terça-feira, 24 de março de 2009

AS SEM RAZÕES DO AMOR


As sem Razões do Amor
Carlos Drumond de Andrade

As sem-razões do amor
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Sites Consultados:
http://haylinloveangel.nafoto.net
www.casadobruxo.com.br
__________
Recife, 06 de Maio de 2011.

Engraçado olhar essa imagem, sabendo exatamente ao que ela me remete... Saudades desse tempo, pena que não é mais tão possivel quanto era antes... Papos vem, papos vão, as relações se transformam tanto que chega a ser assustador!

domingo, 22 de março de 2009

Bertold Brecht e Se os tubarões fossem homens


Eu sou fã de Bertold Brecht, ele é ótimo em sua analise das sociedades humanas e esse esse texto dele é clássico. Não sou marxista de carteirinha, mas tenho muito simpatia por essa corrente filosófica e histórica. Gosto dos marxistas por seu comprometimento com a causa, por sua luta e por sua convicção na possibilidade de uma mudança, são pessoas que não tem medo...

Quanto a Bertold Brecht, foi um dramaturgo, poeta e encenador alemão do século XX,seus trabalhos o tornaram mundialmente conhecido, no final dos anos 1920 Brecht tornou-se marxista, vivendo o intenso período das mobilizações da República de Weimar. Brecht fez do teatro um lugar de discussões das complicadas relações humanas dentro do sistema capitalista na perspectiva de uma estética marxista.

Se os tubarões fossem homens

Se os tubarões fossem homens, perguntou a filha de sua senhoria ao senhor K., seriam eles mais amáveis para com os peixinhos?

Certamente, respondeu o Sr. K. Se os tubarões fossem homens, construiriam no mar grandes gaiolas para os peixes pequenos, com todo tipo de alimento, tanto animal quanto vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adoptariam todas as medidas sanitárias adequadas. Se, por exemplo, um peixinho ferisse a barbatana, ser-lhe-ia imediatamente aplicado um curativo para que não morresse antes do tempo.

Para que os peixinhos não ficassem melancólicos haveria grandes festas aquáticas de vez em quando, pois os peixinhos alegres têm melhor sabor do que os tristes. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nessas escolas os peixinhos aprenderiam como nadar alegremente em direcção à goela dos tubarões. Precisariam saber geografia, por exemplo, para localizar os grandes tubarões que vagueiam descansadamente pelo mar.

O mais importante seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. Eles seriam informados de que nada existe de mais belo e mais sublime do que um peixinho que se sacrifica contente, e que todos deveriam crer nos tubarões, sobretudo quando dissessem que cuidam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria assegurado se estudassem docilmente. Acima de tudo, os peixinhos deveriam rejeitar toda tendência baixa, materialista, egoísta e marxista, e denunciar imediatamente aos tubarões aqueles que apresentassem tais tendências.

Se os tubarões fossem homens, naturalmente fariam guerras entre si, para conquistar gaiolas e peixinhos estrangeiros. Nessas guerras eles fariam lutar os seus peixinhos, e lhes ensinariam que há uma enorme diferença entre eles e os peixinhos dos outros tubarões. Os peixinhos, proclamariam, são notoriamente mudos, mas silenciam em línguas diferentes, e por isso não se podem entender entre si. Cada peixinho que matasse alguns outros na guerra, os inimigos que silenciam em outra língua, seria condecorado com uma pequena medalha de sargaço e receberia uma comenda de herói.

Se os tubarões fossem homens também haveria arte entre eles, naturalmente. Haveria belos quadros, representando os dentes dos tubarões em cores magníficas, e as suas goelas como jardins onde se brinca deliciosamente. Os teatros do fundo do mar mostrariam valorosos peixinhos a nadarem com entusiasmo rumo às gargantas dos tubarões. E a música seria tão bela que, sob os seus acordes, todos os peixinhos, como orquestra afinada, a sonhar, embalados nos pensamentos mais sublimes, precipitar-se-iam nas goelas dos tubarões.

Também não faltaria uma religião, se os tubarões fossem homens. Ela ensinaria que a verdadeira vida dos peixinhos começa no paraíso, ou seja, na barriga dos tubarões.

Se os tubarões fossem homens também acabaria a ideia de que todos os peixinhos são iguais entre si. Alguns deles se tornariam funcionários e seriam colocados acima dos outros. Aqueles ligeiramente maiores até poderiam comer os menores. Isso seria agradável para os tubarões, pois eles, mais frequentemente, teriam bocados maiores para comer. E os peixinhos maiores detentores de cargos, cuidariam da ordem interna entre os peixinhos, tornando-se professores, oficiais, polícias, construtores de gaiolas, etc.

Em suma, se os tubarões fossem homens haveria uma civilização no mar.

Sites consultados:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bertolt_Brecht em 22 de março de 2009.
http://resistir.info/brecht/tubaroes_homens.html em 22 de março de 2009.

terça-feira, 17 de março de 2009

Desejo


“Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga "Isso é meu",
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.
Victor Hugo

sexta-feira, 13 de março de 2009

Carlos Pena Filho e o Recife do século XX: um poeta e uma cidade azul...


Para começo de conversa amo a poesia dessa cabra, o Carlos Pena Filho, o poeta do azul, do azul que envolve nossas vidas sem que nós sejamos capazes de perceber... em um dos seus sonetos mais lindos, o Soneto do Desmantelo Azul, Carlos escreve:

“Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori, as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sol
vertiginosamente azul. Azul.”

O azul é uma das marcas da poesia de Carlos, vai aparecer aqui e ali sempre na sua  poesia suave, elegante, parte de um universo poético cheio de ternura. Que embora seja facilmente reconhecida como sublime, não figura entre  as mais conhecidas, assim como o poeta que jaz esquecido na memória dos seus.

Carlos Pena Filho, nasceu em 1929 em Recife onde também morreu aos 31 anos no dia 1 de julho de 1960, morreu no alge de sua produção literária, no entanto, o que produziu em sua "curta" vida, já fez dele um dos mais importantes poetas pernambucanos da segunda metade do século XX. Politizado, interessado na vida política de Recife e de Pernambuco, um estudante de direito que militava no movimento estudantil engajado nas lutas de seu tempo. Um advogado que atuou em repartição do Estado e, em paralelo, trabalhou como jornalista no Diário de Pernambuco, Diário da Noite e Jornal do Comércio, onde fez reportagens, escreveu crônicas e publicou alguns de seus poemas.

Seu primeiro trabalho como poeta foi o soneto “Marinha”, foi publicado em 1947 pelo Diário de Pernambuco.

Marinha

Tu nasceste no mundo do sargaço
da gestação de búzios, nas areias.
Correm águas do mar em tuas veias,
dormem peixes de prata em teu regaço.
Descobri tua origem, teu espaço,
pelas canções marinhas que semeias.
Por isso as tuas mãos são tão alheias,
Por isso teu olhar é triste e baço.
Mas teu segredo é meu, ó, não me digas
onde é tua pousada, onde é teu porto,
e onde moram sereias tão amigas.
Quem te ouvir, ficará sem teu conforto
pois não entenderá essas cantigas
que trouxeste do fundo do mar morto.

Como todo o resto o poeta também percebe o Recife como uma cidade azul que ferve em um frenesi modernizante, com suas ruas sendo preenchidas com carros, enquanto avenidas eram construídas para suplantar as ruas estreitas do inicio do processo colonizador e arranhas céus tomavam conta dos espaços onde até então casas eram vistas

A cidade do Recife que Carlos conheceu foi uma cidade que estava se transformando em um processo de mutação de sua estrutura urbanística, mas que ainda tinha em sua vida tons de azul, azul do céu litorâneo e do mar a encher a vida das pessoas. Ele viveu em uma Recife que fervia com a critica social e que via surgir em seu horizonte um projeto de educação como o MCP (Movimento de Cultura Popular), que estava diante de João Cabral de Melo Neto e que em breve conheceria o Movimento Armorial. Um momento histórico bastante peculiar, pré-golpe militar, um momento onde as desigualdades sociais são percebidas e colocadas nos versos das poesias como acontece no poema Chope, onde ele fala:


“Na Avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim.
Nas mesas do Bar Savoy, o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chope,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrado.”

Mas, não foi só o chope, as desigualdades sociais, os alentos e desalentos da cidade que ele mostra em sua poesia, ele também era um apaixonado por sua cidade, uma cidade que ele descreve como ilha “metade roubada ao Mar, metade ao Rio”, uma ilha onde viveu e morreu sobre a qual escreveu:
“No ponto onde o mar se extingue
E as areias se levantam
Cavaram seus alicerces
Na surda sombra da terra
E levantaram seus muros.
Do frio sono das pedras.
Depois armaram seus flancos:
Trinta bandeiras azuis plantadas no litoral.
Hoje, serena flutua, metade roubada ao mar,
Metade à imaginação,
Pois é do sonho dos homens
Que uma cidade se inventa.”

Uma cidade na qual ele percebe e canta a praia, os subúrbios, a lua, as igrejas, o Bairro do Recife, São José, o Chopp, os oradores, os Secos e Molhados, embriagado, o que sofrem com a crueldade das dificuldades diárias que ele descreve no seguinte poema:

“Recife, cruel cidade,
águia sangrenta, leão.
Ingrata para os da terra,
boa para os que não são.
Amiga dos que a maltratam
inimiga dos que não,
este é o teu retrato feito
com tintas do teu verão
e desmaiadas lembranças
do tempo em que também eras
noiva da revolução.”

Referencias Bibliográficas

PENA Filho, Carlos. Livro Geral Poemas. (Organização de Tânia Carneiro Leão) Edição da Organizadora, Recife, 1999, 2ª edição.
FILHO, Carlos Pena. Livro Geral. Recife: Ed. Póstuma, 2ª ed. 1999.

Sites Visitados:
http://br.geocities.com em 30/10/2008.
http://pt.shvoong.com/humanities em 30/10/2008.
http://culturareligare.wordpress.com em 04/11/2008.
http://poemia.wordpress.com.br em 30/10/2008.
http://palavrarocha.blogspot.com/ em 30/10/2008.

Perguntas de um operário que lê




Perguntas De Um Operário Que Lê.
Bertold Brecht

Quem construiu Tebas, a das sete portas?
Nos livros vem o nome dos reis,
Mas foram os reis que transportaram as pedras?
Babilònia, tantas vezes destruida,
Quem outras tantas a reconstruiu? Em que casas
Da Lima Dourada moravam seus obreiros?
No dia em que ficou pronta a Muralha da China para onde
Foram os seus pedreiros? A grande Roma
Está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem
Triunfaram os Césares? A tão cantada Bizâncio
Sò tinha palácios
Para os seus habitantes? Até a legendária Atlântida
Na noite em que o mar a engoliu
Viu afogados gritar por seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou as Indias
Sòzinho?
César venceu os gauleses.
Nem sequer tinha um cozinheiro ao seu serviço?
Quando a sua armada se afundou Filipe de Espanha
Chorou. E ninguém mais?
Frederico II ganhou a guerra dos sete anos
Quem mais a ganhou?

Em cada página uma vitòria.
Quem cozinhava os festins?
Em cada década um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas histórias
Quantas perguntas

Bibliografia
Sites visitados:
http://www.cecac.org.br em 13/03/2009.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Dúvidas... dúvidas... dúvidas...


Decidir criar algo da noite para o dia é fácil, decidir o que se vai criar é muito difícil... eu tô começando a pensar isso agora, decidir criar um blogger foi demasiado fácil, decidir o que colocar aqui é que tem sido osso duro de roer, faz mais de ano que tento e não consigo decidir... incrível... sou a imagem da indecisão é como aquele poema de Cecília Meireles,

"Ou isto ou aquilo"

Ou se tem chuva ou não se tem sol,
ou se tem sol ou não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo dinheiro e não compro doce,
ou compro doce e não guardo dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

Então fiquei um ano, sem dar as caras por aqui... Se bem que isso não é tão importante uma vez que meu Blog não é o que poderíamos chamar de frequentado, mas mesmo assim... eu poderia decidir logo do que vou tratar aqui néh...

Se vou tratar de história, ou de religião, ou de filosofia, ou de animes, talvez não importe muito a escolha, uma vez que existem milhares de lugares na net onde esses assuntos são abordados até a exaustão... mas mesmo assim, decidir do que falar não é importante apenas para quem ouve, é importante também para quem fala!!!

Mesmo que fale em um português ruim e coisas não tão interessantes!!!!!!!
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Recife, 01 de maio de 2010.

Bem, eu não comecei a escrever em um blog pensando em fazer amigos e amigas, receitas ou algo do gênero, na verdade eu nem sei mais qual o motivo que me levou a fazer um blog, uma vez que isso já faz três anos... mas sei que com o passar do tempo o blog foi ficando uma coisa seria, divertida de se construir, descobrir no blog a possibilidade de escrever um diário novo e já fazia tanto tempo que eu não escrevia um diário... e com a net eu posso até colar figurinhas... e nem preciso usar cola rsrsrs...

E com o prazer de escrever em um blog veio o prazer de navegar entre outros blogs e em seguida os amigos blogueiros e enfim... tem sido bom navegar por esses mares e aqui!

Esse blog é um espaço que funciona mais ou menos como um diário onde eu colo tudo que gosto, uma coisa eternamente inacabada.

Sempre penso em escrever melhor e mais, só que nunca tenho tempo ou concentração e esse diário acaba assim, meio cheio de coisas incompletas, cheio de cortes e recortes de coisas que vejo, leio ou sinto!

E na verdade sempre que eu abro essa pagina tenho a nítida impressão de que todas as coisas que gosto estão por aqui: meus livros, meus desenhos, meus amigos, mesmo os que nem sonham com esse espaço... até os meus cotidianos erros de portugueses, estão por aqui!!
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Recife, 19 de Abril de 2011.


Já lembrei e relembrei os motivos que me fizeram e fazem manter esse espaço firme através desses anos, mas agora estou em processo de mudanças, muita coisa anda fora do lugar, muita coisa vai mudar de lugar, eu sinto medo e frio correndo por meus ossos, vou mudar a discrição de quem sou no blog mais uma vez...
 
Deixo aqui a que usei até agora:
 
É sempre difícil responder esse tipo de pergunta. "Quem sou eu?" Bem, eu não sei, talvez seja a Jaci da minha família, talvez seja uma Pandora da net, talvez seja a Tia das crianças, talvez seja a Kreide de meus amigos, talvez seja uma "metralhadora sarcástica", talvez seja a professora de meus alunos,talvez seja uma pessoa infinitamente tola,chata, uma "evangélica de subúrbio" como disse alguém ofensivamente,uma blogueira, como atesta a existência desses espaço virtual, talvez seja isso tudo e mesmo nada disso. Vai saber?!? Em diferentes momentos me aproprio dessas diferentes identidades, depende da hora, da cor e do cheiro...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Imaginemos uma fabulazinha onde o herói seja um certo urbanóide pós-moderno: você.


Ao acordá-lo o rádio-relógio digital dispara informações sobre o tempo e o trânsito. Ligando a FM, lá está o U-2. O vibromassageador amacia-lhe a nuca, enquanto o forno microondas descongela um sanduíche natural. No seu micro Apple II, sua agenda indica:

”REUNIÃO AGÊNCIA 10h
TÊNIS CLUBE 12h
ALMOÇO
TROCAR CARTÃO MAGNÉTICO BANCO
TRABALHAR 15h
PSICOTERAPIA 18h
SHOPPING
OPÇÕES: INDIANA JONES – BLADE RUNNER, VIDEOCASSETE ROSE, SE LIGAR
SE NÃO LIGAR, OPÇÕES: LER O NOME DA ROSA (ECO) – DALLAS NA TV – DORMIR COM SONÍFEROS VITAMINADOS”.

Seu programa rolou fácil. Na rua divertiu-se paca com a manifestação feminista pró-aborto que contava com um bloco só de freiras e, a metros dali, com a escultura que refazia a Pietá (aquela do Miguelangelo) com baconzitos e cartões perfurados. Rose ligou. Você embarcou no filme Indiana Jones sentado numa poltrona estilo Menphis – uma pirâmide laranja em vinil – desfiando piadas sobre a tese dela em filosofia: Em Cena, a Decadência. A câmara adaptada ao vídeo filmou vocês enquanto faziam amor. Será o pornô que animará a próxima vez.

Ao trazê-lo de carro para casa, Rose, que esticaria até uma festa, veio tipo impacto: maquiagem teatral, brincos enormes e uma gravata prateada sobre o camisão lilás. Na cama, um sentimento de vazio e irrealidade se instala em você. Sua vida se fragmenta desordenadamente em imagens, dígitos, signos – tudo leve e sem substância como um fantasma. Nenhuma revolta. Entre a apatia e a satisfação, você dorme.

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P.S.: Peguei esse texto a um tempo atrás, não me lembro mais de onde e achei bastante interessante, na época estava fazendo um trabalho sobre pós-modernidade e arquitetura, estou postando agora... engraçado, passei mais de um ano sem colocar nada nesse blog... acho até que havia esquecido que ele existe e agora em um dia coloco duas postagens, não sei se isso é um bom ou um mal sinal, só sei que decididamente não quero ser como a Rose dessa história, mas confesso que cada dia que passa temo por está me assemelhando ao rapaz em alguns aspectos... Bem, ao menos já li "O nome da rosa", assistir Blade Runner e conservo a crença Moderna em um único Deus... por hora isso me livra de alguns dos males da pós-modernidade!!!!

Sobre o mito de Pandora!!!!

Na verdade eu tenho um grande afecto por todo e qualquer conjunto de mitologia, desde a diabolizada Mitologia Yorubá a exaltada Mitologia Grega, compreendo os mitos como representações a cerca da realidade vivida, sonhada e pensada pelo homem... E sinceramente... como não se fascinar pelo homem, em suas fragilidades e forças????

Mas, de todos os mitos, os que giram em torno da figura feminina me chamam mais a atenção, e entre os mitos que giram em torno da mulher o que me chamam mais a atenção certamente é o de Pandora e sua caixa onde se escondia todas as desgraças do mundo é o que mais me fascina...

Pandora foi, segundo a mitologia grega, a primeira mulher,criada pelos deuses e por eles dotada com todos os encantos possíveis, foi dada de presente ao irmão de Prometeu, Epimeteu, que guardava consigo uma caixa onde todos os males do mundo estavam guardados. Os deuses entregaram essa mulher cheia de dádivas a ele, pois tinham a intenção que ela realmente fizesse o que fez: abrir a dita caixa. De fato, foi o que ela fez, Pandora foi até a caixa e a abriu: soltando todos os males; mentira, doença, inveja, velhice, guerra e morte saíram da caixa de forma que quando ela percebeu o que fez e fechou a caixa a única coisa que ficou nela foi o mal que acaba com a esperança, ou seja a presciência o conhecimento prévio daquilo que está por vir.

Mas ainda não é o mito de Pandora contado e recontado inúmeras vezes na História da Humanidade e sim o sentido que vejo nele, o mito de Pandora revela o profundo e constante medo que o sexo masculino e a sociedade possuem da mulher, Pandora grega, Eva judaico-cristã... é incrível como o homem teme a mulher e como o mito mostra esse medo...

A nossa capacidade de gerar a vida, o sangue que sai de nosso corpo mais não nos mata, a fidelidade que os filhos devotam a mãe no início da vida, a capacidade de seduzir, o desejo de nos ter que os homens nutrem, a incapacidade de aprisionar nossas almas que eles sentem, a crença antiga de que temos algo a mais que eles não possuem e que não entendem... Os homens criam lendas para culpa a mulher pelo mal, os homens nos culpam sempre que podem... o próprio Adão questionado por Deus a cerca de seu pecado disse: "Foi a mulher que tu me deste..."

Enfim... tais coisas são ou não para intrigar??? No mais... também é interessante como o homem mesmo culpando a mulher pelos males, reconhece, e uma vez mais o mito de Pandora nos ajuda a enxergar isso, que sem algo ofertado pela própria mulher não seria possível sobreviver... pq no final quem salva a esperança é a própria Pandora, ao conseguir manter a presciência dentro da caixa.

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Recife, 26 de Junho de 2011. (Domingo).

Hoje um comentário interessante chegou a meu blog, não resisti a tentação de adicionar esse comentário a essa postagem... É sempre muito interessante saber um pouco mais sobre o Mito de Pandora!

Dilso J. dos Santos disse sobre Pandora:

"Confesso que seu nome me atraiu (sei que é um epíteto de Blog), pois seu significado é algo muito bacana. Vejamos: A palavra PAN, em grego, significa tudo/todos/todas...; e DORA, também em grego, significa dons. O resultado dessa equação seria AQUELA QUE POSSUI TODOS OS DONS. A história encontra-se na obra do dramaturgo helênico Ésquilo em seu "Prometeu Acorrentado" (mas não vou contá-la aqui...) O importante é que o irmão desse deus acorrentado, Epimeteu (EPI, que quer dizer depois; e METIS, que pensa, ou seja o QUE PENSA DEPOIS) recebeu um presente dos deuses olimpianos... Conceberam uma mulher cuja essência recebeu um dom de cada um deles, sendo que Hermes/Mercúrio lhe doara algo próximo a curiosidade, daí a explicação de ela ter aberto a caixa que recebeu seu nome, pois foi criada e trazida junto com ela ao mundo dos homens. Isso foi um martírio tanto para Pormeteu (PRO, que quer dizer ANTES; METIS, que pensa= O QUE PENSA ANTES) e para seu irmão Epimeteu, que ingenuamente recebera e se apaixonara pelo estratégico presente dos deuses. Interessante!!!!!"

sábado, 26 de janeiro de 2008

Ola! Eis minha primeira postagem: é como a primeira pagina de um diário!!!!!


Fernando Pessoa é meu poeta favorito. Favorito até no sentimento de solidão que certas horas nos trazem, na revolta contra atitudes hipócritas que enchem nossa rotina na forma de descrever a si, na forma de falar do amor e em tantos outros aspectos a pessoa que eu sou se identifica com aquilo que ele escreve em seus versos de fingidor, que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente...
Aaaaaahhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

"Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada."



Esses versos de Fernando, que eu recito intimamente varias vezes diante da janela do quarto onde dormi por anos, descreve bem a sensação que tenho ao escrever essa postagem, acho que pensando direitinho até faz sentido né???

Sinto que esse blog é uma janela de meu quarto de dormir, através dele vejo a rua dos blogs dos outros passando.... e nessa rua, real impossivelmente real, certa desconhecidamente certa, onde tantas pessoas passam que é a blogosfera vejo o mistério das coisas por debaixo das pedras... e tantas coisas mais...

Ah, também tenho a impressão que esse blog, da mesma forma que me possibilita ver a rua oferece aos passantes uma imagem da bagunça terrível na qual mergulha o meu quarto de dormir...

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Em 1 de Setembro de 2010, fiz algumas alterações nessa postagem de maneira a deixa-la mais clara!!!