domingo, 28 de dezembro de 2014

De como me tornei "O tipo de pessoa que ganha um Nietzsche de presente de Natal".


"Ninguém é obrigado a ser uma coisa só", eu sempre digo isso. Claro, nessa frase eu estou advogando em causa própria, pois definitivamente me dou o direito de ser muitas coisas sendo uma pessoa só.

Acordo de 5:50, sou uma sonambula precisando de mais uns 10 minutos para sair da cama...
Me arrasto para fora da cama as 6:30, ainda sou a indisposição em pessoa, muito prazer!
Pelo o ônibus, encontro os primeiros alunos, sou a professora de História.
Lago as 12, sou uma transeunte apresada.
Chego na creche, sou tia, Auxiliar do Desenvolvimento Infantil, Educadora Infantil...
Estou novamente em casa, sou filha.
Sento no computador, sou blogueira.
Estou livre de trabalhos, sou leitora.
Encontro pessoas no twitter, no face, na rua, no telefone, na vida, sou amiga.
Abro meu kobo, sou leitora.
Por todo o tempo sou cristã.
Quando não estou dormindo tenho sono.
Quando meu irmão sai para bebe na sexta e volta depois da meia noite e quer conversar, sou a irmã que vai dormir só depois dele dormir.
Quando me embrenho na internet por qualquer canal sou também a Pandora.
Olho para o céu noturno, sou Jaci.
Meu pai me chama, sou Ja-ci-le-ne.
Respiro, sou um ser vivo, mamífera, bípede, carnívora com culpa.

Mas, nunca pensei que em 2014, eu seria o tipo de pessoa que ganha um livro de Nietzsche de presente de Natal. Sem sombras de dúvidas, essa foi uma das grandes surpresas do ano, e talvez da vida.

Quando foi proposto aos colunistas do blog "O que tem na nossa estante", a realização de um amigo secreto no qual todos ganharíamos livros, topei na hora e corri para atualizei meu perfil no skoob. A Ju me pegou e vasculhou os 236 livros da minha lista de futuras leituras. Ela poderia ter escolhido um romance água com açúcar, o ultimo lançamento de Gaiman, um HQ qualquer como "Azul é a cor mais quente" ou "Kiki de Montparnasse", o próximo volume de Sailor Moon.... maaasss nãoooo escolheu ele!

Porque sim, uma historiadora cristã como a Ju, capaz pesquisar o Jesus Histórico e escrever poemas emotivos sobre a fé, jamais faria uma escolha corriqueira. Ela teria que irrevogavelmente aumentar minha lista de "eus" me tornando o tipo de pessoa que ganha um livro de Nietzsche de presente de Natal.

Nietzsche não é um autor de fácil leitura. Ele é difícil, o tipo que, na minha opinião, escrevia em um fluxo de ideias grande o suficiente para lhe fazer esquecer da existência de pontos finais. Além do mais, ele escreve do passado e sobre o passado.

Há quem afirme ser o pensamento dele uma coisa atemporal, mas eu não acredito em produtos culturais, como a Filosofia, dotados de atemporalidade. Então, Nietzsche emerge em minha imaginação como alguém não muito amado, vitima e produto das idiossincrasias de seu tempo. Iluminado pelo pensamento positivista e ao mesmo tempo critico dele... um ser humano angustiado e afligido pelos paradigmas de seu tempo...

Enfim, agora tenho um volume de "Além do bem e do mal" ocupando um lugar de destaque na minha estante. Sempre que olhar para ele vou lembrar dela, desse Natal e de mais esse eu....
____________________________
OBS: Estou bem atrasada com os meus registros de 2014, tive dois meses de hiato nesse blog, o qual também é meu diário, então corro o risco de fazer uma verdadeira maratona de postagens, uma em cima da outra praticamente.
Ah, sobre o post anterior, obrigada Chica, Adriana e Tio Verden... Você são um amor! Adriana, você está mais que certa! Bola para frente!

5 comentários:

  1. Jaci,
    que bom! Bola para frente mesmo! Meu lema sempre! E quanto ao seu livro que ganhou, parabéns! Quem manda escrever tão bem que a sua amiga secreta viu que esse seria um livro ideal para vc. E vou te confessar uma coisa, nunca li nada do Nietzsche! Depois conta o que achou do livro!
    Beijos e feliz 2015
    Adriana

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  2. Oi, Pandora!
    Sedutora a ideia de ler um postezito seu sobre Nietzsche, um ateu frustrado com Deus, a Igreja, as religiões, os religiosos... Que na minha humilde opinião, negar Deus é querer matar todas as suas frustrações e tudo aquilo que impede o homem de evoluir, subentende-se que para ele, o homem é o seu próprio Deus, logo ele tem que cuidar de tudo que o rodeia porque Deus não fará isso por ele. Acho que Nietzsche esqueceu do livre arbítrio. Deus está vivo, mas a criação dele está morta. Esse é o mal, o homem é a sua própria maldade. Mas pode escolher ser a sua própria bondade.
    Na espreita... rs.
    Feliz 2015!!
    Beijus,

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  3. Jaci!!!
    Não poderia descrever melhor: "...o tipo de autor que, na minha opinião, escrevia em um fluxo de ideias grande o suficiente para lhe fazer esquecer da existência de pontos finais."
    Feliz 2015 gata
    Beijos meus e da Maluzinha

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  4. Adorei o post, suas palavras, sua poética. É sempre uma delicia ler o que você tem a dizer.

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  5. Comprei o Crepúsculo dos Deuses e somente comecei a ler. Nietzsche é complicadinho, mas ainda moro de vontade de ler Humano, demasiadamente humano e seu espírito livre. Bjãoo

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