A época das mangas já passou, mas tem uma mangueira no quintal onde meu irmão trabalha. E, com seus 31 anos, meu irmão ainda não esqueceu como se faz para subir em um pé de manga e colher os frutos pendurados nos lugares mais difíceis.
Como ele consegue se recordar das artes de moleque, há manga rosa na mesa da cozinha. O perfume dessas frutas não tem palavras que descreva e a cor não tem câmera que guarde. São lindas e cheirosas. Um presente oferecido desse jeito quase displicente que meu irmão tem de presentear.
Recife, 27 de março de 2020.
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As mangas estavam no escorredor de macarrão idoso da minha mãe, postas em cima da mesa da cozinha. A mesa na qual escrevi a mão me primeiro trabalho acadêmica de "Introdução aos Estudos Históricos" e também minha dissertação de mestrado inteira. A mesa das muitas refeições. Rafaela, minha irmã mais nova, ficou morando com o companheiro dela na casa de Nova Descoberta. Recentemente ela jogou o escorredor fora, a mesa permanece sendo palco das refeições de uma nova família de dois. Finalmente comprei uma mesa especifica para escrever meus trabalhos, ela vive em uma eterna bagunça de livros, cadernos, canetas e Lion.
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