Descobri "Edenbrooke" da Julianne Donaldson através da minha amiga Aldi, ela leu há alguns anos atrás e me indicou sem me dar nenhuma informação sobre a obra, só disse que eu devia ler e ficou ANOS me perguntando se eu li. Nossa! Como amo esse tipo de rolé! Amo quando alguém gosta de um livro a ponto de me pedir para ler e cobra minha leitura, me sinto importante. Quando isso acontece costumo comprar o livro indicado, colocar na estante e um dia, realmente, chego a ler.
Em "Edenbrooke" a Julianne Donaldson conta a história de Marianne Daventry, uma jovem lady amante de atividades como rodopiar ao ar livre, andar a cavalo e viver a vida no campo descobre o seu verdadeiro amor e encontra a felicidade. Só que quando nós encontramos a Marianne a vida dela está muito distante do ideal sonhado por ela: ela encontra-se vivendo na cidade de Bath com sua avó idosa, longe do pai, ainda de luto pela mãe e sendo cortejada por um macho chato de doer. Meu Deus! Que situação!
O livro é contado em primeira pessoa, então vamos vivendo a história a partir dos olhos dela. E a Marianne é aquele tipo de pessoa que não se percebe como protagonista da sua história, ela sempre se viu como coadjuvante na história de sua irmã gêmea , Cecily.
"... era uma vez meninas gêmeas nascidas de um homem e uma mulher que desejavam filhos durantes anos. Essas meninas eram o sol e a lua para eles.Cecicly era o sol, e eu era a lua. Embora gêmeas, só tínhamos semelhanças como irmãs comuns às vezes têm."
A Marianna tem um sério problema de autoestima, por tudo que ela conta a gente percebe ela como uma pessoa maravilhosa, simpática, divertida, ativa, mas que se vê como uma pessoa apagadinha sempre abrindo mão de seus desejos em prol da irmã, sem nem mesmo a irmã solicitar isso a ela. Enquanto isso a Cecily vive sua vida de uma forma sempre aberta a desfrutar de tudo, super autocentrada, muito livre, leve e solta como acontece com crianças e jovens possuidoras da plena certeza de serem muito amadas.
A história contada em "Edenbrooke" não me pegou de imediato, ela foi me pegando pouco a pouco até chegar ao ponto onde eu não conseguia mais largar o livro, encantada com essa mocinha com uma personalidade tão peculiar. Foi muito doce acompanhar o processo de apaixonamento de Marianne pelo Philip, o herdeiro da grande propriedade rural que dá título ao livro.
O apaixonamento dos protagonistas se dá através da convivência dos dois, de longas conversas na biblioteca da propriedade, dos passeios a cavalo, dos momentos de contemplação da natureza. O amor acontecer dentro de um padrão REALMENTE com cara de meados do século XIX. Fiquei ABSURDADA com a capacidade da Julianne Donaldson de construir uma história de amor na qual o primeiro beijo só acontece depois do momento no qual os protagonistas selam seu compromisso de casamento um com o outro.
"Se me inclinasse na direção dele, algo aconteceria. Eu tinha certeza disso. Porém, se me afastasse, nada aconteceria. Então fiquei perfeitamente imóvel, equilibrada entre algo e nada, sem saber para qual lado queria ir."
Claro, não tenho problema nenhum com romances onde os personagens constroem sua cumplicidade enquanto exploram e descobrem sua sexualidade, leio esse tipo de livro com frequência, mas também é muito maravilhoso encontrar livros nos quais os protagonistas constroem sua cumplicidade fazendo outras coisas e esses estão tão raros que me pego caçando romances de época mais antigos para desfrutar de histórias com esse tipo de romantismo menos sexual.
Em "Edenbrooke" nós não acompanhamos apenas o processo de apaixonamento da nossa protagonista e como essa paixão vira amor e se concretiza, mas também o processo através do qual ela começa a se vê como protagonista da sua história. O amor do Philip permite a Marianna entender que ter um Sistema Solar para si não causaria uma ferida na carne de sua irmã.
"Você é brilhante, divertida e deliciosamente imprevisível. Você é corajosa, compassiva e altruísta. E você é linda além da conta. Eu quero você toda você, do jeito que você é. - Ele inspirou. - se me aceitar."
É bonito acompanhar como uma pessoa que sempre se viu como coadjuvante passa a se perceber como protagonista de sua própria vida.
"Era uma vez, duas meninas nascidas de pais que haviam ansiado muito por filhos. Essas meninas eram o sol e a lua para eles. Eu passei minha vida sendo a lua, refletindo a luz de Cecily e permitindo que ela brilhasse. Mas ali, com Philip, eu era o sol. Não podia imaginar um começo melhor para o resto da minha vida."
Só para constar, a falta de autoestima da Marianne é uma construção individual dela. Cecily pode até ser uma pessoa autocentrada, mas não se coloca como vilã, ela nem sonha que sua gêmea sentia que precisa ceder algo a ela. Eu amaria ler uma história protagonizada por essa pessoa solar e tão autossuficiente.
Obrigada Aldi, suas indicações sempre são ótimas. Li "Edenbrooke" enquanto vivia um dos períodos mais difíceis da minha vida e ele consolou meu coração como só um bom romance consegue fazer.
Que dica boa, Pandora!
ResponderExcluirnão conhecia. beijos, pedrita
ResponderExcluirEi Pandora! Fiquei encantada com a forma como você descreveu a jornada da Marianne e como o amor e a autoestima dela foram florescendo. Dá para sentir o quanto essa história tocou você, e isso me deixou curiosa para ler o livro.
ResponderExcluirBeijinhos~
https://justmegabs.blogspot.com/
Que leitura encantadora! Também adoro quando me indicam livros e me cobram a leitura, significa que a pessoa de alguma forma pensou em nós, seja pelas características de leitura ou por outros motivos. Achei incrível um detalhe que vc compartilhou, procurar romances de época que não tenham tanto um apelo sexual...Até parei para fazer uma rápida análise do que temos no mercado atualmente, e realmente, os romances de época (os mais recentes) têm sido mais "fogosos", digamos assim.
ResponderExcluirEspero que você Jaci encontra-se bem, cheia de saúde e coração quentinho! 🥰📚