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quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

"O Minotauro" de Monteiro Lobato


Comecei a ler Monteiro Lobato com nove anos, quando minha vizinha ganhou edições de "Caçadas de Pedrinho" e "O Saci" do patrão dela e me emprestou. Naquela época achei uma leitura muito divertida, gostei muito de acompanhar as aventuras de Pedrinho mata adentro, quis ser Pedrinho, procurava um Saci dentro de todos os pequenos redemoinhos formados por folhas de árvores da vida. Quando encontrei na 5ª Série, atual 6º Ano, um vol. de "Os 12 Trabalhos de Hércules" na biblioteca da escola e fui lá ler novamente.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

"A Bolsa Amarela" de Lygia Bojunga


Talvez por estar de férias, talvez por ser o início de um novo ciclo, em Janeiro é muito fácil me pegar lendo livros esquecidos na pilha dos "não lidos". Geralmente esse é o mês no qual dou atenção aquela edição que sempre quero ler, ou comecei a ler e não dei continuidade por um motivo ou outro, e nessa os anos vão passando. "A Bolsa Amarela" da Lygia Bojunga é um desses livros há muito colocados na pilha. Comecei a lê-lo na época de escola, cerca de 20 anos atrás, li até a metade, achei divertido, mas não concluí a leitura. Quando o vi na biblioteca da escola na qual trabalho, peguei emprestado e agora, finalmente, recomecei a leitura e termine MUITO satisfeita.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

"Longe como o meu querer" de Marina Colasanti

 

Leio a Marina Colasanti desde muito cedo. Li "Entre a Espada e a Rosa" pela primeira vez na 5ª série do Ensino Fundamental (hoje 6º Ano) e fiquei encantada pela escrita lírica com a qual a autora evoca os contos de fadas em narrativas que ocorrem em uma dimensão onírica, mágica, melancólica onde os eventos ocorrem em um tempo fora do tempo onde tudo é possível e milagres estão sempre ocorrendo. Uma vez adulta, possuidora de um trabalho remunerado, passei a colecionar os livros da Marina e foi assim que "Longe do Meu Querer" chegou as minhas mãos.

sábado, 10 de setembro de 2022

"Dora e a amiga de verdade" de Abby Hanlon


Entre os dias 30 de maio e 2 de junho desse ano de 2022 caiu um aguaceiro enorme em Recife e Região Metropolitana. Foi uma tragédia enorme, colocou em evidencia as ausências dos poderes públicos nas áreas de periferia, pessoas morreram e aulas foram suspensas para as escolas poderem abrigar as pessoas desabrigadas. Nesses dias eu estava na casa dos meus pais, segura, isolada pelos alagamentos e gatilhada pelas lembranças dos anos de quarentena gerados pela Pandemia do Covid 19. Foi nesses dias que conheci a Dora da Abby Hanlon no livro "Dora Fantasmagórica", me apaixonei, fui atrás do vol. 2 da série: "Dora e a Amiga de Verdade" e não podia deixar de registrar aqui esse encontro delicioso.

terça-feira, 5 de julho de 2022

"Dora Fantasmagórica" de Abby Hanlon

 

A Dora também é conhecida como Espoleta, ela é a irmã mais nova de uma família composta por Pai, Mãe e três filhos, sendo duas meninas e um menino, ela é a menina mais nova. Encontrei a Dora dentro de um dia chuvoso, estava com vontade de ler, mas não queria ler nada  pesado. Buscava algo leve, lúdico como literatura infantil e a encontrei no meio dos e-books do Kindle. Uma criança muito esperta, tem uma mente dinâmica e cheia de cheia de imaginação, quando ela se vê sozinha, não se faz de rogada e inventa mil e um amigos monstros com os quais interage e vive várias histórias.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Volta Ao Mundo Em 52 Histórias de Neil Philip e Nilesh Mistry

Comecei maio com a intenção de ler livros russos. Fui na estante vê quais tinha, fiz uma bela pilha na minha mesa de estudo, tirei uma bela foto, publiquei nas redes sociais minha expectativa e simplesmente não fluiu de jeito algum. Na primeira página de "A morte de Ivan Ilitch" senti um peso danado, larguei tudo lá no canto e me agarrei com essa edição linda de "Volta ao Mundo em 52 Histórias" narradas por Neil Philip e lindamente ilustrada por Nilesh Mistry.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

A pequena Lilith em "As luzes para ser feliz" [Literatura Infantil]


"As luzes para ser feliz" é o vol. 2 da série "Caminhos para ser feliz" da Kel Kamoezze, nele vamos conhecer a história de como a pequena Lilith, uma menina feliz filha única de um casal bastante unido e consciencioso concebe o sonho maravilhoso de conhecer Paris e pouco a pouco vai se esforçando para conquistar o seu sonho.


A história do sonho da Lilith começa quando junto a seus pais ela vai assisti a um filme de Charlie Chaplin. Automaticamente ela se sente encantada, sai do cinema animada, desejando ardentemente ir a Paris. No entanto, o sonho dela não vira realidade automaticamente, a pequena precisa aprender a poupar, esperar e construir a realização de seu sonho pouco a pouco. 

De inicio ela está bem motivada, mas o tempo passa e com ele vem as incertezas e é nessa hora que Lilith vai descobrir o sentido de ser prospera, rica e como a persistência pode nos ajudar a conquistar nossos sonhos e desejos, o tesouro no fim do arco-íris.


"A pequena Lilith em As luzes para ser feliz" é um livro infantil bem pé no chão. Ele fala sobre realização de sonhos, mas também fala sobre ter paciência, persistir e valorizar as coisas mais importantes da vida que não são compráveis ou vendíveis em um mercado. Para melhorar tudo ainda tem a arte da Juliane Engelhardt cheia de cores vibrantes e uma luz própria que enriquece a obra e alegra os olhos do leitor. Como todo bom livro infantil, é carregado de ternura e encantamento. Não tem como não recomendar.

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Sr. Chacal: Noite de Galo [Literatura Infantil]


As fábulas são uma das mais antigas formas de refletir sobre a vida, as atitudes humanas e seus efeitos bons ou ruins. Eu amo fábulas, tanto as clássicas quanto as que são construídas na atualidade. E em Sr. Chacal: Noite de Galo Elisa Khoury Daher transformou uma história antiga de família em uma dessas fábulas maravilhosas e fáceis de amar.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

A Idade da Poesia [Literatura Infantil]


O primeiro amor é sempre inesquecível! Para mim poesia e literatura infantil estão dentro do espectro do primeiro amor e quando eles veem juntos como acontece em "A Idade da Poesia" é fantástico.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Uma dúzia de histórias divertidas [Literatura Infantil]



"Uma duzia de histórias divertidas" é o tipo de livro que a gente ler sorrindo do inicio ao fim e quando fecha ela chega a conclusão que é muito gostoso ler um livro infantil bem escrito e bem ilustrado. Nele existe uma comunhão muito equilibrada entre texto e imagem responsáveis por fazer o leitor se apaixonar por cada história contada e se pegar rindo sozinho e viajando na leitura.

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A família de Marília [Literatura Infantil]


Marília é uma menina comum em idade escolar. Em um belo dia sua lição de lição de casa se torna escrever sobre o tema "FAMÍLIA". Uma tarefa nada fácil, afinal, quando paramos para pensar em família logo somos cercados por uma multiplicidade de sentimentos capazes de oscilar entre amparo e desamparo, compreensão e tensão, amor e também desilusão. Como diz Viviane Taubman:
"Fácil falar sobre coisas.
Difícil dizer o que sente.
Escrever sobre família
é mostrar o coração da gente."

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Alí-Babá e os 40 Ladrões [Literatura Infantil]


Quando encontrei a versão infantil da história de "Alí-Babá e os 40 ladrões" no Sebo me senti diante de uma oportunidade única. O livro estava barato (R$ 2,00 golpinhos), é grande, bem ilustrado e narra um conto árabe possível de ser utilizado tanto em contação de história para crianças quanto em aulas de história sobre o mundo árabe no século dez.

sábado, 8 de julho de 2017

"Branca de Neve" de Jacob e Wilhelm Grimm [Literatura Infantil]


Outro dia acordei com saudades da Branca de Neve. Pois é, até eu me surpreendi, mas aconteceu. Durante a infância minha tia me deu um daqueles livros "com os melhores contos de fadas" e entre esses contos existia, claro, o da menina branca como a neve, de cabelos negros como o ébano e lábios vermelhos como uma gota de sangue.

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Peter Pan de J. M. Barrie [Literatura Infantil]

  
Se eu tivesse me auto-desafiado a ler e resenhar clássicos da literatura infantil e contos de fadas em 2017, não estaria lendo e resenhando com tanta frequência esses gênero. Como não me auto-desafiei, aqui estou para comentar mais um clássico da literatura infantil.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Princesas, Bruxas e uma Sardinha na Brasa [Literatura Infantil]


Sou apaixonada por contos de fadas, tanto por pura paixão literária quanto por todo potencial didático que o gênero contém em si. Além de seu potencial lúdico, sendo textos gostosos de se ler, também guardam em si muitos dos valores culturais das sociedades que os criaram e portanto são ótimos instrumentos para provocar debates e nos fazer pensar e repensar a vida.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Aventuras de Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá

Alguns livros são tão incríveis e exercem sobre nós um fascínio tão grande que uma leitura não basta. É como se eles tivesse voz e desejos próprios e de tempo em tempo simplesmente nos chamam para voltar e desesperadamente precisamos ir lá e reler por pura necessidade existencial.


"Aventuras de Alice no País das Maravilhas" e "Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá" se encontra entre os livros que mais tenho relido nos últimos 15 anos e por incrível que pareça sempre me pego achando uma coisa diferente da que achei antes. Invariavelmente tenho concluído a leitura do texto do Lewis Carroll dizendo: "Agora eu entendi a história!", para depois de 2, 3 ou 5 anos reler e dizer: "Nossa! Como isso estava aqui e eu não vi?".


Não sei se os livros são possuidores do dom da transmutação ou se as pessoas se transformam através dos anos, talvez sejam os dois, livros e humanos, seres em constante processo de mutação. Quando mergulhei com Alice na "Toca do Coelho" rumo ao "País das Maravilhas" e "Através do Espelho" pela primeira vez senti uma aflição terrível. Tudo nos livros tinha tons de pesadelo, ninguém parecia dizer coisa com coisa, todos respondiam com perguntas... Nossa, quão grande foi meu alivio quando vi a menina acordar! Me senti acordando com e ela e decidi voltar a ler novamente sem a aflição de não saber se aquilo era real ou não.

Incrível como a gente se engana nessa vida! Viajar pelo Mundo das Maravilhas e Através do Espelho sem aflição não existe e não teria a minima graça. Se for para não me sentir aflita com as questões existenciais propostas pelos personagens é melhor nem ir.

Essa nova leitura da obra de Lewis Carroll colocou em grande evidencia para mim o quanto ele era critico a uma educação escolar meramente informativa. Enquanto cai na "Toca do Coelho" Alice tenta rememorar as coisas aprendidas na escola, informações enciclopédicas empurradas nela goela adentro, e mostra o quanto tentou digerir tudo e quão poucos resultados trouxeram esse esforço. Indo de encontro a forma como a educação infantil funcionava em meados do século XIX os habitantes do "País das Maravilhas" não empurram em Alice formulas e informações prontas, eles questionam, instigam e empurram a menina para o caminho da experiência.

Geralmente quando temos uma criança sob nossa tutela a sanidade nos leva a oferecer a ela orientações muito precisas, baseadas em nossas experiencias, de como ela deve agir ou não para obter sucesso. Porém, as pessoas com as quais Alice se encontra no mundo além da "Toca do Coelho" são loucas, elas não tem resposta nem para suas próprias charadas quanto mais para as da menina! Para aprender ela precisa encontrar pessoas, experimentar, caminhar, desbravar, ouvir, falar, correr, recitar as poesias...


Também é imperativo falar dos encontros da menina com os habitantes do estranho mundo no qual ela cai. A começar pela exótica Lagarta com seu narguilé que não pergunta: "Qual seu nome?", mas "Quem é você?". Em um dia normal essa já não é uma pergunta das melhores, imagina em um dia no qual você diminuiu, cresceu, falou com animais, foi confundida com outra pessoa, foi pra lá e pra cá meio sem rumo em um lugar desconhecido? Difícil! Alice se enerva, quer ir embora, da meia-volta, MAS a Lagarta não deixa:
"Volte!"chamou a Lagarta. "Tenho uma coisa importante para dizer!"
 A menina se vira e volta para ouvir:
"Controle-se", disse a Lagarta.
Já perdi as contas de quantas vezes na vida precisei me controlar para encontrar alguma ajuda para um problema difícil. No entanto, quando a Lagarta disse isso, fiquei na duvida entre chorar ou rir. Gente, isso é trolagem pura! Todos os outros encontros da criança parecem ser pontuados por esse tipo de sacanagem

Na frente da casa da Duquesa, Alice pergunta ao Lacaio: "Como faço para entrar?". O danado simplesmente tasca nela um: "Mas, afinal, você deve entrar? Essa é a primeira pergunta." Ela se irrita, resmunga e tudo e tal e pergunta: "Mas o que devo fazer?". Ao que ele responde: "O que quiser...". Junto com o fabuloso Gato de Cheshire, com o querido Chapeleiro Maluco, a Lebre de Março, o Lacaio com cara de sapo está no roll dos meus personagens favoritos.


Ainda sobre o roll dos personagens favoritos preciso reafirmar o quanto acho sensacional o dialogo de Alice com o Bichano de Cheshire:
"Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para ir embora daqui?"
"Depende bastante de para onde quer ir", respondeu o Gato.
"Não me importa muito para onde", disse Alice.
"Então não importa que caminho tome", disse o Gato.
"Contanto que eu chegue a algum lugar", Alice acrescentou a guisa de explicação.
"Oh, isso você certamente vai conseguir", afirmou o Gato, "desde que ande o bastante." (pag. 76/77)
Novamente não sei se é para rir ou chorar... Depois dessa só posso deixar registrado que o esforço da minha vida consiste em andar o bastante.

E o que fazer quando a gente escuta/ler o Chapeleiro falando do Tempo?
"Se você conhecesse o Tempo tão bem quanto eu falaria dele com mais respeito." (pag. 84)
Estou a trinta anos convivendo com o Tempo e cada ano tenho por ele mais respeito. Ele não é linear, constante ou medido tão facilmente quanto o relógio comum faz supor que seja. É conveniente acreditar que um dia tem 24 horas e um ano 365 dias, mas quem viveu suficiente sabe o quanto há anos que não cabem em um dia e dias que não cabem em um ano. Há eternidades que acabam em segundos e segundos que duram uma eternidade.


Apesar de ter a impressão de todos os habitantes do País das Maravilhas serem confusos e pouco dado a respostas fáceis, também tenho a sensação de não existir um senso de perigo no mundo abaixo da Toca do Coelho ou uma urgência na viagem feita pela menina. Bem diferente da trajetória dela "Através do Espelho", durante essa leitura se impregnou em mim uma sensação de insegurança profunda.


No "Outro Lado do Espero" a criança mais obtêm ajuda, pessoas para caminhar com ela e menos perguntas isso tudo parece existir para equilibrar um perigo real sempre a espreita. Alice parece correr o risco constante de se perder até mesmo de si mesma. Lembrei muito do mundo do "Outro Lado da Muralha" criado por Neil Gaiman que aparece em obras como "Stardust: o mistério da estrela" e "Os livros da magia" entre outros. No mundo invertido do espelho é possível encontrar personagens lendárias tradicionais saídos do folclore inglês seus contos populares, poesias e canções. Ela ainda precisa entrar na floresta e enfrentar trilhas perigosas para sua memória e identidade.


Gosto muito das considerações da Rainha Vermelha:
"... você tem que correr o mais que pode para continuar no mesmo lugar. Se quiser ir a alguma outra parte, tem de correr no mínimo duas vezes mais rápido!" (pag. 186).
"... lembre-se de quem você é." ( pág. 188)
Só Deus sabe o quanto uma vez dentro de uma floresta pode ser fácil esquecer quem se é ou seder a tentação se deixar seduzir pessoas e situações prontas a nos levar a esquecer nosso nome, origem, desejos e sonhos. Existe alguém que vez ou outra não foi convidado a barganhar qualquer parte de si em troca de uma ninharia e precisou se agarrar em um amigo tal como Alice se agarrou na Corsa para atravessar o bosque "em que as coisas não tem nome"?

E se eu gostei da Rainha Vermelha novamente me apaixonei pela generosa Rainha Branca. Quando Alice se desespera ela não oferece consolos vãos, doces ou ilusões, simplesmente diz:
"Considere a menina grande que você é. Considere a longa distância que percorreu hoje. Considere que horas são..." (pág. 227)
Não é sem motivos que o Gato questiona Alice em relação a quem ela é. De muitas formas, em momentos de desespero, o que nos salva é a possibilidade de considerarmos quem somos. Aliás, também acho delicioso o fato da Rainha Branca colocar em evidencia a distância percorrida, até mesmo as horas.


Desse encontro também destaco as coisas faladas a respeito de acreditar no impossível:
Alice riu. "Não adianta tentar", disse; "não se pode acreditar em coisas impossíveis.""Com certeza não tem muita prática", disse a Rainha. "Quando eu era da sua idade, sempre praticava meia hora por dia. Ora algumas vezes cheguei a acreditar em até seis coisas impossíveis antes do café da manhã..." (pág. 227/228)
Sei o quanto esse texto já está quilométrico, mas ainda gostaria de destacar o encontro da Alice com a Ovelha e o Unicórnio, pois ambos disseram coisas sobre as quais me pego pensando com constância.
"Pode olhar para a sua frente, e para os dois lados, se quiser", disse a Ovelha, "mas não pode olhar para tudo a sua voltar... a menos que tenha olhos na nuca." (pág. 230).
"Bem, agora que nos vimos um ao outro", disse o Unicórnio, "se acreditar em mim, vou acreditar em você..." (pág. 264).
Por todos os motivos aqui citados, e outros tantos não citados, só posso concluir esse texto gigantesco reafirmando meu amor pela obra de Lewis Carroll e meu desejo de continuar sendo um pouco Alice na vida. Ainda quero forças para consegui seguir o Coelho Branco, mergulhar na toca, chegar um mundo de maravilhas ou encontrar uma forma de ir através do Espelho para um mundo invertido perigoso mas cheio de pessoas generosas capazes de ajudar qualquer um a acreditar em si, no seu nome e na possibilidade do impossível.

Ah, fiz a releitura desse clássico em conjunto com o Alexandre do blog #DoQueEuLeio. Clique AQUI para conferir a resenha dele, bem mais sintética que a minha.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O mágico de Oz de L. Frank Baum


Eu lembro das circunstancias nas quais "O mágico de Oz" me foi apresentado. Foi em uma apresentação de trabalho na escola durante o 2º ano do Ensino Médio. Uma das minha colegas de turma leu e apresentou a sala a leitura em uma tarde assim como essa, em pé no lado direito da sala. A apresentação foi legal, eu fiquei com vontade de ler o livro, li, o tempo passou e de repente senti vontade de  caminhar novamente pela estrada de tijolos amarelos com Dorothy, o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde. Foi como se Oz estivesse me chamando de volta e eu voltei!


Foi maravilhoso encontrar novamente a Dorothy e o seu cachorrinho Totó e viver com ela sua jornada mágica na Terra de Oz onde espantalhos ganham vida, leões falam e homens feitos de carne e sangue podem se transformar em homens de lata... Uma terra na qual não existem fadas, apenas bruxas que podem ser boas ou más, mas sempre são poderosas e o único mago é um farsante, não por escolha própria, mas por imposição cultural, afinal as pessoas pedem a Oz o impossível e como conseguir o impossível sem um pouco de imaginação e muito de farsa?!?!

Toda a história de Dorothy e do seu cachorro Totó começa quando um tufão arranca a casa na qual ela vive com tia sua amada tia Em e seu tio Henry no meio do Texas e a leva para a Terra de Oz onde ela aterriza em cima de uma bruxa má da qual só sobra um par de sapatos prateados que passa a pertencer a menina. Depois disso começa sua jornada, ninguém sabe como ela pode voltar para casa, então dizem a ela para procurar o "Grande e Terrível Mágico Oz" na maravilhosa "Cidade das Esmeraldas" na qual ela vai chegar se caminha pela estrada de tijolos amarelos.


Sem muita demora a menina se arruma e se lança em sua aventura e vai ao longo do caminho encontrando os seus lendários companheiros de caminhada:

O Espantalho que deseja desesperadamente um cérebro com o qual possa pensar!


O Homem de Lata, que deseja desesperadamente um coração com o qual possa amar!


E um Leão medroso que deseja desesperadamente uma dose de coragem com a qual possa enfrentar a vida na selva com os outros animais sem está continuamente os espantando.


Juntos eles vão caminhando pela estrada e enfrentando os desafios oferecidos por ela como: buracos, rios, precipícios, plantas venenosas. Fica claro que sozinho nenhum dos cinco conseguiria ir muito longe, mas juntos eles conseguem vencer os desafios impostos pela natureza e por incrível que pareça o Espantalho demonstra ser bem inteligente, o Homem de Lata ter um coração imenso e o Leão uma incrível capacidade de enfrentar seus medos quando precisa ajudar seus amigos.


Quem não prometia nada e subestimava suas habilidades mostra-se capaz de enfrentar e vencer desafios, já quem prometia muito como o Poderoso Mágico Oz... Bem, não vou dar spoilers, vai que alguém ainda não leu.

Sobre o autor, preciso dizer que L. Frank Baum em um segunda leitura se mostrou ainda melhor que na primeira. O seu texto é claro, descritivo e mágico, ele nos leva para esse outro mundo mágico e nos prende. Também é encantador perceber o quanto o texto não é pedagogizante. Tudo em "O mágico de Oz" é lúdico e se a história de Dorothy, Totó, Espantalho, Homem de Lata e Leão Covarde tem uma lição para os leitores isso quem ler vai descobrir sozinho, através de sua capacidade de interpretar o texto.

Talvez um dos motivos pelos quais esse livro se tornou um clássico infantil seja o fato de que o autor não comete o crime literário de duvidar da capacidade infantil de compreender as entrelinhas. E como há entrelinhas no texto de Frank Baum! 

"O magico de Oz" me convidou a pensar como costumamos duvidar da nossa capacidade, como muitas vezes esperamos encontrar em alguém ou algo uma resposta que já existe em nós... Também me lembrou que amizade é algo que se constrói enquanto caminhamos e algumas permanecem apenas por alguns instantes e outras pela jornada inteira. Me fez pensar que de vez em quando é normal sair da estrada, adormecer no caminho, se perder, mas nesses momentos, caso a gente queira voltar para casa, é preciso voltar a estrada e seguir até a Cidade das Esmeraldas e além dela. Não por acaso existe adaptações e mais adaptações desses clássico.


Adoro o musical de de 1939, Judy Garland, Frank Morgan, Ray Bolger, Jack Haley, Bert Lahr, Billie Burke e Margaret Hamilton. Não canso de rever e me encantar com as músicas e de me sentir arrebatada pela interpretação dos atores. A hq publicada pela Editora Farol também é bem fofa, uma adaptação bem fiel a obra original.

Ah, antes que esqueça, preciso dizer que amei ler edição de bolso da Zahar, ela é pequena, cabe na minha mão direitinho e tem as ilustrações originais... me deu uma sensação de ter voltado no tempo... 

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Os 10 melhores livros de 2015.2

Eu sei, esse post está para lá de atrasado, mas é questão de honra! Preciso levar esse empreendimento a cabo. Seguindo a tradição lançada pelo Luciano do .Livro, companheiro de longa data de blogosfera, costumo fazer 2 listas dos melhores livros do ano. Uma no primeiro semestre e outra no segundo. Esse ano o Luciano só fez duas, a do 1º Semestre de 2015 e a geral (confira no link).


Pensei em fazer como ele, mas adoro essa tradição, amo a experiencia de olhar minha lista de livros lidos e ponderar sobre as leituras mais significativas, tirar eles da estante e escrever um pouco sobre cada um, então resolvi fazer o top 10 com as menções honrosas e tudo o mais. Lembrando que, os livros estão em ordem de leitura e não de preferencia.

Então vamos aos livros:


1. "Como Ficar Podre de Rico na Ásia Emergente de Mohsin Hamid: irônico, mordaz e muito honesto Moshin Hamid nos apresenta uma cidade da Ásia cuja realidade politica e social se assemelha muito a das cidades brasileiras. O livro pega emprestado a formula dos manuais de alto ajuda e do gênial Douglas Adans para contar como alguém pobre pode ascender socialmente no meio da lama social da Ásia Emergente e oferece um rico panorama cultural, social e econômico. O livro é lindo e mordaz.


2. "O Discurso Faça Boa Arte de Neil Gaiman: Era uma vez uma menina que foi ao cinema, passou numa banca, viu esse livro por R$ 9,90, pegou o elevador, subiu, chegou na fila do ingresso... deu meia volta e fim. Gaiman é um autor maravilhoso, foi uma gloriosa tarde de leitura regada a chá gelado e torta de limão.


3. "Turma da Mônica: Lições" de Vitor Cafaggi, Lu Cafaggi. Me tornei fã dos irmãos Cafaggi, Lu e Vitor são dois românticos, com um lirismo nostálgico na alma. Em "Lições" as crianças passam por difíceis situações, comentem um erro, são separadas e precisam enfrentar desafios novos e vencer seus bichos e medos. Não da para não se emocionar.


4. "Sandman, Edição Definitiva" Neil Gaiman: tenho a impressão que vivi mais de uma vida enquanto lia Sandman. Comprei o volume 1 em minha primeira loucura do décimo, a vista, abrindo mão de roupa ou sapato novo e depois fui colecionando ao longo do tempo. Chegar ao fim dessa história me deixa nostálgica e com a sensação de ter chegado ao fim de uma época. Eu mudei! E pretendo em breve começar tudo tudo de novo.


5. "Mulheres: Retratos de Respeito, Amor-próprio, Direitos e Dignidade" de Carol Rossetti. Já tinha tido contato com o trabalho da Carol Rossetti através das redes sociais. Seus desenhos e reflexões são fonte de apoio e força a toda mulher que deseja apenas ser o que é sem limites. Foi magico ter seu livro em mãos, ele não é um dos melhores de 2015, é um dos melhores da vida. Fiz resenha para ele no #DoQueEuLeio


6. "300 de Esparta" de Frank Miller. Lembro como ontem como foi que fisguei o 6º ano mais caótico do multiverso e tornei ele "meu"... Só de lembrar das minhas crianças que agora não são mais tão crianças, pois todos cresceram rápido demais e me superaram em tamanho, me vem um sorriso no rosto. Foi o filme "300" que me ajudou quando precisei. Quem quiser me julgar por ter usado esse meio com eles julgue, mas começamos em guerra e agora estamos falando em "Iluminismo" sentado em circulo, cada um falando na sua vez... Eu tinha que ter esse livro na estante, eu tinha que homenageá-lo.


7. "Penadinho: Vida" de Paulo Crumbim, Cristina Eiko: Os Graphics MSP não mereciam citações, eles mereciam um post só para eles, eu sei! São sem duvida uma das melhores coisas que tenho em minha estante. Como irmã de uma criança morta 9 meses antes de meu nascimento foi uma criança fascinada por histórias de fantasminhas, Penadinho foi um dos meus personagens favoritos e Eiko e Crumbim honraram a trajetória e o universo dele construindo uma obra de arte cuja leitura foi um deleite.


8. "Marina" de Carlos Ruiz Zafón, simplesmente um dos melhores livros da vida. Redondo, cheio de referencias a livros que marcaram a minha trajetória como leitora, com uma história envolvente e cheia de mistérios é daqueles livros para ler e reler. Fiz "resenha" para ele no Blog Elaine Gaspareto.


9. "Criaturas da Noite" de Neil Gaiman & Michael Zulli: bem, todos sabem o quanto amo a narrativa do Gaiman e sua imaginação que mistura fantasia e realidade de forma lenta e embalante. Acrescente a isso o traço elegante de Michael Zulli e você terá uma obra de arte. Aquele tipo de livro que a gente tem vontade de abraçar.


10. "Segredos de Uma Noite de Verão", de Lisa Kleypas, de todas as autoras de romance histórico açucarado Kleypas é minha favorita. Saldei com alegria essa nova série dela lançada pela Arqueiro. Tenho amado, não posso deixa ela de fora dessa lista. Para quem gosta do gênero a mor na certa.

Agora vamos as menções honrosas.



"Onde vivem os monstros" & "O aviso na porta de Rosie" de Maurice Sendak. Esses dois livros são daqueles para crianças de 0 a 100 anos. Estou em estado de amor por Maurice Sendak e periga ser um amor para a vida inteira.


Pronto, agora sim meu 2015 terminou e 2016 começou! Um tanto tardiamente, mas... antes tarde que nunca.

sábado, 21 de novembro de 2015

Livros Infantis para quem tem entre 2 e 3 anos!

Esse texto poderia ter o título "Os 5 livros preferidos do "Grupo Infantil II" ou "Uma homenagem aos guerreiros", pois os livros aqui citados tem sido guerreiros da Educação Infantil. Ser lido, amado e compor o cotidiano de duas dezenas de filhotes de humanos entre os 2 e 3 anos não é para qualquer um. Precisa ter resiliência e esses livros abraçam essa valorosa missão.

Olhem com carinho seus semblantes cansados, dobrados, amassados, rasgados nas bordas, colados e grudados, são as marcas do valor que cada um deles tem. Esses livros aguentam ser manuseados, babados, dobrados, mordidos, servem de assento, mega fone e o mais que a imaginação infantil dita e permanecem fortes. Sem eles, e minhas amadas estagiarias, eu não passaria.

Sem mais delongas, vamos a eles:


1. "Tem bicho que sabe..." de Toni & Laíse é um livro de dimensões grandes e cores fortes. Ele é o top 1 na preferencia das crianças. Nele os autores mostram uma sucessão de diferentes animais e uma de suas habilidades. Nele as crianças são apresentadas a abelha, lontra, flamingo, morcego, camaleão, dromedário e etc. 

As ilustrações são enormes, coloridas e expressivas. A principio as crianças estranham alguns animais, mas logo elas aprendem os novos nomes e suas respectivas habilidades de cor e salteado e ainda assim não param de pedi e pedi, aliás a essa altura elas mesmas contam essa história, eu só observo.



2. "Sim" de Jez Alborough conta a história de um dia de banho do macaquinho Zezé. Depois de brincar muito com a mamãe na água, Zezé não quer ir dormir e faz uma birra danada. A mamãe simplesmente se afasta e fica observando ele... Logo chegam um lagarto e um elefante que se juntam ao Zezé. "Sim" é um daqueles livros sem conteúdo moralizante, o macaquinho esperto não recebe broncas ou coisa do gênero da mãe. Ela simplesmente se afasta e observa ele brincando com os companheiros até que ele se cansa, dorme e é posto na cama.

Eu tenho a teoria de que as crianças adoram o Zezé porque se identificam com ele. O segundo ano de vida de um filhote de gente pode vim, geralmente vem, temperado com muitas birras, as crianças testam a paciência do adulto até o limite. Quanto a mim gosto dele porque a Mãe do Zezé me inspira, manter o equilíbrio emocional não é fácil e ela mantém.


3. "Amigo de casa" de Stephen Barker é um coringa, como todos os livros desse post. Ele é daqueles livros cujas páginas abrem. O texto não ajuda muito caso você não o saiba de cor e tenha que ler para uma turma como a minha. Fora isso, as figuras de cada animal são 4 vezes maior que o livro, gato, coelho, cachorro e peixe são 4 animais comuns ao universo infantil, as crianças curtem muito. Sempre que leio ele puxo as tradicionais musicas do cancioneiro popular infantil, as crianças acompanham.


4. "Eu gosto de mim!" da Beatriz Monteiro da Cunha não é dos preferidos das crianças. #ProntoConfessei, mas é dos meus preferidos. Nele um elefantinho muito fofo mostra como gosta de si ao cuidar de si mesmo, fazer coisas divertidas, brincar com os amigos. Um daqueles livros para ajudar a criar um sentimento de boa alto-estima e o cuidado de si.


5. "Tanto, tanto!" escrito por Trish Cooke e Helen Oxenburg é daqueles livros tão lidos, mais tão lidos que eu já sei a história praticamente de trás para frente. Mas está na lista de "meus preferidos" e "preferidos das crianças". Atualmente eu só tenho um volume em sala, então ele é muito disputado, tem quase 4 anos de uso, já sofreu diversos acidentes de percurso. Há, ele conta a história de um bebê que "não estão fazendo nada, nada mesmo" e então vão chegando vários membros da família... para quem ninguém sabe... até que chega o Papai e... 




6. "Sou a maior coisa que há no mar" de Kevin Sherry conta a história de uma Lula gigante muito cheia de si e convencida. Ela se compara a vários animais marinhos e se sente a maior e melhor... até que é devorada por uma baleia... mas nem isso abala a alto-estima dela! kkkk...

Uma característica comum a esses livros é o fato de nenhum deles ter conteúdo moralizante. Apesar de terem um teor pedagógico proposital e serem propositalmente escolhidos para compor as bibliotecas escolares por isso, os autores não contam fabulas morais. Todos eles são capazes de ampliar vocabulário infantil, apresentar diferentes situações sociais, assim como diversos seres vivos em diferentes habitats (casa, savana, fundo do mar), ensinar o cuidado de si eles não fazem isso através de lições de moral ou um jogo de "fazer algo errado, se dar mal, se redimir", eles apenas contam uma história com a qual os pequenos se identificam, aprendizado vem como consequência.

Recomendo cada um deles, porém vale lembra: cada pessoa é unica e por mais que minhas crianças amem isso não garante que todas vão amar. O legal é ir testando os gostos da criança, as coisas pelas quais ela tem interesse e oferecer a ela trabalhos que dialoguem com os prazeres delas. Para a primeira infância ler tem que ser sinônimo de brincar.