terça-feira, 26 de outubro de 2021

O Velho e o Mar de Ernest Hemingway

 

Sou uma pessoa leitora bastante colecionista, gosto de ler e de ter o objeto livro. Não só compro muitos livros como ganho e, não raro, livros comprados ou recebidos de presente ficam anos na estante esperando para serem lidos. "O Velho e o Mar" do Ernest Hemingway é um desses livros que ganhei e ficou anos na estante esperando para ser lido. E não, dessa vez não foi a Ana Seerig a responsável por trazer o livro a minha vida, esse foi presente de Tia Helena em Julho de 2007, nessa época eu ainda morava em Recife, na casa dos meus pais em Nova Descoberta e cursava o 5º Período do curso de História na UFRPE.


Levou mais de uma década para tirar o livro da pilha dos "não lidos", mas a leitura do texto em si foi muito breve. Na manhã de 30 de Agosto peguei ele para ler e no fim da tarde já tinha terminado. A escrita do Ernest Hemingway se revelou extremamente fluida, a leitura segue como se não estivesse lendo e sim ouvindo de alguém a história. Esse é um daqueles livros que se leem sozinhos. Mal estava lendo "O velho chamava-se Santiago.", primeira frase da primeira página, e de repente estava virando a ultima página, lendo "O velho sonhava com leões." e sentindo certo vazio existencial.


Em "O Velho e o Mar" conhecemos Santiago, homem idoso que vive sozinho em uma cabana numa aldeia de pescadores. Ao longo de uma vida de trabalhos Santiago não acumulou muita coisa, sua existência é extremamente simples, lhe resta apenas a cabana, o barco, suas habilidades de pescador e um aprendiz que não trabalha com ele pois sua recente má sorte leva a família do rapaz a separa-lo de seu mestre lhe enviando para trabalhar em um barco de melhor sorte.

Santiago é idoso e cansado, mas não havia aposentadoria para tais homens no momento no qual Hemingway escreveu seu livro e mesmo idoso ele se lança ao mar atrás de uma pesca. Nesse lançar-se ao mar ele encontra um grande peixe o qual desafia suas habilidades, lhe força a empreender uma perseguição longa e cansativa na qual ele avança para o alto mar e além. O enredo da história dessa pescaria poderia ser um grande romance de aventura, o nosso protagonista podia ser um herói romântico enfrentando os reverses do mar, chuva, sal, sol, tubarões e um peixe de dimensões sensacionais e no entanto Hemingway optou por escrever dentro desse enredo uma história de reflexão sobre a vida.

Na narrativa Bíblica tem um profeta chamado Jonas, em uma tempestade ele é jogado ao mar, um grande peixe o engole e ele passa três dias dentro desse Grande Peixe refletindo sobre a vida. Na narrativa do Hemingway tem um velho chamado Santiago que é arrastado ao Mar por um peixe e dentro do mar navega sobre as sombras e as luzes da própria vida. É sensacional!


A forma reflexiva como Santiago vive essa Pesca Maravilhosa de um peixe me arrebatou. Li em um sopro. No entanto, mesmo lendo rápido o livro não saiu da minha cabeça. Na solidão do mar esse homem pensa sua vida inteira, na minha própria solidão fechei o livro faz uns dois meses e sigo fazendo refletindo minha vida inteira tal qual Santiago.

Mesmo agora, ainda estou absurdada com a forma como uma história que poderia de aventuras e reviravoltas foi transformada através da narrativa em uma trama de reconstrução de memórias e reflexão existencial.


Muita coisa aconteceu na minha vida desde Agosto. Li mais alguns livros, algumas coisas mudaram dramaticamente, retornei as aulas presenciais depois de mais de um ano longe da sala de aula, revi minhas amigas queridas. Vivi várias coisas sobre as quais desejo escrever, mas essa velha história, esse velho livro, continua comigo e não posso passar sem escrever, de deixa aqui algumas linhas sobre ele.

Não sei se sinto essa necessidade por nos últimos tempos me sentir como alguém que foi puxada para o Mar aberto por um Grande Peixe. Não sei se sinto isso apenas por esse ser um livro clássico capaz de envolver, inquietar e permanecer no coração por muito tempo. Só sei que se eu fiz toda uma digressão para começar a falar do livro em si é porque de certa forma a leitura convida a isso. Santiago pensa muito na vida dele, ai a gente deixa ele sonhando com leões e começa a pensar a nossa vida.

Minha edição idosa foi publicada pela Editora Civilização Brasileira em 1975, as ilustrações nela contida são de C. F. Tunnicliffe e Raymond Sheppar e foram reproduzidas da edição inglesa de 1952.

8 comentários:

  1. tb gosto de ler e ter livros e tenho uma estante de livros a ler. atualmente já mesclados com o q li e com menos livros a ler. tb ganho livros usados de amigos. agora mesmo estou lendo um q uma amiga me presenteou. e acho q ela comprou em um sebo, então o livro está bem velhinho. eu tinha esse livro e igualmente demorei a ler. esse eu não li. não me animo muito com livros de aventuras. beijos, pedrita

    ResponderExcluir
  2. Es un buen libro lo lei hace tiempo. Gracia spor la reseña. Te mando un beso

    Enamorada de las letras

    ResponderExcluir
  3. Olá, Pandora.
    Eu já ouvi falar muito bem desse livro e sempre fiquei curiosa com ele. As vezes a gente só quer ler algo para passar o tempo, outras aquele livro que te deixa refletindo tempos depois da leitura finalizada. E esses são os que mais marcam a gente.

    Prefácio

    ResponderExcluir
  4. Amei a resenha. Eu sempre vejo esse livro na Amazon e vivo colocando no carrinho, mas não compro por medo de não ler.
    Agora deu uma vontade absurda de ler e conhecer a história do Santiago
    beijos
    https://www.dearlytay.com.br/

    ResponderExcluir
  5. Ah menina, super te entendo no quesito "livros não lidos por anos na estante". Estou tentando mudar isso um pouco por aqui, mas ainda tem alguns livros parados, que são ótimas leituras, mas sabe quando eles só ficam lá e você passa outros na frente? Então... Mas que bom que você gostou da leitura, eu não conhecia o livro, mas confesso que fiquei curiosa, especialmente por ser uma leitura rápida.
    Bjks!

    Mundinho da Hanna
    Pinterest | Instagram | Skoob

    ResponderExcluir
  6. Mas que inveja eu sinto de ti,
    minha amiga. Ninguém, em tempo
    nenhum me deu um livro de presente
    a não ser uma certa amiga, mas para
    cada um que me dava roubava dois ou três
    das minhas estantes. Há pouco tempo
    ela, que tem má memória, me perguntou
    se eu já tinha lido o Caçador de Pipas.
    Ela deve ter corado quando lhe disse que
    não porque o meu havia sumido e o pior
    é que sumiu exatamente no dia que ela
    veio me visitar.
    Ah, deixa pra lá. Comprei outro e já
    até li, se é que alguém se importa com
    com isso.
    Um beijo e muito boa noite.

    ResponderExcluir
  7. Oi, Pandora!
    "Um homem pode ser destruído, mas não derrotado". Não existe vergonha na derrota, somente na desistência. Vale todas as tentativas, mas não vale não vale desistir antes de tentar. O medo é o grande monstro que cresce dentro da nossa mente conforme adiamos destruí-lo.
    O que falar desse livro que já não foi dito, não é mesmo? Ganhou o nobel de literatura e acho que um pulitzer. O tipo de leitura que é preciso ter amadurecimento, senão será classificado como "chato" (rs*)
    Beijus,

    ResponderExcluir
  8. Me encantei por esse livro a um tempo mas, como o dinheiro é um problema, estava segurando para não comprar.
    Medo de gastar e o livro ser ruim!
    Sua resenha ajudou a clarear minhas ideias.

    ResponderExcluir