Quem ou foi aluno noturno da UFRPE sabe que quando o Barro Macaxeira-Várzea ou do Rio Doce-Dois Irmãos, entre outros, são ônibus que lotam a noite e quando param lá depois das aulas surge automaticamente uma longa fila diante da qual os estudantes fazem as mais diversas escolhas.
Alguns correm para ela de maneira desesperada para garantir um lugar sentado ou próximo a porta, em troca do que eles esperam cerca de uma hora enquanto o ônibus vai enchendo; outros ignoram e esperam um mais vazio; uns terceiros comem tranquilamente sua coxinha de galinha com catupiri bebericando caldo de cana e quando a fila esta no final pulam no ônibus; e ainda há uns tipos que ficam papeando até o momento no qual eles tem que correr desesperadamente para não perder o ônibus irritando muito quem entrou primeiro e achava que o ônibus já ia sair.
Eu geralmente fazia parte do ultimo grupo e foi em uma dessas ocasiões, em meio a um papo de "espera ônibus encher", que um amigo me contou a respeito da existência de Elizabeth Bishop, segundo ele era fundamental que eu conhecesse.
Conto essa história novamente pois hoje uma vez mais lembrei da Elizabeth, cuja lenda conta que foi uma americana, poetiza das mais importantes do século XX, em língua inglesa, e viveu cerca de 20 anos no Brasil, antes de voltar para sua terra consagrada.
Conto essa história novamente pois hoje uma vez mais lembrei da Elizabeth, cuja lenda conta que foi uma americana, poetiza das mais importantes do século XX, em língua inglesa, e viveu cerca de 20 anos no Brasil, antes de voltar para sua terra consagrada.
Entre os poemas dela que amo encontra-se "Arte de Perder" cuja leitura sempre me emociona e me leva a reflexão... Em especial nos últimos tempos nos quais tenho perdido tantas coisas a ponto de esquecer como é ganhar...
A parte isso, acordei recordando a Elizabeth Bishop, pois acabei de ver que o Bruno Barreto fez um filme sobre a vida dela chamado "Flores Raras" e esse filme foi selecionado para participar de uma mostra de cinema em Berlim com Glória Pires e a atriz americana Tracy Middendorf no elenco... Acho que esse é um filme que entra para minha lista.
Para quem gosta de cinema e tiver interesse fica o link da matéria: Filme de Bruno Barreto é selecionado em Berlim
Para quem gosta de poesia fica o poema que amo:
Arte de perder
Elisabeth Bishop
A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia.
Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita.
Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe.
Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas.
E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles.
Mas não é nada sério.
– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério.
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P.S.: Tinha esquecido, o terceiro podcast das "Meninas dos Livros" está no ar lá blog o assunto do mês é séries Aleska falou sobre "As Crônicas de Arthur", a Mi falou da “Academia e Vampiros”, eu falei de “Crepúsculo” e Ana sobre "Os Três Mosqueteiros" e rolou até briga rsrs... Fica o link também:
Eu não conhecia Bishop - mas quando se trata de poesia eu não conheço muita coisa - mas tenho uma certa admiração pelo Bruno Barreto, que consegue ser minimamente relevante em terra de gente grande do cinema. Também fiquei curioso, e o título ajuda bastante. Mas um filme que quero assistir ;)
ResponderExcluirNossa Pandora.. que legal, o poema é lindo... e com certeza a história de vida dela irá me encantar..
ResponderExcluirAcho lindo história de mulheres que de alguma forma gravaram seus nomes na história..
Vou procurar saber mais dela..
um beijo e um dia especial viu?
Que legal. Adorei o post... e me identifiquei mais ainda com a introdução dele! kkk Eu como aluno da UFRPE sei muito bem o que você descreveu! (ah, eu faço parte do primeiro grupo! kkkk Abraços!!
ResponderExcluirSou fã da Glória Pires e de filmes, já vou sair atrás buscando isso... rsrs.
ResponderExcluirBeijocas
Como esta caixa tem surpresas agradáveis. Conhecia Elizabeth Bishop porque ela morou em Ouro Preto e deixou suas pegadas nestas terras de Minas Gerais. Mas não conhecia este poema e ele fala de um tema muito importante para mim, neste momento. Obrigado por compartilhar.
ResponderExcluirNão conhecia esta poetisa, quero ver o filme.
ResponderExcluir=> CLIQUE => ESCRITOS LISÉRGICOS...
Pandora,
ResponderExcluirgrata por me apresentar esta jóia poética.Vou consertar minha falha e procurar saber mais sobre a autora e sua biografia.Sei, por alto, do romance que virou livro e filme.Foi escrito por uma xará( Carmen)e acho que professora também.Tá passada a hora d'eu conhecer melhor toda a história.
Os blogs tem, além de tudo, mais isto de bom, dicas imperdíveis.
Valeu menina!
E a tese?Entregou?
Bjos,
Calu
Oiii, Pandora. :)
ResponderExcluirFiquei interessada nesse filme do Bruno Barreto. Vou assistir. :)
Lindo o poema! Adorei. A gente tem que aprender a perder um pouquinho a cada dia, porque é inevitável. Mas o que a gente perde não se perde totalmente, sempre deixa um pouquinho dentro da gente.
Beijos.