A vida me deu irmãos. Irmãos consanguíneos, de afinidades, de sonhos, de ideias, de coração. E sou em geral grata por essas criaturas que vez ou outra aparecem para compartilhar cargas e alegrias, partilhar o pão e caminhar comigo por lugares claros e escuros.
Mas entre todos os mais novos tem um lugar especial. Talvez por ter me tornado irmã mais velha de alguém há 28 anos atrás ter me trazido uma estranha sensação de conforto diante da vida, talvez por eles serem os mais próximos fisicamente, talvez porque tenhamos sempre partilhado tanto sorrisos, farpas e intimidades entre nós.
Ou simplesmente por eles serem motivo de um orgulho besta que aflora da minha alma como a vegetação da caatinga depois de qualquer chuva. Junior e Renato são implicantes, chatos, cabulosos, me tiraram do sério mais vezes do que consigo contar e, apesar de historiadora, sou boa de conta. No entanto, por Deus, como não morrer de amor?!?!?
Júnior, Eu, Renato na formatura dos dois |
Lembro bem como cada um entrou na minha vida. Junior há 28 anos atrás em um manhã de sol com direito a céu azul e nuvens brancas. Renato em tarde igualmente quente, no meio de uma feira de ciências há 15 atrás. Junior no primeiro encontro eu já soube que seria meu irmão, Voinha me disse com todas as letras necessárias. Renato eu descobrir na convivência quase diária que a amizade construída entre ele e Junior criou.
Independente da forma como essas irmandades foram descobertas eu tenho a sorte de poder dizer que elas tem sido ao longo dos anos uma fonte de conforto, alegria, brigas e entendimentos. Esses dois são aquele tipo de pessoa esquisita, com ideias fora do comum, forte talento artístico e capazes de fazer uma conversa corriqueira ficar muito viajada. São capazes de enfrentar obstáculos imensos sem perder a dignidade. Construir na convivência diária demonstrações de amor sem tamanho.
As fotos que ilustram o post foram tiradas no dia da formatura dos dois, porque insatisfeitos em passar parte do Ensino Fundamental e todo Ensino Médio juntos os dois resolveram cursar o mesmo curso na mesma universidade e turma. Aliás, os dois cursaram História no curso noturno na Universidade de Pernambuco, sem jamais repetir uma disciplina, trabalhando no horário oposto ao do curso e ainda ser tornar voluntário em um cursinho pré-ENEM gratuito voltado para alunos e ex-alunos de escolas públicas.
Apesar da graduação em História ter fornecido muita lenha para ser queimada nas discussões infinitas das quais ninguém queria sair como o errado e todo mundo queria esta eternamente certo. Vê os dois portando o diploma de GRADUAÇÃO PLENA EM HISTÓRIA foi um dos momentos mais felizes da minha vida.
Admitamos, meu orgulho e felicidade são justificáveis em dobro quantas irmãs podem dizer que seus irmãos mais novos seguiram seus passos???? cof cof cof... Eu posso \o/
Por fim, como já está ficando feio essa exibição exagerada de afeto, sendo hoje aniversário de vinte oito anos de Junior é também o aniversário do dia no qual me tornei irmã mais velha e a experiencia de ser irmã mais velha é um dos elementos mais fortes e centrais da formação do meu caráter e da forma como enfrento e entendo o mundo e pela primeira vez desde que Renato se tornou meu irmão esse dia se passa sem que ele esteja nesse mundo.
É muito ruim dormir e acordar em um mundo no qual alguém tão próximo não está mais presente. Ninguém se prepara psicologicamente para perder um irmão mais novo. Não está nas letras normais do contrato de existência o perigo iminente de ter a convivência com essas criaturas que acompanhamos crescer irem embora para o outro lado da vida. Ainda não sei me equilibrar muito bem nesse mundo tão vazio dos sorrisos, implicâncias e trejeitos de Renato.
Toda vida temos em relação aos nossos irmãos um estranho sentimento de posse, eles são nossos para tudo nessa vida e pela vida toda. Não da para doar, vender, trocar ou alugar caso ele te irrite, cutuque, incomode, deboche, acorde você de madrugada, pegue seus livros emprestados e devolvam amassados ou partam para o outro lado da vida repentinamente. Não existem ex-filhos, ex-mães, ex-pais e ex-irmãos!
Para sempre terei dois irmãos mais novos. Para sempre terei Junior, Renato e Rafaela como irmãos caçulas! Para sempre terei orgulho besta da trajetória e das conquistas deles! Não existe e não vai existir ex-irmão ou ex-irmã! Irmão é para sempre! E eu creio que do outro lado da eternidade vamos nos encontrar novamente e haverá sorrisos, abraços, beijos, implicâncias e tudo o mais! Renato, você é para sempre meu irmão! Estou vivendo com muitas saudades!
Que triste mesmo perder um irmão...Também passei por isso na juventude. Meus sentimentos e pra frente como ele haveria de querer! bjs, chica
ResponderExcluirJaci, cheguei aqui pra pegar o link devido do teu blog e te marcar no post que, justamente ontem, decidi escrever especialmente a teu pedido, aí chego e encontro esse post, enquanto me perguntava se devia ou não citar esse momento que vivi contigo e com a tua família. Depois de ver teu post, me achei no direito de citar, espero não ter feito mal. Não tem nada que eu possa dizer que não tenha te dito, apenas agradeço a ti e tua família por terem sido tão atenciosos comigo mesmo num momento tão duro pra vocês. Obrigada mesmo! Tudo de melhor pra vocês sempre - e dê um feliz aniversário ao Júnior por mim.
ResponderExcluirOi Jaci! É tão complicado lidar com a única certeza dessa vida...Ainda bem que havia afeto entre vocês, isso a separação não elimina mesmo, a vida sim, a morte, não. E que bom que tem outros irmãos queridos!
ResponderExcluirBeijos!
Bem, eu sei como é perder alguém que faz parte do nosso mundo, infelizmente a gente só aprende a viver com a dor. Mas como eu não gosto de falar de mortes, vou mudar de assunto e dizer que você está linda nas fotos!
ResponderExcluirBjs, Mi
Nossa... derreti de chorar.
ResponderExcluirMe vi em suas palavras, sou irmã mais velha e meu coração fica do tamanho de um grão de arroz só de pensar em perder um dos meus.
Mas vou aderir ao que a Michele disse e mudar de assunto: você tá lindona na foto.
Estão todos, tão lindos e tão felizes.
Nunca esqueça, lindos, felizes e juntos, como deveria ser pra sempre, né?
É bom ver irmãos tão unidos.
ResponderExcluirOi
ResponderExcluirmuito bonito o poste, menina não gosto muito da sensação de ser irmã mais velha não já que eu sou a que fico mais preocupada e meus irmãos nem dão meu valor, eles nem seguiram meu passo, minha irmã foi para a engenharia e meu irmão nem sei se vai fazer faculdade.
http://momentocrivelli.blogspot.com.br/
Ai Jaci, estava com saudades de ler seus textos! É tão bonita a forma como você explica seus sentimentos! Acho que alcança uma poesia tão sincera que dá de mil em intelectuais pedantes. Eu sempre quis um irmão mais novo pra saber como é ser a mais velha.
ResponderExcluirAí, leio isso a esa hora da manhã e não consigo conter as lágrimas... não vivi tanto tempo com eles mas a vida me proporcionou conhece-los, ser irritada constantemente pelos dois HAHAHAHAH e amá-los mesmo assim.
ResponderExcluirTourinho ta fazendo muita falta, mas hoje, meses depois de sua partida, sinto que ele se encontra perto de mim, vivendo eternamente em minhas lembranças e coração...
E Jimmy, aaah esse danado hahahahah💜