Faz tempo, ou melhor, parece fazer muito tempo desde a ultima vez que me sentir apaixonar por alguém minimamente possível e repentinamente me bateu uma saudade da paixão.
Os historiadores que trabalham com fontes orais, tipo entrevista por exemplo, dizem que as memórias são altamente inexatas, a gente não lembra do que ocorreu, nós lembramos apenas da lembrança do que ocorreu. Assim quando lembramos da dor dente, não é especificamente da dor de dente que lembramos e sim da lembrança dela e isso ocorre com tudo. Afinal sistema nervoso nenhum aguentaria reviver exatamente cada memória.
Bem, talvez eu esteja com saudade da paixão porque faz tempo e o tempo levou as más sensações que costumam acompanhar esse sentimento. Lembro apenas da sensação de completude de estar junto de quem gostamos, da alegria de ver, ouvir, sentir o outro... De correr para encontrar, de encontrar... de apreciar o silêncio...
Aliás, a paixão é uma coisa que me deixa estranhamente muda, não sei se de emoção ou porque eu sempre me apaixonei por pessoas dadas a calmaria com tendencia a ficar caladas perto de mim nos momentos a sós. Bem, os motivos não são claros, mas quando me apaixono tenho a desagradável tendencia de perder a fala e descobrir a semente da timidez. Logo eu tímida!!! Isso é tão absurdo!!! Mas o amor é mesmo o reino do absurdo, do caos, do pânico e da paz dentro de tudo isso.
Por esses dias estive lendo um livro chamado Yume, o universo no qual a história foi construída remete ao rock, ao sonho e a cultura pop japonesa. Um dos personagens me fez lembrar minha paixonite adolescente por um roqueiro com nome de czar.
O roqueiro foi, e talvez ainda seja para a esposa dele, uma pessoa boa de se gostar. Apesar de sempre saber de meus sentimentos nunca pressionou, pediu algo ou me azucrinou os sentidos com cobrança alguma... Entre as dadivas de amar homens calmos e corretos está o fato deles nunca encherem o saco, se aproveitarem de você ou espalharem boatos por ai. #EuAconselho.
Da ultima vez que nos vimos, a beira dos trinta aninhos, casado e pai de um menino fofo, estava bem cabeludo, um alargador em cada orelha, camisa de banda e tatuagem de samurai muito bem feita arrematava o visual. Algumas pessoas ficaram olhando enquanto ele me dizia sorrindo largamente a frase de sempre: "Você não mudou nada Jaci!".
Eu me pergunto, o que ceus uma adolescente membro de uma comunidade evangélica altamente conservadora, fazia apaixonada por um amante do rock. E sim, existem amantes do rock que não fazem absolutamente questão de aparentarem isso, como a descrição acima demonstra, não era e não é o caso de minha paixonite adolescente.
A incoerência era tanta que uma vez ele me comparou com a Miyazawa Yukino de Karekano, segundo ele eu aparentava uma coisa e era bem outra. Só fui assisti Karekano alguns anos depois da observação do roqueiro com nome de czar e até hoje não consigo descobrir se foi um elogio, critica ou os dois.
Enfim, apesar da nostalgia advinda das memórias é bom lembrar desses dias. As lembranças me deixam saudosa, mas de uma forma positiva... Amores foram que venham outros maiores, melhores e mais duradouros.
E sim, coração da próxima vez que você se interessar por um amante do rock seria pedir demais que seja um carinha que goste de rock gospel?!?! :)
E sim, coração da próxima vez que você se interessar por um amante do rock seria pedir demais que seja um carinha que goste de rock gospel?!?! :)