sábado, 6 de fevereiro de 2016

Confissões de ausente...

Hoje pela manhã fui enquadrada pela minha irmã caçula, a personificação intransigente e folgada do meu superego. Segundo ela tenho registrado nas ultimas semanas alto índice de ausência de mim mesma, sendo o fato de que passei horas sentada no sofá olhando para o nada uma evidencia marcante disso.

Honestamente não lembro de ter passado horas olhando para o nada, disse a ela que na verdade estava aproveitando o ventinho do ventilador... Ao que ela respondeu: "Jaci, o ventilador estava desligado!". Minha mãe atestou que o fato ocorreu. E dois dos meus amigos mais próximos endossaram que ando ausente.

Sinceramente, eu não ando ausente, eu ando com sono... Já disse algumas vezes aqui: "Se eu fosse a Bella Adormecida espetaria novamente o dedo na roca de fiar e dormiria mais cem anos.". Acordar é um desafio diário, como sempre.

Mas, admito a existência de alguns casos e situações causadoras de incômodos no meu atual momento. Duas pessoas queridas se foram (o pai de minha amiga e um professor querido) e cada vez mais eu sinto o vazio da ausência de sonhos e objetivos se alastrar no meio da frustração do momento presente.

Realizei muitos sonhos nos últimos 10 anos, mas me sinto frustrada ao constatar onde meus sonhos me levaram. Olho para meu momento presente e penso: "É isso mesmo?".

Não é que não ame a docência, o ensino de história é uma arte instigante. Não é que não ame a educação infantil, trabalhar com a pequena infância é uma experiencia especial e única... não é que não ame os blogs... ou morar com minha família aos 29 anos...

Não é isso,  mas as vezes olho ao redor e sinto que a realização dos meus sonhos não me levou muito longe. E nesses momentos me sinto intimidada e desencorajada a sonhar. Tenho andado sem sonhos nos últimos tempos. Pela primeira vez na vida não sei o que fazer ou em qual desafio me lançar ou onde colocar minhas forças e energias.

Pior: não me sinto encorajada por mim mesma a fazer isso!

Outro dia liguei a televisão ao acasa durante a tarde e uma cena de novela chamou minha atenção. Nela uma mulher indiana conversava com a filha e dizia a ela: "A vida é um grande mercado onde a gente paga o preço das coisas que escolheu viver.". Me peguei fazendo o escrutínio de minhas escolhas nos últimos 10 anos para saber qual delas custou esse momento atual... E me sinto angustiada e culpada em uma dose sem tamanho de tão imensa.

Sinto um vazio enorme nesse momento... Não sei muito bem para onde ir e sinto que meus amigos já se fartaram de me ouvir... Ou sou eu que não sinto mais vontade de contar? Sinto um déjà-vu, parece aquela vez há quase oito anos atrás quando resolvi fazer um blog para escrever sobre as coisas a respeito das quais eu não queria mais falar, mas não podia calar.

Se esse post pareceu confuso até aqui então realmente voltamo ao ponto no qual estávamos em 2008, mas sem "O eu profundo e os outros eus", afinal a Vaneza encaixotou ele e deixou em algum lugar , o qual não lembra e só Deus sabe quando vai tira-lo de lá. Um filho pequeno cria necessidade urgentes capazes de tornar coisas como um velho livro de poesia irrelevante. Eu entendo, só me lembrem de ter mais prudência com empréstimos de livros nos próximos anos.

Gostaria de ser o tipo que vive um dia de cada vez, sem muitos objetivos claros, um dos amigos com o qual compartilhei esse tipo de angústia me disse: "Não vejo problema em viver sem um objetivo. Eu vivo assim e to de boa, quando aparece uma oportunidade é só  agarrar." Até gostei da ideia, mas tenho a impressão que tal pressuposto não foi feito para mim e me pego analisando possibilidades.

Uma amiga me disse: "Faça coisas diferente e você viverá coisas diferentes.". Tenho pensado muito nisso também, analisado as possibilidades, listando coisas não feitas e possíveis: curso, mudança de habito e rotina, investimentos novos de tempo e energia. Só me falta a coragem de transformar essas possibilidades em objetivos/sonhos/desejos.

Não lembro de durante as ultimas semanas ter ficado parada olhando o vazio. Honestamente eu estava mesmo é me esforçando para acordar na hora e ser pontual no trabalho, dar minhas aulas corretamente e envolver meus alunos, ler o máximo possível e fazer minhas refeições. Porém, se realmente fiz isso, é quase certo ter estado envolta nas questões desabafadas nesse texto.

Sentei e escrevi ele na tentativa de encontrar soluções, afinal escrever sempre me ajudou em momentos de crise... Escrevi como forma de lançar à Coragem um sinal de fumaça: "Amiga, estou aqui, venha me visitar. Preciso de você com urgência.".

16 comentários:

  1. Hey Pandora!!!

    Sempre achei lindo as pessoas que tem grandes sonhos e lutam para alcançá-los, eu sempre quis fazer isso mas nunca conseguir definir exatamente quais eram os meus grandes sonhos (coisas genéricas como ter uma família e uma casa própria ok, mas coisa específicas não), e confesso que fiquei bolada por um tempo por causa disso, mas agora desenvolvi uma técnica de estabelecer objetivos de curto prazo e agir mais ou menos como o seu amigo do primeiro conselho aí de cima, vivendo um dia de cada vez e aproveitando ao máximo o que o momento presente me proporciona. Espero que você possa achar a sua própria "receita de bolo", mas esteja sempre aberta a adaptações, porque a vida é uma caixinha de surpresas. Boas surpresas pra você em 2016 ;)

    P.S. não vejo problemas nessas ausências temporárias, olhar pra dentro de si requer mesmo algumas pausas.

    Beijos... Elis Culceag. * Arquivo Passional *

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  2. Que belo desabafo escreveste. E esse olhar para oi vazio, por vezes pode acontecer.São momentos. Mas se te sentes assim, melhor é dares uma sacudida, analisar o que queres pra ti de melhor e ir em frente. Daqui, só posso torcer pra que te aches novamente, encontre um sonho a seguir ,perseguir e alcançar! bjs, tuuuuuuuuuuuuuuudo de bom,chica

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  3. há uma expectativa exacerbada em relação a felicidade suprema, qd na verdade a vida é mais equilibrada e tranquila na maioria das vezes. ainda bem. já que muitas pessoas da síria estão caminhando sem ter para onde ir, sendo rejeitadas onde chegam. somos muito felizes olhando por esse aspecto. mas como disse um amigo, no brasil temos sempre essa sensação pq é um exagero de esforço para muitas dívidas, já que tudo aqui é super taxado em imposto, então pouco conseguimos realizar. não só materialmente, mas é difícil ganharmos autonomia financeira. viver confortavelmente e precisamos mais viver em grupos para superar as adversidades. eu estou com angústias tb, com um grande vazio. não é fácil. mas veja se a sua angústia é real ou fruto de uma expectativa descolada da realidade. se cuida. beijos, pedrita

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  4. As Surpresas da Vida são um encadeado de acontecimentos que não estão planeados e que não conseguimos prever, são acontecimentos inesperados e para os quais temos de saber reagir da melhor forma para que tanto esses acontecimentos como os seus efeitos nos causem o menor dano possível em cada momento. Aliás cada momento da vida é também ele uma pequena surpresa porque não sabemos ao certo o que ele nos reserva até o vivermos. Por isso vivemos momentos únicos e, por vezes, completamente imprevisíveis.
    E porque não dizer dentro dessas surpresas as ausências de nossa vida. O que acho ótima que aconteça, para que possamos refletir a mais o que queremos e podemos.
    Beijos

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  5. Poucas pessoas têm a sua clareza e transparência para escrever, Pandora!
    Todos ou quase todos nós, que passamos por transição ou quando nos empenhamos muito para nos superar, atravessamos essas crises de "ausência de si". São nesses momentos que nos estruturamos, mesmo no branco, e mudamos a mobília de nosso interior, para ressurgir nova e esplendorosa, para a nova fase.
    Só o fato de aceitar e, escrever tão bem o que está passando, são os indícios de sua reconstrução!
    Mesmo que ainda não esteja bem focada, este seu momento é próprio de uma "Fênix" prestes a renascer!
    Não exija tanto de si, relaxe, deixa a vida te levar...
    Ótimo feriado, abraços carinhosos
    Maria Teresa

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  6. Entrei nos trinta ontem e imaginei que fosse pirar: trinta é o prazo que me dei para mudar de emprego e começar uma vida diferente. Mas os trinta chegaram e ainda continuo aqui. Acho que o que mais me incomoda é a pela consciência de que ele preciso me mexer mais não tenho ânimo para isso. Não sei 2016 promete ser tenso graças a irresponsabilidade de outros em fatos que acabarão me constrangendo, então bem tenho muita energia para mudar este ano....

    Mas força daí, já me disseram que reconhecer o problema é meio caminho andado, então a gente ja tem 50% do problema resolvido ;)

    Dois abraços!

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  7. Vou desejar que seu sinal de fumaça alcance a destinatária amiga.
    Beijo

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  8. Olá Pandora, penso que esse é o preço que pagamos por sermos racionais, vivermos em sociedade. A gente acha que TEM que ser algo de qualquer forma, o importante é sentir a tal felicidade suprema como se esta fosse a grande recompensa dos fortes e decididos.
    No alto dos meus 53 desisti, tenho sido feliz sendo mais bicho, feliz por andar, enxergar, poder comer, ter um pouquinho de lazer de vez em quando...Dizem que sou conformada, mas não me importo, ninguém é feliz por mim!
    Procure a luz para direcioná-la em você, todos nós temos momentos de crise ou até mesmo depressão, vai superar.
    Força aí, beijos!

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  9. Eu tenho 39, já já quarenta e por vezes, profissional e pessoalmente falando acho (outras vezes tenho certeza) que estou no filme errado
    Sonhos, planos, faltas..
    Vc assistiu ao filme Joy?
    De sim vai entender a referência, se não veja para se perguntar mais sobre esses seus sintomas
    Creio que a vida precisa de mais perguntas que resposta
    Creio que de comparar é bobagem
    Tem e sempre terá alguém mais e menos que a gente
    Sermos gratos pelo que temos é uma boa mola (rede pq não), pelas coisas pequenas e grandes, reconhecer grandeza nas pequenas como ter um teto, comida, enxergar, andar...
    Não de acomodar e fazer bom6 uso dessas coisas e de tantas outras
    Tem mar onde moramos, ir lá
    Não tem nenhum sonho, inventa um
    Inventa metas
    Lê e vê tv e também viver
    Pq um dia acaba

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    1. Errinhos de digitação que vou culpar o comentar via celular a parte, com meu pessoal bem querer, vim trazer Alice pra vc

      "Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então."

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  10. como eu me identifiquei com este seu desabafo... assim foi o meu 2015. Hoje percebo que foi um tempo necessário de espera - Stand by. Acumulei energias e agora estou pronta para novos projetos.

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  11. Acho que deve ser normal sentireste assim,acho que é algo que acaba por acontecer com tanta gente, ou talvez uma vez na cida com toda a gente. A minha opinião? Se estás com dúvidas, e confusa, faz algo para mudar, faz algo diferente do habitual: uma viagem sozinha por exemplo. Beijinho.

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  12. Que texto interessante, já me vi em momentos assim muitas vezes... o negócio é parar de gastar energia a culpa e procurar direcioná-la para ação! É uma questão de foco, sobretudo. Abraços!

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  13. Ás vezes é bom viver sem objetivo. Às vezes isso ajuda, "desestressa", deixa a vida mais leve, deixamos de cobrar de nós mesmos uma dívida que pode parecer impagável.

    Pandora, não sei se era algo assim que gostaria de "ouvir", mas é isso que me faz bem, e por muitas vezes.

    Grande abraço!

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  14. Tem um turbilhão de emoções neste post... :) Isso é bem típico das pessoas sensíveis. Também escrevo para ver me olhar de fora. Para aliviar.

    Quero dizer que pode contar comigo para o que precisar. Desejo que encontre o que quer encontrar.

    Beijos!

    Iza - Diário de Iza

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  15. Oi, Pandora!
    Não fica assim.
    Isso de chegar num ponto e achar que está estagnada, sem sonhos, sem perspectiva de algo diferente, acontece com todo mundo.
    Procure novos hobbies e interesses. Quem sabe você encontra seu caminho por ali.
    Ou mude de ares. Isso sempre faz bem, uma viagem.
    :*

    Melhoras!

    Beijoooos

    www.casosacasoselivros.com

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