"O Bestiário Particular de Parzifal" de Hiro Kawahara

Em "O Bestiário Particular de Parzifal" Hiro Kawahara conta a história tocante de Parzifal, uma mulher que cresceu isolada na floresta protegida por uma gama de amigos imaginários. Quando nós a encontramos pela primeira vez, ele tem 24 anos, está grávida e seus amigos estão lhe informando que ela precisa saí da floresta e enfrentar o "Mundo lá fora" e, de fato, é isso que nossa heroína faz.

No entanto, Parzival é emocionalmente frágil, cândida, inocente e o mundo não tem o habito de perdoar esses defeitos. Como é de se imaginar, ela sofre tendo uma vida agrida na qual constrói mais decepções que qualquer outra coisa até o dia no qual uma emergência obriga ela a voltar para seu lar original com suas duas filhas e mergulhar novamente em seu mundo infantil.

É fácil se emocionar com a história contada por Hiro Kawahara. A estética do livro é toda delicada e encantadora o roteiro não faz firula, vai direto ao ponto e tem qualquer coisa de arrebatador e franco na forma como conta a história uma tanto quanto trágica de Parzifal, essa heroína tão real. Não é difícil ter vontade de abraçar e proteger a mulher-menina que cresceu entre fantasias e não teve muito sucesso em seu enfrentamento com a realidade, uma Dom Quixote na vida.

Essa é um fábula sobre família, abandono, perda e reencontro. É linda, sintética e lamentavelmente real, confesso que em algum momento desejei um pouco menos de realidade no desfecho. É aquele tipo de leitura emocionante, terminei o HQ com lágrimas nos olhos e um desamparo no coração, foi impossível não abraçar o livro.

"O Bestiário Particular de Parzifal" é um espetáculo para os olhos e ao mesmo tempo, por mais que dialogue com a fantasia, é um choque de realidade para o coração, afinal, nem sempre as relações entre pessoas sonhadoras e pessoas pragmáticas são fáceis e assertivas. Para quem gosta de HQs que contam histórias emocionantes sem muita enrolação essa é uma boa pedida. Apesar de ser um Pecado Capital, não consigo deixar de sentir certo orgulho de ter participado do financiamento coletivo dessa beleza e ter meu nome escrito nos agradecimentos.