sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Voltei São Paulo, foi a saudade que me trouxe pelo braço...

No Carnaval de Recife costumasse cantar a todo pulmão um frevo chamado "voltei, Recife/ Foi a saudade que me trouxe pelo braço". Em janeiro de 2015 eu parafraseio o poeta para dizer que voltei a São Paulo. Me chamem de louca, mas estava com uma grande saudades da cidade e das pessoas dela, especialmente a Michele.

Em fins de 2013 fui pela primeira vez a São Paulo para conhecer pessoalmente a Michele Lima e a Aleska Lemos, amigas de longa data, parceiras em projetos bloguísticos. A experiencia foi ótima eu fiquei doida para voltar o mais rápido possível e agora em Janeiro voltei a megalópole geminiana querida.

Tenho deixado de registrar muitos episódios do meu dia-a-dia no blog, mas não consigo deixar de registrar esse. Para começar registro um ponto para o transporte publico em Recife agora existe uma passarela reforçada ligando a "Estação Aeroporto" do metro ao "Aeroporto Internacional dos Guararapes". Essa passarela facilitou a minha vida, barateou e facilitou meu transporte do extremo Norte ao Sul da cidade em segurança e sem transtornos. Sonho com um Brasil no qual o transporte publico funcione bem, não poderia deixar de registrar! Então o post vai ser extenso, mas vai ter mais fotos tá gente!



Voltando as andanças em São Paulo, a nossa primeira parada foi na exposição lindíssima "O Mundo Segundo Mafalda", a mostra de arte comemora os 50 anos da querida personagem de Quino.


A exposição foi montado de maneira a nos fazer sentir como se estivéssemos dentro dos quadrinhos do Quino, para isso foram recriados os ambientes no qual as histórias da Mafalda aconteciam.







Torna fácil aprofundar nosso conhecimento no momento histórico do qual ela emergiu.




A mostra também nos faz pensar o quão pouco a America Latina avançou em relação a alguns problemas sociais e me envolveu em nostalgia em relação a minha infância.






Ainda no dia da exposição da Mafalda eu conheci pessoalmente o Eiti, que foi conosco rua acima e rua abaixo por São Paulo e é tão querido que da vontade de apertar... #SouFelícia


Nessa brincadeira de rua a cima e rua a baixo... fomos para na "Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos" no Largo do Paissandu!


A igreja data do inicio do século XX, é muito bem frequentada e abriga a devoção dos mais diversos santos possíveis e imaginários. Nunca vi um espaço religioso tão geminiano e capaz de abraçar tantas devoções de uma vez só, lá santos negros e brancos, assim como pessoas negras e brancas, encontram espaço e tranquilidade para pensar nos problemas da vida e na busca da eternidade.





Santa Bakhita
Além do encontro com algumas das devoções das pessoas de São Paulo eu também tive a oportunidade de me encontrar com algumas das pessoas de São Paulo que me são imensamente queridas. Acabei tendo o prazer de conhecer pessoalmente a Lu Tazinazzo do "Aceita um leite?".

Sim, eu tive vontade de morder a Lu. Ela é fofaaaa!!!

Agora vejam só, São Paulo é uma cidade geminiana, eu, a Lu e a Michele somos geminianas... Claro que o Universo não deixaria nosso encontro passar em branco kkk... A Lu profetizou que ia-mos abrir um buraco na Paulista, mas o ocorrido foi mais simples... Apenas, enquanto nós conversávamos, houve um protesto por conta do aumento da passagem de ônibus e nós ficamos presas, mas tudo bem, nós estávamos na Livraria Cultura. Lu, espero que da próxima vez nós possamos ficar mais tempo juntas e explorar um pouco mais a cidade, quanto mais conheço mais sinto que há a conhecer.

Além disso ainda houve uma tarde na qual eu, a Michele, o Eiti e o Morimoto trocamos o cinema por um bom papo... e no dia seguinte ainda fomos almoçar no karaokê japonês com legenda em japonês (não cantei nenhuma música kkk), mas descobri que estou muito melhor no manuseio do hachi e não morreria de fome no Japão.



E claro não poderia faltar a andança pelo centro...








Eu não canso de São Paulo, quanto mais conheço,  mais desejo conhecer... Mal volto e já estou planejando quando voltar... E as vezes, não sempre e nem constantemente, só as vezes, me pego pensando e projetando caminhos através dos quais eu possa me ver morando definitivamente nesse lugar... Mesmo com o caos urbano, problemas de abastecimento de água e energia elétrica e oxigênio... Mas sei lá, a diversidade encanta e o barulho neurótico da vida fascina, mesmo quando acontece sobre o concreto!

Ah, Mi, muito obrigada pela acolhida, por compartilhar comigo as venturas e desventuras da vida. Acho que não suportaria sem pessoas como você, obrigada pelo companheirismo... Agradeço a Deus por você e por nossos encontros virtuais e reais por tudo o que você compartilha comigo.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

O bookcrossing blogueiro, com um pouco de atraso ou adiantado...



Entre 16 e 23 de Abril e 08 e 16 de Novembro, muitas pessoas da blogosfera se propõem a esquecer um livro em algum ponto extrativístico da cidade, doar para alguém em especial ou promover doações. Deposi que a doação é feita, ou antes, as pessoas costumam registrar no blog, face, twitter enfim... alguma rede social com o objetivo de divulgar a atitude e incentivar as pessoas a desapegarem ou compartilharem com os outros essa coisa linda e perfeita que é o livro.

Nas redes sociais dos fãs de livros sempre se escuta muito que livro é uma coisa tão boa que devia ser elogio. Então quando nós encontrássemos uma pessoa linda ou quiséssemos elogiar alguém diríamos: "Você é tão livro!" ou "Você está tão livro hoje!". Eu concordo tanto com essas afirmações a ponto de ser incapaz de não reproduzi-las nesse post.

Em novembro, participei do 9º Bookcrossing Blogueiro apenas através do projeto/blog O que tem na nossa estante. Tive vontade de registrar aqui os outros desapegos, mas a correria da vida e um certo desanimo acabaram impedindo. Do meio para o fim de 2014 me tornei uma blogueira ainda mais negligente, passei mais de 30 dias, duas vezes, sem blogar aqui.

Mas, mesmo tardiamente, registro os meus desapegos de novembro de 2014. Além da pequena "Antologia Poética" de Fernando Pessoa, desapeguei de dois livros: "A lenda do lago dourado" do Edson Varella Pereira, o ultimo livro lido por mim em parceria com Saleta de Leitura; e "Chico Bento: Plantando Confusão". "A lenda..." foi deixando na "Integração da Macaxeira", um local de grande concentração de pessoas; e o Chico foi dado a um dos meus alunos que ama gibis!




Posteriormente, ainda em novembro, recebi a visita de uma ex-vizinha minha. Ela é uma menina maravilhosa, quando nos tornamos vizinhas ela tinha uns 4 anos e nós passamos por muita coisa juntas. De alguma forma uma influenciou a outra e hoje ela é uma leitora voraz. Há 10 anos atrás ficávamos assistindo desenhos animados juntas e hoje falamos de Percy Jackson e derivativos. Só porque foi para Nina consegui desapegar de Coraline e do vol. 1 de Harry Potter, sei quão bem ela cuidará bem deles.


Logo mais em Abril haverá o 10º Bookcrossing Blogueiro, estarei novamente lá, afinal, como a Tita disse, existem as Vantagens da Doação:

1 - Treinar o desapego (mais fácil começar com objetos);

2 - Disponibilizar para outros algo que ficaria restrito a mim;

3 - Desocupar espaço na minha casa;

4 - Não precisar tirar pó dos livros;

5 - Deixar na estante de casa somente o que realmente me interessa no momento.


Enfim, essa é minha ultima postagem do ano, então deixo o meu "Feliz 2015" a vocês companheiros e companheiras de virtualidade. Que possamos nos encontrar mais em 2015 e realizar sonhos e desejos novos e antigos... 

Cheros mil...

domingo, 28 de dezembro de 2014

De como me tornei "O tipo de pessoa que ganha um Nietzsche de presente de Natal".


"Ninguém é obrigado a ser uma coisa só", eu sempre digo isso. Claro, nessa frase eu estou advogando em causa própria, pois definitivamente me dou o direito de ser muitas coisas sendo uma pessoa só.

Acordo de 5:50, sou uma sonambula precisando de mais uns 10 minutos para sair da cama...
Me arrasto para fora da cama as 6:30, ainda sou a indisposição em pessoa, muito prazer!
Pelo o ônibus, encontro os primeiros alunos, sou a professora de História.
Lago as 12, sou uma transeunte apresada.
Chego na creche, sou tia, Auxiliar do Desenvolvimento Infantil, Educadora Infantil...
Estou novamente em casa, sou filha.
Sento no computador, sou blogueira.
Estou livre de trabalhos, sou leitora.
Encontro pessoas no twitter, no face, na rua, no telefone, na vida, sou amiga.
Abro meu kobo, sou leitora.
Por todo o tempo sou cristã.
Quando não estou dormindo tenho sono.
Quando meu irmão sai para bebe na sexta e volta depois da meia noite e quer conversar, sou a irmã que vai dormir só depois dele dormir.
Quando me embrenho na internet por qualquer canal sou também a Pandora.
Olho para o céu noturno, sou Jaci.
Meu pai me chama, sou Ja-ci-le-ne.
Respiro, sou um ser vivo, mamífera, bípede, carnívora com culpa.

Mas, nunca pensei que em 2014, eu seria o tipo de pessoa que ganha um livro de Nietzsche de presente de Natal. Sem sombras de dúvidas, essa foi uma das grandes surpresas do ano, e talvez da vida.

Quando foi proposto aos colunistas do blog "O que tem na nossa estante", a realização de um amigo secreto no qual todos ganharíamos livros, topei na hora e corri para atualizei meu perfil no skoob. A Ju me pegou e vasculhou os 236 livros da minha lista de futuras leituras. Ela poderia ter escolhido um romance água com açúcar, o ultimo lançamento de Gaiman, um HQ qualquer como "Azul é a cor mais quente" ou "Kiki de Montparnasse", o próximo volume de Sailor Moon.... maaasss nãoooo escolheu ele!

Porque sim, uma historiadora cristã como a Ju, capaz pesquisar o Jesus Histórico e escrever poemas emotivos sobre a fé, jamais faria uma escolha corriqueira. Ela teria que irrevogavelmente aumentar minha lista de "eus" me tornando o tipo de pessoa que ganha um livro de Nietzsche de presente de Natal.

Nietzsche não é um autor de fácil leitura. Ele é difícil, o tipo que, na minha opinião, escrevia em um fluxo de ideias grande o suficiente para lhe fazer esquecer da existência de pontos finais. Além do mais, ele escreve do passado e sobre o passado.

Há quem afirme ser o pensamento dele uma coisa atemporal, mas eu não acredito em produtos culturais, como a Filosofia, dotados de atemporalidade. Então, Nietzsche emerge em minha imaginação como alguém não muito amado, vitima e produto das idiossincrasias de seu tempo. Iluminado pelo pensamento positivista e ao mesmo tempo critico dele... um ser humano angustiado e afligido pelos paradigmas de seu tempo...

Enfim, agora tenho um volume de "Além do bem e do mal" ocupando um lugar de destaque na minha estante. Sempre que olhar para ele vou lembrar dela, desse Natal e de mais esse eu....
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OBS: Estou bem atrasada com os meus registros de 2014, tive dois meses de hiato nesse blog, o qual também é meu diário, então corro o risco de fazer uma verdadeira maratona de postagens, uma em cima da outra praticamente.
Ah, sobre o post anterior, obrigada Chica, Adriana e Tio Verden... Você são um amor! Adriana, você está mais que certa! Bola para frente!

sábado, 27 de dezembro de 2014

Desabafo de fim de ano...

O autor britânico Terry Pratcht, um dos meus preferidos, para não dizer 'O preferido', tem uma personagem chamada Vovô Cera do Tempo, que também é um das minhas preferidas. No livro quando as "Quando as bruxas viajam" ele diz dela: "Ela odiava todas as coisas que predestinassem as pessoas, que as fizessem de bobas, que as tornassem pouco menos que humanas."

Hoje, eu estou me sentindo muito como a Vovó, odiando tudo, especialmente pessoas, que fazem as outras de bobas e que as tratam como algo menos que humanas... Mesmo quando uma pessoa é desimportante, moradora de uma favela, filha de um Zé da vida... professa uma fé de preceitos simples como o Cristianismo, tem um hobby simples como ler e tem uma profissão igualmente simples como professora ou educadora infantil... Ela é um ser humano e não deveria ser tratada como menos que isso!


quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Top 10: Melhores Livros de 2014 [Segundo Semestre]

Quem propõe esse Top 10 é o Luciano do .Livro, ele tem colocado só a imagem dos 10 melhores com link indicando as resenhas (confira aqui). Como não sou disciplinada a ponto de resenhar os melhores livros decidi colocar minha lista e falar sobre cada livro seguindo mais ou menos a ordem de leitura, como fiz no primeiro semestre.


Divertido e viciante tem uma das melhores protagonistas já inventadas, a Alexia consegue ser divertida, autônoma, inteligente e empoderada. O passado pela Gail para Londres tem direito a lobisomens, vampiros, fantasmas, pessoas sem alma, cientistas, diversidade sexual, intriga, diversão e muito chá. Li rapidamente o vol. 1, peguei o 2 via kobo e estou aguardando ansiosamente o vol. 3.






Quando eu vi a série "Os Hathaways" de cara não me interessei muito não violão. Mas, a Michele, minha alma gêmea me enviou "Desejo à meia-noite" pelos correios e bem... Simplesmente me apaixonei pela Lisa Klaypas. Romances de época não tem (como uma dissertação, tese ou texto acadêmico) um compromisso com a a historiografia do período no qual se passam, as autoras não tem nenhum compromisso com o possível, então vale deixar os conhecimentos acadêmicos de lado e se jogar. Eu me joguei muitooooooo na Inglaterra da Lisa, amei seus personagens. Me identifiquei muito com a Amélia, irmã mais velha dos Hathaways e amei o cigano Cam.

Cam é cigano, não é branco e nem cristão. Não tem vergonha de suas origens, das tradições de seu povo ou de ir atrás daquilo que deseja. Ele e a Amelia resolvem seus conflitos também na conversa. É um romance século XIX com cara de século XXI, mas quem se importa?



Eu não poderia simplesmente deixar "As aventuras de Sindbad, o terrestre" fora dessa lista. Simplesmente não se ler um texto escrito a mais de mil anos atrás todos os dias e quando se faz isso é preciso comemorar. O mundo árabe que emerge da escrita dess@ escrit@ anônim@ é recheado de cenas urbanas, com uma enorme diversidade étnica e cheio de mulheres empoderadas: rainhas (por direito hereditário e não por serem casadas com reis), mães sábias, guerreiras, esposas capazes de abandonar o marido quando se sentem enganadas. É lindo! E reforça meu amor sempre crescente pelo mundo árabe \o/


Como já tinha dito antes, "Claros sinais de loucura" tem uma pegada de literatura infantil terna, delicada, sensível. A protagonista é a Sarah Nelson, uma menina de 12 anos com um passado delicado. Ela escreve diários, gosta de ler, de procurar o significado das palavras no dicionário e ocasionalmente criar seus próprios significados para as palavras, enquanto procura em si mesma sinais de loucura.

Me identifiquei muito com ela, aos 12 anos também procurava em mim sinais de loucura. Hoje procuro sinais de sanidade, continuo escrevendo diários, gostando de ler, de procurar palavras no dicionário e criar meus próprios sentidos para elas. Uma lágrima, um sorriso e uma flor para esse livro perfeito.

"Fahrenheit 451" foi um livro sobre o qual muito ouvi falar antes de ler e acabei lendo para o Desafio Calendário Literária, ainda não falei sobre ele, mas pretendo fazer em um post decente. O livro é uma distopia, mas também tem uma pegada existencialista fortíssima. Ray Bradbury é reflexivo e consciente da realidade na qual vive, percebe o mundo a sua volta, se questiona e na duvida projeta um futuro...

Grande parte do futuro projetado por Bradbury tem se tornado real e as vezes parece um pesadelo. Muitas vezes acordo e penso está em uma distopia... lendo Bradbury eu quase tenho certeza... Companheiros a vida é assustadora, mas livros como Fahrenheit a medida que nos tornam conscientes do caos existencial também nos oferecem um núcleo de esperança... É estranho, sensível e quente por dentro, como um coração de um gatinho que bate em nosso colo noite a dentro.

"Dias da Meia Noite" de Neil Gaiman


Como já disse outras cem mil vezes, para mim Neil Gaiman não é apenas um dos meus autores preferidos, ele é um amigo. Um amigo com o qual posso sentar no meu canto favorito do sofá, agarrada com minha cuia de chimarrão para conversar longamente sobre histórias. "Dias da Meia Noite" é uma coletânea de histórias contadas pelo jovem Gaiman através da linguagem dos HQs, nele encontramos personagens lindos em situações nas quais é impossível não ama-los.

É muito bom está com o Gaiman, não tem como não colocar esse entre o meu top 10.




"O gato do rabino, vol. 1: Bar Mitzvah" e "O gato do rabino, vol. 2: o Malka dos Leões" de Joann Sfar


Joann Sfar é simplesmente GÊNIAL. Achei esses dois volumes no meio de uma pilha de livros a dez reais na última FLIPORTO, já tinha detonado meu bônus de R$ 150,00 Dilmas, mas não resisti a ele. Não me arrependo, aliás me arrependo sim, de não ter trazido mais deles para presentear, tenho uma lista de pessoas que iam gostar muito desse gato falante.

Ele tem o habito de observar os costumes e as formas como as pessoas se relacionam com o sagrado e relacionam o sagrado com sua vida e é capaz de nos emocionar e fazer ri quando verbaliza sobre o produto de suas observações. O judaísmo e o dialogo entre judeus e muçulmanos emerge do texto com uma grande sensibilidade, com humanidade.

"Sandman: Os Caçadores de Sonhos" de Neil Gaiman e Yoshitaka Amano


Esse livro é uma obra de arte! O dialogo entre Gaiman e Yoshitaka Amano é perfeito, um completa o outro contando uma história dramática, porém sem drama ou exageros e quando você termina simplesmente respira fundo e quase sente  uma lágrima solitária cair... Não tem um artigo ou preposição a mais no texto do Gaiman, não tem um traço a menos na arte de Yoshitaka Amano. Simplesmente uma obra de arte.

"Astronauta: Magnetar", vol. 1 Graphic MSP de Danilo Beyruth


A história do Astronauta, primeiro personagem de Mauricio de Souza foi a primeira a ser reescrita no projeto totalmente bem sucedido "Gaphic MSP". Danilo Beyruth através desse personagem uma história de amadurecimento, encontro com a humildade e reencontro com as raízes linda. Danilo brilhou, dominando o gênero ficção cientifica com maestria. Já estou me coçando para ter o volume 2 em mãos!

Por fim, a série "Guerreiras Mágicas de Rayearth Edição Especial da CLAMP". Eu li esses mangás na adolescência e acompanhei o anime episódio a episódio mais de uma vez. A leitura só me trouxe boas recordações, uma sensação de acolhimento e a alegria de ter em mãos o trabalho de pessoas tão competentes como as meninas da CLAMP. Não existe um caminho através do qual eu não ame essas guerreiras e não valorize as lições de força, coragem, amizade e afeto que aprendi com elas. Foi um lindo reencontro, ter esse manga em minha estante é a realização de um sonho!

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Uma história sobre cabelo!

Era uma vez uma menina que tinha um longo cabelo, o qual passou dois anos sem se encontrar com uma tesoura! A dona desses cabelos era uma menina sem muitas vaidades, mas que adorava seu precioso cabelo...


Mas, um dia... ela viu uma campanha de doação de cabelos para confeccionar perucas para crianças que precisavam de cabelo... Essa menina também já teve problemas sérios com perda de cabelo e sonhos nos quais ela estava careca... Essa coisa de cabelo tem apelo para essa menina...


Resultado... Ela decidiu que seu cabelo ia ir para a "caixinha de doação" das crianças... com esperanças de que elas gostem tanto dele quanto ela gosta!


Agora essa menina tem um cabelinho curto... e já escutou os primeiros "Poxa...", mas tudo bem... já já ele cresce de novo e ela já sabe que vai doar de novo... :)


domingo, 9 de novembro de 2014

Paço do Frevo [Desafio 12 Lugares #07]

Se houve um lugar no qual, desde o inicio desse desafio, eu quis ir foi o "Paço do Frevo", um museu dedicado ao frevo, ritmo característico do carnaval pernambucano e reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio cultural e imaterial brasileiro. O Paço existe para preservar e difundir a memória do que é o frevo e de como ele foi sendo construído pelas pessoas dessa cidade ao longo do último século.

 

Sempre fiquei me perguntando como os organizadores teriam feito para criar um local no qual uma coisa fluida e sem materialidade como um ritmo e uma dança carnavalesca poderia ser preservado e difundido. E sinceramente, não sai frustrada.


O "Paço do Frevo" é um espaço dinâmico como o frevo e ferve de vida como um carnaval. É um local incrivelmente movimentado, durante todo o tempo no qual eu e o Alexandre andamos por lá vimos crianças, sorrisos e aquele barulhinho característico de espaço frequentado por crianças felizes e em momento de felicidade.


Eu me apaixonei pelo espaço pela dinâmica do espaço. Embora deva admitir que o acervo não é tudo o que eu esperava. Atualmente o espaço conta com fotos e videos nos quais as pessoas comentam a história do frevo de forma didática para que as crianças possam compreender de onde vem o frevo e quais foram as pessoas que o construíram, além de um espaço magnifico no terceiro anda no qual nós podemos conferir inúmeros estandartes das agremiações.


Eu senti muita falta de ver os objetos materiais ligados ao frevo: roupas, sombrinhas, instrumentos de sopro, moveis das agremiações. O "Paço do Frevo", apesar de ser tudo de bom, padece da mesma fragilidade do "Museu da Língua" em São Paulo, ou seja, falta de acervo material. E apesar de amar ambos os espaços, acho importante lembrar: "A humanidade faz os objetos e os objetos fazem a humanidade.". Os objetos que cercam nossas vidas são documentos que informam sobre nós, os objetos que cercavam as pessoas que fizeram o frevo também fazem parte e eu sentir falta deles.


Mas, por outro lado é preciso ter paciência, o espaço está aberto há menos de um ano e consequentemente seu acervo está em construção. Sem contar que quem se ocupa de investigar as pessoas não abastadas da sociedade sempre tem que lidar como o fato de que essas pessoas tem serios problemas para conservar objetos por muito tempo.




O frevo é uma criação das pessoas que vivem no lado B da cidade, usando as palavras de Terry Pratchett, o frevo é uma invenção dos:
"desabrigados. Os famintos. Os silenciosos. Aqueles que tinham sido abandonados pelos homens e pelos deuses. O povo das névoas e da lama, cuja única força estava em algum lugar do outro lado da fraqueza, cujas crenças eram tão instáveis e caseiras quanto suas casas. E o povo da cidade — não os que moravam nas grandes casas brancas e iam aos bailes em belas carruagens, mas os outros...".


Essas pessoas da nevoa e da lama, que vivem no lado b da cidade eram e são as "que fazem o reino mágico funcionar" são as que preparam suas refeições, varrem o chão, carregam suas sujeiras à noite, dirigem seus carros, fazem com que a luz acenda e por ai vai... Suas vidas muitas vezes passam sem serem percebidas ou registradas, a menos claro, que eles façam greve ou decidam eleger um presidente ou presidenta. É muito bom visitar um espaço que existe em função de preservar um feito dessas pessoas.

As pessoas desqualificam favelados, analfabetos, pobres com muita facilidade e se esquecem de que nós não somos acéfalos ou incapazes. Nós conhecemos a força que existe do outro lado da fraqueza e deixamos nossa marca nesse mundo e as vezes essa marca é tão grande, lustrosa e imponente que nada consegue apagar, como o frevo, só para citar um exemplo.

Ah, o Alexandre foi comigo ao Paço e graças a ele as fotos ficaram PERFEITAS! Inclusive essa foto fofa com  Antônio Maria, autor do Frevo Número 1 e claro, para não variar estou meio sem jeito cutucando o poeta... 


Esse post pertence ao Desafio 12 Lugares proposto pelo Blog "Aceita um Leite?"


sábado, 1 de novembro de 2014

As aventuras de Sindbad, o Terrestre [Desafio Calendário Literário]


Quando encontrei esse livro, há quatro anos atrás, pensei: "Oi, esse titulo não está ligeiramente errado?". Mas, não, o titulo está certo. Sindbad não é nome próprio, é um apelido, significa "homem da China", e não existiu apenas um, e sim dois. Quem leu a história de "Sindbad, o Marujo ou Maritimo" lembra, ela começa quando ele encontra outro homem com o mesmo apelido e o convida para uma reunião para troca de figurinhas.

A história das aventuras dos dois "Homens da China" foram escritas em meados do fim séculos VIII e inicio do IX na região do Iraque. A edição da Martins Fontes conta com introdução e notas explicativas de René R. Khawam e este explica ter sido as histórias do Terrestre e o Marujo duas partes de um obra única escrita pelo mesmo autor. Partilho com Khawam a concepção de que toda história contada funciona é um documento através do qual podemos acessar informações e obter conhecimento sobre o passado e sinceramente não existe um caminho através do qual eu não ame o mundo Árabe de meados da Idade Média.

Enfim, voltando ao livro, nele nós conhecemos o Hasan, nome verdadeiro do personagem, ele é morador da cidade de Al-Basra. Quando o vemos pela primeira vez ele é um rapaz órfão que acabou de diluir uma fortuna significativa. Com uma forte tendencia ao drama, ele é o tipo capaz de tomar decisões tolas e escolher mal suas amizades, no entanto não é um rapaz orgulhoso ou preguiçoso, tem a seu favor uma educação esmerada, graças a sua mãe ele domina a caligrafia, o Corão, a boa linguagem e sabe pedir ajuda quando precisa dela.

Tão logo ele se vê pobre corre atrás de uma amigo ourives, este lhe ensina sua profissão. De órfão gastador Hasan de Al-Basra torna-se o ourives mais requisitado e dedicado da cidade, as pessoas param a porta de sua oficina para observar seu talento. Seu talento é, aliás, o responsável por atrair a atenção do um alquimista Persa que seduz nosso jovem trabalhador a se meter em uma empreitada complicada em busca de enriquecimento fácil. Apesar dos protestos e avisos de sua mãe sensata de Hasan é emocional demais para ceder a tentação de ir atrás do Persa.

Aliás Hasan está bem fora do modelo machista de masculinidade. Ele é emotivo, recita versos quando está feliz ou amargurado, é fiel a uma única mulher, é totalmente capaz de manter amizade e pactos de irmandade com mulheres, sabe pedir por favor, implorar, chorar.

Esqueça-se também o modelo de feminilidade, na história de Hasan as mulheres estão bem distante de donzelas em perigo, muito pelo contrario, elas são princesas guerreiras, soldados, fiscais de alfandega, generais, pessoas independentes, capazes, astutas, manipuladoras quando preciso, capazes de viver sozinhas. Elas são as principais ajudadoras do viajante.

Para se livrar da enrascada na qual se mete quando não segue o conselho de sua sábia mãe, Hasan conta com a ajuda de princesas filhas de Djins que vivem em uma ilha isolada. A mais nova das princesas se move de amor por ele e faz dele seu irmão. Sim, você leu bem, ele encontra moças virgens, solitárias em uma ilha e não as machuca, molesta ou casa com elas, ele vira irmão delas. A irmandade dele com essas moças é um pacto que jamais é quebrado em toda essa história.

É na companhia dessas moças que ele encontra com o amor de sua vida, uma princesa filha de Reis de Djins das Ilhas Waq do Waq [Arquipélago do Japão]. Para conquistar o amor de sua princesa ele conta com a ajuda de sua irmã adotiva e lança mão de artimanhas. Como tudo que vem com estratagemas, na primeira oportunidade sua princesa foge de volta a sua terra com os filhos fruto do matrimonio. A maior aventura de nosso herói consiste em trazer sua esposa e seus filhos de volta para casa.

A busca de Hasan por sua esposa é a melhor parte do livro. Ela coloca em evidencia a diversidade étnica dos territórios pelos quais os muçulmanos transitavam durante os século VIII e IX e das pessoas que se convertiam ao islamismo. Hasan encontra homens e mulheres poderosos, de várias cores e em várias situações de poder diferentes.

"As aventuras de Sindbad, o Terrestre" oferece uma visão privilegiada das fronteiras orientais do mundo Árabe, nos da a saber um pouco de como era a vida além da Europa durante o período medieval. É maravilhoso andar pelas cidades movimentadas, pelos mercados nos quais circulam várias pessoas e objetos de diversas origens diferentes. Foi revigorante encontrar com mulheres empoderas, homens sensíveis a ponto de narrar suas dores em versos de dar inveja a poeta romântico ou poderosos capazes de se sensibilizar com a boa poesia. Tais encontros me fazem crer ainda mais que relações de gênero e modelos de feminilidade e masculinidade não são naturais e sim historicamente construídos.

Ainda quero ser Sindbad, o Marítimo, mas não existe um caminho através do qual eu não ame o emotivo, leal e fiel Hasan.  O Terrestre é um aventureiro sensível e emotivo, corre atrás do amor de sua vida, sua fortuna são seus amigos, amigas, irmãs, esposa e filho, jamais esquece de voltar a casa de sua mãe e, se cruzasse meu caminho, também eu diria

"Quanto a ti, que tua alma esteja satisfeita, que teus olhos enxerguem com limpidez, que teu peito respire livremente, pois tu te tornaste nosso irmão e nós nos tornamos tuas irmãs. Está entendido, entre Deus Altissimo e nós, que doravante nenhum sofrimento poderá atingir-te sem nos atingir também!" ("As aventuras de Sindbad, o Terrestre, pg. 57).
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O "Desafio Calendário Literário" do "Aceita um Leite?"  de agosto foi ler "um clássico da Literatura Fantástica", em meio as minhas angustias existenciais eu me atrasei nas postagens. Mas, é melhor atrasar que não chegar néh gente! Em breve vou postar sobre "Fahrenheit 451" de  Ray Bradbury e "Alice no país das Maravilhas". :)

Esse post faz parte do Desafio Calendário Literário!