sábado, 7 de março de 2015

De quando conheci minha amiga paratleta e tive um vislumbre de uma competição paralímpica!

Não é novidade o caráter inusitado dos encontros tornados possíveis pela internet, mas eu não canso de observar absurdada o quanto essa característica do espaço me possibilitou encontros com os quais jamais sonhei, como por exemplo esse com a Erica Ferro, minha amiga paratleta.

No final de fevereiro, a Erica esteve aqui em Recife competindo na "Etapa Norte/Nordeste do Circuito Caixa Loterias de Atletismo, Halterofilismo e Natação". Obviamente que quando uma amiga de longa data com a qual você já trocou uma "coleção de álbuns de figurinhas" vem a sua cidade você não pode deixar de ir vê-la e eu fui.


Encontrei a Erica, suas medalhas preciosas, seu afeto, seu abraço e seu delicioso gosto de sol com uma pitada de água clorada que lhe cai muito bem! E como se não fosse suficiente conhecer pessoalmente minha amiga atleta, ainda tive um vislumbre do que é uma competição paralímpica.

Para mim, atletas/paratetas sempre tiveram uma aura de mito. Minhas memórias mais antigas relacionadas a esportes vem de está assistindo competições de atletismo junto com meu pai e contemplar aqueles homens e mulheres incríveis correndo, ultrapassando obstáculos, voando com a ajuda de uma rava, saltando.

Meu pai nunca foi, e não é, um homem silencioso, mas diante desse espetáculo ele se calava, e mesmo hoje se cala. mas eu nunca tinha ido vê pessoalmente as competições acontecendo ou a figura dos atletas circulando nos ambientes nos quais a competição acontece. É um encontro impressionante e difícil de descrever sem parecer uma pessoa boba!

No país do futebol, praticar qualquer esporte que não envolva um gramado limitado por um retângulo com traves na extremidade em si já é uma rebeldia. Levar esse esporte a sério a ponto de competir em caráter regional então nem se fala. Há algum tempo, nos descaminhos da internet, encontrei uma imagem na qual se lia: "Te quiero porque tu boca sabe gritar REBELDIA" (~Mario Bendetti). Quando eu assistia os rapazes e as moças espalhados em várias atividades no  Centro Esportivo Santos Dumont do só pensava nela!


E os paratletas ainda desconstroem com suas atuações a ideia torpe de que possuir uma deficiência física ou cognitiva é sinônimos de incapacidade ou de impossibilidade.


Sempre desconfiei que existia mais de uma forma de atravessar uma piscina... Sempre desconfiei que existe mais de uma forma de nadar... Mas nunca tinha visto tantas formas juntas! É bonito de se vê e de repente a gente compreende porque os "Jogos Olímpicos" sobreviveram ao fim da crença em Zeus e no Olimpo. Espirito de vencer seus próprios limites e o prazer de contemplar as pessoas fazendo isso é impagável.


Através da convivência há muito descobri que o Brasil se destaca nos Jogo Paralímpicos, o maior evento esportivo mundial envolvendo pessoas com deficiência. O site do Comitê Paralímpico Brasileiro é muito organizado, tem até um espaço dedicado a conta a história do movimento paralímpico no Brasil e no mundo para quem se interessar pelo tema.


Ah, claro que levei um cartaz para a Erica! Porque fui torcer!


Claro que ela assinou com um autografo!


Claro que ela ganhou um monte de medalhas!


E ficou chateada por perder um ouro por conta de "dezesseis centésimos".


Ah, cá está meu lindo autografo:





sábado, 14 de fevereiro de 2015

"De Profundis e outros escritos do cárcere" de Oscar Wilde


Um dia desses sai afobada de casa para entregar um documento na UFRPE, peguei o ônibus errado, ele era expresso, o motorista se negou a parar e fui parar em uma cidade vizinha. Foi nessa viagem que li "Retrato de Dorian Gray" e contemplei absurdada a genialidade de Oscar Wilde pela primeira vez na vida.

Sua intensidade emocional, sensualidade, autenticidade, coragem e poderoso poder de síntese me cativou a ponto de tornar irrelevante qualquer aborrecimento e me fez não exitar nem um pouco quando ouvir "De profundis e outros escritos de cárcere" chamar meu nome das profundezas do meu e-reader .

"De profundis..." contém cartas escritas por Wilde durante o período no qual ele ficou preso por "acusado de crimes de natureza sexual". O pai do seu amante o processou por algo semelhante a "corrupção de menores" (mesmo que o filho em questão estivesse longe de ser "de menor" na época). A carta mais pungente, cheia de sentimentos, na qual ele pega sua experiencia de dor e perda e transforma em literatura é endereçada a seu amante, que segundo a lenda foi o Lord Alfred Douglas.

Wilde e Alfred Douglas, segundo a lenda, seu amante. Disponível aqui

Como o nome sugere, o livro é profundo mesmo. Chega a ser pungente, passional e acima de tudo LINDO de todas as formas que a arte consegue ser LINDA e me peguei vivendo variadas emoções. Tanto rolando de ri (isso não é uma metáfora, eu estava deitada no chão, e não aguentei mesmo) quanto me peguei no limite da lágrima.


Gente, talvez Oscar Wilde tenha sido o protagonista de um dos maiores passa-foras já escritos na história da literatura inglesa! No minimo ele deu uma aula de como mandar alguém "procurar o seu lugar na cesta básica" com estilo, elegância e cultura erudita! 
"Pois o que pretendia provar com seu artigo? Que eu havia gostado demais de você? Os gamin de Paris sabiam disso muito bem. Todos eles leem os jornais e a maioria escreve neles. Que eu era um homem de gênio? Os franceses entendiam isso e também entendiam as características especiais do meu gênio melhor do que você jamais poderia fazê-lo. Sabiam também que muitas vezes os gênios possuem paixões e desejos curiosamente pervertidos. Admirável, mas o assunto pertence muita mais a Lombroso do que a você. Além do mais o fenômeno patológico em questão também pode ser encontrado entre aqueles que não possuem nenhum talento em especial." (Oscar Wilde, De profundis..., pag. 48)
E além disso, o recorte ainda é um documento privilegiado capaz de informar como a sociedade em fins do século XIX dialogava com a homoafetividade, vista então como "curiosa perversão" e "fenômeno patológico" "objeto de estudo" de médicos como Cesare Lombroso, um dos cientistas cujas teses mais me dão nojo por associar características físicas a tendencias criminosas (mais sobre isso clique aqui). Aliás, esse fragmento também nos diz que a homoafetividade não era um privilegio de boemias artísticas... Torna inverossímil a ideia de que antigamente foi um tempo no qual "essas coisas" não existiam entre pessoas comuns, como alguns moralistas defendem por ai.

E já que falei em história, emendo mais: é pavoroso constatar o quão pouco mudou a forma como a sociedade lida com a comunidade carcerária. A observação feita por Wilde em 1895 sobre o nosso estranho dialogo com quem comete um crime permanece atual, cento e vinte anos depois de ter sido feita.
"A sociedade, que se arroga o direito de infligir ao indivíduo os mais medonhos castigos, comete também o supremo pecado da negligência ao não perceber as consequências de seus atos. Depois que o homem cumpre a sua sentença, ela o abandona, isto é, ela o deixa entregue à própria sorte no exato momento em que seria seu dever maior zelar por ele. Mas a verdade é que se envergonha de seus próprios atos e despreza aqueles a quem puniu, assim como as pessoas costumam desprezar o credor cuja divida n ão tenham como pagar, ou a alguém contra quem tenham cometido um ato irreparável e irredimível." [Oscar Wilde, De profundis..., pg. 65]
Todo o texto me levou aquela sensação gostosa de está diante de algo inesquecível e precioso. Cada paragrafo lido e página virada (mesmo que virtualmente) me fez sentir plena e com aquela vontade de espalhar pelo mundo meu amor a obra. Por isso, não da para fechar esse texto sem registrar algumas das minhas passagens favoritas falando sobre amor, ódio, sofrimento, lamento, perdão e superação.
"O amor é alimentado pela imaginação, através da qual nos tornamos mais sábios do que sabemos, melhores do que nos sentimos, mais nobres do que somos, capazes de ver a vida como um todo; através da qual, e só através dela, chegamos a entender os outros tanto em sua relação real quanto ideal. Só o que é superior e superiormente concebido pode alimentar o amor, mas qualquer coisa alimentará o ódio." [Oscar Wilde, De profundis..., pg. 36]
"Mas o amor não é algo que possa ser negociado num mercado ou pesado na balança de mascate. Sua alegria, como as alegrias do espírito, é sentir que está vivo. O único objetivo do amor é amar." (Idem, pg. 44).
"... se sob o aspecto intelectual o ódio é a eterna negação, sob o aspecto emocional ele é visto como uma forma de atrofia que destrói tudo, menos a si próprio." (Oscar Wilde, De profundis..., pg. 42 ) 
 "O sofrimento é um longo momento. É impossível divido-lo em estações. Só podemos registrar os seus humores e relatar suas idas e vindas." (Oscar Wilde, De profundis..., pg. 50)
 "A prosperidade, o prazer e o sucesso podem ter um caráter grosseiro e vulgar, mas o sofrimento é a mais sensível de todas as coisas já inventadas." (Oscar Wilde, De profundis..., pg. 52)
"Por essa razão, não há verdade que se comparte ao sofrimento. Há momentos em que esta me parece ser a única verdade. Outras coisas podem ser ilusões dos olhos ou apetite, feitas para cegar um e saciar o outro, mas é o sofrimento que tem construído os mundo, há sempre dor no nascimento de uma criança ou de uma estrela." (Oscar Wilde, De profundis..., pg. 70).
"Lamentar as experiencias vividas é uma forma de impedir o próprio desenvolvimento. Negá-las é colocar uma mentira nos lábios da própria vida. É nem mais nem menos do que a  negação da alma." (Oscar Wilde, De profundis..., pg. 64).
"Não se pode manter para sempre uma víbora presa ao seio para que ela se alimente do nosso sangue, nem é possível levantar todas as noites para semear espinhos no jardim da alma." [Oscar Wilde, De profundir..., pg. 59].
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P.S.: Christian V. Louis, não sei por onde você anda, mas lembrei muito de você quando li esse livro. Você sempre dizia que Oscar Wilde era seu autor favorito, eu entendo você plenamente agora!
Se puder, mande um sinal de fumaça qualquer dia desses tá!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Pequenos prazeres do inicio do ano letivo de 2015!

A tônica do trabalho docente é a mistura das dificuldades com pequenas alegrias. Nos aborrecemos com o sistema aqui, nos encantamos com o desempenho de alguns alunos ali... Temos imensas dificuldades ali, descobrimos formas de contornar aqui... Nos vemos em um tipo de "Floresta do Alheamento" e de repente no algo do desespero encontramos uma trilha para nos levar a qualquer lugar onde há abrigo. Essa mistura de opostos e necessidade constante de superar desafios torna a profissão exaustiva, mas prazerosa também.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Descendo ao mundo...


Sempre tenho dificuldade de descer ao mundo...
Meu maior problema sempre é descer da cama...
Abrir o olho é fichinha se comparado a descer da cama...
E amanhã começa mais um ano letivo...
Ai não da para enrolar... Tenho hora fixa para descer ao mundo...
Não larguei a docência, como tive vontade.
Mas posso largar, nunca se sabe, apesar de tudo, vontade não falta...
Espero sinceramente que esse ano letivo seja melhor que 2014, embora 2014 tenha tido seus pontos bons.
Que eu e as crianças, ou as crianças e eu, saibamos enfrentar as dificuldades e percorrer da melhor forma o caminho que foi preparado para nós [tá eu preparei, mas muita coisa já estava determinada nos PCNs :p]!
Espero consegui colocar em pratica meu planejamento... e no caminho encontrar novos sonhos e desafios, continuo carente deles.

Melhor 3 que é praticamente a 1ª do ano!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Voltei São Paulo, foi a saudade que me trouxe pelo braço...

No Carnaval de Recife costumasse cantar a todo pulmão um frevo chamado "voltei, Recife/ Foi a saudade que me trouxe pelo braço". Em janeiro de 2015 eu parafraseio o poeta para dizer que voltei a São Paulo. Me chamem de louca, mas estava com uma grande saudades da cidade e das pessoas dela, especialmente a Michele.

Em fins de 2013 fui pela primeira vez a São Paulo para conhecer pessoalmente a Michele Lima e a Aleska Lemos, amigas de longa data, parceiras em projetos bloguísticos. A experiencia foi ótima eu fiquei doida para voltar o mais rápido possível e agora em Janeiro voltei a megalópole geminiana querida.

Tenho deixado de registrar muitos episódios do meu dia-a-dia no blog, mas não consigo deixar de registrar esse. Para começar registro um ponto para o transporte publico em Recife agora existe uma passarela reforçada ligando a "Estação Aeroporto" do metro ao "Aeroporto Internacional dos Guararapes". Essa passarela facilitou a minha vida, barateou e facilitou meu transporte do extremo Norte ao Sul da cidade em segurança e sem transtornos. Sonho com um Brasil no qual o transporte publico funcione bem, não poderia deixar de registrar! Então o post vai ser extenso, mas vai ter mais fotos tá gente!



Voltando as andanças em São Paulo, a nossa primeira parada foi na exposição lindíssima "O Mundo Segundo Mafalda", a mostra de arte comemora os 50 anos da querida personagem de Quino.


A exposição foi montado de maneira a nos fazer sentir como se estivéssemos dentro dos quadrinhos do Quino, para isso foram recriados os ambientes no qual as histórias da Mafalda aconteciam.







Torna fácil aprofundar nosso conhecimento no momento histórico do qual ela emergiu.




A mostra também nos faz pensar o quão pouco a America Latina avançou em relação a alguns problemas sociais e me envolveu em nostalgia em relação a minha infância.






Ainda no dia da exposição da Mafalda eu conheci pessoalmente o Eiti, que foi conosco rua acima e rua abaixo por São Paulo e é tão querido que da vontade de apertar... #SouFelícia


Nessa brincadeira de rua a cima e rua a baixo... fomos para na "Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos" no Largo do Paissandu!


A igreja data do inicio do século XX, é muito bem frequentada e abriga a devoção dos mais diversos santos possíveis e imaginários. Nunca vi um espaço religioso tão geminiano e capaz de abraçar tantas devoções de uma vez só, lá santos negros e brancos, assim como pessoas negras e brancas, encontram espaço e tranquilidade para pensar nos problemas da vida e na busca da eternidade.





Santa Bakhita
Além do encontro com algumas das devoções das pessoas de São Paulo eu também tive a oportunidade de me encontrar com algumas das pessoas de São Paulo que me são imensamente queridas. Acabei tendo o prazer de conhecer pessoalmente a Lu Tazinazzo do "Aceita um leite?".

Sim, eu tive vontade de morder a Lu. Ela é fofaaaa!!!

Agora vejam só, São Paulo é uma cidade geminiana, eu, a Lu e a Michele somos geminianas... Claro que o Universo não deixaria nosso encontro passar em branco kkk... A Lu profetizou que ia-mos abrir um buraco na Paulista, mas o ocorrido foi mais simples... Apenas, enquanto nós conversávamos, houve um protesto por conta do aumento da passagem de ônibus e nós ficamos presas, mas tudo bem, nós estávamos na Livraria Cultura. Lu, espero que da próxima vez nós possamos ficar mais tempo juntas e explorar um pouco mais a cidade, quanto mais conheço mais sinto que há a conhecer.

Além disso ainda houve uma tarde na qual eu, a Michele, o Eiti e o Morimoto trocamos o cinema por um bom papo... e no dia seguinte ainda fomos almoçar no karaokê japonês com legenda em japonês (não cantei nenhuma música kkk), mas descobri que estou muito melhor no manuseio do hachi e não morreria de fome no Japão.



E claro não poderia faltar a andança pelo centro...








Eu não canso de São Paulo, quanto mais conheço,  mais desejo conhecer... Mal volto e já estou planejando quando voltar... E as vezes, não sempre e nem constantemente, só as vezes, me pego pensando e projetando caminhos através dos quais eu possa me ver morando definitivamente nesse lugar... Mesmo com o caos urbano, problemas de abastecimento de água e energia elétrica e oxigênio... Mas sei lá, a diversidade encanta e o barulho neurótico da vida fascina, mesmo quando acontece sobre o concreto!

Ah, Mi, muito obrigada pela acolhida, por compartilhar comigo as venturas e desventuras da vida. Acho que não suportaria sem pessoas como você, obrigada pelo companheirismo... Agradeço a Deus por você e por nossos encontros virtuais e reais por tudo o que você compartilha comigo.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O bookcrossing blogueiro, com um pouco de atraso ou adiantado...



Entre 16 e 23 de Abril e 08 e 16 de Novembro, muitas pessoas da blogosfera se propõem a esquecer um livro em algum ponto extrativístico da cidade, doar para alguém em especial ou promover doações. Deposi que a doação é feita, ou antes, as pessoas costumam registrar no blog, face, twitter enfim... alguma rede social com o objetivo de divulgar a atitude e incentivar as pessoas a desapegarem ou compartilharem com os outros essa coisa linda e perfeita que é o livro.

Nas redes sociais dos fãs de livros sempre se escuta muito que livro é uma coisa tão boa que devia ser elogio. Então quando nós encontrássemos uma pessoa linda ou quiséssemos elogiar alguém diríamos: "Você é tão livro!" ou "Você está tão livro hoje!". Eu concordo tanto com essas afirmações a ponto de ser incapaz de não reproduzi-las nesse post.

Em novembro, participei do 9º Bookcrossing Blogueiro apenas através do projeto/blog O que tem na nossa estante. Tive vontade de registrar aqui os outros desapegos, mas a correria da vida e um certo desanimo acabaram impedindo. Do meio para o fim de 2014 me tornei uma blogueira ainda mais negligente, passei mais de 30 dias, duas vezes, sem blogar aqui.

Mas, mesmo tardiamente, registro os meus desapegos de novembro de 2014. Além da pequena "Antologia Poética" de Fernando Pessoa, desapeguei de dois livros: "A lenda do lago dourado" do Edson Varella Pereira, o ultimo livro lido por mim em parceria com Saleta de Leitura; e "Chico Bento: Plantando Confusão". "A lenda..." foi deixando na "Integração da Macaxeira", um local de grande concentração de pessoas; e o Chico foi dado a um dos meus alunos que ama gibis!




Posteriormente, ainda em novembro, recebi a visita de uma ex-vizinha minha. Ela é uma menina maravilhosa, quando nos tornamos vizinhas ela tinha uns 4 anos e nós passamos por muita coisa juntas. De alguma forma uma influenciou a outra e hoje ela é uma leitora voraz. Há 10 anos atrás ficávamos assistindo desenhos animados juntas e hoje falamos de Percy Jackson e derivativos. Só porque foi para Nina consegui desapegar de Coraline e do vol. 1 de Harry Potter, sei quão bem ela cuidará bem deles.


Logo mais em Abril haverá o 10º Bookcrossing Blogueiro, estarei novamente lá, afinal, como a Tita disse, existem as Vantagens da Doação:

1 - Treinar o desapego (mais fácil começar com objetos);

2 - Disponibilizar para outros algo que ficaria restrito a mim;

3 - Desocupar espaço na minha casa;

4 - Não precisar tirar pó dos livros;

5 - Deixar na estante de casa somente o que realmente me interessa no momento.


Enfim, essa é minha ultima postagem do ano, então deixo o meu "Feliz 2015" a vocês companheiros e companheiras de virtualidade. Que possamos nos encontrar mais em 2015 e realizar sonhos e desejos novos e antigos... 

Cheros mil...

domingo, 28 de dezembro de 2014

De como me tornei "O tipo de pessoa que ganha um Nietzsche de presente de Natal".


"Ninguém é obrigado a ser uma coisa só", eu sempre digo isso. Claro, nessa frase eu estou advogando em causa própria, pois definitivamente me dou o direito de ser muitas coisas sendo uma pessoa só.

Acordo de 5:50, sou uma sonambula precisando de mais uns 10 minutos para sair da cama...
Me arrasto para fora da cama as 6:30, ainda sou a indisposição em pessoa, muito prazer!
Pelo o ônibus, encontro os primeiros alunos, sou a professora de História.
Lago as 12, sou uma transeunte apresada.
Chego na creche, sou tia, Auxiliar do Desenvolvimento Infantil, Educadora Infantil...
Estou novamente em casa, sou filha.
Sento no computador, sou blogueira.
Estou livre de trabalhos, sou leitora.
Encontro pessoas no twitter, no face, na rua, no telefone, na vida, sou amiga.
Abro meu kobo, sou leitora.
Por todo o tempo sou cristã.
Quando não estou dormindo tenho sono.
Quando meu irmão sai para bebe na sexta e volta depois da meia noite e quer conversar, sou a irmã que vai dormir só depois dele dormir.
Quando me embrenho na internet por qualquer canal sou também a Pandora.
Olho para o céu noturno, sou Jaci.
Meu pai me chama, sou Ja-ci-le-ne.
Respiro, sou um ser vivo, mamífera, bípede, carnívora com culpa.

Mas, nunca pensei que em 2014, eu seria o tipo de pessoa que ganha um livro de Nietzsche de presente de Natal. Sem sombras de dúvidas, essa foi uma das grandes surpresas do ano, e talvez da vida.

Quando foi proposto aos colunistas do blog "O que tem na nossa estante", a realização de um amigo secreto no qual todos ganharíamos livros, topei na hora e corri para atualizei meu perfil no skoob. A Ju me pegou e vasculhou os 236 livros da minha lista de futuras leituras. Ela poderia ter escolhido um romance água com açúcar, o ultimo lançamento de Gaiman, um HQ qualquer como "Azul é a cor mais quente" ou "Kiki de Montparnasse", o próximo volume de Sailor Moon.... maaasss nãoooo escolheu ele!

Porque sim, uma historiadora cristã como a Ju, capaz pesquisar o Jesus Histórico e escrever poemas emotivos sobre a fé, jamais faria uma escolha corriqueira. Ela teria que irrevogavelmente aumentar minha lista de "eus" me tornando o tipo de pessoa que ganha um livro de Nietzsche de presente de Natal.

Nietzsche não é um autor de fácil leitura. Ele é difícil, o tipo que, na minha opinião, escrevia em um fluxo de ideias grande o suficiente para lhe fazer esquecer da existência de pontos finais. Além do mais, ele escreve do passado e sobre o passado.

Há quem afirme ser o pensamento dele uma coisa atemporal, mas eu não acredito em produtos culturais, como a Filosofia, dotados de atemporalidade. Então, Nietzsche emerge em minha imaginação como alguém não muito amado, vitima e produto das idiossincrasias de seu tempo. Iluminado pelo pensamento positivista e ao mesmo tempo critico dele... um ser humano angustiado e afligido pelos paradigmas de seu tempo...

Enfim, agora tenho um volume de "Além do bem e do mal" ocupando um lugar de destaque na minha estante. Sempre que olhar para ele vou lembrar dela, desse Natal e de mais esse eu....
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OBS: Estou bem atrasada com os meus registros de 2014, tive dois meses de hiato nesse blog, o qual também é meu diário, então corro o risco de fazer uma verdadeira maratona de postagens, uma em cima da outra praticamente.
Ah, sobre o post anterior, obrigada Chica, Adriana e Tio Verden... Você são um amor! Adriana, você está mais que certa! Bola para frente!

sábado, 27 de dezembro de 2014

Desabafo de fim de ano...

O autor britânico Terry Pratcht, um dos meus preferidos, para não dizer 'O preferido', tem uma personagem chamada Vovô Cera do Tempo, que também é um das minhas preferidas. No livro quando as "Quando as bruxas viajam" ele diz dela: "Ela odiava todas as coisas que predestinassem as pessoas, que as fizessem de bobas, que as tornassem pouco menos que humanas."

Hoje, eu estou me sentindo muito como a Vovó, odiando tudo, especialmente pessoas, que fazem as outras de bobas e que as tratam como algo menos que humanas... Mesmo quando uma pessoa é desimportante, moradora de uma favela, filha de um Zé da vida... professa uma fé de preceitos simples como o Cristianismo, tem um hobby simples como ler e tem uma profissão igualmente simples como professora ou educadora infantil... Ela é um ser humano e não deveria ser tratada como menos que isso!