domingo, 28 de fevereiro de 2010

Um trecho do livro "A Insustentável leveza do ser" de Milan Kundera

"... na verdade, será atroz o peso e bela a leveza?

O mais pesado fardo nos esmaga, nos faz dobrar sob ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo, a imagem da mais intensa realização vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira.

Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes.

Então, o que escolher? O peso ou a leveza?

... o que é positivo, o peso ou a leveza?

... Uma coisa é certa. A contradição pesado-leve é a mais misteriosa e a mais ambígua de todas as contradições."

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Fotos da minha cidade!!!

Uma coisa que aprendi sobre fotos, é que elas não revelam a verdade, revelam apenas o olhar de uma pessoa sobre uma "verdade". Toda foto é uma produção de quem tira em conjunto com sua máquina, nada mais que um olhar!

Ontem tirei várias fotos, aqui estão duas da que mais gostei e que decidi colocar aqui pq não gostaria que essas fotos se perdessem entre formatações e virus que vez ou outra assolam meu pc... são um recorte, não são a verdade sobre minha cidade, são apenas resultado de meu olhar sobre ela!!!

Fotografar não é bem uma paixão para mim... não é uma coisa que eu saiba fazer ou mesmo entenda, eu até já tentei aprender um ou dois truques para tirar umas fotos mais decentes, mas não deu, não houve lição oferecida pelo meu irmão, ou mesmo por uma professora "caçadora de imagens" que desse geito na minha falta de habilidade.

Mas, a parte isso, essa semana levei a câmera fotografica para meu trabalho, crianças crescem muito rapido e gosto de ter os rostinhos fofinhos delas guardados... esse é um tempo bom que sinto que não vai voltar.

Mas, para além das crianças que eu tanto amo e que nunca vão ser expostas nesse espaço, dessa vez eu senti vontade de fotografar a paisagem que está em torno de nós, os morros do Recife que não entram nos catálogos turisticos, mas que regulam a dinâmica da vida de grande parte da população dessa cidade barulhenta, turbulenta, luminosa que é geralmente associada a suas pontes, mas que também é marcada por seus morros, que nas palavras de uma amiga minha "não são tão charmosos quanto os do Rio de Janeiro, mas também tem sua beleza!".




Ah... outra visão que é eu gosto muito, e que fotografei, é a que se tem quando se chega ao topo do Alto Treze de Maio, que, entre nós, é alto mesmoooooooooo... para chegar ao meu trabalho diariamente subo e desço esse alto, geralmente quando chego ao topo dou uma parada e aprecio a paisagem e o vento enquanto coloco meus pensamentos no lugar.

"O alto" oferece aos que param para ver uma visão singular da cidade, uma visão ampla, fresca, silenciosa, a essa distancia o barulho do trânsito não existe e vc tem a impressão que também não existe as pessoas, a miseria, o calor e a agônia do transito terrivel que preenche as ruas do Recife no horario de pique entre as seis e as sete horas da noite.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Não Vá Embora

Sábado eu estava escutando umas músicas e de repente eu acabei me encontrando com uma música de Marisa Monte, "Não vá embora", eu sou uma droga quando gosto de uma coisa, fico escutando, vendo, lendo e derivados até a exaustão e só tiro a coisa da cabeça quando faço algo com o objeto de minha fixação.

Deixo aqui a dita música:

Marisa Monte
Composição: Arnaldo Antunes / Marisa Monte
E no meio de tanta gente eu encontrei você
Entre tanta gente chata sem nenhuma graça, você veio
E eu que pensava que não ia me apaixonar
Nunca mais na vida

Eu podia ficar feio só perdido
Mas com você eu fico muito mais bonito
Mais esperto
E podia estar tudo agora dando errado pra mim
Mas com você dá certo

(Refrão):
Por isso não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca mais
Por isso não vá, não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca mais

Eu podia estar sofrendo caído por aí
Mas com você eu fico muito mais feliz
Mais desperto
Eu podia estar agora sem você
Mas eu não quero, não quero

(Refrão):
Por isso não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca mais
Por isso não vá, não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca mais (2x)


Como mulher eu nunca fui, vai saber se no futuro eu serei, o tipo que faz de tudo para alguém ficar comigo, levando as coisas até as últimas consequências. Sempre deixei os rapazes que povoaram minha vida se irem na primeira tentativa que fizeram, não me senti tentada a prende-los a mim, talvez por medo de que ao prender alguém a mim eu estivesse me prendendo a alguém e estar presa sempre me assusta.

Como amiga a coisa já flui diferente, já fiz e faço muita coisa para não perder um amigo ou amiga, coisas quase impossíveis e muito desgastantes... E não, não me arrependi, pelo contrário, quando penso o quanto estive perto de desistir de uma pessoa em especial sinto uma certa angústia. Por muito, muito pouco, não desistir de uma amiga incrível, mas por uma sorte do destino na hora H dei um passo para trás. Que sorte!!!

Mas, não é essa a questão. A questão é que essa dita música  me fez postar uma pergunta no Yahoo, várias respostas diferentes, uma impossibilidade de escolher a melhor resposta e quando eu já estava pronta para fechar a pergunta, que foi muito mais longe do que eu esperava, alguém me lembra a primeira pessoa que eu amei e que foi embora.

Mais difícil que deixar os meus amados irem-se ou de suportar coisas muito doloridas para não perder a convivência com uma pessoa querida foi ver a minha tia me explicando que estava namorando um carinha com cara de tartaruga... Que ódio... Ela foi embora...

Taí uma pessoas que eu não quis com todas as forças que não fosse embora... chorei, me escondi para não ouvir explicações, fiquei um tempo sem comer,  fiz resumidamente tudo que alguém pode fazer em matéria de chantagem emocional. Na época me pareceu o maior roubo da história, a maior traição, aliás, uma traição ainda hoje não perdoada.

Não eu não estou exagerando... rsrsrsrs... que drama mexicano... sim, eu estou exagerando, eu perdoei minha tia, tá bom, na verdade não perdoei... aquela tartaruga velha não merecia os melhores anos da juventude dela, uma filha que não era dela também não merecia, mas foi a primeira vez que eu me sentir abandonada na vida e quis dizer: "Não vá embora".

Rememorar esse acontecimento já tão distante, uns dez anos já se passaram, foi super estranho, eu não fui realmente abandonada, minha mãe não era uma incompetente, depois disso ela se tornou minha melhor amiga e começou a prestar mais atenção em mim, isso foi muito bom. Minha tia afinal tinha direito a ter projetos próprios e eu tinha, como tenho, mãe e no final das contas foi bom para todo mundo.

Talvez realmente seja melhor mesmo deixar os que querem ir embora em paz para realizar sua partida e tratar de guardar na memória o tempo em que elas estiveram conosco. Ao menos eu, sempre lembro do tempo que minha tia trançava meu cabelo, me levava para a escola, dormia comigo e me dava doce de goiaba quando eu realizava a gloriosa façanha de comer todo o almoço sem reclamar muito rsrsrs!!!!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Um poema lindooo!!!

As palavras quando saem da condição de dicionário, possuem o incomodo poder de tocar a alma... Eu não consigo ficar indiferente ao poder das palavras organizadas em versos e os versos em poesia...

A poesia toca minha alma e me faz sonhar com coisas que as vezes parecem idilicas demais para serem reais... enfim, nos descaminhos da net encontrei mais uma poesia que acho que vale a pena colar aqui!!!





Observo-te

Observo-te!... Teu campo, teu domínio
Tua grandeza, tua proporção
Causa em mim, um tal fascínio
Que me entrego à contemplação...

Um oceano negro, salpicado
Reluzindo um brilho desigual
Em cada ponto teu, que é prateado
Há uma incerteza natural

Envolve a Terra com simplicidade
Interfere no comando da razão
Negas ao mundo tua claridade
Pois teu segredo, habita a escuridão

Os astros, súditos de teu reinado
São carícias, em teu revolto manto
Inspiram mistérios velados
Que chagam a causar-me espanto...

Sugere sempre o desconhecido
Incita toda a sensibilidade
Dominas o rumo de quem foi vencido
Pela fraqueza da curiosidade...

Causa-me inquietação
Quase um medo de te conhecer
Receio tua força, tua solidão
Quando te afastas ao amanhecer...

Céu... Infinito... Paraíso!
Quem sabe o que és realmente
Permaneces num ato conciso
Acolhendo este planeta incoerente...

Meus olhos brilham ao observar-te
Porto de almas infantis!
Meu coração deseja revelar-te
O quanto na verdade, me fazes sonhar...


Renato Moura

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A beira do Rio...

Mergulhada no universo de lirico de várias pessoas diferentes de repente lembrei-me dessa poesia de Fernando Pessoa!!!


Vez ou outra encontro com uma "Lidia" em minha vida e tenho vontade de convidar esta pessoa a se juntar comigo a ver o rio da vida e enlaçar as nossas mãos enquanto apreciamos a visão, mas repentinamente me ocorre o mesmo que ocorreu ao poeta quando escreveu essa poesia... persebo que é melhor não enlaçar as mãos... afinal de toda forma o rio passa e mais vale saber passar socegadamente...

Mas, será mesmo que mais vale ver o rio passar sossegadamente??? Será que não vale a pena se deixar inflamar pelo fogo da paixão, por ódios, amores e sabe Deus o que??? Hummmmm... Vai Saber?!?!?!

A única coisa que tenho certeza é que a vida passa tal como o rio...


Deixo, a quem interessar possa, a dita poesia, do dito Fernando Pessoa:

VEM SENTAR-SE COMIGO LÍDIA, À BEIRA DO RIO

Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.

Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.

Amemo-nos tranquilamente, pensando que podíamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.

Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento —
Este momento em que sossegadamente não cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.

Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-ás de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.

E se antes do que eu levares o óbolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim — à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.

Fonte: www.instituto-camoes.pt

domingo, 7 de fevereiro de 2010

40 coisas que seu filho deve fazer antes dos 7 anos!



1. Brincar, brincar, brincar.
2. Acampar na sala com você.
3. Ter segredos gostosos com o pai e com a mãe, separadamente.
4. Tomar banho de esguicho.
5. Plantar uma árvore ou um pezinho de feijão no algodão, dá na mesma.
6. Fazer biscoito, bolo, comida, se sujando e sujando a cozinha toda. Depois, comer aquela gororoba e ter dor de barriga.
7. E ganhar colinho. Ganhar colinho sempre, mesmo quando o colo fica pequeno. Aliás, existe colo pequeno? Que conversa estranha… Colo é colo!
8. Ter uma festa de aniversário legal – isso não tem nada a ver com gastar dinheiro e, sim, com reunir a família, comemorar e estar feliz.
9. Esperar o coelho da Páscoa. E ver as pegadas dele no chão…
10. Viajar “sozinho” – com os amigos, a escola, o acampamento…
11. Esperar Papai Noel chegar. E entender que aquele presente escondido no armário dos pais é outra coisa, nada a ver com Papai Noel.
12. Fazer misturinha. Sabe o que é? É poder, quando ir ao restaurante, misturar no copo de água tudo que aparecer na mesa: a bebida dos outros, açúcar, sal, pimenta, azeite, farelo de pão…
13. Ir para a escola, ser alfabetizado.
14. Ficar deitado na grama vendo estrelas e o desenho das nuvens
15. Escrever na parede – e levar bronca. Faz parte, mas uma coisa não invalida a outra.
16. Aprender a amarrar o tênis. E se sentir importante por causa disso.
17. Sentir-se importante. Porque, de fato, é.
18. Inventar história. Em todos os sentidos. Inventar.
19. Aprender a comer o básico. Porque o básico é básico.
20. Dormir bem e na hora. Em silêncio, limpinho, na própria cama.
21. Ir dormir tarde de vez em quando, porque é uma delícia.
22. Dormir na cama da mãe e do pai e fazer farra ou esticar a preguiça.
23. Faltar na aula sem motivo, num dia de chuva, por exemplo, e ficar em casa de pijama, brincando.
24. Ir à escola e aprender. Aprender até que faltar na aula é um prejuízo danado…
25. Fazer uma viagem pra longe. Disney. Esquiar. Acampar. Pantanal. Mudar de ambiente. Sonhar, delirar.
26. Descobrir que voltar pra casa é muito bom. E que nossa casa é um mundo, o universo.
27. Aprender a nadar, andar de bicicleta, ficar em pé no balanço.
28. Ter tido, estar pensando em ter ou ter freqüentado uma casinha na árvore. Vale só desejar, também. Aliás, desejar é muito bom, sempre. Motiva.
29. Ter ido a um concerto ou a um balé clássico ou uma ópera. E a um show de rock e a muitas e muitas e muitas peças infantis.
30. Fazer um espetáculo. Aquele de balé, do final do ano. Aquele da escola. Um show com os amigos, improvisado. Valem todos.
31. Ter coleção. De revista, de figurinha, de meleca, de mosquito morto, de minhoca, de carrinho, o que for.
32. Fazer besteira e não contar pra ninguém.
33. Dormir na casa dos avós, curtir com os avós, aproveitar os avós.
34. Ter medo e correr pro colo do pai e da mãe. E descobrir que, assim, o medo passa.
35. Aprender a comer comida japonesa ou thai, ou qualquer uma, assim, “diferente”.
36. Cantar.
37.Ter um amigão ou amigona de verdade, não invisível.
38. Ter falado o que gosta, ouvido o que não gosta, respondido o que não devia e pedido desculpa.
39. Ter conversado muito, muito, com o anjo da guarda.
40. Ter sido criança. Todos os dias. Aproveitando isso. Sem ninguém atrapalhar.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O amor é um filme!!!

Hoje a tarde eu estava jogada no sofa, tentando estudar, acabei desistindo e resolvir continuar minha leitura do romance de Jane Austen: Razão e Sensibilidade... suspiros poeticos e saudades, enfadei-me do livro e liguei a televisão, na televisão me deparei com "Lisbela e o Prisioneiro", um filme muito terno, com uma trilha sonora linda.



Pronto, Inglaterra do século XIX e um filme ambientado no interior de Pernambuco... fiquei romantica e para completar me deparei com uma música do Cordel do Fogo encantado!!!

Faz tempo que não vivo um amooooorrrr, então fiquei lembrando gostosamente de um amor adolescente, da felicidade, da dúvida, da alegria franca de esperar ele passar todos os dias para que eu pudesse correr desesperadamente a escadaria da minha casa e me encontrar com ele para ir a escola... Que bonitinho... um amor se abuletando em mim... faz uns cinco anos que não vejo esse menino magricela... outro dia ele me mandou um recado pelo orkut, está noivo, isso não me doeu... porque a parte o amor não ter vingado foi tão bonitinho, tão docinho... foi um amor filme: bom de lembrar até aqui!!!

Cordel Do Fogo Encantado - Lirinha - O Amor É Filme

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O Amor É Filme

Cordel Do Fogo Encantado
Composição: Lirinha

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

Um belo dia a a gente acorda e hum...
Um filme passou por a gente e parece que já se anunciou o episódio dois
É quando a gente sente o amor se abuletar na gente tudo acabou bem,
Agora o que vem depois

O amor é filme
Eu sei pelo cheiro de menta e pipoca que dá quando a gente ama
Eu sei porque eu sei muito bem como a cor da manhã fica
Da felicidade, da dúvida, dor de barriga
É drama, aventura, mentira, comédia romântica

É quando as emoções viram luz, e sombras e sons, movimentos
E o mundo todo vira nós dois,
Dois corações bandidos
Enquanto uma canção de amor persegue o sentimento
O Zoom in dá ré e sobem os créditos

O amor é filme e Deus espectador!

"- A gente devia ser como o pessoal do filme, poder cortar as partes chatas da vida, poder evitar os acontecimentos!
Num é?!?!"

domingo, 24 de janeiro de 2010

Mulher Despida




Talvez a verdadeira excitação esteja, hoje, em ver uma mulher se despir de verdade - emocionalmente. Nudez pode ter um significado diferente. Muito mais intenso é assistir a uma mulher desabotoar suas fantasias, suas dores, sua história.
É erótico ver uma mulher que sorri, que chora, que vacila, que fica linda sendo sincera, que fica uma delícia sendo divertida, que deixa qualquer um maluco sendo inteligente. Uma mulher que diz o que pensa, o que sente e o que pretende, sem meias-verdades, sem esconder seus pequenos defeitos - aliás, deveríamos nos orgulhar de nossas falhas, é o que nos torna humanas, e não bonecas de porcelana. Arrebatador é assistir ao desnudamento de uma mulher em quem sempre se poderá confiar, mesmo que vire ex, mesmo que saiba demais.

Não é fácil tirar a roupa e ficar pendurada numa banca de jornal mas, difícil por difícil, também é complicado abrir mão de pudores verbais, expor nossos segredos e insanidades, revelar nosso interior. Mas é o que devemos continuar fazendo. Despir nossa alma e mostrar pra valer quem somos, o que trazemos por dentro.
Não conheço strip-tease mais sedutor.

Martha Medeiros

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Arte de perder

Se equilibrar depois de uma perda é dificil algumas vezes, mas não impossivel, é possivel se equilibrar no meio do caos existencial dolorido, encontrei esse poema por ai, fala sobre a arte de perder, "perder é uma arte?", eu pensei olhando o título e fui ao texto, achei o texto todo adoravel...

Respiro fundo e deixo aqui essa pérola delicada: "Arte de Perder" de Elisabeth Bishop.






Arte de perder


A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contêm em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério. Perca um pouquinho a cada dia.
Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
Lugares, nomes, a escala subseqüente
Da viagem não feita.
Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe.
Ah! E nem quero Lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas.
E um império
Que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles.
Mas não é nada sério.

– Mesmo perder você (a voz, o riso etéreo que eu amo) não muda nada.
Pois é evidente que a arte de perder não chega a ser mistério por muito que pareça (Escreve!) muito sério

Elisabeth Bishop

O morro dos ventos uivantes...


"Certo é que ali em cima sopra um ar puro e salubre em qualquer estação. A força com que o vento norte passa por aquele cimo é provada pela excessiva inclinação de alguns enfezados abetos plantados num extremo da casa e por uma aléia de magros espinheiros, que estendem os galhos de um lado só, como se implorassem uma esmola de sol. Felizmente o arquiteto teve o cuidado de fazer uma construção sólida. As janelas estreitas estão profundamente cravadas na parede e as esquinas protegidas por largas pedras salientes." (BRONTE: 1982, pg. 8)

Sempre acho difícil falar sobre esse livro, mas não é difícil dizer que Emily Bronte é brilhante, com sua escrita solida, ela conta uma história densa e complexa cheia de violência, paixão e tragédia com uma carga emocional enorme que chega a assustar, mas que não esquece de cativar quem ler, ou pelo menos a mim cativou.

É um livro que suga o leitor para dentro de si, um livro que das duas vezes que li me tirou do calor do sol e me jogou dentro de uma charneca, no meio do vento, do inverno e do inferno emocional que é a vida de alguns personagens da história desse livro.

Em minha opinião é uma história sem heróis e sem vilões, ou onde o vilão é o herói, sei lá, no meio do texto me pego totalmente condoída pela dor de um homem cruel e sanguinolento como Heathcliff e torcendo para ver o fleumático Linton indo para o inferno, embora também sinta muita pena dele... Meu Deus, a pena é o sentimento mais triste que alguém pode sentir... Sinto pena de Linton e compaixão por Heathcliff e me sinto perdida, enquanto penso onde deixei minha moralidade cristã rsrsrs!!!

Mas, por mais cruel que Heathcliff seja, a mim ele parece eternamente um menino roubado e um homem perdido e isso sempre me deixa triste, não consigo ficar indiferente as dores dele, mesmo achando que ele de coitadinho não tem nada, sendo eu Nely faria o impossível para ajuda-lo e protege-lo até o limite de minha força, acho sempre imperdoável a forma como ela não se liga a ele, mesmo tendo visto ele crescer, tendo cuidado dele durante uma doença. Como alguém pode ser tão indiferente a uma pessoas que ela viu crescer? Se fosse um desconhecido acho que a atitude dela seria facilmente justificada, mas em se tratando de alguém que deveria ser tão próximo penso que ela era uma mulher fria...

Já Catharina, "fala sério!", ela não é poço de virtude, está longe de uma heroína romântica “pálida e pálida, amorosa e mole”, a mulher é o cão, um gênio ruim capaz de atormentar qualquer um, mas ao qual eu também não consigo ficar indiferente. Como poderia ficar indiferente a alguém tão fiel a seus afetos ao ponto de ser capaz de morrer de amor?!?!?!

De resto, a história não tem muito lirismo romântico e, na minha opinião nada especializada, trata-se de um conto um tanto sombrio, complexo, triste, mas que se completa com um final feliz onde um casal, politicamente correto, descobre o lado menos lodoso e sombrio da charneca... aos personagens de moral mais duvidosa resta a morte, o que me lembra que afinal de contas "a única conclusão é morrer"!

Referência:

BRONTE, Emily. O morro dos ventos uivantes. São Paulo: Abril, 1982.
___________

P.S.: Pensei que essa postagem fosse de rosca, já faz mais de dois meses que ela está escrita, havia me esquecido dela, mas fatores externos me trouxeram ela a memória... e lá vai... como não sou especialista em literatura, deixo apenas minha impressão sobre as obras que gosto...