sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Da janela do meu quarto!

É pois é, noite de sexta-feira e estou curtindo aquela solidão silenciosa dos sentidos, bem nem tanto... estou ouvindo música ou barulho, depende muito do ponto de vista, ou de audição, mas admito que está tudo muito alto mesmo e é possível que o vizinho de baixo se incomode em algum momento, mas bem, o vizinho é meu tio e ele vai sobreviver a isso, assim como eu sobrevivo as músicas dele.

Estou no quarto do meu irmão, que já foi meu, com as janelas abertas, olhando as luzes dos morros que existem no entorno ao meu próprio morro e a rua que nos separa e nos une uns aos outros, tem até um avião sobrevoando o céu noturno nesse exacto momento e empoleirada assim essa é uma visão reconfortante de se ter, me lembra os versos do poema "Tabacaria" de Fernando Pessoa:

"Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada."

E assim me permito ficar, observando o Destino a conduzir a carroça do tudo pela estrada do nada, mais alguns minutos e vou baixar o som ao volume ambiente e então talvez desligue o pc e fique só a apreciar a visão da rua, das luzes das casas e dos aviões que sobrevoam o céu noturno enquanto pondero sobre a vida, as perdas, os ganhos, a semana letiva que se foi, o fim de semana que estar por vim a próxima semana letiva que virá, o que preciso fazer, o que preciso não fazer.

Sei que com o avanço da noite o movimento dos carros vai diminuir, mas que o brilho das luzes fluorescentes e incandescentes vai continuar firme e forte madrugada a dentro, que o silêncio vai penetrar no juízo de todos nós, a excessão de um ou outro latido de cão; que possivelmente um bêbado vai aparecer na rua desafiando o silêncio em passos trôpegos; que a lua que vi nascer enquanto voltava do trabalho vai voltar ao meu campo de visão; que Júnior vai chegar da universidade; que eu vou fechar essas janelas; conversar um pouco e me entregar ao merecido prazer de uma noite de sono.

E sim, deixo a apreciação de quem gosta dessa arte a fotografia do Tiago Luiz Riccio, com suas lentes clicou uma paisagem muito parecida com a que meus olhos clicam agora, perfeita para encerrar esse post que devia ser outro, mas ficará assim.





15 comentários:

  1. Menina você não vai acreditar! Acabei de sair do teu link e quase deixei um comentário! Tava preocupada com a tua ausencia na minha sala! Delícia te ler! Bjo!

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  2. "Muitas vezes pensais e falais da noite como de uma estação de repouso. Mas, na verdade, a noite é a estação da procura e do encontro."Li por aí. Beijos bom final de semana.
    ladodeforadocoracao.blogspot.com/

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  3. Jaci, ás vezes falar o nada e do tudo é tão bom1
    bjs
    Jussara

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  4. Obrigada Fernanda, delicia te ler também, Ana, que lindas palavras... para mim, uma madrugadora proficional, a noite é sempre uma estação da procura e do encontro... É verdade Jussara, as vezes falar do nada e do tudo é bom demais... relaxa....

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  5. Podes achar estranho...mas gostos do estado que descreves... Sem ninguém...Com Pessoa:)

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  6. Das janelas do meu quarto, acho que de todo meu apartamento não dá pra ver muita coisa que preste. Abro e dou de cara com um vizinho. Então todas ficam abertas com uma cortina fina que me separa do mundo lá de fora.

    Quando sinto necessidade de ver gente, ver o mundo, tenho que sair mesmo. Mas convivo bem com o que há do lado de dentro das minha janelas... rs

    Beijocas

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  7. Ah M, pessoa é sempre a melhor companhia, especialmente quando estou nesse estado, que, diga-se de passagem, não é nada ruim!

    Dama, sair é sempre bom, novos ares quando os que nos são comuns cansam... E sim, ainda estou em processo de aprendizagem, quando o assunto é conviver com o que está do lado de dentro!

    Obrigada Meninas!

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  8. Oi Pandorinha :)
    Sinto-me assim muitas vezes ... a noite é quando cai o silêncio que muitas vezes é ensurdecedor e aí em encontro, me perco, me econtro de novo, flutuo ... sabe?
    Com vista para a rua ou para o Céu onde uma linda Lua cheia reina, eu adoro esses momentos.
    Beijo na alma
    Angel.

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  9. Amiga minha, te adoro te admiro, e vim deixar meu beijo, e me desculpa pela falta de tempo, mas acredite amiga não equeço de vc de jeito nem um!!

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  10. a música é Eu te amo calado, Lulú Santos.

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  11. Minha querida , eu e minha janela ja passamos por muitas coisas juntas, ela sabe todos meus segredos , pois sempre ouve minha orações quando as faço debruçada na janela e olhando para para o ceu
    bjs

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  12. Lindo texto me lembrei da musica do Milton Nascimento "Paisagem da Janela". Parabens obrigado pelo carinho com o Baú a LADY GARÇA teve sua mais forte inspiração nas em vocês mulheres maravilhosas da blogosfera e é minha personagem feminina mais forte e curto muito fazer apesar dela caminhar praticamente sozinha... Um abraçominha amiga!

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  13. Oi Pandora!

    Vim conhecer seu blog e já me apaixonei!!!

    Obrigada por suas palavras deixadas lá em meu PBI. Eu adoro esse poema do Fernando Pessoa. É um dos que mais gosto. Parece que passa um filme diante de nossos olhos ao lê-lo. Parabéns pela postagem!

    Um beijo

    Carla

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  14. Olá, Pandora!
    Estou retornando para olhar sua caixa e também digito olhando pela janela de meu quarto. Aqui, moro em uma casa, tenho árvores enormes na calçada e fico pensando no silêncio de minha rua. Não costumo ouvir música enquanto digito e é só o silêncio a me acompanhar.

    A paisagem que aí vês é muito estranha para mim, pois por aqui tudo é plano.

    Um beijo!

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  15. Enquanto você falava da noite, de música, de sons da rua e luzes eu fui cantando Ivan Lins, uma canção que adoro e que combinou direitinho com o sentimento que tive enquanto lia:

    "A noite tem bordado
    Nas toalhas dos bares
    Corações arpoados
    Corações torturados
    Corações de ressaca
    Corações desabrigados demais

    A noite tem falado
    Nas cadeiras dos bares
    De paixões afogadas
    De paixões recusadas
    De paixões descabidas
    De paixões envelhecidas demais


    A noite traz no rosto sinais
    De quem tem chorado demais

    A noite tem deixado
    Seus rancores gravados
    À faca e canivete
    À lápis e gilette
    Por dentro das pessoas
    Por dentro dos toilettes e mais
    Por dentro de mim"

    Abraços, Pandora! Paz e bem.

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