domingo, 9 de novembro de 2014

Paço do Frevo [Desafio 12 Lugares #07]

Se houve um lugar no qual, desde o inicio desse desafio, eu quis ir foi o "Paço do Frevo", um museu dedicado ao frevo, ritmo característico do carnaval pernambucano e reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como patrimônio cultural e imaterial brasileiro. O Paço existe para preservar e difundir a memória do que é o frevo e de como ele foi sendo construído pelas pessoas dessa cidade ao longo do último século.

 

Sempre fiquei me perguntando como os organizadores teriam feito para criar um local no qual uma coisa fluida e sem materialidade como um ritmo e uma dança carnavalesca poderia ser preservado e difundido. E sinceramente, não sai frustrada.


O "Paço do Frevo" é um espaço dinâmico como o frevo e ferve de vida como um carnaval. É um local incrivelmente movimentado, durante todo o tempo no qual eu e o Alexandre andamos por lá vimos crianças, sorrisos e aquele barulhinho característico de espaço frequentado por crianças felizes e em momento de felicidade.


Eu me apaixonei pelo espaço pela dinâmica do espaço. Embora deva admitir que o acervo não é tudo o que eu esperava. Atualmente o espaço conta com fotos e videos nos quais as pessoas comentam a história do frevo de forma didática para que as crianças possam compreender de onde vem o frevo e quais foram as pessoas que o construíram, além de um espaço magnifico no terceiro anda no qual nós podemos conferir inúmeros estandartes das agremiações.


Eu senti muita falta de ver os objetos materiais ligados ao frevo: roupas, sombrinhas, instrumentos de sopro, moveis das agremiações. O "Paço do Frevo", apesar de ser tudo de bom, padece da mesma fragilidade do "Museu da Língua" em São Paulo, ou seja, falta de acervo material. E apesar de amar ambos os espaços, acho importante lembrar: "A humanidade faz os objetos e os objetos fazem a humanidade.". Os objetos que cercam nossas vidas são documentos que informam sobre nós, os objetos que cercavam as pessoas que fizeram o frevo também fazem parte e eu sentir falta deles.


Mas, por outro lado é preciso ter paciência, o espaço está aberto há menos de um ano e consequentemente seu acervo está em construção. Sem contar que quem se ocupa de investigar as pessoas não abastadas da sociedade sempre tem que lidar como o fato de que essas pessoas tem serios problemas para conservar objetos por muito tempo.




O frevo é uma criação das pessoas que vivem no lado B da cidade, usando as palavras de Terry Pratchett, o frevo é uma invenção dos:
"desabrigados. Os famintos. Os silenciosos. Aqueles que tinham sido abandonados pelos homens e pelos deuses. O povo das névoas e da lama, cuja única força estava em algum lugar do outro lado da fraqueza, cujas crenças eram tão instáveis e caseiras quanto suas casas. E o povo da cidade — não os que moravam nas grandes casas brancas e iam aos bailes em belas carruagens, mas os outros...".


Essas pessoas da nevoa e da lama, que vivem no lado b da cidade eram e são as "que fazem o reino mágico funcionar" são as que preparam suas refeições, varrem o chão, carregam suas sujeiras à noite, dirigem seus carros, fazem com que a luz acenda e por ai vai... Suas vidas muitas vezes passam sem serem percebidas ou registradas, a menos claro, que eles façam greve ou decidam eleger um presidente ou presidenta. É muito bom visitar um espaço que existe em função de preservar um feito dessas pessoas.

As pessoas desqualificam favelados, analfabetos, pobres com muita facilidade e se esquecem de que nós não somos acéfalos ou incapazes. Nós conhecemos a força que existe do outro lado da fraqueza e deixamos nossa marca nesse mundo e as vezes essa marca é tão grande, lustrosa e imponente que nada consegue apagar, como o frevo, só para citar um exemplo.

Ah, o Alexandre foi comigo ao Paço e graças a ele as fotos ficaram PERFEITAS! Inclusive essa foto fofa com  Antônio Maria, autor do Frevo Número 1 e claro, para não variar estou meio sem jeito cutucando o poeta... 


Esse post pertence ao Desafio 12 Lugares proposto pelo Blog "Aceita um Leite?"


sábado, 1 de novembro de 2014

As aventuras de Sindbad, o Terrestre [Desafio Calendário Literário]


Quando encontrei esse livro, há quatro anos atrás, pensei: "Oi, esse titulo não está ligeiramente errado?". Mas, não, o titulo está certo. Sindbad não é nome próprio, é um apelido, significa "homem da China", e não existiu apenas um, e sim dois. Quem leu a história de "Sindbad, o Marujo ou Maritimo" lembra, ela começa quando ele encontra outro homem com o mesmo apelido e o convida para uma reunião para troca de figurinhas.

A história das aventuras dos dois "Homens da China" foram escritas em meados do fim séculos VIII e inicio do IX na região do Iraque. A edição da Martins Fontes conta com introdução e notas explicativas de René R. Khawam e este explica ter sido as histórias do Terrestre e o Marujo duas partes de um obra única escrita pelo mesmo autor. Partilho com Khawam a concepção de que toda história contada funciona é um documento através do qual podemos acessar informações e obter conhecimento sobre o passado e sinceramente não existe um caminho através do qual eu não ame o mundo Árabe de meados da Idade Média.

Enfim, voltando ao livro, nele nós conhecemos o Hasan, nome verdadeiro do personagem, ele é morador da cidade de Al-Basra. Quando o vemos pela primeira vez ele é um rapaz órfão que acabou de diluir uma fortuna significativa. Com uma forte tendencia ao drama, ele é o tipo capaz de tomar decisões tolas e escolher mal suas amizades, no entanto não é um rapaz orgulhoso ou preguiçoso, tem a seu favor uma educação esmerada, graças a sua mãe ele domina a caligrafia, o Corão, a boa linguagem e sabe pedir ajuda quando precisa dela.

Tão logo ele se vê pobre corre atrás de uma amigo ourives, este lhe ensina sua profissão. De órfão gastador Hasan de Al-Basra torna-se o ourives mais requisitado e dedicado da cidade, as pessoas param a porta de sua oficina para observar seu talento. Seu talento é, aliás, o responsável por atrair a atenção do um alquimista Persa que seduz nosso jovem trabalhador a se meter em uma empreitada complicada em busca de enriquecimento fácil. Apesar dos protestos e avisos de sua mãe sensata de Hasan é emocional demais para ceder a tentação de ir atrás do Persa.

Aliás Hasan está bem fora do modelo machista de masculinidade. Ele é emotivo, recita versos quando está feliz ou amargurado, é fiel a uma única mulher, é totalmente capaz de manter amizade e pactos de irmandade com mulheres, sabe pedir por favor, implorar, chorar.

Esqueça-se também o modelo de feminilidade, na história de Hasan as mulheres estão bem distante de donzelas em perigo, muito pelo contrario, elas são princesas guerreiras, soldados, fiscais de alfandega, generais, pessoas independentes, capazes, astutas, manipuladoras quando preciso, capazes de viver sozinhas. Elas são as principais ajudadoras do viajante.

Para se livrar da enrascada na qual se mete quando não segue o conselho de sua sábia mãe, Hasan conta com a ajuda de princesas filhas de Djins que vivem em uma ilha isolada. A mais nova das princesas se move de amor por ele e faz dele seu irmão. Sim, você leu bem, ele encontra moças virgens, solitárias em uma ilha e não as machuca, molesta ou casa com elas, ele vira irmão delas. A irmandade dele com essas moças é um pacto que jamais é quebrado em toda essa história.

É na companhia dessas moças que ele encontra com o amor de sua vida, uma princesa filha de Reis de Djins das Ilhas Waq do Waq [Arquipélago do Japão]. Para conquistar o amor de sua princesa ele conta com a ajuda de sua irmã adotiva e lança mão de artimanhas. Como tudo que vem com estratagemas, na primeira oportunidade sua princesa foge de volta a sua terra com os filhos fruto do matrimonio. A maior aventura de nosso herói consiste em trazer sua esposa e seus filhos de volta para casa.

A busca de Hasan por sua esposa é a melhor parte do livro. Ela coloca em evidencia a diversidade étnica dos territórios pelos quais os muçulmanos transitavam durante os século VIII e IX e das pessoas que se convertiam ao islamismo. Hasan encontra homens e mulheres poderosos, de várias cores e em várias situações de poder diferentes.

"As aventuras de Sindbad, o Terrestre" oferece uma visão privilegiada das fronteiras orientais do mundo Árabe, nos da a saber um pouco de como era a vida além da Europa durante o período medieval. É maravilhoso andar pelas cidades movimentadas, pelos mercados nos quais circulam várias pessoas e objetos de diversas origens diferentes. Foi revigorante encontrar com mulheres empoderas, homens sensíveis a ponto de narrar suas dores em versos de dar inveja a poeta romântico ou poderosos capazes de se sensibilizar com a boa poesia. Tais encontros me fazem crer ainda mais que relações de gênero e modelos de feminilidade e masculinidade não são naturais e sim historicamente construídos.

Ainda quero ser Sindbad, o Marítimo, mas não existe um caminho através do qual eu não ame o emotivo, leal e fiel Hasan.  O Terrestre é um aventureiro sensível e emotivo, corre atrás do amor de sua vida, sua fortuna são seus amigos, amigas, irmãs, esposa e filho, jamais esquece de voltar a casa de sua mãe e, se cruzasse meu caminho, também eu diria

"Quanto a ti, que tua alma esteja satisfeita, que teus olhos enxerguem com limpidez, que teu peito respire livremente, pois tu te tornaste nosso irmão e nós nos tornamos tuas irmãs. Está entendido, entre Deus Altissimo e nós, que doravante nenhum sofrimento poderá atingir-te sem nos atingir também!" ("As aventuras de Sindbad, o Terrestre, pg. 57).
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O "Desafio Calendário Literário" do "Aceita um Leite?"  de agosto foi ler "um clássico da Literatura Fantástica", em meio as minhas angustias existenciais eu me atrasei nas postagens. Mas, é melhor atrasar que não chegar néh gente! Em breve vou postar sobre "Fahrenheit 451" de  Ray Bradbury e "Alice no país das Maravilhas". :)

Esse post faz parte do Desafio Calendário Literário!







domingo, 26 de outubro de 2014

Uma História de Abraço [Coração 010]

Ele só queria.
Ele só queria alguém que se importasse com ele.
Alguém que lhe desse um abraço.
Alguém que lhe aquecesse.
Ninguém queria.
Quando eu te abraço no escuro, o escuro não vai embora.
Coisas ruins continuam a existir lá fora.
Os pesadelos ainda caminham.
Quando eu te abraço não é mais seguro, mas é melhor.
"Tudo bem", a gente sussurra.
"To aqui amor".
E mentimos: "Nunca vou te deixar".
Por apenas um instante o escuro não é assim tão ruim.
Quando te abraço.
(Neil Gaiman, Abraço, pg. 24 In: Dias da Meia-Noite, pg. 100)
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Sexta-feira passada, para não variar, foi mais um dia cansativo. Cansativo o suficiente para me fazer abrir mão de meu orgulho de educadora capciosa. Decidi não fazer com as crianças a jornada do primeiro andar para o térreo e oferecer o lanche na sala mesmo. Consequentemente precisei subir  e descer a rampa com a bandeja do lanche.

Foi no momento da descida, um pouco antes de depositar na cozinha a enorme bandeja do lanche, que impede minha visão de qualquer coisa abaixo da altura do peito, que fui surpreendida pelo abraço do L.

O L. tem quase 4 anos agora, é um magricela enorme, de ossos agradavelmente pesados e carinha de criança bem nutrida. Nós nos apaixonamos a primeira vista. Ele sorriu para mim, eu sorri para ele e BUM, fez-se um mundo! Aliás, quando agarrou minhas pernas a bandeja também quase fez bum no chão com pratos, copos e restos de bolo. Por um golpe de sorte tudo se equilibrou e como em um fleche o L já estava nos meus braços para abraçar, cheirar, beijar e morder com amor, pois todos sabem que mordidas de amor não doem e fazem as crianças se derreter em sorrisos.

Abraços não resolvem os problemas do mundo, mas fazem tudo tudo tudo mesmo valer a pena.

Hoje, acordei mais cedo do que de costume para um domingo e me peguei lendo a edição de "Dias da Meia-Noite" que o Rafael me enviou. Como já disse outras vezes, Neil Gaiman é um amigo com o qual posso sentar no meu canto favorito do sofá, agarrada com minha cuia de chimarrão para conversar longamente. Foi dessa forma que eu ouvi uma emocionante história de abraço, mesmo que o assunto do momento seja "As eleições Presidenciais", simplesmente precisava escrever essa minha história de abraço.

Ah, Rafael, não se gabe muito, mas talvez você esteja certo: "Tudo o que as pessoas precisam é de um abraço!".

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Um pequeno registro, só para não esquecer!

Tem coisas nessa vida feitas para não serem esquecidas.
São justamente dessas coisas que tenho medo de esquecer e por isso escrevo.

Então ontem, quando cheguei em casa do trabalho, encontrei uma caixa em cima do sofá. A caixa me foi enviada pelo Rafael e nela estava uma das coisas mais lindas incríveis e tudo o mais que já vi na vida!

Eu ainda estou fora de mim de contentamento!!!
Não consegui tirar os olhos dela nem para a foto, minha irmã se abusou e ficou assim mesmo!!!


Obrigada Rafael!!!


E sim, agora mesmo estou abraçando o lindo "Dias da Meia-Noite", olhando para meu marcador de papiro, não consigo me separar dele... Abraços quentinhos nunca são demais, assim como balas de café!!!

domingo, 12 de outubro de 2014

Estatuto da Criança e do Adolescente

Outro dia li um texto no qual o facebook era chamado de "besta do apocalipse". Confesso: ri muito e cheguei a concordar um pouco. Mas, como toda geminiana bem sabe, nada e ninguém é uma coisa só, todas as coisas possuem lados divergentes e convergentes, capacidade para a ternura e fúria, malefícios e benefícios e as redes sociais também tem disso.

O facebook tende mesmo a se comportar como uma besta do apocalipse sedenta de sangue e caos. compartilhando as indiscrições alheias. Mas, também tem seu lado A, seu lado bom.

Por exemplo, hoje encontrei nos descaminhos do "quase sempre insuportável" face a pagina do "Conselho Superior da Justiça do Trabalho". Na "Semana do Dia das Crianças" eles resolveram destacar alguns artigos que servem como premissa para o combate ao trabalho infantil" e, na minha opinião, para outras coisas também.

O Brasil e os brasileiros são criaturas que em geral pouco se importam com a infância, ou melhor, pouco se importam com a infância pobre e a pequena infância carente. O "Bolsa Família" garante a frequência escolar de milhares de crianças em todo território nacional, porém é apelidado carinhosamente de "Bolsa Esmola"; a escola pública não é prioridade e quando se fala em creches as pessoas defendem que a creche é "importante para as mães que trabalham" e não para as crianças.

Para as crianças pobres e a pequena infância carente tem sobrado o pior pedaço do bolo dos recursos públicos. Quem se compromete em lutar pelos direitos deles costuma ouvir coisas como: "Seu trabalho não tem futuro!"

Como educadora coleciono pequenas derrotas diariamente. Para cada passo dado a frente muitas vezes é preciso dar dois para trás. Me pego imaginando o quanto as pessoas que me antecederam também sofreram derrotas em suas lutas.

Mas, como nem só de derrotas vivem os que batalham por um mundo no qual a infância seja respeitada, nós temos o "Estatuto da Criança e do Adolescente" (ECA), lei nº 8.069 de 1990, um conjunto de normas que tem como objetivo a proteção integral das crianças e adolescentes.

Muita gente se recente dele, muita gente desconhece ele, muita gente luta contra ele e clama por "Redução da Maior Idade Penal" antes de clamar por "Respeito ao Estatuto", "Respeito aos Direitos das Crianças". Combater o menor infrator nunca vai produzir um mundo mais pacifico, combater aquilo que produz o menor infrator já é outra história.

Compartilho, guardo, aqui os artigos destacados pelo "Conselho Superior de Justiça do Trabalho" com a esperança de que cada um de nós consiga fazer algo a respeito cada vez que ver uma criança em estado de fragilidade social. Que possamos travar pequenas lutas a favor das crianças diariamente e que junto com as muitas derrotas venham também vitórias tão grandes quanto a construção e aprovação do ECA foi em 1990.

Ah, deixo também meu obrigada a cada cidadão que militou em favor do ECA, se a vida das crianças já é dura com ele, imagina sem!





sábado, 11 de outubro de 2014

Os dez melhores filmes da Sessão da Tarde [ #ListasRápidas 2]

O Luciano criou uma tag/meme chamado "Listas Rápidas" no blog dele .Livro, eu gostei da ideia e resolvi aderir a lista dOs 10 melhores filmes da Sessão da Tarde, pois até o presente momento eu ainda não consegui cansar do meu Top 10 desses filmes.

Boa parte deles fiz questão de adquirir em DVD para ter "na minha estante" e a outra estou em processo de ter, pois vivo eternamente procurando eles por ai!


Os dez melhores filmes da Sessão da Tarde!


01. Curtindo a vida adoidado
02. Os Trapalhões e o Mágico de Oróz
03. Dirty Dancing - Ritmo Quente
04. De Volta a Lagoa Azul
05. Elvira: A Rainha das Trevas
06. Gost: do outro lado da vida
07. Mudança de hábito 1
08. Os Fantasmas se Divertem
09. Família Buscapé
10. A.I. Inteligencia Artificial
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Pequenas Notas:

* Quando estava na graduação confessei aos meus amigos que chorava muito quando assistia "A lagoa Azul" e eles me sacanearam com isso durantes 4 anos e 6 meses, literalmente até o ultimo dia de curso. Então agora eu não choro mais vendo como duas pessoas conseguem ficar em uma ilha a vida toda e só aprendem como fazer menino kkkk.

** "Curtindo a vida adoidado" é um dos meus filmes preferidos no multiverso até hoje a música "Twist And Shout" ainda está em meu celular. Em 2011 eu tive uma turma de "Grupo 2" que simplesmente A.M.A.V.A essa música. Eu colocava para dançar com eles quase todos os dias!

*** Nunca entendi como uma evangélica pode gostar tanto de filmes espiritas como eu gosto de "Gost" e derivativos. Poderia encher um oceano com as lágrimas que choro assistindo.

****Eu amava os filmes dOs Trapalhões nos quais apareciam, por ordem de apreciação minha  Mussum, Zacarias, Dede e Didi!

Confiram também a lista do Luciano "Os 10 melhores filmes da Sessão da Tarde"

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Uma pequena nota sobre a educação pública!

De repente o teto da sala pode cair.
Você pode chegar e encontrar sua turma desconfortavelmente instalada no refeitório.
Um curto-circuito pode ocorrer na cozinha e você ter que sair do refeitório para o patio externo, afinal na sua cidade a primavera é verão e sem ventilador não dá!
No patio externo você pode se pegar tirando uma barata das mãos de uma de suas crianças.
Quando você pensar que não, de repente pode chover e ai é correr com todas as crianças de volta ao refeitório - graças aos céus a luz foi religada.
Mas, ai descobre que o banheiro está entupido novamente e, antes de dar um jeito naquilo, se pergunta: "Isso é um banheiro ou uma fossa?".
De repente você se pegar deixando as crianças assistirem episódios de "Peppa Pig" como se não houvesse amanhã, enquanto vai executando com as estagiarias o ritual do banho individual.
Para não variar, sua equipe é a última a largar, porque um terço dos pais de seus alunos fazem absoluta questão de chegar exatamente no último minuto da tolerância estabelecida pela instituição.
E você precisa escrever esse desabafo, afinal amanhã tem mais e você não pode surtar, pois surtar não conserta teto ou instalação elétrica, limpa patio, desentope banheiro, conscientiza pais e mães a respeito do fato de que você larga as 18:00 horas e não as 18:05, 18:10 ou 18:15 ou faz com que os administradores da cidade-estado-país olhem com olhos de amor para a escola pública!

Em resumo:

"Quando você pensa que já viveu o pior, acredite em mim, você está sendo muito otimista!
Quando o assunto é educação publica em Recife-PE-Brasil, nada pode está tão ruim que não possa piorar!"

sábado, 4 de outubro de 2014

Pausa não intencional!

Eu não estava pretendendo dar pausa na escrita desse blog - quase diário. Amo escrever, amo a dialética viver e narrar, narrar e viver. Mas, aconteceu, já faz mais de um mês que não sento para digitar/contar nada por aqui....

E para minha surpresa, mesmo hoje, mesmo agora, a vontade de escrever não vem...

Poderia dizer que é falta de tempo, ideia, excesso de trabalho, problemas e derivativos, mas honestamente enquanto se está vivo precisa-se trabalhar e enfrentar problemas então sei que não é isso.

Enfim, sem blá... blá... blá... Só passei para registrar que desde Agosto e agora em Setembro esse blog tem vivido uma pequena pausa. Honestamente espero que não dure, afinal há os desafios da Lu sobre os quais preciso falar e talvez hajam outras coisas mais...

Abraços, beijos e cheros aos transeuntes da internet que por aqui passam e até nosso próximo encontro, aqui ou em qualquer parte!

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Blogagem Coletiva: Livros que Marcaram a Minha Infância


Quando a @Sybylla_ do Momentum Saga propôs a ideia de blogar a respeito dos "Livros que marcaram a infância" eu abracei de cara. Sim, eu sei que esse blog anda um pouquinho monocromático em relação a temáticas e eu tenho falado demais de livros... livros... livros... Mas gente, eu gosto tanto de falar de minhas leituras que não cair na tentação é impossível.

Enfim, a primeira grande marca literária de minha infância foi causada pela Bíblia, talvez por isso eu seja tão fascinada por literatura fantástica. Ela foi meu primeiro livro de leitura, claro a interpretação e acesso ao texto bíblico era mediada por uma versão infantil com linguagem mais acessível e pela presença de Voinho. Seu Pedro foi um avô carinhoso e excelente contador de histórias.

Para adultos, cujo pensamento é muito arraigado a logica e possuem uma cota de magoas significativas com os cristãos, a Bíblia pode não ter fascínio nenhum, mas para crianças o Velho Testamento tem seu charme. Ali encontramos um mundo criado em seis dias, Dilúvio, Torre de Babel, Jacó, José, Rebeca, crianças resgatadas do Nilo, pragas, nuvens de fogo, água fluindo da rocha, pão brotando da areia, pastor de ovelhas vencendo urso, leão e gigante para virar Rei. Talvez Davi tenha sido meu primeiro amor e decepção literária gritante, digo talvez pois mesmo agora não me sinto a vontade para admitir o meu amor infantil por ele. Demorei anos para perdoa-lo, minhas questões com ele eram capazes de azeda as pregações mais eloquentes kkkk

E bem, fora a Bíblia minha família não me colocava diretamente em contato com outros textos literários. Eu mesma costumava me colocar em contanto com os livros didáticos do meu tio. Livros didáticos de português são especialmente rico em diversos tipos de texto. E além disso eu dei a sorte de encontrar logo na primeira série a "Tia Shelly", quanto mais penso nela mais percebo o quanto ela era genialmente maluca. Tia Shelly falava sobre a necessidade das mulheres terem independência financeira com crianças de sete a oito anos, gritava muito e pedia desculpas por gritar muito, era meio barraqueira, fazia jogos de leitura e costumava nos levar para a biblioteca da escola nas sextas-feiras com permissão para levar 1 livro para casa, na próxima sexta nós devolvíamos e assim ia.

Foi graças a Tia Shelly que mergulhei no maravilhoso mundo de Hans Christian Andersen, Perraulte, Irmãos Grimm. Pois é, realidade não era o meu forte mesmo. Meu negocio era o mundo da fantasia. De todos os autores infantis o meu preferido sempre foi e continua sendo o Andersen. Chorei, sorrir e refleti com os textos dele! Amo a "Pequena Sereia" e seu amor resiliente e generoso, me inspiro no "Patinho Feio" para superar adversidades, me revolto com a continuidade da existência da "Pequena Vendedora de fósforos" em noites de Natal, me apaixono pelo "Soldadinho de Chumbo" e "O sino" continua sendo minha história favorita. Basta ouvir o sino da igreja tocando as seis horas que eu lembro e não consigo deixar de sorrir e ficar melancólica.

Depois da colaboração da Tia Shelly, eu contei com a ajuda da minha  tia Neide, irmã da minha mãe que me presenteou com duas edições de compilações de contos infantis das "Mil e Uma Noites" e dos Irmãos Grimm tão amada que não sobreviveu a minha infancia.

Também contei com a ajuda básica da minha vizinhança para manter meu habito de ler. Aqui em Nova Descoberta privacidade é algo que não existe, todo mundo sabe que amo ler, e quando o patrão de minha vizinha deu a ela um bom acervo de livros dos filhos dele ela me emprestou e com a ajuda de Glauce conheci a mala sem alça do Monteiro Lobato, Ivanhoé, amoooo demais, e Simbad, eu ainda quero ser Simbad.

Apesar de não morrer de amores por Lobato e odiar a Emília sobre todas as coisas, "Saci" e "Os 12 trabalhos de Hércules" foram leitura importantes para minha pessoa. Eu amo o Saci e Mitologia Grega e Monteiro Lobato foi brilhante ao transformar todas as histórias de Saci que ele conhecia nesse conto infantil, me introduziu no universo da mitologia grega, tão caro a mim, e eu amo o Visconde até hoje.

Ah, não posso deixar de citar "Ulisses entre o amor e a morte" do O. G. Rego de Carvalho. Esse livro fala de memórias de infância e adolescência em uma prosa poética emocionante, não é um livro infantil, embora fale de infância. Eu tinha nove anos quando roubei ele da bolsa de trabalho do meu pai, naquela época ele fazia a linha "Recife - São Luiz do Maranhão", alguém presenteou ele com o livro, meti corretivo na dedicatória, assinei meu nome e ele se tornou meu melhor amigo por anos.

Já disse que não fui uma criança cuidadosa?

Fica também a menção honrosa ao belíssimo "Entre a Espada e a Rosa" da Marina Colasanti, conheci esse livro na biblioteca da segunda escola na qual estudei, essa biblioteca nem existe mais, porém continua sendo meu lugar preferido no mundo o lugar no qual fui mais feliz. Ano passado reencontrei esse livro e quando volto a ler suas histórias é como se eu estivesse novamente nesse lugar de paz e luz do sol no qual eu consigo respirar.


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Esse post pertence a Blogagem Coletiva "Livros que marcaram a minha infância" proposta pelo Momentum Saga  outros posts podem ser encontrados nesse link 

Fran, Sybila, desculpem o atraso na postagem, eu passei o dia todo selecionando mentalmente as coisas que iria escrever, o post ficou enorme, eu sou prolixa, o texto deve está repleto de erros, depois revisarei tudo e linkarei todos os posts :)

sábado, 23 de agosto de 2014

Escreva [Citação 009]

"Estou pedindo que escrevam cartas, que incluam acontecimentos, coisas que tenham percebido, como a mudança das estações afeta vocês ou o cheiro das flores. Imaginem morar na Índia com um macaco. Expressem a alegria de beber uma simples limonada em um dia quente. Finjam ser estranhos em sua própria casa, onde acabaram de notar uma rachadura no teto. Seria uma passagem para um cômodo oculto? Escrevam cartas para alguém que vocês viram em um restaurante. Talvez uma pessoa famosa, viva ou morta. Ou talvez para seus personagens favoritos de um livro ou filme! Perguntem coisas sobre a vida deles, as escolhas que fizeram... Sejam curiosos e libertem a sua mente de abreviações."

(Professor Wistler, Claros Sinais de Loucura, p. 34, Karem Harrington)


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Não consegui evitar de da um pulo aqui madrugada a dentro e registrar as palavras do Professor Wistler. Também escrevo, amo escrever, gosto do que escrevo e  faço minhas as palavras dele.

"Claros sinais de loucura" da Karen Harrington, tem uma pegada de literatura infantil terna, delicada, sensível. A protagonista é a Sarah Nelson, menina de 12 anos com um passado delicado. Ela escreve diários, gosta de ler, de procurar o significado das palavras no dicionário e ocasionalmente criar seus próprios significados para as palavras, enquanto procura em si mesma sinais de loucura.

Me identifico muito com ela, aos 12 anos também costumava procurar em mim sinais de loucura. Hoje procuro sinais de sanidade, mas continuo escrevendo diários, gostando de ler, de procurar palavras no dicionário e criar meus próprios sentidos para elas.