me sinto bem em minha casa a ponto de chama-la de "Casita", como a Maribel no filme "Encanto". Finalmente recebi aqui minha cunhada e meu irmão para um almoço. Cozinhei um monte para os dois pois minha cunhada estar na lista de pessoas para as quais amo cozinhar. Ela nunca me decepciona, sempre encontra algo para elogiar, faz gosto fazer as coisas para ela. A visita foi maravilhosa, conversamos muito, entramos na madrugada relembrando a infância, sorrindo, falando besteira, compartilhando a vida. Eles encheram essa casa e deixaram nela a energia de um lar.


Março também foi um mês no qual mal pisei na academia, aliás, pisei apenas uma vez. De fevereiro para cá minhas atividades de musculação foram para o espaço sideral, muito longe do alcance da minha vontade. Paguei a academia adiantado e estou perdendo dinheiro enquanto minhas pernas preferem me levar para a praça onde caminho com frequência nos fins de tarde. A foto abaixo não mostra o melhor ângulo da praça, mas foi o ângulo de hoje. Acho muito gostoso caminha ouvindo música. É tão refrescante, o meu corpo ama, minha cabeça flutua, chego em casa leve.


Finalmente consegui trazer meus livros de Nova Descoberta para cá. Caixas e mais caixas de livros invadiram minha sala e ficaram nela por dias, semanas, com volumes esperando impacientemente por estantes nas quais pudessem repousar.


Dois terços de minha coleção de livros estão aqui comigo, precisei comprar mais uma estante para abrigar todos eles. A estante comprada media dois metros e vinte centímetros e por isso dividi ela em duas menores e mais seguras para meus 1,52 de altura.


Hoje tinha planos para ler bastante, mas não consegui ler nada. Passei o dia organizando os livros, tentando encontrar para eles os seus devidos lugares. Organizando minha biblioteca pessoal com gosto e honra. Tentando pôr ordem nessa casa com três estantes e uma mesa para refeições sem cadeiras. Cuidar dos livros me traz muita satisfação, organizo eles e me organizo mentalmente junto.




Falando sobre organização, recentemente me aborreci a loja na qual comprava meu botijão de água mineral e terminei comprando um filtro de barro. Minhas amigas influenciaram um pouco minha decisão, mas a irritação foi a combustão final, o Sol está em Áries é oficialmente a época do ano na qual a força do ódio motiva as pessoas hahaha... A adaptação não está sendo muito fácil. Passei a infância toda bebendo água filtrada, vendo minha mãe lavar as velas com açúcar e por vezes esquecendo de reabastecer a parte de cima dele, mas não lembrava do gosto da água. Espero consegui me readaptar a ele.


E sim, fui assistir o filme novo do Batman com o Robert Pattinson e amei! Apesar de amar a Trilogia do Cavaleiro das Trevas, achei esse novo filme muito jovem e dinâmico, perfeito para nosso momento e expectativas, porém, melhor que o filme foi as companhias. Aquela pessoa amiga. Mil filmes com ela pelos próximos anos da nossa vida!

Também consegui da aquela passadinha básica em Recife e vi um amigo de longa data em um lugar que amo, a saber: Banca Guararapes. Sou aquela fã de quadrinhos com o habito de comprar em uma banca de revistas histórica localizada no Centro do Recife. É uma honra ser cliente do meu querido Srº Orlando e ter pessoas com as quais compartilho esse habito.


No mais, conseguir ir visitar os meus pais, passei o último fim de semana do mês em Igarassu, acordei com Lion ao meu lado por três dias consecutivos e ainda choro de saudades dele. Não me sinto sozinha nessa casa na qual moro sozinha. Nos dias de folga, quando acordo naturalmente, por vezes, segundo antes de abrir os olhos tenho a impressão de estar na casa de Nova Descoberta, não na versão da minha infância, mas na versão de meus primeiros anos de vida adulta, como em um sonho me sinto em uma manhã de sábado com Mainha dando início aos preparativos do almoço, Rafaela já desperta estudando para o vestibular, Júnior também dormindo no quarto da cozinha, a sala em silêncio... os sons das casa vizinhas invadindo os da minha como só acontece nas casas de periferia... alguém liga a televisão... sinto que está na hora de levantar e a consciência volta.

Não sabia o quanto aquelas manhã de sábado eram boas quando despertava dentro delas, mas aqui, na Casita, abro os olhos, volto ao meu presente, levanto e sigo com o dia, preparo meu dejejum, lavo pratos, boto a roupa na máquina, passo pano no chão, leio, arrumo livros, vejo se falta algo no armário e na geladeira, faço compras, cozinho, converso com aquelas pessoas presentes em todos os dias, mando mensagem para Mainha, confiro as partes do corpo e confirmo de mim para mim mesma que não estou caindo. Talvez daqui há mais dez anos acorde sonhando com esses dias vividos aqui, dessa forma. O tempo não para, só a saudades faz as coisas pararem no tempo e março foi um mês com dias cheios que passaram e eu senti.

2 comentários:

  1. que bom que recebeu os amigos. amo livros tb, q bom q seus livofs voltaram a estar com vc agora. em geral o gosto estranho no filtro de barro é no começo, qd a vela é nova. depois some por completo. tb amo filtro de barro. não some. beijos, pedrita

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  2. Puxa, teu março foi bem intrenso. Quanto à escola ,é fogo a obrigação de fazer essa ou aquela tarefa e ainda mais festejar o dia da água,sem ela aparecer nas torneiras da escola! Haja! Cada uma!

    Boas as visitas e gostei da prateleira arrumadinha já!

    Feliz abril, beijos, tudo de bom,chica

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