quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Palavras...


"Na palavra faz-se a criatividade humana: o encontro entre nossa capacidade de ler o mundo que aguarda nossa leitura. Na linguagem concebemos, conhecemos, compreendemos.

A palavra é adensadora de sentido. Na palavra, desenhamos o perfil dos âmbitos de realidade que são, a princípio, difusos. Antes de dizer "eu te amo", o amor é esboço, possibilidade talvez remota, talvez ilusória. O vínculo interpessoal ganha densidade no momento em que expresso o amor que pressinto e sinto (e que desejo sentir como reposta por par parte de quem amo). Na frase "eu te amo" torna-se patente para mim e para quem eu amo que o amor não é mero propósito, quem sabe irrealizável. O campo amoroso entre mim e a outra pessoa precisa ser explicitado, patenteado, comprovado. Os sentimentos, nebulosos, querem definir-se na palavra viva e convincente, ativa e ativadora.

(...)

A palavra literária é autenticamente palavra quando, trazendo luz verdades fulminante, livra-nos do vazio abissal, do tédio mortal, da encapsulação, da asfixia existencial, desse nível infracriador a que somos rebaixados, e no qual passamos a ser, menos do que pessoas: objetos, e objetos de não amor."

(PERISSÉ. Gabriel. Literatura e Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2006, pág. 14, 15 e 18.)
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P.S.: Estava lendo esse Literatura e Educação, pensei nos meus livros... pensei  em suas histórias tão amadas... Em como são um lugar onde encontrar refugiu... Pensei também na blogosfera, talvez os nossos blogs sejam nossa literatura, aquele espaço onde guardamos nossas palavras... E por isso sejam sempre tão importantes não só para que possamos sobreviver, mas para que possamos viver nesse mundo que tantas vezes nos parece tão estranho, tão cheio de objetos de não amor!

7 comentários:

  1. clap,clap,clap! muito lindo esse trecho e sua reflexao.

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  2. A palavras dita principalmente é fortíssima e amei o teu Blog e teu post, tenha um noite linda e tudo de bom, beijos !!!

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  3. A foto que ilustra este post diz tudo: a palavra nos abraça, cativa e prende.

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  4. Cara Pandora...
    Sobrevivi até o momento por causa dos meus livros e do conforto que me proporcionaram ao longo desses anos todos, embora a densidade de alguns deles (estes, os mais amados) é justamente o que me lança numa asfixia existencial. Não que eu ache isso algo negativo.
    A verdade, é que isso é o que me compõe. Isso é o que compõe a nós todos, eu acho...A influencia das palavras que amamos, sejam ditas por pessoas presentes, sejam escritas por amados alhures...
    E a blogosfera e suas joias (as quais nem precisamos garimpar muito ao fundo para descobrir preciosos quilates) é uma extensão bastante dinâmica e de um arco de alcance que muitos livros não conseguem.
    Eu sou composto por e de palavras e me movo mais confortavelmente por elas, embora não seja nelas um primor.
    E, efeito curioso, que não chega a ser um ônus: por causa delas, creio que tenha sido tanto Objeto quanto Abjeto de amor e de não amor.
    Karmah, néh!

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  5. Uma das coisas que mais me impressiona no ser humano é a capacidade de se comunicar, tanto por meio da fala, como da escrita. A variedade de idiomas, sotaques e formas de expressar ideias sempre me deixa admirada.

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